Making Love escrita por Saah Insane


Capítulo 5
Capítulo 5 - Losing it


Notas iniciais do capítulo

bem, último capítulo. eu chorei muito escrevendo isso, e espero que passe isso pra vocês ♥



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Reuni o pouco dinheiro que consegui e roubei algumas coisas. Ele estaria ali para tocar em um festival iniciando-se no Natal. Consegui comprar o ingresso, levando Hope junto. Eu tinha esperanças de que ele visse a menina e a reconhecesse como filha. E a semelhança entre os dois é completamente perceptível. Ela tem o mesmo sorriso dele, o mesmo cabelo, o mesmo nariz. Só os olhos que são como os meus. Ela parece uma versão mini dele, mas com olhos verdes e menina.

Esperei pacientemente o dia 25 de dezembro chegar. Tudo estava bonito. O Natal realmente mudava o coração das pessoas. Uma senhora me ofereceu comida e deu uma bonequinha para Hope. Nunca vi minha pequena tão feliz. Ganhando dois grandes presentes em um dia só. Alisei seus cabelos curtos, que lembravam os dele e suspirei.

- Hope, meu amor...hoje você vai conhecer alguém que foi muito importante nas nossas vidas.

- Ele vai me dar presente também?

- O maior presente que ele podia nos dar era o amor. Mas isso não aconteceu.

- Mamãe...ele é o meu papai?

Congelei. Eu nunca falara sobre Christopher perto dela.

- Por que diz isso?

- Eu disse pra Sally que eu não tinha pai e ela disse que ele tinha te abandonado e que você ainda amava muito ele e...

Tapei a boca dela com a mão. Maldita Sally! Sabia que nunca deveria ter contado nada da minha vida para aquela vadia atrevida. Prostituta de quinta categoria.

- Hope. Não fale sobre ele. – senti algumas lágrimas se formarem em meus olhos.

- Então...ele é meu papai. É esse moço do pôster? – ela apontou para o cartaz que fora pregado há algum tempo atrás para divulgar o show dele. Não cansava de admirar seu rosto. Ela dizia que ele era lindo.

- I-isso mesmo, meu anjo.

- Meu papai é tão bonito...assim como você, mamãe. Agora entendo porque eu nasci tão linda!

Começamos a rir. Garotinha narcisista, ela! Enxuguei meu rosto e fomos tomar um banho em algum banheiro de restaurante. Arrumei minha filha e tentei dar um jeito em mim mesma. Eu estava quase normal, bem parecida com antigamente. Ainda magra, feia, despeitada. Mas adquirira marcas da vida, dentro de mim. Peguei uma tesoura enferrujada, com a qual eu usava para aparar o cabelo de Hope e tentei reproduzir meu antigo corte de cabelo, repicado. Eu estava usando uma blusa das The Runaways, uma calça jeans normal e All Star. Hope estava linda, parecia uma miniatura minha, com a mesma roupa, em proporções menores. Dei um beijo nela e fomos para o local do show.

Começaria dali à uma hora, mas já havia bastante gente. Coloquei Hope nos meus ombros e fui lá para frente, em um lugar bem próximo do palco. Eu estava ansiosa. Será que ele me reconheceria? Será que ele aceitaria Hope como filha? Será que...

Então, ele subiu no palco. Christopher, ou Christofer, estava tão diferente. Seu cabelo estava curto, ele havia engordado um pouquinho, mas o sorriso, o jeito, a voz envolvente dele ainda continuavam os mesmos. Preguei meus olhos nele e não consegui mais me lembrar de nada. Pra mim, era só eu, ele e Hope. O mundo ao nosso redor havia sumido. Não sei como, mas minha filha cantava algumas músicas. Ela era terrivelmente parecida com Chris até no jeito como cantava.

De olhos fechados, o cara encantava os fãs que estavam ali. E eu, parada, tendo flashbacks de todos os momentos que passei com ele. ‘If it's not those cowboy boots in the summer…’, o início da música que ele fez para mim inspirado em quando eu usava minhas botas de cowboy preferidas, e ele dizendo que eu tinha estilo, que eu era a estrela de cinema dele. ‘That we could lay here for hours and justa reminisce’, eu lembro de quando nós deitávamos na sombra embaixo da árvore atrás da escola e ficávamos cantando músicas sem sentido, como...’I like to spit, a lot, I like to spit, on my race car starter kit’. Quando me dei conta, eu estava chorando. E meu coração se apertando mais e mais. E piorou quando ele olhou diretamente para mim e Hope.

 

Ele simplesmente parou de cantar. Os caras do The Shout o olharam sem saber o que estava acontecendo. Chris se levantou e chegou bem perto de mim, surpreso.

- Não é possível.

- Eu acho que é.

- Essa coisa pequena é...

- Nossa filha.

- Oi, papai.

- Hope. O nome dela é Hope.

- E aí, Hope?

- Papai...

- Mil desculpas, freak.

E ele me beijou e tudo ficou bem.

 

Mas que piada.

 

Ele realmente olhou pra mim e pra Hope, mas não nos reconheceu. Nem um vulto de lembrança, nada. E a pior parte foi no final, quando uma garota apareceu e o beijou.

- Hey gente, essa é a menina mais sortuda que existe no mundo. A garota perfeita que vai ter uma vida perfeita. Minha Jane Doe. Minha garota com estilo. Com ela eu sou feliz, posso ir à Califórnia, dançaremos uma primeira dança. Sou seu maior fã, porque ela é minha harmonia. Eu a amo uma, duas, três, quatro, cinco vezes mais que qualquer garoto de antes. Ela...é Alisson.  – todos gritaram e aplaudiram quando ele a puxou e deu um beijo tão ardente que até mesmo eu senti. Mas aquele calor em mim era pura raiva. Decepção. Tristeza.

Ele então pegou o ukulele. Se aquele fosse o mesmo ukulele onde ele tinha gravado ‘Chris and Freak, eternal love song’, ele talvez se lembraria. Olhei para o local, bem embaixo da caixa acústica. Nada. Era um outro. Meus olhos já transbordavam. Hope agitava os bracinhos e batia palmas. E ele não notou a presença dela. Não agüentei mais aquilo e, colocando-a no chão, saí correndo. Vaguei pelas ruas chorando, chorando muito. Hope ainda cantava o refrão de ‘California’. Caí de joelhos na calçada. Ele não me reconhecera. Eu, Dani, a freak. Sentei, me recostando na parede e tirando um papel muito amassado, velho e meio amarelado, reli a carta que ele me escrevera. E foi aí que fiz uma releitura de tudo o que aconteceu até esse dia.

Hoje, eu continuo nas ruas. Hope está crescendo. Não tenho mais esperanças em nada. Bem, quase nada. Tenho minha filha, meu anjo protetor, que sempre estará comigo fazendo com que minha vida, por pior que seja, ainda tenha algo de feliz. Ela é minha garota com estilo. Ela é minha joaninha. Eu tenho minha Hope. Minha esperança de que tudo vai mudar. Minha esperança de esquecer Christopher. Eu apenas o perdi, e ainda não consigo acreditar nisso. Mas ela é minha esperança em continuar minha vida, mesmo sem nada.

 

The end~


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, e mil obrigadas por terem lido e acompanhado ♥