POV. Bella

Ao abrir os olhos e lá estava ele, como uma visão perfeita Edward estava deitado ao meu lado, ele dormia serenamente como uma criança e percebi que o beicinho que ele fazia não era proposital, lá estava ele em seus lábios novamente. Sua respiração quase me aquecia, fiquei fitando seu sono por um bom tempo, era impossível não tocá-lo agora.

Passei os dedos delicadamente por seu rosto e apesar da barba rala sua pele era macia e sensível ao meu toque, retirei a mão rapidamente assim que ele abriu os olhos e eu pude vê-los nitidamente, verdes e profundos, sem olhar para o machucado que James havia deixado. Edward sorriu brevemente ao me ver e depois balançou a cabeça como se quisesse se livrar de algum mal pensamento.

- Bom dia – murmurei.

- Ah... Bom dia – ele respondeu confuso.

- Deve estar confuso por causa do... Soco certo? Bem, ontem eu te trouxe até a cama depois do que aconteceu, e fui buscar gelo pro machucado, mas quando eu voltei você estava adormecido... – sorri ao me lembrar da visão.

- Que estúpido eu sou... – ele murmurou.

- Por quê? – perguntei, sem realmente saber.

- São as damas que adormecem, e elas são levadas até o quarto pelos rapazes, não o contrário... Sinto-me uma garota – ele gargalhou.

- Bem, senhorita como se sente? – falei rindo.

- Bem... – ele murmurou seriamente – Perdoe-me por adormecer aqui, isso não me parece uma coisa que motoristas fazem, aliás, eu não tenho nem ao menos uma semana de trabalho...

- Não. Olha aquilo foi minha culpa. James é um canalha por completo...

- Ele é seu namorado? – ele perguntou – Não precisa responder – ele sorriu envergonhado.

- Mais ou menos isso... Acho que ele era – falei levantando-me.

POV. Edward

Como uma mulher como Bella poderia namorar um homem asqueroso como aquele? Isso não era da minha conta, mas a pergunta me intrigava... Apesar de qualquer homem ser melhor do que eu, um golpista. Estremeci ao me lembrar desse fato maldito e levante-me da cama em apenas um movimento.

Agora meu olho latejava, toda a dor que eu não sentira na noite passada estava ali.

- Droga... – murmurei colocando a mão sobre o olho.

- O que houve? – Bella perguntou chegando mais perto depois de atravessar a cama.

- Acho que a dor ainda está aqui... – sorri.

- Quer mais gelo? – ela perguntou preocupada.

- Não. Está tudo bem, eu vou até meu apartamento me trocar e volto para levá-la ao trabalho... – segui para a porta.

- Eu não acho que esteja bem o suficiente pra isso...

- Não, eu vou. – tentei sorrir, mas minha cabeça pulsava. Passei pela porta do quarto e Bella me parou.

- Ei, ah, um homem ligou em seu celular. Eu atendi e ele disse que precisava falar com você... Carlisle, esse era o nome no identificador.

- Oh. – hesitei – Certo obrigado eu vou falar com ele agora mesmo. Até logo. – falei rapidamente saindo em direção ao elevador.

Quando entrei no carro disquei o número de Carlisle e ele atendeu satisfeito.

- Seu filho da mãe. – ele ria.

- O que? – perguntei confuso.

- Já dormiu com ela. Wow! Você é rápido rapaz... Agora não será tão difícil continuar, ela está em suas mãos... – ele gritou.

- É. – confirmei mentindo.

- Certo, agora continue com o resto do plano, a convença do seu amor – ele caçoou da última palavra.

- Claro – respondi – Agora eu preciso desligar, Bella precisa do meu apoio – gargalhei – sabe como é...

- Oh certo. – ele desligou rapidamente.

Carlisle nunca suspeitaria de minhas mentiras, porque era o que eu estava decidido a fazer. Eu era um golpista esse era meu trabalho e eu o cumpriria com exatidão. Não poderia deixar que um sentimento ridículo de gratidão para com aquela mulher me cobrisse a essa altura do plano.

Uma sensação estranha passou por meu corpo, foi rápida e dolorosa, a mesma sensação que havia tido esta manhã ao acordar ao lado de Bella. Bella. Seu nome ecoou em minha mente e do mesmo modo, balancei a cabeça tentando me livrar daquele sentimento idiota que me fazia arrepender-se de ser quem eu era.

Depois de levar Bella até a revista, voltei para meu apartamento e liguei para a garçonete, é claro que ela estava em horário de trabalho agora, mas ao se lembrar de mim disse que viria em um instante.

Esperei por ela bebendo um uísque atrás do outro e quando ela chegou comecei logo o que eu tinha que fazer. Relembrar o que eu era. Segurei-a pela cintura e ouvi ela me perguntar sobre o machucado, não respondi apenas continuei a atacá-la como fazia com as mulheres com quem saia. Ela estava gostando daquilo, mas em minha cabeça era nojento, não poderia ser, eu gostava daquilo, antes.

A joguei na cama e comecei a beijá-la fechei meus olhos por um instante e ao abri-los eu pude ver seu rosto... Não, não era seu rosto. Era um rosto muito mais bonito, perfeito aos meus olhos, era Bella ali e ela me fitou curiosa, sorrindo. Sorri de volta e a beijei a puxando contra meu corpo. Fitei seu rosto novamente e ela já não estava mais ali, agora sim, era a garçonete que me olhava. Soltei-me dela encostando na parede.

- Vá embora... – murmurei. Ela me olhou pasma.

- O que... Como assim?

- Vá! – gritei.

A mulher murmurava palavrões as pencas e eu apensa me movi pra fechar a porta, na verdade bater a porta fortemente.

“Amanhã eu serei o seu amigo, eu acordarei e começarei tudo de novo.

Quando todo mundo tiver ido. Não, não, não.

Ninguém sabe o ritmo do meu coração,

o que eu faço quando estou mentindo na escuridão

E o mundo está adormecido,

Eu penso. Ninguém sabe...”

(Nobody Knows)