Ele pegou as chaves, e saiu.

Ele sabia onde ela estava, era o lugar favorito deles durante a infância: um cais que ficava na praia, o pôr-do-sol naquele lugar havia marcado tanto ele quanto ela.

Foi nesse lugar em que se apaixonaram aonde eles iam toda vez em que fugiam da escola, fora lá o lugar onde ela lhe contara que estava grávida, e ele, irritado, lhe disse coisas absurdas e perdera a confiança dela, foi naquele lugar também, que ficara sabendo que, por causa dele ela perdera o bebê.

E agora ela estava lá, esperando ele, e ele lutaria contra tudo pra conseguir esse amor de volta.

Depois de meia hora dirigindo, ele chegou ao cais.

Ela estava de costas para ele, e aparentemente chorando.

Ele se aproximou. De repente se viu que esquecera tudo o que ia dizer a ela. Ele se aproximou e colocou as mãos em seus ombros.

Ela começou a secar as lagrimas que insistiam em correr. E entre uma lagrima e outra ela conseguiu dizer:

-Lucas... Por quê?

-Eu sei. Fui um idiota. Nunca deveria ter te dito aquilo. Era pra eu ter te apoiado e não fugido como eu fiz. Agora deveríamos estar com uma criança aqui

-A culpa não foi só sua. Eu é que não deveria ter bebido tanto aquela noite...

E as lagrimas não a deixaram terminar de falar.

-Eu sei, eu sei... Eu só acho que se eu não tivesse dito aquilo, você não teria ido beber ai não teria dirigido bêbada, e chegado em casa, tropeçado no degrau e perdido o bebê.

-É verdade, a culpa é toda sua!

Ela deu o primeiro sorriso pra ele em mais de três anos, e ele ficou tão feliz e estreitou seu abraço, e ela se aconchegou em seus braços.

Ficaram meia hora assim, ate que ela disse:

- Pelo o que eu sei você tem que reconquistar a confiança de uma menina chamada Lisbeth.

-É verdade, vamos ver o que eu vou ter que enfrentar pra isso.

-Fica tranqüilo, ela não é tão ma assim.

-Eu não sei. Eu só sei que eu a amo muito, e espero que ela me ame tanto quanto eu.

Ela se virou para ir embora. Ele a segurou pelo braço.

-Me solta!

-Me diga, por favor. O que eu tenho que fazer, por favor. Estou enlouquecendo.

-Como que?

-Com essa... - ele sabia o que queria dizer, só não conseguia descrever isso- Acho que a palavra certa é falta de oportunidade.

-Como assim, falta de oportunidade?

- É. Você não me da uma chance pra recuperar sua confiança.

-Se você acha que eu vou te dar tudo se mãos beijadas, esqueça.

-Mas...

-Mas o que?

-Não sei como vou fazer. Nunca perdi a confiança de ninguém, nunca fiz isso na vida.

-Se você realmente me ama você vai saber o que fazer, vai saber quando agir.

Ele se calou, abaixou a cabeça e a soltou. Ela olhou para ele e se foi.