Motorista Particular escrita por Anna


Capítulo 31
Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

me perdoem pela demora, perdi uma pessoa muito importante em minha vida esses dias e não tive tempo de fazer nada... Mas, aqui está, espero que gostem, estamos chegando na reta final ;)



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- Alice, por favor, fique... – insisti mais uma vez.

- Bella, não posso deixar minha casa abandonada por tanto tempo, aliás, tenho responsabilidades, contas, e eu vou voltar o mais rápido possível... – ela disse sorrindo de leve.

Haviam se passados quatro meses desde a última vez em que estive com Edward e desde então eu evitava ficar sozinha, toda vez que ela saia eu a acompanhava. É claro que Edward não deixava de me telefonar e às vezes, quando eu abria a janela de manhã lá estava ele do outro lado da rua, parado, vigiando.

- Bom, eu também não quero atrapalhar sua vida... – falei depois de um longo suspiro – E é só uma noite, não é mesmo? – perguntei esperançosa.

- Sim. – ela riu.

Alice havia decidido vir morar comigo há algumas semanas, tudo porque ela jurava ter sentido o bebê se mexer enquanto acariciava minha barriga, - o que eu realmente acho que foi impressão - e também porque ela queria acompanhar minha gravidez, me levando no médico e me ajudando no que precisasse.

Assim que ela saiu fui direto pro banheiro, tomar uma ducha me ajudaria a tirar os pensamentos ruins da cabeça, pelo menos por algum tempo.

Carlisle já deveria estar se aproveitando da pequena fortuna que Edward o entregara, e isso me deixava um pouco mais tranqüila, se ele não havia tentado me encontrar queria dizer que se contentara, pelo menos por enquanto.

Alice por sua vez, tem estado estranha, sempre fazendo ligações e por duas vezes me deixou sozinha durante a tarde. Eu tinha a suspeita de que ela falava com Edward, mas ao mesmo tempo eu pensava se ela se arriscaria tanto a ponto de ser vista com ele.

- Tem algo a ver com ele, pelo menos... – murmurei.

Isso porque o nome de Edward era mencionado em algumas conversas dela no telefone, que eu havia ouvido sem querer. De qualquer maneira, tudo estava mais calmo apesar de solitário. Eu me alegrava com as visitas de Emmett e Rose, talvez porque ele me lembrava Edward, um Edward mais alegre, menos triste, menos distante.

- É pro bem de todos... – sussurrei enquanto penteava meus cabelos molhados.

Era angustiante ficar longe de Edward por tanto tempo, mesmo o vendo ás vezes pela janela – o que, aliás, me angustiava ainda mais, e aumentava minha vontade de correr até ele.

Sentei-me na cama olhando ao redor, esperando o sono chegar, o que me fazia pensar ainda mais, infelizmente.

- Bella... – a voz ofegante e forçada disse meu nome o mais alto que pode.

Acariciei a barriga tentando ninar o bebê que deveria estar tão assustado quanto eu e respirei fundo. Ele me olhava parado na porta do quarto, respirando rapidamente.

- Acho que eu sabia que você viria... Mas não deveria ter vindo. – levantei-me.

- Você me odiaria se eu dissesse que não consegui... – ele engoliu seco – Não entreguei a droga do dinheiro...

- Edward, se passaram quatro meses... Você não... – bufei – Não dá pra acreditar, quer dizer, honestamente dá pra acreditar... Você, você é doido... – ele se aproximou me segurando pela cintura – Será que você não percebe o que fez... – diminuí o tom da voz ao sentir a respiração dele em meu pescoço. Suas mãos subiram acariciando de leve minha barriga.

- Se eu tenho que fazer... – ele disse sussurrando em meu ouvido – Pelo menos... – Ele passou seu braço esquerdo por trás de mim e o direito segurando minhas pernas, me levantando em seu colo.

Percebi sua barba por fazer e suas olheiras profundas, era horrível vê-lo daquela maneira. Sua voz estava um pouco embriagada, não era de se duvidar que tivesse bebido como da outra vez. Edward deitou-me cuidadosamente na cama , eu fechei os olhos respirando fundo e sentindo seu perfume.

- Edward... – murmurei entre os dentes.

- Eu só quero ficar aqui, ao seu lado, só...

Ele deu a volta na cama, sentando-se ao meu lado e lentamente subiu a blusa enorme que eu vestia, retirando-a cuidadosamente, depois deitou a cabeça em minha barriga, tentando ouvir o bebê. Ele a acariciou contornando meu ventre, subindo as mãos para meus seios, se contendo de repente ao me ouvir gemer. Ele as levou ao meu rosto e então eu pude ver seus olhos, que estavam mais escuros que o normal, se encontrarem com os meus.

- Eu não vou dizer que tudo ficará bem, vou apenas tentar acreditar... – ele disse acariciando minha nuca e levando seus lábios desesperados aos meus.

“Milhares de mentiras me fizeram mais frio,

E eu não acho que possa olhar para isto do mesmo jeito.

Mas todas as milhas que nos separam

Elas desaparecem agora enquanto estou sonhando com seu rosto.

Estou aqui sem você amor, mas você continua em minha mente solitária

Eu penso em você querida, e sonho com você o tempo todo

Estou aqui sem você, mas você continua comigo nos meus sonhos

E esta noite, somos só você e eu.”

(Here Without You)

- Oh não Edward, eu avisei… - falei rapidamente – Por que não entregou o dinheiro antes? Por que?

A sala escura em que eu estava era angustiante, apenas a luz inútil de uma vela me mostrava o que eu não queria ver. Ele usava um terno, como da primeira vez em que o vi, as mãos brancas e frias sobre o peito que não se mexia, sem vida. Segurei em uma de suas mãos e a beijei várias vezes, afinal eu nunca mais o faria.

- É isso o que se consegue quando não cumpre ordens... – a voz amarga e alta de Carlisle ecoou na pela sala.

Ele parou ao meu lado depositando uma flor qualquer sobre o corpo e depois de me olhar por alguns segundos começou a gargalhar, alto, cada vez mais alto...

- Pare! – gritei abrindo os olhos e respirando com dificuldade.

Além da minha respiração não havia outro barulho no quarto e eu me levantei da cama rapidamente procurando por Edward que já não estava mais lá.

- Edward? – o chamei na entrada da sala. Nada.

Fui até a janela, como já havia virado costume, e na mesa ao lado havia um bilhete. Bella escrito em uma caligrafia desajeitada na parte da frente, desdobrei o papel e comecei a ler.

Bella,

Fui fazer o que já deveria ter feito há algum tempo. Confesso que cheguei a desistir depois de sentir como é estar longe de você, mas durante a noite, enquanto você dormia, eu senti algo que nunca pensei que sentiria. Meu filho, nosso filho. Ao senti-lo se mover, mesmo que um pouco, eu percebi que estava sendo tremendamente egoísta e que agora tenho mais de uma razão para tentar mudar o rumo dessa história. Te amo.

Edward

- Sabe, eu realmente não entendo qual é o seu problema Emmett, você sabe que eu... – Alice entrou falando no celular e parou assim que me viu – Depois nos falamos. – ela desligou – Bella, o que houve?

- Você estava certa. – falei percebendo algumas lágrimas que escorriam.

- Sobre o que? – ela chegou perto de mim, soltando algumas sacolas no sofá e segurando minha mão livre.

- O bebê se mexeu mesmo... Pena que não fui eu quem percebi.

- Oh verdade? Eu te disse Bella, quer dizer, eu não iria me enganar sobre isso porque eu... – ela parou o falatório de repente – Espera, se não foi você que percebeu, foi quem?

- Edward. – sussurrei e entreguei o bilhete a ela.

- Posso ler mesmo? – ela perguntou.

- Uhum. – balancei a cabeça.

- Bom, então ele não tinha entregado o dinheiro, pobre Edward... – ela disse depois de ler – Como se sente?

- Nada bem, Alice você nem imagina o sonho que eu tive... Edward morto, em um caixão e Carlisle rindo de tudo, oh meu Deus, eu não posso nem me lembrar...

- Bella, eu sempre ouvi falar que quando sonhamos que alguém morreu, é porque essa pessoa ainda viverá por muito tempo. – ela disse esperançosa.

- Sinceramente, depois de tudo o que temos passado, eu não sei se acredito nisso...

POV. Edward

- Ótima quantia. – Carlisle disse parecendo satisfeito enquanto contava rapidamente o dinheiro – Foi assim tão fácil? Quer dizer, retirou o dinheiro e pronto?

- Foi. – falei me sentindo enojado com o cheiro da sala misturado com o charuto de James, que me olhava fixamente.

- Edward, acho que finalmente fez algo que prestasse em sua vida... Estou orgulhoso.

- Não preciso de seu orgulho, você sabe o que eu quero.

- Bom, você foi um bom garoto... E James está sendo bem mais útil do que você então, acho que agora, pode ir atrás da sua mamãe postiça, se ainda quiser é claro. – ele riu e olhou pra James – Da última vez que pesquisei, estavam nesse endereço... – ele escreveu em um pedaço de papel e me entregou – Espero que pelo menos ela ache uma utilidade pra você nessa vida não e mesmo?

Não olhei pra ele, mas sua voz parecia incomoda, apenas me levantei e segui a porta, parando de repente. Virei-me pra ele mais uma vez.

- Eu realmente nunca fui nada pra você a não ser um negócio? – perguntei engolindo seco e apertando o papel em minha mão.

Ele começou a rir secamente. Bati a porta e saí.

POV. Narrador

Carlisle não só se sentiu intimidado com a atitude de Edward, como desconfiado da origem do dinheiro. Depois de tantos anos de “dedicação” a Edward, ele esperava pelo menos um obrigado, ou qualquer coisa parecida, mas era frio demais pra falar.

- É um número muito alto... – James afirmou analisando o cheque de valor exorbitante – Mas, não é uma falsificação.

- Edward nunca conseguiria essa quantia de outra maneira, e é mole demais pra roubar um banco ou coisa parecida. – Carlisle disse levantando-se e seguindo até a pequena mesa onde havia vários tipos de bebida.

- Quer que eu faça algo? – James perguntou o seguindo.

Depois de alguns segundos, Carlisle virou-se pra ele e depois de dar um gole em sua bebida suspirou.

- Vá atrás de Isabella.

“Por que nós gostamos tanto de nos machucar?

Eu não consigo decidir, você tornou mais difícil para prosseguir

E Por quê? Todas as possibilidades Bem, eu estava errada

É isso que você ganha quando deixa seu coração ganhar.”

(That’s What You Get)


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