Always By Your Side escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 1
Capítulo 1 - Pressentimento


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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A vida pode ser perfeita? Sim para alguns.

Na cidade de Nova Jérsei, Califórnia, Estados Unidos. Uma jovem chamada Mary Alice Brandon, acreditava que sua vida era perfeita. E nunca nada, nem ninguém, afetaria esse “mundo”. Onde ela tinha uma família que a amava. Amor de pai e mãe com toda sua magnitude e esplendor. Mal imagina que tudo isso poderá mudar.

[...]

Um dia típico de inverno norte-americano, muito frio e neve. A jovem Alice não imagina o que o destino lhe reserva. No entanto, eu diria que sua intuição a alertava para algo que estava prestes acontecer:

– Mamãe, tem mesmo que fazer essa viagem? – a jovem questiona com preocupação evidente. Seu coração estava angustiado e ela não entendia o porquê disso.

– Querida, só iremos ficar fora por dois dias! Não é o fim do mundo. Não me olhe com essa carinha porque assim acabo desistindo. – a mãe fala para a jovem Alice enquanto terminava de fazer as malas.

– Já liguei para os pais da Rose e eles estão te esperando. Vamos, se anima! Veja pelo lado bom, você vai ficar dois dias com seus amigos sem a mamãe para vigiar. – a mãe tentava animá-la, mas não estava surtindo efeito algum.

– Anabelle tem mesmo que ir junto? – Alice questiona, ao se jogar na cama dos pais aconchegando-se nos cobertores.

– Não querida, ela não tem que ir, mas ao contrario de você, ela quer. – a mãe fala ao mesmo tempo em que se aproxima da cama e beija a testa da filha com carinho.

– Vai minha vida, sai de baixo desse cobertor, temos que te deixar na casa da Rose, ou vamos nos atrasar. – fala massageando as costas da filha por sobre o cobertor.

A jovem Alice apenas geme.

Seu coração está angustiado e está em dúvida. Ela não quer ir, mas também não quer ficar. Não sabe o que fazer.

– Mamãe! – grita a garotinha de quatro anos de idade ao entrar no quarto correndo. Anabelle, irmã caçula de Alice.

Anabelle é uma garotinha feliz e sapeca. Ela tem os olhos nos mesmo tom de azul que os de Alice, mas herdara os cabelos loiros da mãe. Já Alice herdara a cor dos cabelos do pai.

– Mamãe eu já fiz minhas malas – a garotinha fala com sua voz angelical, ao mesmo tempo em que se empoleira na cama ao lado da irmã mais velha.

– Que malas você fez se eu já havia as feito, posso saber? – a mãe questiona puxando o cobertor de cima das duas.

– Mamãe! – as duas gritam em uníssono.

– A mala de brinquedos – Anabelle responde ficando de pé na cama em seguida pondo a mão na cintura. A mãe e a irmã riem.

– Filha, para quê levar uma mala de brinquedos? – a mãe questiona sorrindo.

– Para não sentir falta de casa – a garotinha responde. A mãe revira os olhos.

– Anabelle você não vai sentir falta de casa! Você vai estar com a mamãe e o papai. Dã! – Alice faz questão de lembrá-la desse detalhe.

– Mas é melhor não arriscar – a garotinha responde voltando a deitar na cama.

– Então porque a Sabine não está na mala? – a mãe questiona se referindo a boneca de pano que a filha segurava em seus braços.

– Mamãe, a Sabine pode morrer sem ar dentro da mala – a garotinha fala beijando a boneca. – E além do mais, a Sabine não vai.

– E porque não? – a mãe questiona confusa. Sabendo do amor da filha pela boneca era estranho não querer levá-la.

– Porque ela vai ficar com a Alice, para ela não se sentir sozinha. – a garotinha fala ao entregar a boneca para a irmã.

– Obrigado, Anabelle! – Alice aceita a boneca em seguida beija a bochecha da irmã. Anabelle sorrir para Alice em resposta.

– Você não irá sentir falta dela? – Alice questiona ao mesmo tempo em que abraça a irmã pelas costas.

– Irei sentir mais suas que dela. Se ela estiver com você, você não irá se esquecer de mim. – responde ainda sendo apertada pelos braços da irmã mais velha.

– Parece até que vocês irão ficar sem se ver por anos – a mãe fala ao levar a última mala até a porta do quarto. Alice e Anabelle riem juntas do comentário da mãe.

– Vamos garotas! – o pai as chama, surgindo na porta do quarto. As duas saem da cama. Anabelle se joga nas costas do pai. Alice desce as escadas segurando a mão da mãe.

As malas estavam no carro. A última o pai levava enquanto descia com Anabelle em suas costas.

– Papai cavalinho! – a garotinha falava em meio a gargalhadas. O que fez todos rirem.

Entraram no carro e seguiram para a casa dos Miller.

Quando lá chegaram. Rose e os pais vieram recebê-los e ao mesmo tempo despedir-se. Uma vez que eles não chegaram a entrar na casa. Apenas lhes entregaram seu bem mais precioso, uma de suas filhas.

– Querida comporte-se seja uma boa garota – o pai fala ao beijar a cabeça da filha.

– Alice pode deixar que vou escolher um presente lindo para você. – Anabelle fala a abraçando. – Ah! E cuida bem da Sabine. Ela tem medo de escuro assim como eu.

– Eu sei florzinha. Pode deixar, ela não vai ficar no escuro, eu prometo. Palavra de escoteira.

– Mas você não é escoteira – a garotinha responde.

Alice, porém, balança a cabeça da boneca, fingindo que ela falava:

“Volta logo para mim Anabelle” – ambas riem da própria brincadeira.

– Tchau maninha – Anabelle fala e em seguida entra no carro com a ajuda do pai, que a colocava na cadeirinha. Eles iriam de carro até o aeroporto.

– Filha, à noite eu ligo para te desejar boa-noite. – a mãe fala ao abraçar a filha com ternura e carinho.

– Mamãe... – Alice choraminga, apertando a mãe em seu abraço sem querer soltá-la. – Eu te amo tanto que chega a doer – fala ainda abraçada à mãe.

– Também te amo meu amor, minha fadinha. – responde ao beijar a testa da filha.

– Já estou com saudades – disse Alice ao sair do abraço.

– Eu também minha vida, mas são só dois dias, passa rápido.

– Não se preocupe Sra. Brandon, meus pais e eu cuidaremos bem dela. – a jovem loira, Rosalie Miller, assegura.

– Eu sei que sim querida, você é uma boa amiga. – a mãe de Alice fala e em seguida entra no carro, onde já estavam o marido e Anabelle.

– Tchau! – Alice fala ao acenar com a mão direita.

– Tchau – eles respondem.

– Traz algo bem bonito para mim – Alice grita no momento em que o pai liga o carro.

– Pode deixar meu bem. A mamãe irá caprichar no presente. – Alice apenas sorrir e observa o carro até que ele sai do seu campo de visão.

– E então? Pronta para aprontar durante esses dois dias em que seus pais estão fora? – Rose questiona na tentativa de fazer com que a amiga anime-se.

– Eu estou bem Rose. Só um pouco angustiada por eles irem e eu ficar, mas fui eu quem quis, então não posso reclamar. Daqui a pouco isso passa. – fala e sorri para a amiga.

Rose abraça Alice pela cintura e ambas entram em casa sorrindo.

– Sabe Alice, nós podemos dormir bem tarde hoje, já que amanhã é sábado e não tem aula. Mas o dia está apenas começando. Que tal se fossémos ao shopping? – questiona ao sentar-se no sofá.

– Rose, será que eu poderia subir para guardar minhas coisas? – questiona ao olhar sua mala e a boneca de Anabelle que ficou aos seus cuidados.

– Ah, desculpa Alice. Vem comigo! – Rose a leva ao quarto de hospedes onde Alice deixa suas coisas. E põe a boneca da irmã em cima da cama com carinho.

Após isso as duas jovens saem para curtir seu dia livre.

Fizeram compras, foram ao cinema, almoçaram na praça de alimentação do shopping. Alice fez questão de levar Rose no parquinho, onde brincaram e riram feito duas crianças. Comeram até algodão doce.

Mas o dia não poderia durar para sempre. Então, o cair da noite chegou e as duas amigas tiveram que voltar para casa. E voltaram felizes e saltitantes.

Ao chegarem em casa, Alice ficou no quarto de Rose onde assistiram filmes até altas horas.

Os pais de Alice ligaram para falar que havia chego no lugar para onde foram, e desejar boa-noite como o prometido.

A jovem Alice é muito apegada aos pais, foram poucas ás vezes em que eles viajaram e ela ficou. No entanto, dessa vez foi diferente, ela escolheu ficar. Afinal eles iriam ficar fora apenas por dois dias, para visitar uns amigos.

Alice não sabe por que, mas desde que seus pais decidiram viajar que ela tem sentido uma angústia repentina.

Naquela noite, ela dormiu pensando em seus pais e em sua adorável irmãzinha Anabelle. Pediu que seu anjo da guarda os olhasse até que voltassem para casa.

Passou a noite inteira tendo pesadelos incoerentes, impossível de se dizer do que se tratava. Desejou acordar e sair daquele mundo obscuro dos pesadelos.

Logo que o dia amanheceu. Alice enfim acordou. Rose dormia completamente serena em sua cama. Alice desejou que sua noite tivesse sido tão aconchegante quanto à de sua amiga.

Ao lado de seu travesseiro estava a boneca da irmã. Ela pegou a boneca e apertou contra o peito, sorriu ao sentir o cheiro doce da pequena Anabelle. A garotinha tinha razão ao deixar a boneca com a irmã, assim ela não se sentiria sozinha.

Alice permaneceu por um tempo, sentada no colchão em que dormiu no quarto da Rose, abraçada a boneca tentando desvendar seu pesadelo. Mas foi totalmente em vão, parecia mais um tipo de código do qual era incapaz de desvendar.

Até que sua amiga acordou.

– Bom dia Alice! – a jovem de cabelos loiros a cumprimenta enquanto esfrega seus olhos com o dorso das mãos, e se espreguiça em seguida.

– Bom dia Rose! – a jovem cujo, os traços físicos se assemelham aos de uma fada responde.

– Dormiu bem? – Rose questiona.

– Não tanto quanto gostaria – Alice responde ainda segurando a boneca.

– Por quê? – Rose questiona mais uma vez.

– Tive um sonho muito estranho. – responde indo em direção ao banheiro.

– Mas sonhos são apenas sonhos, Alice. Não tem porque se preocupar com isso. Certo?! – fala ao entrar no banheiro também.

Alice estava escovando os dentes, cuspiu na pia e disse.

– Você está certa Rose, foi apenas um sonho idiota – fala sacudindo a escova de dente em seguida se retira, deixando apenas Rose no banheiro.

Alguns minutos depois, enquanto tomavam o café da manhã:

– Rose, como vai o relacionamento entre você e Emmett? – Alice questiona ao morder uma torrada com geléia de morango.

– Está ficando cada vez mais seria, amiga. Ele é uma maquina de fazer sexo. – fala e depois sorrir. Alice fica um pouco envergonhada com o que acaba de ouvir.

– Desculpa amiga, é que esqueço que você ainda é virgem e se envergonha um pouco ao ouvir essas coisas.

– Tudo bem Rose, eu sei lidar com esse assunto.

– O quê? Você não é mais virgem e não me contou? – Rose questiona completamente frenética. Me conta tudo, com quem foi, onde foi. – a loira não parava de falar.

– Rose! – Alice grita. – Para, eu não fiz nada com ninguém em lugar algum.

– Ah é... – Rose fala desanimada, as duas acabam rindo.

– Do que as moças riem tanto? Posso saber? – a mãe da Rose questiona ao entrar na cozinha.

– Nada não, mãe – Rose responde.

– É tia, não é nada. – Alice fala e as duas riem mais ainda.

– Tá bom, vou fingir que acredito. – a mãe da loira responde.

O resto do café da manhã transcorre apenas com conversas banais. Algum tempo depois, Rose e Alice estavam de saída, iriam à casa do Emmett fazer uma visitinha.

O celular de Alice toca. Ela vê no visor, é sua mãe.

– Alô mamãe – Alice atende sorrindo.

– Oi filha está tudo bem, por aí?

– Aqui está tudo bem. E aí? – Alice responde e já completa com outra pergunta.

– Está tudo bem meu anjo. Daqui apouco iremos sair para um passeio, e amanhã estaremos de volta. Querida seu pai e Anabelle querem falar com você também.

– Está bem – Alice responde.

– Beijo, a mamãe te ama.

– Também te amo, mamãe.

– Oi filha, está tudo bem? A angústia já passou? – o pai questiona.

– Oi pai, estou bem, e a angústia, digamos que diminuiu.

– Querida, sua irmã quer falar.

– Está bem pai, passa para ela.

– Até mais tarde filha. Não esquece que te amo.

– Também te amo, papai.

– Oi, adivinha quem é? – Anabelle fala risonha.

– Me deixa pensar... É a Britney Spears? – Alice fala zombando da irmã.

– Não, eu não sou essa fulana não. Credo! – Anabelle fala e Alice sorrir.

– Eu sei florzinha, é só para te encher mesmo. – fala meio que se desculpando.

– Ah, é! Então não vou levar presente para você.

– Anabelle, irmãzinha linda do meu coração, eu retiro o que disse.

– Tá bom, eu levo seu presente, mas só porque você retirou o que disse – Alice sorrir.

– Alice – a garotinha a chama novamente.

– O quê, meu anjinho? – Alice questiona.

– Eu te amooooooo – a garotinha grita.

– Eu também te amo, sua pestinha.

– Ah, Alice, eu já ia me esquecendo, você está cuidando bem da Sabine?

– Claro que sim. A Sabine está em boas mãos.

– Tchau, Alice.

– Tchau, Anabelle.

– Amo você – as duas falam em uníssono e desligam em seguida.

Alice e Rose foram à casa de Emmett, depois encontraram com alguns amigos do colégio e foram jogar boliche. Jogaram por toda à tarde.

Por volta das sete da noite, Emmett foi levá-las na casa da Rose. Durante todo percurso Alice esteve em silêncio, mas em certo momento ela grita:

– Mamãe! – uma lágrima escorre por seu rosto. Nesse momento, Rose olha para trás, assustada, sem entender o porquê de Alice ter gritado pela mãe. Emmett freia o carro bruscamente.

– O que houve Alice? – os dois perguntam ao mesmo tempo. Ambos demonstram preocupação ao ver tristeza no rosto da amiga.

– Aconteceu algo com a mamãe, eu sinto Rose. – Alice fala ao levar sua mão direita ao lado do coração e seu olhar fica vazio.

– Está tudo bem Alice, não houve nada, é apenas impressão sua. – Emmett tenta acalmá-la.

– É amiga, liga para ela e você verá que está tudo bem.

Rose também tenta acamá-la, mas ainda assustada com a reação inesperada de Alice.

Alice assentiu. Puxou a bolsa para o colo e tirou de dentro o celular. Ligou uma, duas, três vezes e em todas acabava por cair na caixa postal. Isso fez com que Alice se angustiasse ainda mais.

Rose, porém, vendo que sua tentativa de ajudar só fez piorar as coisas, tentou remediar.

– Alice, ela deve está no banho ou ocupada com outra coisa. – Rose fala segurando a mão da amiga.

– Será? – Alice questiona em dúvida, olhando para os amigos.

– Quando chegarmos em casa, você liga novamente. – mais uma vez, Rose tenta acalmá-la.

– Tire essas lágrimas desse rostinho lindo, isso não combina com você. – Emmett fala sorrindo e logo volta a dirigir. Rose sorrir para a amiga e volta a olhar para frente.

Alice seca as lágrimas em sua bochecha com a mão e leva seu olhar para a rua através do vidro da janela. E permanece assim, perdida em seus pensamentos, até chegarem à casa de Rose.

[...]

Alguns minutos depois...

Ao chegarem, os três saíram do carro. Rose põe seu braço nos ombros de Alice e entram em casa. Mas antes de entrarem Rose notou a presença de um carro, desconhecido para ela, estacionado em frente sua casa.

Os três entraram conversando. Na sala, estavam os pais de Rose com o tio de Alice por parte de pai. Todos estavam com o semblante triste.

– Tio! – Alice fala totalmente surpresa com a presença do tio. – O quê faz aqui? – questiona assustada.

– Preciso falar com você – ele fala ao se aproximar e repousa a mão no ombro dela.

– Querida, sente-se, por favor – a mãe de Rose pede com carinho a guiando até o sofá. Olhou para Rose com o olhar suplicante, para que ela senta-se ao lado da amiga. E assim Rose o fez.

– Falem logo, por favor – Alice pede, olhando de um para o outro.

– É sobre seus pais querida – diz a mãe de Rose, se ajoelhando de frente para Alice, que permanecia sentada no sofá.

– O que tem? – ela questiona, com os olhos marejados de lágrimas e suas mãos trêmulas.

– Eles sofreram um acidente de carro, meu bem. – diz a mãe de Rose, secando as lágrimas de Alice.

– Eles estão bem, não estão? – pergunta em um fio de voz. Alice estava em choque.

– Querida você terá que ser forte. – fala ao segurar as mãos dela. Alice apenas balança a cabeça negativamente.

– Me desculpe por ter que te dizer isso. Acredite, isso vai doer em mim. – a mãe de Rose fecha os olhos e respira fundo em seguida olha para Alice, como se estivesse criando forças para falar. – Alice, eles estão mortos – tentou falar da maneira menos assustadora, mas não encontrou. Porque não existe nem uma maneira agradável e menos dolorosa de se dizer a um filho que ele acaba de ficar órfão. É uma dor indescritível que só vivenciando para entender a intensidade do que é perder as pessoas que mais se ama na vida.

Alice sentiu seu coração ser dilacerado a sangue frio.

Uma mistura de sentimentos invadiu sua alma: medo, dor, desespero, solidão, angústia, saudade, vazio.

Sim esse era o sentimento que mais se fez presente; o vazio. Era como se Alice estivesse caindo em um poço sem fim.

De repente Alice começa a gritar.

– Não, não, não! Não pode ser verdade – seu grito era de dor e desespero. Desespero de saber que está sozinha no mundo.

Nesse momento, ela chorava descontroladamente.

Rose a abraçou e Alice permaneceu ali, chorando no ombro da amiga. Pondo para fora toda sua dor. Dor da morte dos pais que tanto amava. E, acima de tudo, a dor de saber que os havia perdido para sempre.

Então, Alice lembrou-se de Anabelle. De como a irmã estaria nesse momento, sem os pais e sem ela. Em meio a soluços ela pergunta:

– E Anabelle? – queria saber da irmã, mas estava com medo da resposta.

– Ela estava com eles querida – agora o tio de Alice se pronuncia. Ao ouvir que a irmã estava junto, ela se descontrola ainda mais, não podia acreditar que havia perdido sua família, assim tão rápido.

– Anabelle não morreu Alice. Ela está em coma. – ele revela.

– Meu Deus, porque está acontecendo isso comigo? Eu nunca fui uma filha má. Por que tenho que ser castigada dessa maneira?! Eu quero ver a Anabelle.

– Ela já está aqui na cidade, veio de helicóptero, mas você não poderá vê-la hoje. Talvez amanhã, não sei – o tio fala com os olhos marejados de lágrimas. – E os corpos dos seus pais chegam amanhã ao cemitério para o funeral.

Ao ouvir o tio falar “os corpos”, Alice sentiu seu coração ser arrancado do seu peito.

Então já não conseguia mais raciocinar direito, sua respiração estava irregular. Fez a única coisa que conseguiu no momento. Deitou-se no sofá em posição fetal, chorando tanto que chega a cortar o coração de quem estava por perto.

Todos estavam chorando agora. Talvez mais por pena de Alice, do que pelos mortos em si. O fato é que a menina estava sofrendo demais e seu sofrimento atingiu a todos.

Rose afagava os cabelos da amiga em uma tentativa de dizer “estou aqui com você”.

Emmett não sabia o que falar. Tinha medo de falar asneiras, então preferiu o silêncio.

Os pais de Rose e o tio de Alice seguiram para o escritório, para tratar coisas do funeral. Na sala, o único som que se ouvia eram os soluços e gemidos do choro da jovem recém-órfã.

Alice estava sentindo a maior dor de sua existência. Seu coração sangrava e, ao mesmo tempo, pedia por socorro. Socorro esse que nunca lhe chegaria. Porque você pode até escolher quem será seu amigo, mas nunca poderá escolher quem será seus pais e quem deve permanecer vivo. Isso apenas cabe ao destino decidir.

Rose vai até a cozinha e traz um copo com água e um calmante para Alice.

– Alice toma, vai te fazer sentir melhor. – Rose fala ao entregar o copo para a amiga, que volta a sentar-se novamente.

– Apenas me fará dormir, mas quando eu acordar a dor estará aqui da mesma maneira. – fala ao levar sua mão direita ao lado do coração.

– Como poderei viver sem eles? – questiona em meio a tantas lágrimas.

– Você é forte amiga, vai conseguir. Eu sei que vai – Rose lhe dá apoio.

– Não, eu não vou conseguir, eu sou fraca. Perdi o rumo, não sei para que lado devo seguir – Alice fala a muito custo.

– Você tem que ser forte, pela Anabelle. – Emmett enfim decide falar.

– Anabelle... – Alice fala o nome da irmã em um sussurro. – Como poderei falar isso a ela?! Que estamos sozinhas no mundo, que perdemos a melhor família que a vida poderia ter nos dado.

– Quando ela acordar irá precisar de você, agora mais do que nunca. E vocês ainda terão uma à outra. – Rose fala.

Por fim, Alice aceita o calmante. Após tomá-lo volta a deitar-se no sofá. Emmett e Rose permanecem ali, sentados ao lado da amiga, que acaba por pegar no sonoainda com lágrimas no rosto.

Alguns minutos depois, Emmett a pega no colo e a leva para o quarto, onde ela permanece por toda a noite sob efeitos do calmante.

Pobre Alice, amanhã ainda terá que enfrentar o funeral.


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Notas finais do capítulo

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Adoraria saber o que acharam.