Enquanto ia em direção da Toca pensando em tudo que aconteceu, Harry sentia uma grande mistura de sentimentos. Desconfiança por não saber
exatamente o porquê de aquelas crianças estarem ali, medo do que poderia acontecer se Voldemort descobrisse sobre isso e confusão por saber que iria se casar e ter filhos, ou seja, ter um futuro. "Mas talvez agora, com essa mudança, eu não tenha mais" pensou Harry melancólico.

Mais um pouco a frente, Gina olhava pelo canto dos olhos as crianças desconfiada. Para ela era impossível acreditar naquela história. "Como se um simples colar pudesse provar tudo! Além disso, o que eles estão fazendo no passado? Vendo se Morgana cortou o cabelo?" a ruiva pensava irônica tentando desviar sua mente da imagem do tão sonhado casamento com o menino-que-sobreviveu.

Só de pensar em se casar com o amor da sua vida o coração da caçula Weasley falha uma batida e borboletas pareciam voar em seu estomago. Gina e Harry estavam tão perdidos em seus pensamentos, que nem notaram a chegada até a porta da Toca. Enquanto Gina adentrava a Toca, seu olhar cruzou com o do futuro-marido e a ruiva sentiu-se com dez anos de novo. "Ele faz eu me sentir uma boba apaixonada somente com um olhar... Ai Merlim, eu estou mesmo perdida!" pensou.

Harry ainda tentava controlar a vontade monstruosa de agarrar a ex-namorada que despertou em seu peito com uma breve troca de olhares entre os dois, quando entrou na Toca. Fred estava em pé com a varinha apontada para as crianças e Jorge, que ainda estava deitado no sofá olhava curioso para os pequenos.

- Quem são eles? – perguntou Jorge desconfiado.

- E lá vamos nós de novo... – disse Lilian com cara de tédio. – Eu sou Lilian Potter e esse é meu irmão Alvo. Esses outros ruivos são Rose e Hugo Weasley, meus primos.

- Nós viemos do futuro. – completou Hugo.

- Claro! E eu sou um gnomo disfarçado de gente. – Fred ironizou.

- É verdade, eles provaram isso mostrando um colar da mãe do Harry. – falou Hermione sentando-se no chão da sala.

- E eu que pensava que você era inteligente... – dramatizou Jorge.

- Vocês acreditaram neles somente por causa de um colar? – perguntou Fred decrescente.

- Não foi bem assim... – começou Gui, mas ao olhar para a cara de Fred, completou – Ok, a gente acreditou neles somente por causa de um colar. Satisfeito?

- Sinceramente, com isso vocês... – disse Fred.

-... conseguiram nos decepcionar. – Jorge terminou a frase.

- O colar era único e somente uma verdadeira Potter pode usá-lo. – Justificou Lupin.

- Vocês nunca ouviram falar em copia? –perguntou Fred.

- Praticamente ninguém sabia sobre ele, então seria impossível copiá-lo. - Lupin explicou.

- Bem, se vocês acreditam... – começou Jorge desconfiado.

-... nós também. – completou Fred.

Mas apesar de suas palavras era perceptível a desconfiança dos gêmeos quanto aos seus supostos futuros-sobrinhos. Fred voltou a se sentar no braço do sofá em que Jorge estava ainda olhando as crianças atento á qualquer movimento suspeito. Muitos seguiram seu exemplo e começaram a conversar olhando ocasionalmente para os recém-chegados.

Gina, vendo que os irmãos já estavam mais calmos, sentou-se no chão da sala ao lado de Hermione, e começou a observar todos a sua volta. Seus pais conversavam com Lupin, Kingsley, Tonks e Hagrid, todos com caras sérias e preocupadas e Gina estranhou isso já que era muito raro ver Hagrid e Tonks sérios. Fleur e Gui, que antes conversavam perto da janela, haviam se aproximado do grupo de adultos e agora participavam da conversa.

Gina mordeu o lábio inferior, preocupada com a seriedade da situação. Voltando a observar, notou que Fred e Jorge olhavam de vez em quando para as crianças e voltavam a conversar aos sussurros, e essas por sua vez observavam todo o local e pareciam conversar mentalmente. Harry e Rony conversavam mais afastados, olhando de vez em quando para as crianças ou para os adultos. E Hermione, ao seu lado estava muito envolvida em pensamentos para se quer piscar.

Quando todos começaram a conversar, Rony chamou Harry e disse que precisava conversar com ele. Os dois foram, então, para um canto da sala e Rony começou a falar.

- Você acredita nessas crianças? E se eles forem comensais? Rabicho pode ter ouvido falar desse colar e disse para Voldemort.

- Acho meio improvável. Se eles fossem comensais já teriam nos matado. – disse Harry olhando para as crianças.

- É, acho que você tem razão. – concordou Rony, ainda incerto.

Rony ainda não sabia se acreditava ou não nas crianças, sua cabeça estava uma confusão. Passou os olhos rapidamente pela sala, parou em Hermione. "Se essas crianças estão dizendo a verdade, eu vou me casar com a Mione!" Concluiu sem ter certeza do que sentia, quer dizer, gostava de Hermione, gostava mesmo, mas ao mesmo tempo não sabia como conseguiria conviver com ela sem discutir, e ainda com filhos!

Harry, ao seu lado, também borbulhava incertezas quanto ao seu futuro. Ao saber sobre as crianças, a derrota de Voldemort estava certa na
sua mente, mas agora, Harry se perguntava se Voldemort realmente estava morto e como aquilo havia acontecido. Dúvidas com relação ao que as crianças estavam fazendo aqui e se o futuro tinha sido alterado deixavam o nosso herói tenso e preocupado.

"Olhe pelo lado bom, você tem provas de que ainda vai se casar com a Gina." Com esse pensamento seus olhos logo foram em direção da garota e observou ela morder o lábio, notando que ela não havia mudado quase nada nessas férias, mas para ele, Gina parecia a cada minuto que passava muito mais bonita.

- Tudo isso é muito confuso. – comentou Rony, tirando Harry de seu devaneio e fazendo-o desviar seus olhos de Gina.

- Com certeza. – concordou Harry e depois de um tempo perguntou. – O que será que os adultos conversam tanto?

- Eles parecem estar conversando sobre as crianças. – respondeu Hermione, assustando os garotos.

- Quando você chegou? – perguntou Rony.

- Faz pouco tempo, só ouvi a frase do Harry. – explicou ela.

- Gente! - exclamou Harry, chamando a atenção dos outros dois. – Será que as crianças sabem sobre as Horcruxes? – perguntou fazendo Rony arregalar os olhos e Hermione ficar pensativa.

- Não sei. – disse a garota e logo respondeu. – Harry, você contaria sobre isso para os seus filhos?

- Não. – respondeu ele.

- Então, eu acho que eles não sabem. – concluiu Hermione.

Rony estava prestes a dizer algo quando Kingsley pediu a atenção de todos. Estranhando a situação os mais jovens (que já tinha permissão de sua mãe para levantar) foram até onde os adultos estavam e ficaram atentos.

- Crianças – começou Kingsley. - Vocês poderiam nos explicar como vieram parar aqui?

- Não. – falou Lilian surpreendendo a todos, fazendo-os a olhar de maneira esquisita.

- Brincadeirinha gente, mas que falta de humor, hein?! – completou a garota, percebendo o clima estranho.

- São os tempos de guerra, querida. – disse Molly para a futura-neta.

- Bem... Nós estávamos com o livro de feitiços do Teddy, procurando um feitiço que pudesse criar ilusões como um holograma. – começou a explicar Rose, de novo. - Mas sem querer, Lilian leu um feitiço portal, que leva as pessoas para outro tempo, e nos transportou até o passado.

- Quantos anos vocês tem? – perguntou Hagrid.

-Lilian tem nove, Hugo dez, Rose e eu temos onze. – respondeu Alvo.

- Nove anos? Como você conseguiu realizar esse feitiço? – perguntou Hermione surpresa.

- Como o Tio Harry conseguiu destruir as Horcruxes? – retrucou Hugo fazendo todos olharem curiosos para Harry. Rony ficou pálido e os olhos de Hermione ficaram muito arregalados.

- Então é isso que vocês estão fazendo? Procurando essas Horcruxes? – perguntou Gina, surpresa.

- Ops!- exclamou Hugo, com cara de culpado.

-O que são Horcruxes? – quem fez essa pergunta foi Fred e seu irmão, que estava ao seu lado olhou curioso para Hermione.

A garota não sabia se poderia explicar e por isso olhou para Harry, mas antes que um dos três (Harry, Rony e Hermione) pudesse fazer ou dizer algo, Rose explicou.

- Horcrux é um objeto onde uma pessoa ocultou uma parte de sua alma.

- O Voldezito fez isso para ficar imortal. – completou Lilian. – Pelo menos foi isso que o papai disse.

Com essa nova descoberta, todos ficaram ainda mais preocupados, ninguém sabia o que dizer ou o que fazer. Gui e Arthur tiveram que amparar Molly, que quase desmaiou com a perspectiva de o Lorde das Trevas vivendo para sempre.

O Trio Maravilha trocou olhares e com um acordo mutuo concordaram em contar toda a história. Rony e Hermione concordaram que deixariam Harry explicar tudo, mas eles ajudariam o amigo. O jovem Potter recebeu vários olhares desde a descoberta, olhares preocupados até de pena, mas quando Gina o olhou triste e magoada, ele sentiu um buraco enorme se formar em seu estômago e não conseguindo mais encará-la, desviou o olhar.

- Dumbledore descobriu sobre as Horcruxes ano passado através de uma memória. Pelo que Dumbledore acreditava, Voldemort dividiu sua alma em sete partes. – Harry começou a explicar.

- Uma é o próprio Voldemort, depois tem a Nagini, o Medalhão de Salazar Slytherin, um objeto de Helga Hufflepuff e outro de Rowena Ravenclaw, um agente não sabe... - contou Hermione.

- O Diário de Tom Riddle foi destruído no nosso segundo ano e o Anel dos Gaunt foi destruído por Dumbledore ano passado. – terminou Rony.

- E Dumbledore deu a missão de destruir o resto para vocês? – perguntou Gui.

- Foi. Nós havíamos ido pegar o Medalhão de Salazar Slytherin na noite em que Dumbledore mor... morreu. – disse Harry, gaguejando no final. Para ele ainda era difícil acreditar que o diretor estava mesmo morto.

- Será que vocês podem falar sobre isso amanhã, eu estou morrendo de fome! – exclamou Hugo.

- Concordo com ele! – Rony disse animadamente.

- Está bem, vamos comer alguma coisa e amanhã terminamos essa conversa. – ordenou a Sra.Weasley.

Todos se levantaram e foram para a cozinha pensando em todas as novas informações que acabaram de descobrir. O Sr. Weasley sentou-se na ponta da mesa, do lado esquerdo sentaram-se Gui, Fleur, Tonks, Lupin, Fred, Jorge e Kingsley nessa ordem e do lado direto sentaram-se a Sra.Weasley, Rony, Hermione, Gina, Harry, Lilian, Alvo, Hugo e por fim Rose. A Sra.Weasley levantou e começou a esquentar o jantar com a ajuda de Fleur, enquanto os outros conversavam assuntos mais amenos. Lupin, Tonks, Gui, Fred, Jorge, Rony, Harry, Gina, Alvo e Hugo (N/A: Quanta gente) começaram a conversar sobre Quadribol enquanto Hermione e o Sr.Weasley conversavam sobre coisas trouxas e Rose e Lilian conversavam sobre como eram as coisas e as pessoas do passado. Mas quando a Sra.Weasley serviu a comida, todas as conversas foram por água abaixo e todos notaram o quanto famintos estavam. Entre uma garfada e outra Lilian resolveu perguntar.

- Por que vocês ficam tão preocupados e tensos quando o assunto é a guerra?

- Você-sabe-quem matou e ainda mata muitas pessoas. – respondeu a Sra.Weasley. – O terror e o medo tomaram conta de tudo e de todos.

- Voldemort esta cada vez com mais aliados e mais poder. – disse Harry, sentindo o clima ficar mais pesado.

A preocupação com a Guerra voltou a aflorar na mente de todos. Olhares tristes se dirigiam ao nada enquanto os presentes se lembravam das vidas perdidas, nas dores causadas e as cicatrizes dos combates pareciam reabrir-se com cada nova lembrança. Os cabelos de Tonks descoloriam-se expressando a comoção geral. Harry olhou para Gina e ela lhe deu um sorriso calmo.

- Voldemort é um ser com certos problemas. – comentou Gina, depois de vários minutos, tentando quebrar o gelo.

- Ou seja, Voldemort é uma coisa horrível, metida, feia, SONSERINA... – Lilian começou a falar inflamada.

- Resumindo, um grande zero a esquerda. – Albus simplificou sorrindo feliz ao perceber a tensão no ambiente diminuir consideravelmente.

O breve silencio que se seguiu permitiu aos presentes ouvir murmúrios do lado de fora da sala.

- Será que a gente conseguiu? – perguntou uma voz de garota.

- Só tem um jeito de descobrir. – uma voz, dessa vez de um menino, respondeu e pouco tempo depois a porta da sala estava sendo aberta por ele.