POV Bruna:

  Já era umas 16hrs quando saímos da praia. Decidimos ir embora mais cedo porque o tempo havia mudado e algumas nuvens pretas surgiram. Estávamos com muito frio.

(...)

  No meio do caminho, enquanto cantávamos, um barulho maior nos incomodava: Leila.

  _Dan, que barulho é esse?

  _Que barulho, meu amor?

  *Um estrondo enorme*

  _Ok, eu acho que escutei.

  _É da Leila!

  A nossa visão foi ficando mais escura, não por causa da hora que passava e sim por causa da fumaça que saia do capô do Impala 1967 vinho.

  _DANILO, PARE ESSE CARRO AGORA!

  _O que? Como assim?

  _PERGUNTA DEPOIS, PARE PRIMEIRO!

  _OK! Perai!

  Danilo encostou o carro antes que o pior pudesse acontecer.

  Ele soltou do carro e foi direto abrir o capô. O que saiu de fumaça...

  _Então, o que houve Dan? – Perguntei botando a cabeça para fora do carro.

  _Nada. Mesmo assim temos que ligar para o reboque.

  _Ah, não acredito!

  Danilo pegou o celular e tentou ligar para o reboque três vezes mas não teve nenhum sucesso. Começara a chuviscar. Na quarta vez que ele tentou, já sem animação e cansado, a companhia atende:

  _Companhia de reboques, pois não?

  _Alô? – Disse Danilo elevando seu tom de voz – graças a Deus alguém me atende nessa Droga!

  _Em que podemos ajudá-lo senhor?

  _SE EU LIGO PARA UMA DROGA DE COMPANHIA DE REBOQUES EU VOU QUERER O QUE?!

  _Acalme-se senhor, irei passar a ligação para o meu supervisor e em instantes você poderá passar os seus dados.

  Tudo isso demorou umas duas horas, isso só para chamar o reboque. Danilo estava do lado de fora, apanhado o chuvisco que já havia se transformado em temporal.

   (...)

  Estava dentro do carro, Danilo estava apoiado na parte da frente do mesmo, todo molhado.

  _Danilo, entre no carro! Não pode ficar apanhando chuva!

  _É melhor eu ficar aqui fora para ver o reboque.

  _Então eu vou ficar com você! – exclamei tirando o cinto e abrindo a porta.

  Aproximei-me de Danilo que logo me abraçou pela cintura me dando um beijo na testa.

  _Não precisa fazer isso – Ele sussurrou.

  _Não se preocupe, eu vou ficar bem – sorri.

  Ficamos quietos por alguns instantes, abraçados. Minutos depois o celular de Danilo toca:

  _Alô? – Disse Danilo ainda me segurando pela cintura.

  _Aqui é da companhia de reboques, informamos que somente ás duas horas da manhã um reboque ira passar ai onde o senhor está.

  _Droga! Digo, tudo bem. – Ele desligou.

  _O que houve Danilo?

  _O reboque só chega ás duas da manhã.

  _O que eu vou dizer para a minha mãe?

  _A verdade. Bruna, você já tem dezenove anos – afirmou Danilo me entregando o seu celular.

  Peguei o celular de Danilo, entrei no carro e disquei o numero lá de casa.

  _Alô, mãe?

  _Bruna? Onde você está? Sabe que horas são para estar ainda na praia?

  _O carro do Danilo quebrou, estamos esperando o reboque que só chega ás duas da manhã.

  _DUAS DA MANHÃ? ONDE VOCÊ VAI DORMIR MENINA? VOCÊ NÃO PODE DORMIR NA RUA!

  _Eu durmo no carro. Não vamos pagar um hotel só para ficarmos até as duas.

  _Não é perigoso?

  _Não mãe, o Danilo me protege. Quem iria enfrentar um zagueiro?

  _Zagueiro?

  _Também fiquei sabendo disto hoje.

  _Está bem. Juízo hein!

  _Ok mãe. Mãe! – disse antes que ela desligasse o telefone – O pai já voltou da viagem de negócios?

  _Mais ou menos. Ele veio, alimentou-se e pegou mais uma muda de roupas. Ele pediu para que eu dissesse a você que ele te ama e que está com saudades.

  Dr. Mauro desde que pegou o caso de um cara que é acusado de um crime bárbaro anda longe de casa, mas sempre telefona. Meu pai é advogado, um ótimo advogado por sinal.

  _Está bem, boa noite mãe.

  _Boa noite, filha.

Desliguei.

  _Então? – Perguntou Danilo.

 Saí do carro.

  _Tudo certo, vou me arrumar para dormir já lá dentro do carro. Me avisa quando o reboque chegar?

  _Tá. Eu provavelmente não vou dormir hoje, vou ficar aqui mesmo.

  _Está bem. Cuidado viu? Te amo.

  _Pode deixar.

  Logo entrei no carro e adormeci com a roupa molhada no banco de couro da Leila.