Speechless escrita por Vick_Vampire, Jubs Novaes


Capítulo 14
13. A nova Srta. Van Der Woodsen


Notas iniciais do capítulo

E aí? Levei uma semaninha, mas acho que ficou bom!
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/91478/chapter/14

Alice PDV

                Passei a minha mão pela minha testa empapada de suor, caindo sentada na espreguiçadeira branca.

                Faziam quase duas horas que eu estava ali, limpando a piscina do colégio para o time de natação. Eram 16:54; faltavam meros seis minutos para eu sair daquele inferno. Suspirei de exaustão.

                Eu não realmente sei o que tinha na droga da minha cabeça quando eu decidi tirar Jasper do castigo. Pelo menos eu não teria que fazer tudo aquilo sozinha. Quer dizer, minha roupa estava completamente molhada, das diversas vezes que eu cheguei a me jogar na piscina para limpar algo no centro dela; minhas costas pediam arrego pelo esforço de dobrar as costas a todo momento.

                Resumindo: eu estava um caco, e Jasper não parecia ligar para isso.

                Mas eu não ia ficar brava com ele, não de novo; eu precisava de um amigo –além de Tanya-, e não ia deixá-lo escapar novamente. Eu tentaria ser uma pessoa melhor.

                Fui cautelosamente até o armário das toalhas e peguei uma. Sequei meu rosto com ela e o que pude da minha roupa, antes de vestir meu casaco preto. Molhei meu cabelo com um pouco da água com cloro da piscina, tirando o suor da minha testa. Desembaracei os fios, até eu parecer levemente apresentável.

                A supervisora que devia estar me vendo trabalhar roncava na poltrona da sala ao lado; guardei a rede de limpar a piscina no armário e comecei a juntar as minhas coisas para ir embora.

                16:58.

                Passei os dois últimos minutos observando o sono da supervisora na sala envidraçada. Sabia que, se ela acordasse e não me visse lá, eu estava frita. Assim que o relógio bateu as cinco horas, saí correndo. Não queria topar com a equipe de natação; sabia que eles eram exatamente como a mesa 5.

                Do lado de fora do colégio, caía uma fina garoa gelada. Eu me sentia sozinha, ali, no estacionamento vazio. Mas, ultimamente, minha vida andava sendo bem sozinha mesmo.

                Ajeitei a alça da minha bolsa –que teimava em cair- pela última vez e saí dali, onde tantas memórias avassalavam a minha mente. Caminhei em silêncio; também, não havia com quem falar. Não havia sequer como falar.

                Fui chutando uma pedrinha que encontrei no caminho. Cada vez que ela parava e eu chegava nela, a chutava de novo e ia até onde ela parara. Entediante, né?

                Foi assim o resto do caminho, até eu chegar à entrada da casa dos meus tios. Olá, inferno. Olá, senhor e senhora Demônio. Entrei na casa e larguei a bolsa sobre o sofá, massageando meus próprios ombros.

                Droga. Minha vida seria mesmo assim nos próximos quatro anos?

                Pensei em tomar um banho –outro banho-, mas afastei a ideia. Meu corpo doía só de pensar em levantar-me dali.

                Depois de um certo tempo, meu estômago rugiu de fome, e não tive escolha: me ergui e fui até a despensa da cozinha, onde eu mantinha meu estoque interminável de barras de cereais. Peguei uma caixa inteira de uma vez só e voltei para o sofá, tirando o plástico que rodeava a embalagem de papel.

                Tirei uma barra de cereal e mastiguei lentamente, absorvendo o sabor já familiar. Fechei os olhos, exausta.

                Será que algum dia eu sairia dessa rotina? Já havia um bom tempo que eu comia as barras de cereais, e eu não conseguia perceber nenhuma mudança nas minhas cicatrizes. Além disso, eu continuava a mesma Alice frágil do começo disso tudo.

                E, talvez, um dia, eu conseguisse ser feliz ao lado de Tanya e Jasper; mas isso não vai se perder quando eu for para a faculdade? Realmente não esperava que eles acabassem indo para a mesma faculdade que eu; sequer sabia qual eles pretendiam ingressar.

                Quem falaria com uma muda?

                Em que diabos de lugar eu conseguiria um emprego? Como telefonista? Caixa de supermercado? Todas elas exigiam algo que eu não tinha mais.

                Uma voz.

                Agora que eu pensava nisso, parecia muito melancólico; no entanto, não deixava de ser verdade.

                Quando percebi que já estava praticamente mastigando meus próprios dedos, tirei outra barra de cereal da caixa e abri a embalagem.

                Mas, quando eu estava prestes a mordê-la, me ocorreu um pensamento.

                Eu tinha que mudar minha rotina. E não importava o resto; ia fazê-lo agora.

                Me ergui de súbito e, aproveitando que não havia ninguém na casa, fui em busca de alguma roupa na minha mala. Nem sequer me importei de estar fedendo a cloro e suor; onde eu estava pensando em ir, não precisava estar apresentável.

                Encontrei um vestido curto com um decote ousado; era preto e soltinho. Perfeito. Tirei as minhas roupas ali no meio da sala mesmo e vesti o vestido, me sentindo uma Alice como nunca. Calcei um par de sapatos de salto.

                Dei uma bagunçada no meu cabelo, fazendo-o ficar espigado para todas as direções. Passei uma maquiagem pesada, exagerando no lápis. Peguei uma bolsa, coloquei um pouco de dinheiro e saí, sem me importar com o frio que fazia lá fora.

                Andei, confiante, na direção do Forks Supermarket. Quando estava quase em frente à ele, vi Tanya olhando para mim com uma cara incrédula. Fui direto na direção dela e, sem “dizer” nada, comecei a juntar as coisas dela.

                -A-a-alice-e? –gaguejou, me impedindo. –O que pensa que está fazendo?

                Peguei uma caneta esferográfica e um daqueles comprovantes de cartão. Antes que ela pudesse ver o que eu estava fazendo, escrevi: “Vamos sair, Tan. Conheço um lugar irado para a gente ir!”

                -ALICE! –ela gritou, e depois voltou a voz para um sussurro. –Esses comprovantes são praticamente meu salário! O quê você tem hoje? –ela leu o que eu havia escrito, e arregalou os olhos. –O quê? Claro que não! Eu tenho que trabalhar, e você tem que descansar. Você deve estar doida. Tomou algum remédio estranho?

                Sorri e destampei a caneta novamente. “Ah, sim, Tan! Tomei um comprimido de percepção, Tanya!” ela leu e não respondeu, só me olhou como se eu fosse louca. “Então? Você vem?”

                -É claro que não, Al! –respondeu. –Já disse, você está meio doida, e é para você voltar para sua caminha e tentar dormir, tá?

                Cama? Eu tenho cama?

                Juntei as minhas palmas das mãos e falei com os lábios, com carinha de anjo: “Por favor?”

                -De novo, não. –falou, olhando para o comprovante em minhas mãos. –Estou trabalhando.

                Então, decidi que teria de jogar sujo com ela.

                Voltei a escrever: “Então me impeça de beber até cair.”.

                Ela arregalou os olhos enquanto lia, e, quando voltou o olhar para mim, eu comecei a cruzar a rua rebolando.

                -ALICE! –ela berrou, correndo atrás de mim. –Pare com essa brincadeira de mau gosto!

                Ela me alcançou, mas eu não parei de andar. Quando ela quase entrou na minha frente, comecei a correr cambaleante na direção do lugar que eu pretendia ir.

                -Alice, pare! –gritava, mas eu não lhe dava ouvidos. –É sério! Aqui é um bairro muito perigoso! Vamos voltar!

                É por isso mesmo que estamos aqui!

                Parei na entrada do local e dei quatro batidas, como costumava fazer quando saía com Rosalie e Bella.

                Rosalie e Bella...

                A porta se abriu no instante que Tanya me alcançou, e eu entrei correndo.

                Havia um monte de gente apinhada na sala fracamente iluminada. Um aparelho de som tocava Somebody to Love, da Leighton Meester, no último volume. Peguei um copo de bebida de um garçom que passava e virei, sentindo o gosto familiar de Vodka.

                -Alice! –Tanya falou, desta vez realmente irritada. Arrancou o copo vazio da minha mão. –Alice, eu vou perder o meu emprego! Vamos embora, pelo amor de Deus!

                -Se solta, Taaaan! –falei, já pegando outro copo. –Nobody ever did it quite like this, nobody ever did it quite like you. Do your hair, I bought you shoes, we can hit the town like superstars do. –Cantei, jogando os braços para o alto.

                -Pára garota! –ela falou, quando peguei as mãos dela e ergui para o alto também. Rebolei ao som da música, enquanto bebia o gole final do segundo copo. –É sério!

                Eu percebi que eu estava ficando bêbada e Tanya não, então, tratei de arrastá-la para uma mesinha com um monte de copinhos pequenos. Quase todos tinham cores diferentes; peguei um e enfiei o líquido alucinógeno goela abaixo de Tanya.

                E, no outro segundo, ela estava exatamente como eu.

                Então, quando começou a tocar Good Girls Go Bad, vi a opotunidade perfeita de me divertir ali. Arrastei-a para o meio da pista e ficamos dançando feito malucas, sentindo o jogo de iluminação rodar pelo cômodo.

                Mas eu pude jurar que, em algum momento, eu senti um flash de câmera.

                                                                                                ***

                Ah, droga.

                Era um sábado de manhã cedo. Minha cabeça latejava fortemente, e eu não conseguia me lembrar de nada da noite anterior. O lugar onde eu estava deitada era vagamente familiar; parecia um sofá? Sim, era um sofá.

                Abri os olhos e dei de cara com o teto da casa dos meus tios. Como eu tinha ido parar ali? Nem sequer lembrava de ter dormido.

                Tentei me erguer para me sentar no sofá, mas as minhas costas latejavam junto com a minha cabeça. Então, permaneci deitada e apenas virei a cabeça lentamente para os lados. Meus sapatos de salto alto estavam largados num canto da sala, junto com a bolsa. Como meu estômago roncava sem parar, me ergui do sofá e fui atrás de algo para comer.

                Decidi que não ia comer barras de cereais de novo; quem sabe, com alguma comida decente, eu conseguisse me lembrar do que tinha acontecido na noite anterior. Procurei alguma coisa para vestir –eu já não aguentava a sujeira daquele vestido em mim- na minha mala, e acabei por pegar uma camiseta simples e um jeans.

                Me certifiquei que não havia mais ninguém ali, e me despi para vestir a roupa. Peguei alguns trocados –o que tinha sobrado deles na minha bolsa. Mas eu tinha gasto algo?- e um casaco. Pus o dinheiro no bolso e saí na rua, à procura de alguma padaria ou algo do tipo.

                Assim que o ar gelado da manhã de Forks me engolfou, eu tossi fortemente, fazendo um barulhão. Depois de alguns minutos, me recuperei e olhei em volta. Por sorte, havia uma na esquina oposta ao Forks Supermarket.

                Fui até lá e peguei uma mesa dentro da área envidraçada, de onde eu podia observar o movimento da rua. Uma mulher de avental verde veio até mim e me deu um cardápio. Folheei sem interesse e escolhi a primeira coisa que vi: café expresso com croissant. Apontei no cardápio para a garçonete e ela sumiu atrás da porta da cozinha.

                Esse foi o momento que eu comecei a ouvir risadinhas. Olhei em volta, e haviam três garotos e duas garotas numa mesa à uns cinco metros de mim. Elas eram da equipe de líderes de torcida da Forks High School, com certeza. Riam nada discretamente com os garotos e olhavam para mim, sorrindo maldosamente.

                Havia algum tipo de baba no meu rosto ou algo do tipo?

                Fui até o banheiro da padaria e me olhei no espelho. Não, não havia nenhuma baba seca, nem remela de olho. Voltei para a mesa e, desta vez, eles foram mais discretos rindo, apesar de não deixar de fazê-lo.

                A mulher já tinha voltado com o meu café da manhã, e comi-o apressadamente, sentindo a diferença entre a maciez do croissant e a rigidez das barras de cereais.

                Barras de cereais...

                E, então, tudo voltou à minha mente de supetão, me deixando desnorteada. O vestido, Tanya, as bebidas alucinógenas, aquele lugar...

                Ah, meu Deus. O que aconteceu comigo?

                Quer dizer, aquela não era eu. Não podia ser eu, podia?

                Me senti desesperada subitamente. Larguei uma nota de vinte dólares na mesa e saí correndo da padaria, sem me importar com a ressaca ou a dor na cicatriz das minhas costas. Ah, meu Deus! TANYA!

                Voltei correndo pela calçada, e não parei até chegar ao Forks Supermarket. Tanya não estava lá; só Jasper, que empacotava algumas caixas na entrada do supermercado.

                Acenei para ele, e ele virou a cara para me olhar. Ele parou o olhar sobre mim por alguns segundos, e eu pude perceber uma expressão triste em seus olhos. E, então, ele voltou a fazer a sua tarefa como se eu não estivesse ali.

                Fui até ele e dei um cutucão no braço dele.

                -O que é? –cuspiu, sem voltar o olhar para mim.

                Peguei uma caneta que estava ali e escrevi na minha mão. “Onde está Tanya?”

                Ele leu, dando um sorriso fraco.

                -Ela foi embora. –ele respondeu, e eu arregalei os olhos. –O Forks Supermarket a mandou embora. Tanya está procurando um emprego novo no centro.

                Mostrei-lhe a minha mão. “Por quê????”

                Ele comprimiu os próprios lábios e sacou o celular, procurando algo. Quando encontrou, mostrou-me.

                Era uma foto. Não conseguia enxergar muito, mas eu podia ver que eram duas pessoas “flasheadas”. Ambas dançavam loucamente no meio de um monte de gente. Foi quando eu foquei nos rostos que eu deixei meu queixo cair.

                Tanya e eu, dançando naquela boate. Se é que podia ser chamada de boate.

                Jasper desceu a página, onde havia algo escrito em letras grandes. Peguei o celular da mão dele e comprimi os olhos, sem acreditar.

                “Pois é, minha gente. Parece que Alice Brandon e Tanya Sei-lá-o-que fogem do trabalho duro para isso. Vão deixar barato? Boa sorte, vocês duas. Parece que acabaram de se afundar na própria lama.”

                Eu estava incrédula. Não conseguia acreditar nas palavras que lia. O que havia acontecido comigo? Meu olhos ficaram marejados, e eu deixei uma lágrima escapar de um deles. Jasper tirou delicadamente o celular das minhas mãos e fechou-o.

                -Eles mandaram isso por e-mail para quase a cidade toda. –Jasper explicou, voltando a falar com as caixas. – Tanya perdeu o emprego e a candidatura de Darthmouth.

                O quê? Deixei escapar, mas foram só os movimentos dos meus lábios.

                Foi quando eu deixei escapar o choro livre. Caí sentada no chão, o meu peito se contraindo com força, sem dó nem piedade. Sabia que, agora que tinha feito isso, Jasper também não iria me perdoar.

                Mas, para me surpreender, ele se sentou ao meu lado e pôs a mão no meu ombro. Me voltei para ele, incrédula.

                -Quando eu ia para o meu turno ontem, -ele começou, sorrindo fracamente. – eu ouvi minha irmã falando com alguém no telefone. Perguntou se “elas” –no caso, vocês- já estavam no lugar. Depois, perguntou se já tinha tirado a foto. –suspirou fracamente. –Eu ouvi tudo, em suma. Rosalie entrou na casa dos seus tios e injetou drogas alucinógenas nas suas barras de cereais. Você deve ter comido e ficado, daquele jeito.

                Eu comprimi os lábios e assenti, pedindo para ele continuar.

                -Então, Bella ficou lá onde quer que vocês estivessem, tirou uma foto e, bom, o resto você sabe. –terminou, abaixando a cabeça. Escrevi na minha mão: “Como eu saí de lá, então?” –eu ouvi até minha irmã dizer onde vocês estavam. Então, fui até lá, mas... Já era tarde demais. Sinto muito. Eu tentei convencer Tanya, mas ela já não acredita em mim por ter ficado do seu lado.

                Eu pus a mão sobre a boca, sentindo pontadas no meu coração. Culpa.

                Chorei copiosamente, como não fazia há um tempo. Escondi meu rosto nos meus joelhos, tremendo com os soluços fortes.

                Jasper segurou a minha mão com força.

                -Vai passar, vai passar. –ele disse, olhando para mim. –Pelo menos, você não perdeu todos os seus amigos. Quer dizer, eu sou seu amigo, não é?

                Eu sorri para ele e assenti. Ele conseguia ser otimista em qualquer situação; me fazia me sentir melhor.

                Continuei sorrindo com o pensamento, enquanto chorava, olhando para a cidade vazia ali. Eu tinha um amigo.

                Um, é verdade. Mas ele valia mais do que mil Rosalies ou Bellas amigas. Mostrei à ele minha mão: “Obrigada”.

                É para isso que amigos servem, foi a frase que ele disse antes de chegar mais perto de mim e me abraçar.

_________________________________________________________________

Por Vick_Vampire


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Mesmo com as minhas notas finais podres, eu mereço um review de você, pessoinha que está lendo?
Não, se você mandar, você não é uma pessoinha. Você é o novo presidente da Terra da Felicidade Speechless, meu caro! (Eu espero um comitê de 29 presidentes, que nem no último cap, sabe;D)
E, recomendação? Também ganha o cargo de Prefeito da Gordolândia, hem!
*Chega de Suborno*
Então, me digam o que vocês acharam do cap, pooor favooorzin congelado?>

Beijos,
Vickie