POV. Edward

É claro que Carlisle não acreditara em mim, ele precisava apenas de uma prova de que eu estava apaixonado por Bella, apenas uma, pra colocar James no meu lugar. Ele não se arriscaria me deixando continuar o “serviço”, mas eu não destrataria Bella na frente de qualquer maneira, eu não faria isso.

- O que faz aqui Carlisle? – perguntei sorrindo nervosamente.

- Vim trazer minha pequena Jane pra se divertir um pouco... – ele riu – Por quê? Atrapalho o casal? – me fitou interessado na resposta.

- Na verdade sim... – murmurei baixo apertando um pouco mais o braço de Bella.

- Não. – ela afirmou me olhando pelo canto do olho – Edward, não fale assim... Eu sei bem que você se sente um pouco entediado ao meu lado às vezes, pensa que eu não percebo? – O que ela estava dizendo? Eu nunca me sentiria entediado perto de Bella... Era como se ela tivesse um plano, mas ela não sabia de nada... O que ela estava fazendo? – Podem conversar a vontade, eu vou procurar por Alice. – ela sorriu, sua mão direita na minha perna.

- O que... – ela me interrompeu com um beijo ansioso, mas rápido.

Bella piscou pra mim enquanto caminhava e depois se misturou à multidão. Senti-me um pouco confuso, era como se ela soubesse o quão desconfortável eu estava com a presença dele ali, como se fosse uma cúmplice nisso tudo. E ela nem ao menos perguntou quem ele era...

- Sexy – Carlisle disse maliciosamente surpreso.

- O que faz aqui Carlisle? Não vê que pode atrapalhar tudo?

- Eu não vou atrapalhar nada, só precisava comprovar que...

- Que eu não a amava? Será que não poderia confiar em mim? – engoli seco – Não, porque agora tem James... – respondi por ele.

- O que? Está com ciúmes dele? Eu continuo sendo seu papai Edward...

- Oh, por favor... – falei bufando.

- Certo, ela está em suas mãos... – ele disse como se fosse um treinador falando com o time – Mas, está um pouco desconfiada de seus sentimentos, como pode ver, ela percebeu que fica entediado quando ela está por perto. – ele riu – O que? Está com problemas com o seu “amigão” ai? Como pode ficar entediado com uma mulher dessas?

- Carlisle... – me segurei antes que eu pudesse começar a gritar.

- Só tente ser mais eficiente pra mulher... Seja homem! – ele disse e se levantou.

- Por que gosta de fazer isso? Por que fica sempre me dizendo tudo isso? O que você ganha me atacando dessa maneira? – me levantei.

- Um dia, você vai me agradecer por isso rapaz. É assim que a vida é, cruel... O bom é que você está aprendendo comigo, um profissional. – ele estralou o dedo e apontou pra si mesmo.

Você... – hesitei - Quer saber, deixa pra lá.

- Boa resposta. Nunca tente falar mais alto do que eu rapaz... – ele saiu sem olhar pra trás.

Era sempre prazeroso pra ele me depreciar, acabar comigo. Carlisle fazia me sentir a pior pessoa do mundo, mas isso já não me importava mais, eu já havia me acostumado com toda aquela droga, depois de tantos anos me parecia o certo a fazer, apenas ignorar. Mas depois que sua consciência começa a pesar por algo, as palavras cortam muito mais, de qualquer maneira eu teria que continuar convivendo com aquilo. Pelo menos por enquanto.

- Ei! – chamei a garçonete, que se virou e me fitou maliciosamente.

- Senhor? – ela perguntou esperando por minha resposta, um sorriso nojento no canto dos lábios dela.

- Me traga a sua bebida mais forte. – ordenei fechando os olhos e respirando fundo.

“Você, com suas palavras como facas

E espadas e armas que você usa contra mim,

Você, tem me tirado do chão de novo,

Faz-me sentir como eu não fosse ninguém...

Algum dia eu vou ser grande o suficiente para que você não possa me atingir,

E tudo o que você sempre será é cruel.

Por que você tem que ser tão cruel?”

(Mean)

POV. Bella

- Tem mesmo certeza que era ele? – Alice gritou em meu ouvido.

- Sim! – gritei pra ela.

Eu estava tentando comentar sobre Carlisle com ela, que disse outras coisas, mas eu não pude ouvir, o som no meio da pista era imensamente alto. Eu segurei seu pulso subitamente e a guiei pela multidão, eu pretendia encontrar um banheiro que fosse pra podermos conversar melhor.

- Vamos pro banheiro! – gritei mais perto dela, que concordou fazendo sinal com a cabeça.

Senti-me desconfortável com tantas pessoas, o lugar estava muito cheio. Com muita dificuldade chegamos ao banheiro feminino, havia duas garotas quase nuas já saindo lá de dentro e eu devo ter feito uma cara de nojo pra uma delas me fitar nervosa. Desviei o olhar, amedrontada e entrei rapidamente com Alice.

- Eu havia perguntado se não achava melhor se fossemos até a mesa, junto deles... – ela perguntou se fitando por um segundo no espelho.

- Não, eu não sei... Aquele homem me pareceu tão ameaçador, eu até fingi que Edward estava entediado pra que ele não me impedisse de sair dali. – falei me lembrando do rosto de Carlisle – Ele é muito, ameaçador.

- Bonito?

- Alice!

- O que? Só uma pergunta... – ela sorriu.

- Bem, feio ele não é, sabe, ele até se parece um pouco com Edward, os olhos e o cabelo... Mas o olhar dele é muito ameaçador. – repeti.

- Então o que devemos fazer?

- Eu não sei... – murmurei.

- O que acha de ligarmos pra Emmett? Afinal, o pai é dele...

- Não quero problemas com Rosalie.

- Eu cuido de Rose, não se lembra no dia do jantar? – ela perguntou orgulhosa – Eu fui uma perfeita chata, interrompi o máximo que pude. – ela gargalhou.

- Certo. Você sabe o número?

- Sim. – Alice abriu a pequena carteira e pegou o celular.

Eles conversaram por alguns minutos e eu esperava ansiosamente.

- Ele está a caminho. – ela riu – Isso é tão emocionante.

- Emocionante? – perguntei fazendo uma careta.

- É, vamos. Emmett vai estar nos esperando na porta da frente...

- Mas... – ela me puxou pra multidão outra vez e eu não tentei contestar, ela não ouviria.

Eu não queria perder mais tempo esperando ninguém, já estava começando a ficar preocupada com Edward e aquele homem juntos. Se Carlisle era tão ruim como Alice disse, ele era capaz de fazer qualquer coisa... Eu nem queria pensar nisso.

Emmett não demorou muito, na verdade, me pareceu até rápido demais pra quem tem uma esposa esperando em casa.

- Onde eles estão? – Emmett perguntou preocupado e afobado.

- Acalme-se Emmett, não queremos confusões aqui.

- Por que meu pai tem que ser assim? É até estranho o chamá-lo de pai... – ele balançou a cabeça, aturdido.

- Por que Emmett? O que acha que ele... – tentei esclarecer o desespero dele.

- Olha Bella, Edward foi praticamente criado por Carlisle, e é bem maleável... Ele pode tentar influenciá-lo a fazer coisas erradas. Ele faz isso porque eu nunca entrei no jogo dele, mas Edward... – ele hesitou – Vamos logo, depois discutimos isso.

Dessa vez Alice me puxava pela multidão pra chegarmos até a mesa.

- Era pra ser ali... – ela gritou, sua expressão confusa.

A mesa estava vazia, e a garçonete já a limpava.

- Você viu as pessoas que estavam sentadas aqui? – Emmett perguntou pra ela, gritando alto.

A mulher se virou assustada e depois gostou do que viu.

- O gostoso que estava aqui? – ela perguntou sorrindo. Minha boca se abriu de indignação de repente, quem ela pensava que era pra falar assim? – Ele foi embora há alguns segundos, se o conhece é melhor procurá-lo, estava muito bêbado... – ela se virou e saiu andando.

- Oh meu Deus... – murmurei engolindo seco.

- Bella. – Alice me segurou como se eu fosse cair, talvez eu caísse mesmo.

- Acalmem- se – Emmett disse autoritário – Nós vamos achá-lo, talvez ainda esteja aqui dentro...

Uma sensação dolorosa começou a fazer me tremer.

- Estou tremendo... – sussurrei pra Alice.

- Está preocupada. – ela disse – Vamos achar ele, certo? – Alice passou a mão por meu cabelo e me guiou pela multidão outra vez.

“Não me deixe assim, Eu pensei que tinha feito você descobrir

Não consigo respirar quando você vai embora

Não da para voltar atrás, agora eu estou assombrada...”

(Haunted)