Capítulo CINCO   
 Minha aula de equitação vai por água abaixo. 

Estacionei o carro em um lugar abaixo da colina, onde havia alguns carros estacionados. Nós pegamos nossas malas ( Madison teve mais um chilique quando descobriu que subiria com suas malas a colina toda a pé) e subimos. 
Lá de cima, eu e Annabeth ouvimos um barulho ( Novamente, Madison ainda estava na metade do caminho. Ninguém mandou a menina vir de um sapato que parecia mais um instrumento de tortura!)  e nós viramos para olhar.  Reconheci Clarisse e um sátiro lutando  contra duas quimeras, e junto deles estava  mais umas três crianças desconhecidas por mim.
Eu e Annabeth jogamos as malas no chão, puxamos nossas armas e descemos correndo o morro para ajudar, e por mais incrível que pareça,quando Madison olhou para trás,decidiu que valia a pena tirar o salto alto para salvar sua vida, e se apressou mais a subir a colina.
— Vocês, subam a colina AGORA! - Clarisse gritou para os baixinhos, que obedeceram sem reclamar ao verem que Clarisse provavelmente daria um chute no traseiro deles se não a obedecessem.
Foi relativamente fácil acabar com as quimeras, contando o fato de que éramos quatro contra duas, o sátiro era realmente bom de luta e Annabeth tinha retirado o boné da mala ( Eu ainda tinha trauma daquele maldito)  e também o fato de Clarisse estar meio.. sendo Clarisse.  
— MORRA! -  Ela gritava quando finalmente conseguiu  atirar sua lança elétrica sobre a primeira quimera, transformando-a em pó, ao mesmo tempo que Annabeth,invisível, acertava sua faca por trás da outra.
— Vamos logo, antes que venham mais monstros. - Annabeth disse retirando o boné. 
Coloquei ContraCorrente atrás do bolso, e nós começamos a subir. Lá em cima, os meninos se encontravam parados olhando lá dentro do acampamento com imensa curiosidade, e pareciam impressionados. Madison massageava os pés e tinha cara de choro, mas também olhava para lá com um literal interesse.
Mas todos os quatro se encontravam em uma distância segura de Peleu.  Era de se entender.
Então quando finalmente entrei, meu queixo se posicionou centímetros abaixo do normal. Pelas barbas de Merlim, que lugar era esse?
Uma enorme faixa respondia minha pergunta.

ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE

Clarisse entrou e imediatamente foi para o seu chalé, então sobrou para mim e Annabeth levá-los a Casa Grande.
Observei todo o Acampamento, e realmente pensei que púdessemos se perder ao caminho da Casa Grande se não fosse as plaquinhas da entrada.
Tá, nem tanto. 
Mais  tudo estava realmente diferente.
Agora tinha duas áreas diferentes de chalés,de todas as cores, tipos e tamanhos.  Em cada área, havia placas escritas com os nomes dos Deuses que os chalés ali pertenciam.
Annabeth observava tudo ao meu lado como uma criança olhava o parque de diversão da Disney. Era de se esperar.
Logicamente, além dos chalés,o número das mesas de jantar também tinha dobrado. Passamos pela arena de luta, também ampliada. Enfim, era tudo muito maior.
Inclusive o número de campistas. Mas deixe-me te explicar melhor isso. 
Antes você se perguntava o que os deuses faziam nesses milhares de anos que viviam no mundo, o que eles faziam para acabar com o tédio? Então, agora eu tinha a resposta.
                                                     ***

Na Casa Grande, se eu esperava encontrar Quíron e o Sr.D jogando pinochlé, me enganei. Quíron não estava lá, e o Sr.D permanecia sentado em sua mesinha com sua típica blusa estampada e bermuda, lendo uma revista sobre tipos de vinho. 
— Ah. - Seus olhos se retiram da revista e faíscaram em nossa direção ao nos verem.
Ou melhor,passaram por Annabeth sem enrolações, demoraram um pouco nos meninos e em Madison(Seguido de uma careta das duas partes, o Sr.D obviamente irritado por serem mais meio-sangues, e eles pelas roupas e também da ignorância que a voz  do Sr.D deixava evidente), e então finalmente se focalizaram em mim e pude ver os olhos do Sr.D ficarem literalmente mais roxos, e se é possível, eu sentia que se continuasse o encarando iria ser desintregado tamanha era a raiva que seus olhos emanavam.
— Veja quem está aqui! Perry Johanson! O salvador do Olimpo! O filho do pescador! - Ele fez uma cara de espanto. - Santo Zeus, devo eu me curvar? 
Trovões se ouviram fora do limite do Acampamento. O Senhor dos Céus provavelmente não gostou de usarem seu nome em vão.
— Sr. D, temos aqui mais meio-sangues, e gostaríamos de falar com Quíron. - Annabeth começou
Novamente, ele fez uma cara de desgosto, mas seus olhos se retiraram dos meus.
— Ah, aquele centauro estúpido. - Fiquei meramente irritado por ele se referir  a Quíron daquela forma, e visivelmente, Annabeth também. -  Deve estar cuidando do jantar. Afinal,graças ao golfinho aqui, tem muitos mais pirralhos do que antigamente..
— Estou aqui.  - Quíron chegou trotando. - E Sr.D, prefiro que não se dirija a mim dessa maneira.- Ele disse normalmente, e o Sr.D se voltou para a revista revirando os olhos.
Ao verem Quíron, os meninos ficaram visivelmente espantados e curiosos, e Madison deu um gritinho e desmaiou no colo de Annabeth. Revirei os olhos.
— Annabeth, Percy. - Quíron nos cumprimentou. - E os outros são..
— Madison McAdams. - Apontei para a menina no colo de Annabeth. - E.. 
Então notei que não sabia o nome dos outros.
— Robert McCliver . -  Esse era bem forte para sua idade, (que eu imaginava ser uns 13 anos) mas não tinha um ar briguento. Definitivamente, Hefesto.
— Marie Wallace. - A de cabelos loiros disse. Poderia ser Hermes ou Apolo.
— Brad Sandler. - O mais baixinho de olhos acizentados falou. Irmão de Annabeth, deduzi.
Então desconsiderei todos meus pensamentos quando lembrei dos milhares de deuses novos.  
— Bom, então acho melhor Percy levá-los ao chalé de Hermes porque está quase na hora do jantar, onde terá a cerimônia de determinação. - Estranhei o uso da palavra, mais deduzi que seria a cerimônia onde os meio-sangues iriam ser determinados. - E Annabeth, poderia levar essa jovem a enfermaria? Mais tarde peço a alguem levar as malas.
— Claro, vou indo. - Então ela saiu com Madison para a enfermaria.
Saí da Casa Grande e levei Will, Jack e Jane ao chalé de Hermes, e depois fui andando para o meu chalé.
Passei pelos chalés de Hécate, Íris, Nêmesis e vários outros que eu não reconhecia. O chalé de Hades era meio assustador, com aquela caveira no alto da porta e tochas com fogo verde ao lado, mas me ocorreu que Nico achasse aconchegante.
Olhando os chalés lotados, pensei em algo que me encomodava há um tempo.Há um mês atrás, Poseidon havia "brincado" sobre me trazer novos irmãos e irmãs, mas realmente não pude desvendar sobre aqueles olhos sorridentes se era só uma brincadeira, e no final eu não sabia realmente o que esperar. Isso estava me pertubando por dentro; Ao mesmo tempo que queria ir correndo para descobrir logo e tirar o peso dos meus ombros, também temia descobrir a verdade. 
Quer dizer, Poseidon já tinha quebrado o pacto uma vez, o que o impediria de fazer isso denovo?  Fiquei batucando isso na cabeça até chegar em frente ao meu chalé de pedras marinhas.
Tomei coragem e abri a porta.
Olhei em volta. Tudo normal, nada de malas nem camas adicionais.
Meu coração disparou, só não sabia se era de alívio ou decepção.                 Joguei minha mochila na cama e aspirei o ar com cheiro de água salgada, que vinha da fonte que uma vez havia ganhado do meu pai, e me senti em casa.
 Então eu travei quando ouvi barulhos no banheiro.  
— Alguém aí? - Calma Percy, se controla!
— PEEEERCY ! - Vi um vulto rápido e logo senti uma força bruta praticamente quebrar minhas costelas. 
— Tyson? - Perguntei com a voz esmagada.
— Percy, eu senti tanto sua falta! - Ele me soltou.
Uau.  Ele estava mais alto. Muito mais alto.
Meus Deuses, como ele coube no banheiro?
— Tyson, você cresceu. - Ele sorriu.
— Papai disse a mesma coisa!
Sorri.
— Mais o que você está fazendo aqui?
— Queria ver quando você iria voltar! Mas logo tenho que voltar para as forjas! - Ele resmungou e bateu as mãos nos joelhos.
— Calma rapaz, eu vou te visitar lá ok?
— Juura? - Os olhos dele brilharam.
— Aham. - Falei, mesmo não sabendo se poderia ir. - Agora eu vou tomar banho,está quase na hora do jantar.
— Tudo bem, eu vou indo. - Ele disse. - Vou passear com Arco- Íris! 
Saí e fui tomar um banho relaxante, o peso agora retirado dos meus ombros.

                                                         ***
Estava sentado em minha mesa sozinho, e agora isso era muito mais estranho pois toda as mesas transbordavam de gente.                                             A cerimônia de determinação seria antes do jantar, para que os novos campistas se sentassem em suas determinadas mesas.
Dionísio, sentado na mesa central junto com Quíron, levantou-se e começou um discurso.
— É, sejam bem-vindos ao Acampamento meio-sangue e blá blá blá. Meu nome é Dionísio, para vocês pirralhos Sr.D, e eu sou o diretor do acampamento, ou seja, não me irritem caso queiram ser expulsos do acampamento ou serem estrangulados por vinhas. - Ele lançou um olhar ameaçador aos veteranos, e alguns paralisaram.
— Hum, acho melhor eu fazer isso.. - Quíron levantou-se e o Sr.D resmungou e sentou-se.
— Primeiramente, meu nome é Quíron, eu sou o diretor de atividades, e queria dar boas-vindas aos novos campistas. - Todos aplaudiram. - Como alguns aqui já sabem, o acampamento meio-sangue tem o intuito de treinar vocês a luta, para se prepararem ao  mundo lá fora, onde muitos de vocês já devem ter enfrentado monstros, creio eu.
— Vocês poderão ficar aqui durante o verão, ou pelo ano todo.Temos certas regras, como o nosso horário de recolher às dez horas, que espero que seja obedecido, afinal, as Harpias de limpeza estão liberadas para comer qualquer um que esteja fora da cama após o horário. Também queria ressaltar que  é estritamente proibido dois integrantes de chalés diferentes ficarem sozinhos em um chalé. - Pude ouvir burbúrios por todos, e alguns semideuses mostraram decepção. - E também espero não ter problemas em relação a isso.  
— Eu estou com fome, vamos logo com isso. - O Sr.D resmungou na sua cadeira.
— Hã, resumindo, peço que prestem atenção na progamação das tarefas que estarão coladas na Casa Grande. Agora iniciaremos a cerimônia de determinação. Peço que .. Amy Stewart venha a frente!
Uma menina baixinha e pálida, de cabelos negros veio a frente. Seus olhos também eram negros, tanto como os de Nico.Logo depois que ela se posicionou a frente,  uma imagem se formou acima da sua cabeça, mostrando um livro com aspecto antigo, mas conservado; Havia escrituras em gregos por toda a parte, e símbolos brilhantes de magia também. A menina olhou para cima atônita.
— Amy Stewart, filha de Hécate, deusa da magia!
Todos bateram palmas e a menina se direcionou a sua mesa.
— Anderson Downey !
Um menino de aparentemente minha idade se destacou na frente. Ele tinha olhos cor de mel, e seus cabelos loiro escuro jogavam uma franja por cima da sua testa. Logo de cara sabia que não me daria bem com esse garoto. Ele demonstrava ser aquele menino encrenqueiro, que amava uma briga para animar um dia entediante.
Da mesma forma de que com Amy, uma imagem se formou acima da cabeça de Anderson que mostrava brigas, lutas. 
— Anderson Downey, filho de Éris, deusa da discordia!
Dito e feito, pensei.  Ouviu-se alguns aplausos, mais nada entusiásticos. É, no fim senti pena do garoto. Apesar de demostrar ser exatamente isso, não se podia dizer que era igual a mãe.
— Bonnie Whispoon.
Uma menina de cabelos vermelho vivo com um corte channel se posicionou, e parecia ansiosa. Devia ter uns quinze anos. Logo a imagem de um arco-íris apareceu acima de sua cabeça, e Quíron se pronunciou.
— Bonnie Whispoon, filha de Íris, deusa do arco-íris!
E assim Quíron continuou a chamar os meio-sangues.
Me senti como em Harry Potter, quando Dumbledore chama os bruxos veteranos para serem determinados para qual casa irão. A diferença era que nós não eramo bruxos, nem éramos determinados por um chapéu falante.
— Brad Sandler, filho de Métis!
Olhei ao baixinho que levei ao chalé de Hermes sentar-se em sua mesa. 
—  James Lockwood, filho de Deimos!
Olhei o garoto ir sentar-se em sua mesa, e por um momento pensei reconhecê-lo de algum lugar. Ele me era estranhamente familiar.
—  Madison McAdams!
Ah, essa eu quero ver! Pensei, retirando minha atenção do menino que não lembrava o  nome.
— Filha de Afrodite!
Pude ver Madison se dirigir a sua mesa com o entusiasmo evidente na cara. Ri alto.
E assim Quíron continuou a chamar, até o último da lista sentar-se, para finalmente começarmos a jantar.
Após comermos, a maioria sentou-se em volta da fogueira, e alguns filhos de Apolo começaram a cantar, e logo depois foram acompanhados por todos. Ficamos assim até a hora de recolher, e fomos para os nossos chalés.
                                                       
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Acordei  com batidas fortes na porta.
— Percy!
— Hmm -  murmurei, me remexendo na cama e amaldiçoando quem quer que estivesse me pertubando.
— Percy, acorda, você tem de ir treinar os novatos no vôo de pégaso daquia a vinte minutos.
Me espriguiçei, bocejando lentamente.
— To indo!
Levantei, tomei um banho rápido,coloquei uma roupa qualquer e saí lá fora. 
No café da manhã, tinha poucas pessoas, a maioria já estava em alguma atividade. Peguei um waffle  e o comi a caminho do lago de canoagem.
Cheguei e lá e campistas me esperavam, conversando. Ao lado deles pude ver vários pégasos, inclusive BlackJack. 
Chefe! 
Suspirei. Nunca tinha conseguido fazer ele abandonar essa mania.
BlackJack.
Trouxe-me torrões de açucar, chefe?
Dessa vez não, me desculpe.
Ele relinchou, perdendo o intusiasmo.
Percebi que os campistas olhavam atentamente para mim, esperando eu dizer algo.
— Hã, meu nome é Percy, vou instruir vocês hoje.
— Você é o filho de Poseidon? - Uma garoto de uns 14 anos perguntou.
— Hã, é.   - Respondi. Merda, Percy, para de dizer "Hã" .
— É verdade que você se banhou no Estige? - Outra acompanhou.
— Hum,é. - Respondi novamente meio encabulado, e mudei de assunto antes que eles começassem um interrogatório.  - Bom, cavalgar em pégaso é relativamente fácil, é só montar neles e ter cuidado para não puxar suas crinas, a não ser que queiram levar uns coices. Agora, irei fazer uma demonstração.
Subi em BlackJack e dei uma volta com ele acima do riacho. Claramente, conseguir ver Clarisse dando aula de esgrima na arena de luta.
Ouvi algumas crianças fazerem um 'ooooh'   e pude ouvir uma menina pequena dizer " É um cavalo voador! "  .    Ri para mim mesmo e ouvi BlackJack, assim como outros pégasos, relincharem indignados, alguns soltando insultos pesados.                                                                                                  Uoh, onde pégasos aprendiam esse vocabulário sujo?
Cheguei ao chão e pedi que eles subissem em um pégaso, e quando eu desse o sinal, voassem, mas só pelos limites aqui.
— Tudo bem , agora.
E nessa frase, minha aula de equitação vai por água abaixo.                                    Literalmente.
Uma menina e um garoto de minha idade caíram na água, outros bateram indevidamente nos pégasos, que se irritaram e  começaram a girar;  E um garoto, que logo reconheci como o filho de Éris, saiu voando rápido para longe. Ótimo, ninguém ouve o que eu falo?
"Chefe, esses humanos são loucos! "
" É, Blackjack, concordo com você. " 
 Pensei, antes de ir pegar a menina na água, antes que ela se afogasse.
— Heey, fica calma. - Falei para ela que se debatia,impedindo-me de pegá-la.
Puxei-a e a coloquei em seu pégaso,  e pedir que esse ficasse parado.
Gritei para os que estavam girando no ar  com os pégasos soltassem as crinas dos pégasos, o que foi inútil , já que todos estavam gritando.
Cara, nunca mais iria fazer bagunça dentro de sala,                         prometi a mim mesmo.
Ei ei, parem de girar!  
E depois de um tempo, os pégasos se acalmaram, parando de girar, e os campistas pararam de gritar.
Olhei em cim e vi Anderson voltando, rindo da situação. Senti vontade de chutá-lo, mas permaneci calmo.
— Ei, não disse para ficar só por aqui?
— Ah, esqueci. - Ele disse em uma cara de pau mais óbvia do mundo e voltou ao lado dos outros.
—Tá, pessoal, foi.. bom. - Falei numa tentativa de animá-los, mas tudo que recebi foi olhares que diziam   " Você tem algum problema? "
— OK, vamos tentar outra técnica.
E assim treinamos e treinamos, e com o tempo pude ver melhoras. Tá, nenhuma grande coisa, mais pelo menos ninguém mais caía na água.
Ouvi o soar da concha, que era como um sinal de escola, avisando a próxima atividade então saí logo dali, rezando aos deuses para que a próxima aula fosse um sucesso, embora que comparado a essa, não podia pensar em  algo que fosse pior.

Tá,cada um com seus sonhos.