- Ótimo. Você era tudo o que eu precisava hoje... – murmurei sarcasticamente.

- Edward, você acha que está brincando? – ele deu um gole em alguma bebida que eu nem ao menos sei de onde havia tirado – Você não dá sinal de vida há um bom tempo, esqueceu que está em serviço? – ele disse ameaçadoramente.

- Sinceramente? – perguntei jogando as chaves em cima da mesa – Estou cansado disso.

- Que pena não é mesmo? – ele riu.

- Carlisle, diga logo o que quer... – me joguei no sofá.

- O que eu quero? Quero meu dinheiro, ou você não se lembra? Tem que parar de tratar Isabella como uma noiva e começar a agir, seu estúpido...

Ele não fazia idéia do quanto a palavra noiva me agradava, e me machucava ao mesmo tempo, talvez porque eu não tinha esperanças de que Bella me perdoasse um dia. Em um ponto isso era bom, Bella não merecia um canalha como eu, mas eu precisava dela, e ainda mais agora que essa criança chegaria.

- Não é tão fácil como parece... – murmurei. Isso em um ponto era verdade, nada estava sendo fácil hoje.

- Eu imagino. Você está um lixo. Mas, já estou começando a me arrepender de deixá-lo cuidar das duas ao mesmo tempo... – ele riu, será que ele tinha idéia do significado da palavra cuidar? – Oh, aliás, aquela sua cadela me bateu da última vez que nos vimos, dê um jeito nela...

- O que você disse? – levantei-me rangendo os dentes, quem ele era pra falar de Bella daquela maneira?

- Cadela sim! – ele se levantou me encarando.

Fui a sua direção com o punho fechado, pronto pra socá-lo mas ele a bloqueou e me mostrou o canivete em sua mão direita. Carlisle segurou meu braço e colocou o canivete no lado esquerdo de meu pescoço.

- Vamos, acabe comigo, talvez seja melhor pra todo mundo... – murmurei sentindo o sangue escorrer por meu pescoço.

- Essa é aminha vontade, mas eu só tenho a perder com isso rapaz... – ele sussurrou – Agora, me ouça, sem mais afrontas e lamentações, eu quero ação, entendeu? Não vou lhe alertar sobre isso outra vez, eu quero o meu dinheiro, e quero rápido.

Eu não respondi, apenas fechei os olhos e ele me empurrou no sofá.

- Vá embora. Por favor. – quase implorei.

Ele riu e depois de limpar a lâmina da navalha no sofá saiu.

Ele não havia saído porque eu pedi, talvez por precaução, mas me senti mais aliviado, eu preferia que ele me assombrasse no silêncio e em meus pensamentos do que estando perto de mim.

Depois de passar algum tempo tentando estancar o sangue do pescoço e de tomar outro banho, me deitei na cama desejando que esse dia acabasse de uma vez, mas quase como um castigo, eu não conseguia adormecer. Eu com certeza não dormiria tão cedo, minha cabeça estava barulhenta demais, pesada demais.

Peguei o celular de cima do criado mudo ao lado da cama e o segurei com força, tentando me decidir se ligava pra Bella ou não.

“Fui à procura de seu toque

Diferente de qualquer toque que eu já conheci

E eu nunca tinha pensado muito sobre você

Até que eu estou quebrado e sozinho

Apesar de eu não entender o significado do amor

Eu não me importo se eu morrer tentando

Tomou-lhe concedido quando você me levantou ...

Eu estou pedindo a sua ajuda, estou passando pelo inferno

com medo nada pode me salvar, mas o som da sua voz

Você corta todos os ruídos

E agora que eu posso ver o meu nível tão claramente agora

Eu mataria se eu pudesse ter você de volta

Mas como, mas como?”

(How)

POV. Bella

- O que vai fazer? – Alice perguntou em um sussurro de repente.

Nós ainda estávamos sentadas, no mesmo lugar, como se estivéssemos em choque, na verdade nós estávamos.

- Eu... – suspirei, segurando um soluço – Sito como se não soubesse de mais nada, como se tudo o que eu acreditava fosse uma mentira... – abaixei a cabeça – mas, ao mesmo tempo eu sinto que nem tudo foi mentira, não pode ter sido.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos e se levantou vindo em minha direção. Alice me abraçou e eu senti como se agora eu pudesse chorar tudo o que eu tinha pra chorar.

- Vamos, eu vou fazer um café... – ela me ajudou a levantar e seguimos para a cozinha.

- Sinceramente, sinto pena de Edward. – ela murmurou despejando o café na xícara que eu segurava – É claro que me sinto mal, enganada, mas ele não mentiu ao contar tudo, eu sei. – ela afirmou séria.

- Eu só não queria que ele tivesse me enganado até agora, foi muito... frio, pelo menos no começo...

- Sabe, tenho medo de Carlisle. Ele pode querer fazer algo contra nós, e até mesmo contra Edward.

- Contra nós. – respondi rapidamente – Ele não faria mal a alguém que trabalha pra ele... – murmurei secamente, evitando as lágrimas.

Continuamos quietas, Alice parecia pensar em algo enquanto bebia seu café. Eu evitava pensar em qualquer coisa, mas é claro que não consegui. Eu sentia tantas coisas ao mesmo tempo. Raiva por ter sido tão friamente enganada, tristeza por ter sido enganada por alguém que amo, e sim, amor, eu ainda sentia isso ainda mais forte por pensar no bebê dentro de mim, o bebê que não tinha culpa de nada.

O toque estridente do celular ecoou pelo silêncio do apartamento. Levantei-me automaticamente e ao segurá-lo em minha mão, o celular parou de tocar. Era ele é claro, o identificador de chamadas não me deixou esquecer.

- Ele desligou... – sussurrei pra Alice que já se encontrava atrás de mim – Antes que eu atendesse.

- O que acha que ele queria? – ela perguntou sentando-se outra vez no sofá.

- Não quero saber. – dei de ombros, mentindo – Vou tomar banho e me deitar Alice, você pode ficar aqui. – tentei sorrir pra ela que retribuiu.

Depois de tomar banho e me trocar, me joguei na cama sem nem ao menos retirar o lençol.

- Droga. – murmurei depois de respirar fundo.

O cheiro de Edward estava por todos os cantos, eu não esqueceria nada, nem sequer um minuto. E ainda havia outras coisas com o que se preocupar, como Carlisle, por exemplo, se Edward não desse o dinheiro a ele, o meu dinheiro e de Alice, ele com certeza tentaria se vingar. Eu não me importava tanto com minha própria vida, mas sim com a do bebê, a de Alice... A de Edward. Sou claro que me importava, mesmo depois de tudo, eu não queria mal a ele, muito pelo contrário.

Eu teria que procurá-lo antes que fosse tarde demais. Levantei-me rapidamente e depois de chegar a sala, peguei meu celular discando o número de Emmett.

- Bella? Como você está? – ele perguntou ressabiado, claro, já sabia sobre tudo.

- Sim. –menti – Sabe, Edward saiu daqui um pouco perturbado e eu acho que pode ser por causa de Carlisle, me desculpe, mas você sabe como seu pai é, não? – falei rapidamente tentando normalizar a voz.

- Então, vocês estão bem? Ele...

- Sim, sim, por quê?

- Não, nada. O que queria saber?

- Bem, eu quero que me passe o endereço de Carlisle.

- O que? Bella, não mesmo, você sabe que ele...

- Acalme-se Emmett, eu só vou até lá ter uma conversa amigável... – tentei rir, mas com certeza não deu certo.

- Não, Bella, não mesmo.

- Olha, já que está tão preocupado, poderia me levar até lá. Por favor, eu juro que não farei nada imprudente, mas tem que ser agora. Estou muito preocupada com Edward...

- Não acha melhor ligar pra ele? Eu posso fazer isso... – ele parecia desesperado.

Oh não, se ele ligasse Edward com certeza desmentiria tudo... Olhei em volta procurando por alguma resposta e então avistei o celular sobre a mesa de centro. Era de Edward.

- Ah, pode tentar, mas eu já liguei, ele não atende. Vamos Emmett, me leve, por favor. – implorei.

- Está bem, mas eu vou com você, e vamos tentar ligar pra Edward no caminho. – ele disse ainda hesitando em concordar.

- Certo. – afirmei e corri até o celular de Edward, o desligando.

- Estranho o telefone dele não atender, quer dizer estamos tentando há muito tempo, oh meu Deus, o que aquele idiota fez... – Emmett apertava os botões do celular com raiva.

Depois de me pegar em casa, ele me fizera ficar por todo o caminho tentando ligar pra Edward. Isso foi bom por um lado, ele não havia reparado em meu sorriso falso nem em minhas olheiras recentes.

- Vou entrar e sair rápido, não se preocupe. – falei assim que ele encostou o carro.

- Bella – ele segurou meu braço, me impedindo de sair – eu vou com você...

- Não vai. Deixe de besteiras Emmett, ele não passa de um homem rude. Vou falar com ele, perguntar onde Edward está e volto logo... – ele continuava me segurando – Emmett, estou preocupada... – murmurei, agora sem fingir.

- Tudo bem, - ele me soltou – mas, estou com o celular então é só me ligar, ou gritar...

- Certo, quer que eu mande um abraço pra ele? – perguntei tentando acalmá-lo. Emmett não respondeu.

O lugar era parecido com um escritório, escritório do diabo talvez. Cheirava a charuto e álcool, senti um enjôo, segurei a respiração e fechei os olhos.

- Você se sente bem? – uma voz infantil me perguntou e ao abrir os olhos vi a garota loira em pé ao meu lado.

- Não muito. – suspirei – Será que pode pegar um copo de água pra mim? – perguntei tentando fazê-la sair do lugar.

- Claro, mas vou ter que ir comprar, aqui não temos as coisas de mão beijada, sabe... – ela riu.

- Oh, sim, obrigada. – afirmei.

Ela saiu rapidamente e ouvi uma gargalhada alta.

- Sério? O que você fez? – eu conhecia aquela voz sínica e grossa. James. O que ele fazia ali?

Aproximei-me da porta de onde vinha a voz.

- Edward tem estado bem estranho, ele não é mais o garoto burro de antes, está ficando mais esperto... – agora era Carlisle – Então eu dei um corte nele. Como aviso... – ele estralou a língua – Talvez quando olhar pro sangue no pescoço e mais tarde, pra cicatriz, volte a ser quem era. – ele gargalhou – Acho que ele está apaixonado pela tal Isabella, acho não, tenho certeza. Mas, vou acabar com esse amorzinho bem rápido.

Era como se algum tivesse apertado meu coração fortemente. Respirei fundo e saí correndo.

“Estou prestes a estar no chão

Mais uma vez, com certeza você vai

Encontrar-me aqui

Estou prestes a dormir, até o fim dos tempos”

(Better Life)