Acordei no chão do quarto com James ao meu lado, eu não me lembrava nitidamente da noite anterior, mas na mesma hora o arrependimento preencheu minha mente mais uma vez. Levantei com a preocupação de encontrar meu relógio e ao vê-lo marcava cinco da manhã, e agradeci por não estar atrasada mais uma vez.

Arrumei-me com uma ponta a mais de empolgação me lembrando da linda voz do motorista, Edward, hoje eu não precisaria elogiar a mim mesma. Vesti-me com uma saia nem muito curta nem muito longa azul escura, mas minha camisa social branca era decotada e usava meu colar de pérolas, nos pés meu Jimmy choo favorito com estampa de onça era o que chamava mais atenção.

Quando pronta fui até a sala e James estava me esperando com um olhar estranho largado no sofá.

- Já deveria ter ido...

- Nem um beijo de despedida?

- Com certeza não... – sorri sarcasticamente enquanto ele se levantava e vinha em minha direção.

- Até parece... – ele sorriu e tentou me beijar ao sair.

- Eu não estou brincando agora, vá! – James fechou a cara e saiu raivoso.

Ao chegar à frente do prédio, meu volvo não estava lá muito menos o motorista. Olhei no relógio eram cinco e cinqüenta e oito. A ansiedade se misturou com o estresse de todo dia, mas eu resolvi esperar mais um pouco.

Depois de alguns minutos fitei o relógio novamente, cinco e cinqüenta e nove, olhei para o trânsito e nada. Eu já odiava o tal Edward por fazer-me esperar, ou talvez por ter esquecido de que estava empregado novamente. Ao olhar no relógio mais uma vez eu estava decidida que seria a última, o ponteiro marcou seis horas. No mesmo minuto, meu volvo encostou e a janela abaixava-se lentamente.

O motorista saiu do carro lentamente e ao vê-lo senti espasmos musculares. Ele usava um terno azul bem escuro que combinava com a gravata e o cap. Lindo não era suficiente para descrevê-lo, era impossível pensar nele como um mero motorista, poderia ser um modelo ou um ator cobiçado.

- Bom dia senhorita Swan... – ele sorriu abrindo a porta pra que eu entrasse.

- Bo... Bom dia – gaguejei por impulso.

Ele sorriu, e aquilo me excitara, sua aboca abria levemente ao sorrir, tinha a impressão de que gostaria de dizer algo, mas aquilo parecia mais uma mania. Enquanto se movia, tudo parecia tão sensual, até o modo como segurava o volante com suas mãos fortes eu poderia imaginá-las em mim sem fazer muito esforço. Eu me sentia ridícula com aquelas alucinações, mas elas não saiam da minha mente durante todo o caminho que me pareceu maior excepcionalmente hoje.

Eu fitava seus olhos azuis misteriosos olhando o retrovisor, de repente ele olhou em minha direção no espelho.

- Trabalha há muito tempo na Fashion Flash, perdoe-me por perguntar...

- Há alguns anos, e está tudo bem, pode perguntar o que quiser. – disse rudemente disfarçando meus desejos.

- Isso é bom, nem todos gostam de conversar com o motorista sabe? Mas a senhorita é diferente, já era de se esperar...

- Por que diferente? – fitei sua mão ao mudar a marcha.

- Bem, até hoje eu só dirigi para homens, geralmente rudes e mal educados. – ele riu.

Sua risada era leve e contagiosa eu sorri também, não poderia evitar. Eu continuei fitando seus olhos, e agora ele também fitava os meus.

- Senhorita? – eu gelei.

- Sim...

- Não vai descer? – eu não havia percebido que agora ele esperava do lado de fora com a porta aberta, me olhando confuso. – gostaria que eu a levasse a outro lugar?

É claro que eu gostaria, com um homem como ele eu iria pra qualquer lugar, eu poderia até imaginar alguns lugares agora.

- Não – finalmente respondi depois do meu longo devaneio.

Ele estendeu sua grande mão para que eu saísse do carro, segurei-a levemente e ao passar por ele senti seu perfume que me entorpeceu.

- Estarei aqui no fim de seu expediente – ele sorriu fazendo uma breve reverência em sinal de respeito. Aquilo me excitara ainda mais.

Entrei no elevador aturdida. Meus pensamentos não estavam no lugar certo era uma sensação tremendamente estranha pra mim, não que eu não houvesse sentido desejo por outros homens antes, mas esse fora mil vezes mais forte e angustiante.

Passei por Tanya apressadamente, ela me seguia e eu fui até o banheiro batendo a porta em sua cara. Ela falava algo, mas eu ainda não conseguia ouvir. Joguei água no rosto me curvando sobre a pia desesperadamente. Fitei-me no espelho e comecei a refazer a maquiagem, depois de me acalmar ouvi a voz de Tanya.

- CALE A BOCA TANYA, eu já vou! – gritei ferozmente.

Ouvi seu salto tamborilando pra longe da porta e respirei fundo outra vez, antes de sair.