Nunca pensei que fosse dizer isso. Mas eu preferiria tomar chá com Hades ( por mais que Hades não tome chá, é bem sinistro pensar nele, principalmente comigo) do que ter que enfrentar Tyler Crowley.
ELE NÃO PAROU DE PEDIR DESCULPAS!
Respira, Bella. Agora, eu explico. Tyler era o motorista da van que quase me matou, e ele está se sentindo  - para meu enorme desespero - culpado. Não adiantava eu dizer que estava tudo bem... ele simplismente não parava de se desculpar.
Outra coisa que me incomodava era que a cada 5 minutos vinha alguém perguntar como tinha acontecido o acidente, e o pior, como eu tinha escapado dele.
"Ah. Foi tudo muito rápido. Edward estava ao meu lado e me empurrou pro lado, sorte hein?" Eu sempre respondia.
Decididamente humanos são muito exagerados (talvez os meios sangues que não messam muito bem o perigo, mas...) em relação a acidentes de quase morte. Afinal, eu saira viva sem qualquer arranhão.
E Edward Cullen? Bem, depois de minha noite mal dormida por causa dos SONHOS com deuses desaparecidos e vampiros eu estava mais do que decidida de arrancar a verdade dele.
Mas eu era orgulhosa demais para puxar papo. Ele ia ter que falar comigo primeiro.
Semanas extremamente longas se passaram, e devo admitir que minha preocupação só aumentou.
Os sonhos com Hermes continuavam insistentemente, um dia ele estava no Elísio, no outro, no Olimpo e assim ia. Quando o deus dos mensageiro estava no Olimpo, muitas vezes estava acompanhado mas os outros deuses simplismente não o percebiam e siplismente continuavam conversando entre si, preocupados com o deus mensageiro que não havia dado as caras a praticamente um mês.
Até que eu finalmente entrei em contato com Annabeth.
Peguei um dracma e o ofereci a Deusa do arco-íris.
Contei para minha amiga todos os meus sonhos, excluindo da lista os com Edward Cullen.
- Isso está me preocupando, Bella. Não estamos mais em missão, então eu irei falar com Quíron a respeito de seus sonhos e tudo o mais. Nós precisamos descobrir o que está acontecendo, mas antes... como Hermes reagia a tanta "ingnorância"? - perguntou ela, as sobrancelhas unidas.
Pensei por um momento, antes de responder:
- Ele tinha uma cara engraçada. No primeiro sonho, ele acenou, nos outros ele estava muito confuso.
Annabeth disse que precisava urgentemente falar com Quíron e encerrou a ligação.
E foi isso. Desde então eu não tive notícias de ninguém, e não sonhei com mais nada, sublinha o nada.
Na escola, as garotas estavam alvoroçadas por causa de um baile de primavera. Como se aquela cidade tivesse primavera.
O pior era que uma quantidade incrível de garotos estava dando gestos sujestivos de que queriam que eu os convidasse, e toda vez que alguém me pedia se eu já tinha par para o baile eu respondia:
"Eu não vou estar aqui no baile. Vou visitar minha mãe"
Apesar de eu ODIAR aquele lugar eu estava mesmo disposta a fazer uma visitinha, talvez não tanto por Perséfone, mas  de uma coisa eu tinha certeza, eu não ia em baile algum.
Mike era um dos garotos que - pareciam ter um parafuso a menos - queriam que eu os convidasse e quando eu estava a caminho de minha aula de biologia ele me parou e disse:
- Bella, você ficou sabendo que a Jéssica me convidou para o baile de primavera? - Mike olhava para o chão, imaginei o por que ele não parecia muito contente.
- Mike! - disse eu, aparentando alegria - Isso é ótimo!
Ele fez uma careta.
- Na verdade... eu disse para ela que iria pensar.
E aí estava o motivo de Jéssica ter ficado tão quieta no almoço.
- E por que Ha... diabos você fez isso? - perguntei reprovadora.
Mike corou absurdamente.
- É que eu estava pensando se talvez você fosse me convidar. - disse ele cada vez mais vermelho.
Respirei fundo, respondendo:
- Acho que você devia dizer sim para Jéssica.
- Já convidou alguém? - bem na hora que Mike disse isso passou andando lentamente por nós, com um sorrisinho bobo no rosto.
- Não. Eu vou ver minha mãe. - falei, e depois acrecentei baixinho demais para Mike ouvir - Mãe, desculpe, mas você sabe que não vai dar para mim te visitar no fim de semana.
- Você não pode ir em outro final de semana? - perguntou Mike, quase implorando.
Suspirei pesadamente.
- Desculpe, mas não posso. - então acrescentei - Eu preciso ir, se não irei me atrasar.
Entrei quase correndo na sala, Edward Cullen me encarava com vívido interesse. Ergui a cabeça e me sentei ao seu lado, sentia seus olhos em mim. Ergui a cabeça mas ele não abaixou os olhos, continuou a me  encarar com aqueles olhos... caramba! Quantas cores no olhar esse garoto tinha? Eles eram dourados. Agora estavam negros, de novo.
Me desviei de seu olhar, as aulas já eram bastante difíceis sem eu ter aquilo para desviar mais um pouco minha atenção.
Quando o sinal bateu imaginei que ele fosse sair rapidamente, como sempre, mas ao invés disso ele falou:
- Bella... - me virei e o encarei, embevecida - Eu sei que tenho sido rude. Mas é melhor assim, acredite.
É melhor assim. Charlie me dizia isso quando eu era criança e não sabia quem era minha mãe. Trinquei os dentes.
- Eu entendo. Deve ser realmente. - disse eu - Sabe o que me entristece? É que desde que eu me entendo por gente as pessoas escondem as coisas de mim, e disem que "é melhor assim". Sabe de uma coisa? Eu cancei. Será que é pedir demais a verdade?
Edward apenas me encarava, parecendo surpreso com minha explosãozinha.
- Acho que você poderia ter se poupado de tudo isso. - eu falei calma, enquanto guardava minhas coisas - Deixado a ven me arrebentar, penso que seria melhor para você. E se existe um pouquinho de justiça lá embaixo eu também me daria bem.
- Lá embaixo...? - perguntou ele totalmente abismado - O que você fez de tão ruim para achar que iria para o inferno? E eu não me arrependo de ter salvo você.
Dei um tapa em minha própria testa.
- Vá para o Hades. - murmurei e saí andando rápido para minha outra aula, é claro que muito abobada.
Quando a aula de educação física acabou, vieram mais convites. Aos quais eu dispensei gentilmente, ou o quão gentilmente era possível.
Voltei para casa, li, andei pelo meu pequeno jardim, fiz a janta, e fui dormir.
Nada mais.
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No dia seguinte, estacionei minha picape o mais longe possível do volvo prata, por que não queria me colocar no caminho da tentação e acabar devendo um carro para  o senhor irritante.
Ao sair da cabine deixei minhas chaves cairem e elas acabaram em uma poça, perto de meus pés. Quando fiz menção de pega-las uma mão branca apareceu e pegou as chaves antes de eu sequer ter tempo de dizer "o que...". Me endireitei, e adivinha quem estava ao meu lado, encostado na picape e com as minhas chaves na mão? Edward Cullen, é claro.
Suspirei.
- Acho que não adianta perguntar como fez isso, não é?
Ele deu um sorriso torto que me deixou sem ar, mas não respondeu.
- Eu só queria - disse ele enquanto me entregava as chaves - deixar claro que eu não me arrependo por ter te salvado. E também gostaria de pedir de que religião você é.
Fechei a cara para aquele ser perfeito e enigmático.
- Não vou entrar no assunto quanto ao arrepedimento. - eu disse resignada enquanto começava a caminhar - E quanto a minha religião, não que isso seja da sua conta, mas eu não tenho uma.
Edward acompanhava meus passos rápidos com uma incrível facilidade.
- Ah. - falou ele pensativo.
Fiquei curiosa.
- Por que queria saber? Está tentando me converter ou algo assim?
Ele deu um risinho.
- Não, é só que ontem você disse "vá para o Hades", depois eu fiquei me perguntando quem nos dias atuais me mandaria ir para o Hades. Quero dizer... Hades é o deus grego do...
- Mundo inferior. - completei, sem querer entrando no assunto. Depois continuei com uma voz que demonstrava antipatia - Sim, sim, ele é.
Edward sorriu torto.
- Gosta de mitologia Grega? - eu assenti, sem saber por que estava falando com aquele cara - Então você deve saber toda a história entre Hades e Perséfone...
Quando ele disse "Perséfone" eu corei absurdamente, como se eu tivesse sido pega em flagrante, o que, é claro, não passou despercebido por ele.
- Por que está corando? - perguntou ele, mas desistiu - Bem, na verdade eu queria saber, você sabe, no baile de primavera, você vai mesmo viajar?
Franzi o cenho. Não eu não ia viajar... mas eu podia.
- Vou, mas não vejo como você poderia estar interessado nisso e espera aí... como você soube que eu ia viajar? - perguntei confusa
- Eu fiquei sabendo por seus inúmeros pretendentes - revirei os olhos -então eu pensei se você não gostaria de uma carona.
Pasmei, como Percy costuma dizer.
- Com quem? - perguntei
Ele fez uma cara como se fosse óbvio e então respondeu:
- Comigo, claro.
Parei de andar.
- Por que? Você nem sabe onde eu vou! - acusei
- Por que eu pensei que seria bom ser prestativo, não queria que você tivesse que ir de ônibus. - respondeu ele ingenuamente.
- Minha picape... - comecei a responder mas ele me cortou:
- Parece ser meio longe, sua picape poderia não aguentar.
Revirei os olhos, eu ia concordar por que seria uma ótima oportunidade para perguntas, e eu poderia ir para algum lugar, como NY por exemplo. Mas antes de anunciar a vitória dele, eu perguntei:
- Achei que não quisesse ser meu amigo.
Os olhos agora dourados de Edward faiscaram, antes dele me responder misteriosamente:
- Eu disse que seria melhor para você não se aproximar demais de mim, mas não disse que não queria ser seu amigo.
Bufei, totalmente chateada.
- Já ouvi isso antes. - falei, Nico dissera a mesmíssima coisa certa vez - E sabe, a pessoa que me disse isso estava errada, e eu certa.
Ele cemisserrou os olhos assustadoramente parecidos com os de Cronos e depois murmurou:
- Eu cancei de ficar longe de você, Bella.
Eu sorri e perguntei:
- Ok, então. Até onde você está disposto a ir?
Ele abriu um largo sorriso de dentes ultra brancos.
- Qualquer lugar. - disse
Concordei com a cabeça e falei:
- Certo então, aceito sua carona.
Ele me olhou por um instante e então se despediu disendo um "nos vemos na aula".
O resto da manhã passou como um flash por mim, até a hora do almoço, quando eu entrei com Jéssica no refeitório. Para minha imença decepção ele não estava  sentado com seus irmãos e quando olhei ao redor, vi ele acenando para mim em uma mesa distante.
Jéssica pareceu abismada:
- Edward Cullen quer sentar com você?
Dei de ombros, e disse que ia ver o que ele queria. Jéssica, por sua vez, parecia incapaz de falar algo e apenas disse "hã", mas eu podeia sentir seus olhos em mim  enquanto me afastava.
Quando cheguei na mesa em que Edward estava fiquei em pé ao lado da cadeira na frente dele, como que para ver se isso era algum tipo de pegadinha.
- Por que não fica comigo hoje? - perguntou ele, sorrindo
Eu me sentei com um sorrisinho, ainda o analisando. O Cullen ainda sorria, em sua perfeição costumeira.
Ele parecia estar esperando que eu dissese alguma coisa.
- Isso é bem diferente. - falei dando de ombros.
- Eu concluí - falou ele rapidamente - que já que vou para o inferno, posso muito bem fazer o serviço completo.
Suspirei, surpresa com o fato que ele falava coisas muito mais sentidos para mim do que Annabeth costumava fazer.
Olhei para ele sujestivamente.
- Um dos problemas, - falou por fim - é que quando estou com você eu falo demais.
Eu sorri um pouco.
- Discordo, eu não entendo nada do que você fala. - retruquei e depois continuei - Podemos ser amigos, então?
Ele pensou um pouco antes de responder:
- Podemos tentar, mas estou avisando que não sou um bom amigo para você.
Eu abri um sorriso de 32 dentes com essa, o que o fez unir as sobrancelhas perfeitas.
- Eu tenho um amigo que já foi procurado pela segurança nacional, e você acha que não é um bom amigo para mim? - perguntei normalmente.
Ele pareceu chateado.
- Você tem um amigo foragido?! - Edward gritou sussurrando.
Eu comecei a gargalhar inesperadamente.
- Não disse isso. - eu falei quando me recuperei do ataque de risos - Você assistia televisão a mais ou menos 5 anos atrás?
Ele fez que sim com a cabeça, o semblante confuso.
- Então... talvez se lembre  de um garoto que foi acusado de muitas coisas, entre elas explodir um ônibus, e depois descobriram que ele e os amigos tinham sido...
- Sequestrados por um cara que usava uma jaqueta de couro. - completou ele - Eu lembro, história interessante aquela. Ele e os amigos tinham só
- 12 anos. - completei - Sim, naquela época. Hoje Percy tem 16, logo vai fazer 17. Grover é um pouco mais velho e Annabeth tem a mesma idade que o cabeça de algas.
Edward piscou, atônito.
- Você os conhece de onde? - então ele parou, e a compreenção chegou a seus olhos - Eram quatro crianças não vai me dizer que...
- É, é. - respondi sorrindo.
- Você já foi sequestrada? - ele perguntou abismado - E por que chamou o garoto de "cabeça de algas"?
Dei de ombros.
- Acho que sequestro não é bem o termo correto, entretanto, não vou entrar nesse assunto. E eu chamo Percy de Cabeça de Algas por que todo mundo chama Percy de Cabeça de Algas, ou Cabeça de Golfinho ou algo assim.
- E por que - perguntou Edward parecendo indignado, pelo menos agora ele sabe como eu me sinto quando ele fala em enigmas - todo mundo chama Percy de cabeça de algas?
Eu sorri de lado.
- Por causa do pai dele, digamos que ele gosta muito do mar. - respondi
- Sei. - falou ceticamente  - Mas voltando ao assunto principal, você me considera um herói por ter salvado sua vida... mas e se eu for o vilão?
Eu analisei seu rosto por um tempo para desvendar sua expressão e então percebi o que ele queria me dizer a tanto tempo.
- Você é perigoso. - ele fez uma cara de "bingo", então eu lembrei de Perséfone dizendo "deixe ele te salvar", ela não faria isso se ele fosse mau - Mas você não  é mau, e não vamos discutir isso.
Edward fechou a cara, mas não falou nada.
Olhei em volta e o refeitório estava quase vazio, não prestei atenção e me voltei para Edward novamente.
- Não vai a aula? - perguntamos juntos, um para o outro.
Eu ri um pouquinho e respondi:
- Hoje não.
- É saudável.  - disse ele - Mas já que não vai a aula, o que pretende fazer?
Sorri.
- Cuidar do meu jardim. - sorri mais ainda e perguntei - Quer vir junto?