O almoço estava sendo agradável, apesar das insinuações da garçonete do outro lado do restaurante, eu consegui entreter Bella por um bom tempo. O jeito que ela me fitava... É claro que eu já estava perto de conquistá-la talvez já o tivesse feito...

- Eu acho que já falamos muito sobre mim, - ela murmurou – conte-me mais sobre você, sua família.

- Eu não tenho muito que falar sobre isso... – sussurrei com um nó na garganta – eu não tenho ninguém... Além de Emmett, claro – agora eu murmurava tentando sorrir.

A expressão em seu rosto era aceitável, assustada com piedade, pela primeira vez eu não mentira pra ela, essa era a mais pura e cruel verdade, tirando o fato de Emmett não ser meu irmão ele realmente era o único que se preocupava com minha vida miserável, isso porque ele sabia o quanto Carlisle me influenciava.

Havia perdido meus pais em um acidente de carro e logo depois fui jogado em um orfanato em Port Angeles de onde consegui fugir aos catorze anos, vagava pelas ruas da cidade e fui apanhado novamente por duas vezes, mas na terceira consegui chegar até a pequena cidade de Forks em Washington, uma das cidades onde se tem uma das maiores médias de dias chuvosos ou nublados por ano, cerca de 305 dias chuvosos em um ano.

FlashBack

“Abra os seus olhos e olhe ao seu redor.

Encontre as razões, você foi rejeitado,

e agora você não consegue encontrar

o que você deixou pra trás

Seja forte, seja forte agora...”

(Nobody’s Home)

A chuva havia parado, mas as nuvens pesadas ainda rondavam pelo céu, senti um vazio tremendo dentro de mim, era a fome que não me deixava em paz.

- Ei Edward, acorde vamos – Jasper sussurrou

- Eu estou acordado Jazz, não vê, meus olhos estão abertos... – levantei-me do chão e pude notar que não estávamos sozinhos.

A figura daquela mulher me deixara aturdido, ela parecia tão doce e caridosa me olhando jogado no chão. Seus cabelos cor caramelo caiam nos ombros e seu rosto tinha um leve formato de coração e era pequena e magra, ela sorria me estendendo a mão e eu hesitei assustado e encantado ao mesmo tempo.

- Não seja mal educado Ed, essa é Esme, ela quer nos ajudar – Jasper disse sorrindo pra ela.

- Ei, você é Edward certo? Quantos anos você tem? – ela me perguntou assim que eu me apoiei em sua mão pra me levantar.

- Agora, quinze... – sussurrei ainda hesitando ao seu toque.

- Um jovenzinho... Aliás, dois – ela riu – venha, vamos pra minha casa vou dar algo pra vocês comerem.

Fim do FlashBack

Depois daquele dia Esme cuidara de mim e Jasper como uma mãe, mas não por muito tempo. O conselho tutelar precisava de documentos concretos sobre nossa guarda e ela não os tinha, claro. Esme tentara tudo o que pode, e Jasper era realmente sozinho no mundo, até mais do que eu, sua guarda foi dada a ela, mas não acontecera o mesmo comigo.

Eles encontraram Carlisle, primo de meu pai e me entregaram a ele desde então eu nunca mais a vira. Quando completei dezesseis anos entrei no ramo de golpes com ele, comecei com alguns pequenos roubos e depois tudo foi ficando cada vez maior até chegarmos nos grandes golpes.

Até agora com vinte e quatro anos, ele me ameaçava friamente, mas eu não me importava, vivia bem, mas eu precisava ir embora, mesmo sendo um profissional nesse ramo as chances eram maiores, em cada cidade que passávamos, de ser pego e isso era um risco até pra Carlisle, aliás, principalmente pra ele.

- Você está bem? – Bella me acordou do meu devaneio.

- Sim. – sussurrei.

- Perdoe-me por entrar nesse assunto, eu não fazia idéia... – ela disse tristemente.

- Está tudo bem senhorita. Você quer ir? – perguntei refazendo a expressão no meu rosto.

- Certo. – ela disse sorrindo.

Bella havia seguido para o carro por eu ter insistido em pagar a conta, a garçonete se insinuou mais uma vez e eu peguei seu número insatisfeito.

“Então aqui estamos nós agora e ninguém nos conhece de verdade

Eu não vou me acostumar com isso

Eu não vou me acostumar a ter ido embora

E voltar não é a mesma coisa se não ficamos...”

(Franklin)

POV. Bella

Ele havia ficado extremamente pensativo depois de minha pergunta sobre sua família, eu pensava em algum assunto pra falar enquanto ele dirigia, mas não me vinha nada, quando ele estava ali dirigindo eu não conseguia desviar meus pensamentos dele.

Depois de algumas voltas ela cidade ele suspirou ao chegar em meu apartamento. Edward desceu do carro, pra abrir a porta pra mim.

- Está entregue, hoje foi um dia muito agradável não acha? – Edward chegou mais perto e eu pude sentir a quentura de seu corpo em mim.

- Si-Sim – gaguejei – Obrigada por tudo.

- Não me agradeça, eu sou apenas um motorista... – ele disse se inclinando pra fechar a porta.

- Não, você é bem... – hesitei - Edward... – comecei antes que ele entrasse no carro novamente – eu não farei nada agora então, você quer entrar? – perguntei.

- Se não for incomodar eu gostaria de beber um copo de água... – sussurrou. Ele chegou mais perto, se é que era possível.

- Claro, está bem quente por aqui – me desviei e entrei o guiando pelo hall.

“Bem, você fez que fez comigo e você apostou que eu senti

Eu tentei ser frio mas você é tão quente que eu derreti

Eu caí por entre as fendas, agora estou tentando voltar.

Antes que o frio passe, eu estarei dando o meu melhor

E nada me deterá a não ser intervenção divina

Reconheço que é minha vez novamente

de ganhar ou aprender algo...”

 (I’m Yours)