P.V. Anna

Ficamos nos olhando por alguns segundos, eu acho. Para mim pareceram horas. Fiquei sem reação não sabia o que fazer, o que falar, nem mesmo se deveria o fazer.

_Oi- disse Lucas, depois de um tempo.

_Olá- respondi duramente- Como está?- perguntei como quem pergunta por educação.

_Bem. E você?

_ Ótima.

Dito isto, um silêncio constrangedor se estabeleceu entre nós. Nossos olhos não se moviam, eles se encaravam. Parecíamos hipnotizados. E se assim estávamos, fomos tirados do transe quando Jacob se aproximou de mim, abraçou-me pela cintura, e olhando fixamente para Lucas, perguntou:

_Está acontecendo alguma coisa aqui?

Não respondi nada. Eu não sabia se tinha alguma coisa acontecendo.

_Absolutamente nada. – respondeu Lucas e logo nos deixou.

Jacob me soltou, virou meu rosto para o seu e perguntou-me novamente:

_Tem certeza de que está tudo bem?

Balancei a cabeça positivamente, e logo, tivemos que nos separar, pois tivemos que ir até a fila.

A cerimônia ocorreu bem. Os formandos pareciam muito felizes.

Assim que a colação havia terminado, viam-se pessoas com sua família, grupos de amigos se abraçando, casais apaixonados pelos cantos.

Deixei Jacob por alguns minutos, e fui até meus pais, cumprimentá-los.

Eles me abraçaram, me deram parabéns e levaram-me até o carro. Lá meu pai abriu o porta-malas e tirou um pacote pequenino de lá.

_Um presente, para nossa menina que agora já é uma mulher. Disse ele, entregando-me o pacote.

_Espero que goste, querida. – disse minha mãe.

Abri o presente, e tirei de lá de dentro uma caixinha azul, envolta por veludo.

Era uma linda pulseira, que logo coloquei em meu pulso.

Agradeci a meus pais e voltei para procurar Jacob.

Quando o encontrei, notei que estava com uma expressão confusa, preocupada até.

_Aconteceu alguma coisa, Jacob?- perguntei, segurando sua mão.

_Não- ele fingiu um sorriso. - Está tudo bem. Vamos?

_Claro.

Entramos em seu carro e seguimos rumo a um restaurante qualquer.

P.V. Lucas

Após a cerimônia, depois de cumprimentar meus amigos, fui até meus pais e disse para que me esperassem no carro, pois ainda teria que falar com uma pessoa.

Não era Anna, se é o que você está pensando.

Era Jacob.

Procurei por ele, na esperança de encontrá-lo sozinho.

E assim foi. Caminhei até ele, e assim que ele me notou,comecei a falar.

_Eu queria falar com você. Pode ser?

Ele me olhou perplexo, e balançou a cabeça positivamente.

_Bem, na verdade eu queria te pedir uma coisa. - continuei.

_Pedir?- ele perguntou desconfiado.

_Sim. Eu quero te pedir que cuide bem dela. Dê a ela o carinho e o amor que eu não fui capaz de dar.

Ele continuava a me olhar, ainda surpreso.

Afinal, o que eu estava fazendo? Dizendo a um cara que tudo bem! Você venceu! Pode ficar com o amor da minha vida.

Eu só podia seu um idiota.

_Eu não estou entendendo aonde você quer chegar.

_É simples. Eu estou me mudando. Meu avião parte as 23h00min. Eu vou embora para Londres, e quero ter a certeza de que vou deixá-la bem. Quero poder ter a certeza de que ela ficará feliz.

_Você não precisava ter vindo até mim, para me pedir isso. Eu a amo. E que eu saiba, quem ama só pensa no bem da pessoa. Ou estou errado? Acredito que quem a machucou aqui não fui eu.

_Você tem razão. Seja bom para ela.

Balancei minha cabeça e coloquei minha mão no meu bolso esquerdo. Pude sentir uma pequena caixa. Eu queria entregar a Anna.

Mas não seria possível.

_Eu já sou bom para ela. - ele me disse com desdém.

_Assim eu espero. - respondi.- Só mais uma coisa. Quem sabe um dia você possa dizer a ela que eu a amo. Quando esse dia chegar, o faça. Por favor.

Eu me virei e caminhei até o carro do meu pai.

Aquela noite e aquela viagem seriam as mais longas da minha vida.

P. V. Anna

Em todo o caminho até o restaurante Jacob permaneceu calado, assim como durante todo o jantar.

Algo havia acontecido sem dúvida, e mesmo que eu perguntasse sobre o ocorrido, ele desconversava e fingia estar tudo bem. Mas logo, eu podia notar uma mudança novamente.

Saímos do restaurante e enquanto nos dirigíamos ao local do baile, Jacob estacionou o carro.

_Porque parou Jacob? O que está acontecendo?

Ele me olhou fixamente.

_Eu amo você. - ele começou a falar.- Mais do que você pode imaginar. E bem... eu sei que você não gosta de mim da mesma maneira.

Eu abaixei meus olhos e me deixar escutar o que ele tinha para me dizer.

_Anna, eu sei que você ainda o ama. Lucas também te ama.

_Com... como você pode saber isso?

_Ele me procurou hoje. Bem, ele me pediu para que te fizesse feliz. Anna ele vai embora. O avião dele parte em 45 minutos.

Sabe quando você não é capaz de controlar suas próprias emoções? Quando sente que vai explodir? Bem, foi assim que eu me senti quando ouvi o que ele me disse.

_O quê? Como assim vai embora? Para onde?- lágrimas começavam a se formar em meus olhos.

_Ele está indo embora Anna. Ele vai para Londres. Simples assim. E... bem... eu só quero ver você feliz. E se você vai ser feliz ao lado dele, vai, Anna. Não deixe que seu amor vá embora. Não deixe ele partir. Vai, vai ser feliz, meu amor.

Eu chorava. Jacob me olhou e sorriu, mas eu pude sentir a tristeza em seu sorriso. Eu dei um beijo em sua bochecha e saí do carro.

Ele foi embora. Logo, o seu carro desapareceu.

Depois de alguns minutos, um táxi passou. Chamei-o e pedi ao motorista que me levasse até o aeroporto.

Eu buscaria minha felicidade. Eu buscaria meu amor.

Talvez eu tivesse que passar por cima do meu orgulho e de minhas mágoas.

Mas o que eu podia fazer? Eu o amava, e já havia o perdoado.

Eu me entregaria. Eu seria somente sua. Ele seria somente meu. Para sempre? Não sei.

Mas eu teria que tentar.