Matthew olhava para Lewis fixamente por causa de seu pedido.

-Lewis... se eu fizer isso eu não sei o que pode acontecer...

-Eu não me importo! Apenas apague!

Quando viu que Matthew não se mexia, Lewis se sentou no chão e abraçou seus joelhos como se quisesse se esconder. Ele estava com lágrimas escorrendo pelo rosto, sua roupa estava ficando manchada pelo sangue que estava no chão e seus olhos brilhavam intensamente.

Matthew se aproximou dele lentamente até ele tinha medo do que estava acontecendo. Ele colocou a mão direita no olho esquerdo de Lewis e a direita em seu próprio olho direito. Suas mão tremiam enquanto seu olho esquerdo começava a brilhar mais.

Lewis começou a gritar de dor, Matthew mesmo com todo medo que sentia, mantinha sua mão no lugar. Depois de um longo tempo aos poucos seus olhos voltaram para sua cor normal, e logo deixou com que sua mão caisse enquanto olhava para o que tinha feito.

-Desculpe Matthew...

Lewis disse antes de cair no chão inconscientemente. Matthew se sentou no chão exausto e aliviado não havia acontecido nada com Lewis, ele ficou alí e apenas continuou olhando Lewis agora dormindo profundamente.

-Não precisa se desculpar... - ele disse baixo.

-É claro que preciso.

Ele olhou em volta assustado mas não havia ninguém alí. Ele não sabia mas aquela era a voz de Louise...

Eu continuei olhando a cena e ainda não conseguia acreditar em tudo que eu havia visto era muita informação de uma vez só e a maioria eram memórias tristes que de alguma forma me fazia sofrer também. Acho que quando é possível ver uma memória você até acaba sentindo o que o dono dela sentiu.

Enquanto eu pensava tudo ficou escuro novamente mas estava faltando algo... eu continuei caminhando sem nenhuma direção certa, fiquei assim por minutos, horas talvez. Onde estava a luz?

“E... por favor Sophie, não se perca nas memórias, você pode nunca mais voltar... você tem certeza?”

Eu parei de andar quando lembrei das palavras de Louise. Era isso que Louise havia me dito então... eu estava perdida? Comecei a correr mas eu não conseguia encontrar nada. O que eu estava fazendo?

Me sentei no chão olhando o meu reflexo, eu havia me perdido certo?... Mas eu não tinha esse direito de desistir não é? Havia uma vida em risco, uma vida muito importante para mim...

-Eu não posso parar agora...

Eu fique de pé novamente e voltei a andar, eu ainda não havia encontrado nenhuma luz. Mas parecia que a paisagem de escuridão estava mudando e um lado daquele lugar se tornava branco em quanto o outro continuava negro.

Finalmente eu conseguia ver a pequena bola de luz, eu a toquei e ela se abriu. Eu estava de volta à mansão? Olhei a minha volta mas não havia ninguém, as luzes estavam acesas mas nenhum sinal de vida.

-AHHHHH!

Ao ouvir o grito me virei para a escada, estava vindo do andar de cima, logo depois escutei barulhos de passos e seja lá quem for estava correndo e parecia com pressa. O barulho aumentava o que quer dizer que a pessoa estava próxima.

Eu me afastei da escada, eu não queria saber o que estava vindo e também não queria ver o que era principalmente se estava fugindo de algo.

Os barulhos já estavam bem próximos, de repente uma pessoa caiu das escadas estava com medo visivelmente nos olhos, era uma garota.

-Não se aproxime!

Escutei outros passos, era Lewis...

-Por que tem tanto medo? – ele perguntou com um sorriso no rosto.

-Eu nunca quis fazer um contrato com você! – ela gritou enquanto tentava se afastar.

-Mas ainda nem começamos o nosso jogo.

-Você- eu sei muito bem o que me disseram! E sei que é verdade! Todos seus contratantes estão mortos!

Eu já sabia disso, mas ao ver aquilo de verdade me deixava assustada...

-Não eram importantes mas... você é diferente. – ele ofereceu ajuda à garota – Venha.

Por alguns segundos ela hesitou mas no final aceitou à ajuda e segurou a mão dele. Lewis mantinha um sorriso que eu conhecia, aquele era um falso sorriso. Mesmo que aquilo não fosse o que ele realmente sentia, me deixava com um pouco de aperto no coração...

-Não vou fazer nada... – ele disse silenciosamente no ouvido da garota.

O tempo avançou nas memórias e agora a garota estava deitada na cama olhando o teto, lágrimas escorriam pelos seus olhos enquanto ela segurava a corrente no pescoço. A porta se abriu e Lewis entrou no quarto, com aquele sorriso sádico no rosto.

-Está sofrendo? Você não come há dias... – ele disse se sentando na ponta da cama.

-É mesmo?...

-Não está com fome?

-Não... eu não preciso de mais nada...

-Só porque eu disse que não te amo?

-Você me enganou não é?... Todo esse tempo... apenas um jogo para você...

Ele se deitou ao lado da garota e ficou em silêncio enrolando as mechas de cabelo da garota nos dedos.

-Foi assim com todos, você fez todos sofrerem?...

-Bem, eu descobri que as pessoas sofrem mais com o amor quando eu apenas as machucava fisicamente não havia tanta graça.

Ela fechou os olhos e disse as suas últimas palavras.

-Um dia você vai sofrer muita mais do que eu... porque o seu amor será verdadeiro, não como o meu... uma mentira...

-É por isso que eu desisti de minha parte fraca...

A memória desapareceu diante de meus olhos. Lewis era tão cruel por causa do seu passado, ele havia errado várias vezes... fez pessoas sofrerem até morrerem. Eu tinha que consertar tudo aquilo... mas o pior de tudo é que eu não conseguia odiar ele mais... eu estava apaixonada, não é?... eu aceitava todas essas partes de Lewis... desde as boas até as ruins...

Quando eu abri meus olhos eu estava de volta à casa de Christine, Matthew estava dormindo no sofá e Louise abriu seus olhos também e voltou a sorrir para mim.

-Então, o que vai fazer agora? – ela me perguntou.

-Eu vou salvar Lewis.

Ela abriu um largo sorriso e sacudiu Matthew dando um susto nele.

-Matthew, vamos ajudar Lewis!

-O que aconteceu?! – ele perguntou olhando para os lados – Ah... tudo bem...

Ele se levantou do sofá e tentou arrumar o cabelo bagunçado. Louise segurou nossas mãos e nos levou para fora da casa.

-Espera! Está cho... a chuva já parou?... – Matthew perguntou confuso.

-Vamos! – Louise disse alegremente nos levando.

Eu estava pronta para fazer o que eu tinha que fazer