A Dança dos Ventos escrita por andreiakennen


Capítulo 5
Capítulo 5




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A Dança dos Ventos

 

História escrita para o Coculto, um Amigo Oculto de fanfics promovido pela comunidade Saint Seiya Superfics Journal.

 

Revisado por Vane

 

Para Érika

 

Capítulo V

 

 

No caminho para os outros pilares, o grupo foi atacado novamente pelos servos de Seth. Porém, sabendo do ponto fraco dos subordinados do deus maligno, Ikki e Kanon conseguiram contra-atacar facilmente, forçando-os sempre a despertar o poder máximo do selo e mostrar onde este estava escondido. Em seguida, ambos concentravam seus golpes no intuito de destruir o selo e desfazer o feitiço, evitando ao máximo tirar a vida dos egípcios que estavam sendo manipulados.

 

Contudo, a parte problemática da missão, principalmente para o cavaleiro de bronze, estava sendo o ritual de recuperação dos pilares. A energia que o pequeno Shu usava era bem maior do que o seu frágil corpo humano conseguia comportar. Por isso, ele passava muito mal toda vez que terminava a restauração.

 

Após o terceiro pilar, Shu ficou desacordado por mais tempo do que no segundo, o que enervou ainda mais Fênix. Ikki tinha certeza: o menino não sobreviveria ao final daquela missão. Mas agora começava a cogitar se ele suportaria pelo menos chegar ao quarto pilar, onde todos acreditavam que ficariam frente a frente com Seth.

 

No entanto, àquela altura, o cavaleiro de bronze já se perguntava quem era o verdadeiro mal ali. Seth? Que de alguma forma não queria que o pequeno restaurasse os pilares? Ou seriam eles? Que ficavam de braços cruzados, enquanto uma criança fazia todo o trabalho duro sozinha?

 

Por mais que Shu fosse um deus, Ikki não concordava com aquilo.

 

Passou o pano úmido sobre a testa suada do garoto; depois, deslizou-o pela face empalidecida dele, limpando o suor. O calor do deserto era escaldante.

 

- Água... – o pequeno murmurou, ainda muito enfraquecido. Ikki se levantou para apanhar seu cantil, quando cruzou com o olhar impacientemente de Kanon, que não parava de averiguar a posição do sol.

 

- Não tem como andar mais rápido, Ikki?

 

Fênix fechou os olhos e contou até dez mentalmente, tentando ignorar o que seu companheiro havia dito. Kanon não era desprovido de sentimentos; afinal, ele havia se compadecido - até mais do que se poderia imaginar - da morte do preceptor. Entretanto, ele se conformava com o destino das pessoas muito rápido.

 

Ikki se curvou novamente diante do menino, e erguendo-o pela nuca, inseriu o bico do cantil em sua boca.

 

- Beba.

 

Os olhos dourados se abriram pesadamente. E mais uma vez, Shu sentiu-se constrangido por estar sendo tratado daquela forma tão íntima pelo cavaleiro de Athena. Contudo, era uma sensação agradável; diferente do guerreiro de ouro, Ikki era gentil.

 

Enquanto Shu tomava a água que lhe era dada diretamente na boca, sua face morena corou levemente. Não tivera pais; a mãe morrera ao lhe dar à luz, e o pai, Rá, nunca o vira. Sempre vivera com Mustef, que nunca o tratara mal; porém, o guardião tinha por ele um respeito tão grande, que não se permitia tratá-lo com carinho também.

 

- Ikki...

 

- Seja humano, Kanon – o bronzeado pediu, cortando o colega.

 

- Mas eu sou humano! – o geminiano rebateu. - Porém, acima de tudo, eu sou um cavaleiro de Athena com uma missão a cumprir! Você acha que eu não estou compadecido do estado desta criança? O problema é que não podemos deixar o planeta todo em perigo por causa de uma única vida!

 

- Eu prefiro enfrentar o deus com cara de cachorro a permitir que essa criança sofra do jeito que está sofrendo... Ainda mais, no dia do aniversário dele.

 

- Ikki... - Kanon suspirou, meneando a cabeça negativamente.

 

Não tinha jeito. Ikki era teimoso. Kanon não lhe tirava a razão; ao contrário dele, o guerreiro de bronze tinha um amor muito grande pelo irmão caçula. E talvez fosse esse sentimento que os diferenciava e o fazia agir de forma tão fraternal para com Shu. Ele via no pequeno deus o reflexo de seu irmão mais novo.

 

Assim, sem ter mais argumentos ante a determinação do guerreiro de bronze, o grupo descansou por quase uma hora no ponto Leste. Em seguida, todos rumaram para o último pilar: o do Sul.

 

Conforme avançavam com dificuldade pelo solo árido, percebiam que o eclipse começava a se formar.

 

- Está logo à frente, é o último! – gritou Mustef, sendo o mais arfante do grupo.

 

- Se conseguirmos restaurar o último pilar antes do eclipse total, Seth não irá surgir – Kanon elucidou, querendo chamar a atenção do companheiro. Porém, este fingiu-se indiferente e não se pronunciou. - Ikki, na hora que formos atacados pelos servos de Seth, deixe-os comigo e siga em direção ao pilar, entendeu? – decidiu ser mais direto.

 

Ikki, que trazia o menino enfraquecido nas costas, ignorou novamente o amigo e procurou saber como o pequeno estava:

 

- Está se sentindo melhor, Shu?

 

- Sinto muito calor dentro de mim, cavaleiro – o menino respondeu, com uma voz embargada. - Mas eu ainda consigo... – ele sussurrou, como se quisesse confortar o guerreiro de Athena.

 

Kanon estava preocupado. Sentia que Ikki estava disposto a pôr todo o trabalho deles a perder a qualquer momento, por causa do estado de Shu. Todavia, não tinham mais tempo para conversar. Como havia deduzido, antes que eles atravessassem os limites da Esfinge de Gizé, surgiram centenas de vultos com cabeças metálicas de cachorro.

 

- Explosão Galáctica! - O gêmeo não esperou para lançar seu golpe e abrir caminho para Ikki seguir. – Vá com eles, Mustef – o gêmeo pediu.

 

O rapaz, que observou assustado a quantidade de guerreiros que Kanon havia derrubado, demorou um pouco a assimilar o pedido. Mas logo assentiu:

 

- Certo!

 

Porém, antes de seguir, Mustef foi detido pela mão de Kanon em seu ombro.

 

- Cavaleiro?

 

- Se Ikki fizer alguma coisa estúpida, venha me avisar imediatamente, Mustef.

 

- Entendi – ele assentiu novamente, e saiu.

 

... : ...

 

 

Shu disse a Ikki que o pilar estava na cauda da Esfinge de Gizé, e que este parecia o mais danificado.

 

- Segure-se firme, pequeno. Vamos saltar.

 

Após o anúncio, o cavaleiro praticamente voou, tamanha a amplitude de seu salto, e pousou sobre a cabeça do monumento. Contudo, em uma fração de segundos, foi atingido por um golpe na face esquerda e arremessado de volta ao chão. Antes que pudesse identificar por quem ou pelo que fora atingido, já estava recebendo um novo golpe.

 

A criança foi desvencilhada de Fênix no primeiro golpe que este recebera. O pequeno caiu rolando nas areias, mas logo se levantou. Não era tão fraco. Sentia a força do pai crepitando dentro de si e, por mais que estivesse com medo de não resistir, sabia onde estava o pilar e o que tinha que fazer. Assim, enquanto Ikki lutava, Shu decidiu seguir sozinho até o ponto de restauração.

 

Fênix percebeu que aquele homem, vestido com roupas egípcias pretas e com o pano que envolvia parte do seu rosto e da cabeça, era diferente dos outros: os golpes dele eram mais certeiros, e Ikki conseguia sentir uma potente cosmo-energia brotando de dentro daquele oponente.

 

- Daqui você não passa, cavaleiro – ele avisou, puxado um chicote do selo que tinha na palma da mão.

 

- Vamos ver se não... – Ikki juntou seus punhos, e após encher o peito de ar, apontou-os na direção do homem, gritando: - Ave Fênix!

 

A rajada de um fogaréu potente voou ao encontro do inimigo. Porém, com um simples estalar do chicote que tinha em mãos, ele desfez o golpe do guerreiro de Athena.

 

- Mas como...?

 

- Agora é a minha vez! Chicote Serpente!

 

A velocidade com que foi atingido novamente pegou Ikki de surpresa.

 

Ele só conseguiu visualizar vários fachos pretos cortando o ar. Em segundos, várias partes de sua armadura estavam destroçadas; seu corpo fora atingido por inúmeras chicoteadas. O guerreiro vociferou sua dor em um grito angustiante, que se propagou pelo espaço.

 

Caiu no chão se contorcendo. O problema não era a dor dos ferimentos, e sim o fato de que esses ardiam como se Ikki tivesse levado ferroadas de vespas.

 

- O chicote de Seth também é envenenado – o homem explicou. - Ele triplica a sensação de dor dos cortes causados no adversário.

 

- Quem é você, seu desgraçado? – Ikki apoiou as duas mãos no chão e tentou arquear o corpo. Mas o ardor que sentia nos ferimentos era tão intenso, que o fez vomitar.

 

- Sou Anúbis... – o ser pronunciou-se, indiferente. – Não que eu tenha que me identificar para um verme como você, mas sou filho de Seth. Vim até aqui para sacrificá-los e dá-los em oferenda ao meu grande pai, que irá renascer hoje, assim que aquele pirralho maldito morrer! – ele disse, apontando para a Esfinge.

 

As areias em torno do monumento se tornaram negras e começaram a entrar em ebulição; borbulhavam, como se estivessem vivas. O menino, que estava correndo para o pilar, foi interceptado pelos grãos negros e aprisionado em uma jaula formada pela própria areia.

 

- Cavaleiro! Socorro! – Shu gritou, enquanto era envolto por aquela estranha magia.

 

Ikki, apesar de assustado, tentou manter-se centrado.

 

- Então, é por isso que seu poder é diferenciado... – ele riu, forçando-se a se pôr de pé. – O filhotinho veio latir antes do cachorrão-pai...

 

- RESPEITE-NOS, SEU HUMANO MISERÁVEL! - o homem urrou, fazendo sua voz ecoar pelas dunas. E como se sua fúria desencadeasse os fenômenos naturais, nuvens negras cobriram parte do céu e trovões estrondaram. – Morra! – ele esbravejou, movendo o chicote. Este foi energizado por um raio que saiu de dentre as nuvens e seguiu em direção a Ikki.

 

Mais uma vez, a velocidade do golpe foi tão fora do normal, que Ikki só teve tempo de encobrir a face com o antebraço. Porém, ao perceber que nada o havia atingido, descobriu o rosto e notou o guerreiro de ouro parado na sua frente.

 

- Kanon, você levou o golpe por mim?! – Ikki espantou-se. Apesar de não ter sido tão danificada como a sua, percebeu que parte da vestimenta dourada do amigo havia sofrido rachaduras, pois minúsculos estilhaços dourados eram soprados pelo vento.

 

- Não seja ridículo, Ikki! – Kanon respondeu. - Eu sou um cavaleiro de ouro. Não aja como se um golpe desse porte fosse me derrubar. Agora, vá! Liberte o menino! O Sol já está quase todo encoberto!

 

Ikki balançou a cabeça em concordância. Estava surpreso com atitude do guerreiro dourado, mas não tinha tempo para ficar ponderando os porquês. Ainda que não quisesse que Shu se sacrificasse recuperando os pilares, precisava ajudá-lo. Assim, deixou o filho de Seth ao encargo de Kanon e correu para tentar salvar o garoto.

 

- Não pensem que irei permitir, cavaleiros de Athena! – Anúbis juntou as duas mãos, e após pronunciar-se em um dialeto antigo, espalmou-as no solo.

 

A areia negra passou a assumir as formas de vários animais gigantes, como leões, crocodilos e serpentes, que investiram contra Ikki.

 

Kanon se viu obrigado a agir. Conforme os braços do Cavaleiro de Gêmeos se ergueram em direção aos monstros criados pelo adversário, todo o espaço temporal foi desfeito. Um portal para outro mundo foi aberto. Quando ele gritou “Outra Dimensão”, os seres que atacavam Ikki foram facilmente engolidos pela fenda temporal, o que enfureceu o filho do deus maligno.

 

- Maldito seja! Chicote Serpente!

 

Anúbis usou o mesmo golpe que usara contra Ikki. Entretanto, Kanon também se movia na velocidade da luz - tal como o seu inimigo -, e assim conseguiu desviar-se das maioria das chicotadas facilmente. Porém, não conseguiu evitar que algumas o atingissem.

 

Para não dar tempo de reação a Anúbis, Kanon aqueceu sua cosmo-energia e lançou contra ele o seu golpe mais potente, a "Explosão Galáctica".

 

Enquanto o servo dourado de Athena e o filho de Seth lutavam, Ikki conseguiu chegar até o cárcere do pequeno Shu. Forçou as barras de areia com as duas mãos, até conseguir abrir uma passagem.

 

- Venha, pequeno – pediu, enfiando as mãos entre as barras e estendo-as ao garoto.

 

- Cavaleiro! – o menino sorriu, apanhando as mãos do guerreiro de Athena.

 

Shu saiu pela fenda aberta e agarrou-se ao peito de Ikki. Após soltar as barras de areias que já se desintegravam, Fênix abraçou o pequeno e correu em direção à parte de trás da enorme Esfinge. Esta, por sorte, estava interditada para reformas. Caso contrário, estaria como o centro histórico do Cairo: lotada de turistas.

 

Arfante, Ikki chegou ao local onde estava o último pilar. Colocou Shu no chão e olhou para o céu, percebendo que faltava somente um pequeno facho para que a lua encobrisse totalmente o astro maior no sistema solar. Mas ainda havia dúvidas em seu coração.

 

Apoiou um dos seus joelhos no chão, para ficar do tamanho da criança, e encarando-a nos olhos, explicou:

 

- Pequeno, se você não quiser... Não precisa arcar com toda essa responsabilidade sozinho. Eu, Athena e os cavaleiros do Zodíaco lutaremos contra Seth para defender a Humanidade.

 

A criança esforçou-se em abrir um grande sorriso para o novo amigo. Em seguida, negou com um menear firme de cabeça.

 

- Fraco do jeito que é? – ele debochou, mostrando a língua. – Só pode está brincando comigo, né?

 

Mas Ikki não teve tempo de revidar o comentário provocativo da criança, pois a mão pequena dela tocando seu rosto o travou.

 

- Obrigado, cavaleiro. Por ter se esforçado tanto por mim – Shu concluiu, depositando um beijo terno na face esquerda de Ikki.

 

O cavaleiro de bronze sentiu-se, por um momento, como uma montanha de sentimentalismo. Foi quase impossível conter a comoção. Olhar Shu lembrava-o muito o seu próprio irmão caçula quando era pequeno. Shun sempre confiara nele para estar ao seu lado, protegendo-o. Sentia-se igual diante daquele outro pequeno, de etnia tão diferente, mas de igual pureza.

 

Puxou-o para junto de seu peito e o abraçou com força. Sabia que o beijo era na verdade uma despedida, e que Shu estava agradecendo e, ao mesmo tempo, avisando-o de que iria cumprir sua sina.

 

A escolha tinha sido feita.

 

Os dois se separaram. De onde estava, o guerreiro de bronze observou o menino se afastar. Sua cabeça dava voltas. Sentiu um apertar no peito.

 

O cosmo de Kanon estava oscilando; isso indicava que o dourado estava tendo dificuldades com o adversário.

 

Mas, de repente, algo estranho. Diante de Shu surgiu Mustef, o guardião do garoto. Ele parecia diferente, os cabelos soltos e esvoaçando com a ventania que estava se formando.

 

- Mas porque diabos ele está segurando uma lança?

 

- Daqui você não passa mais, jovem amo – o homem sorriu, apontando a lança para o garoto.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Estou sem net em casa, mas assim que voltar responderei as reviews, só estou postando agora, pra não atrasar mais. O próximo capítulo será o último, espero que estejam gostando!:D

Agradecimento especiais: Juliane, Akito e Narutothecat por estarem acompanhando e comentando!

:D

See you next!



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