POV NINY

Depois de
testar as luvas melhoradas no meu cunhado zumbi, voltei pro laboratório e
comecei a fazer as modificações necessárias em algumas armas minhas. Fabricar
arma é um saco, então eu as compro, armas normais, e depois as modificos. A
maioria das armas de fogo por aí não são capazes de suportar nossas munições...
tenta atirar com uma bala de prata concentrada e estrato de ferro pra você
ver... a arma explode e leva junto seu braço e seu rosto de manerar... não
tentem fazer isso em casa.

Acho que
levei a tarde toda fazendo isso, só parei porque as armas acabaram. Perdi meu
contato que me arrumava as armas quando viemos pra cá... ele é escandinavo e eu
acho que a Alfândega não deixaria meus pacotes passarem pelo aeroporto, e
também não posso simplismente ir numa loja e pedir um carregamento desse
tamanho, vão me prender na hora só por suspeita de traficante de armas ou
formação de quadrilha. Tenho que achar alguém por aqui e possa me arrumar essas
coisas...

Fui tirada
do meus pensamentos conflitantes com a porta do elevador se abrindo e a Ness
entrando de cabeça baixa no laboratório, aconteceu alguma coisa...

- Ann,
maninha... – ela começou com a voz um pouco falha – será que a gente pode
conversar?

- Ah... já
vi tudo, é problema – sussurrei pra mim mesma apertando a ponto do nariz,
depois levantei a cabeça e a encarei – ta bem, pode falar.

- Lá em
cima... – ela disse apontando pro teto – com todo mundo.

- Todo
mundo quem?

- Eu, a
Bella, o Edward e o Jacob...

-
Aconteceu alguma coisa que eu deveria saber? – perguntei me levantando e
tirando o jaleco.

- Muita
coisa... – ela respondeu com cara de culpada e correu pro elevador antes que eu
pudesse fazer outra pergunta.

Quando
chegamos lá em cima ouvi os murmúrios vindo as sala, e foi pra lá que a Nessie
praticamente me arrastou. Assim que entrei no outro cômodo, percebi uma coisa
errada.

- Quem foi
que mexeu na porta? – eu perguntei apontando para a porta da frente.

Ela era
dupla, de carvalho, com vitrais de vidro fosco e bem grandinha ((queríamos uma
imagem imponente, sabe?)). Mas eu pude ver que ela foi recentemente concertada.
Ainda cheirava a tinta e cola, as dobradiças estavam um tanto tortas e o vitrô
de vidro era diferente, foi trocado.

- A gente
quebrou... – a Ness e o Edward responderam juntos, abaixando a cabeça e
levantando a mão.

- E por
que quebraram a porta? – isso ta cheirando mal, e eu não estou falando da
mistura grotesca do cheiro de tinta e cola pra madeira.

O Edward
abriu a boca mas antes de responder, a Ginx e mais uns 8 elfos praticamente me
atropelaram, correndo para a porta da frente e saindo para o jardim.

- Ah! Ginx
pede que a senhorita Niny desculpe Ginx, é que os elfos estão com pressa para
arrumar o jardim! – a pequenina lançou um olhar feio pras minhas irmãs e o
chupa cabra e correu para a porta também.

- Mas que
merda esta acontecendo aqui?! – eu perguntei indo para a janela ao lado da
porta e encarando o jardim.

Meu lindo
e precioso jardim, todo o quintal da frente, aquele gramado perfeito, arbustos
cheios, roseiras na cerca e tudo aquilo, fora destruído...

- Niny...
calma maninha, a gente pode explicar – a Ness falou com a voz falhando pelo
nervozismo – juro que não foi de propósito e eu vo ajudar aconcertar tudo.. na
hora eu até esqueci e...

- VOCÊ...
ESQUECEU?? – eu a cortei com os dentes cerrados e fechando os olhos com
muita força.

- Desculpa
aí gente mas, eu não estou intendendo – o Edward entrou na conversa – esta todo
mundo pensando muita coisa ao mesmo tempo, não esta fazendo muito sentido...

- É assim
cara... – o Jake começou, eu andei até a janela novamente e fiquei fitando o
jardim todo arrazado, mas sendo rapidamente arrumado pelos elfos – a mãe delas
tinha um jardim imenso e cuidava dele todo dia, ela era muito boa com essas
coisas, sabe. E a Selline sempre foi... estressada, a mais nervosa das
três...

Ele deu
uma pausa e eu respirei fundo, me forçando a desviar o olhar do jardim para
encarar o Jacob com uma sombrancelha levantada.

-
Estressada? – eu perguntei com um tom de desafio.

- Ué, eu
to mentindo? – ele devolveu com o mesmo tom, eu bufei e voltei o olhar para o
jardim antes dele continuar – meu pai me contou que a Cassey fez a Selline a
ajudar no jardim, ela dizia que era relaxante, que isso a ajudaria a ficar
calma ou coisa assim.

- Não foi
bem isso – eu o cortei sem tirar os olhos dos elfos cortando minhas roseiras e
plantando outras – nossos dons reagem as nossas emoções, aos nossos
sentimentos. Se não tivermos controle das nossas emoções, os dons saem do
controle... peguem os surtos da Bella, por exemplo. E nem ouse negar maninha,
você sabe que isso é verdade – eu olhei sobre o ombro e a vi revirar os olhos e
bufar crusando os braços, então voltei a olhar pela janela – Cada uma funciona
de um jeito, porque cada dom reage de uma maneira diferente. Eu tenho que estar
calma, tecnicamente relaxada, para poder absorver só o que quero e na
quantidade que eu quero... Se eu não estiver assim, pelos cálculos que o pai
fez, eu poderia sugar toda a força vital de uma pessoa só num toque rápido...
basicamente poderia tirar a alma da pessoa. Mas isso seria muito desgastante
pra mim e eu também sofreria sérios danos.

- É, eu me
lembro quando ele disse isso... – ouvi a Nessie dizer – ficamos tão assustadas
que a gente nem encostava na Niny direito, foi triste.

- E foi
por isso que a nossa mãe me fez começar a ajudá-la no jardim. É uma espécie de
terapia, que nem o Jake disse: era pra me manter calma. Mas o objetivo
principal era pra me ajudar a controlar tudo isso - eu disse levantando a mão e
a fitando por uns segundos – e agora, quando eu dou uma de jardineira, eu não
sei... é como se eu a sentisse comigo de novo, quando o vento bate das roseiras
brancas, as favoritas dela, eu acho que consigo ouvi-la rindo...

- Ela
gostava mesmo daquelas roseiras néh... – a Bella disse com um suspiro.

- Desculpa
mas... – o Edward isse com a testa franzida, devia estar confuso mesmo – eu já
venho aqui a algum tempo e nunca te vi lá fora... você esta sempre no seu
laboratório.

- É porque
estamos com falta de material... – eu disse com um riso sem humor e me virando
de frente pra eles, apoiando minhas costas na janela – as munições estão quase
acabando, as armas que não estão quebradas ainda não foram modificadas, já
estou tendo que usar as facas do estoque de emergência e praticamente todas as
espadas estão sem corte. Isso é um verdadeiro pandemônio!! Estou atolada de
trabalho... mas pelo menos mexendo com as armas eu também me acalmo.. é uma
coisa que eu sou boa e que sempre da certo, então fico bem lá em baixo também.

- Uau...
você se acalma mexendo com armas – o Jake falou depois de um longo assobio – só
eu percebi a ironia nisso?

- Voltando
ao assunto néh... – eu disse crusando os braços e encarando a todos com os
olhos semi-serrados – já ficou óbviu que foi a Ness que aprontou tudo isso. Por
quê?

- Huum...
é melhor você se sentar maninha – a Ness começou engulindo em seco e olhando
para o Jacob.

- Relaxa
Ness, eu acho que agüento...

- É sério
Niny, senta – a Bella disse mexendo a mão e me fazendo voar até cair sentada na
poltrona.

- Só me
promete uma coisa tah... – a Ness disse com voz manhosa – não fale, levante ou
mate alguém até eu terminar ok?

- Mas o
que foi que vocês aprontaram? – murmurei comigo mesma bem desconfiada.

Então a Ness
começou a me contar toda a história, sendo interrompida pelos outros algumas
vezes para contarem um detalhe que ela havia esquecido ou em algum momento em
que ela não estava. A primeira coisa que me falaram, foi que o Jacob e alguns
amigos dele eram transmorfos, se transformavam em lobos gigantescos. Me
contaram de como a Bella descobriu sobre o Jake, depois de quando a Ness
descobriu e ficou fora de si, destruindo tudo no caminho para poder chegar até
La Push, pois ela achava que o novo namoradinho era um lobisomem, nunca lhe
passou pela cabeça que ele seria um transmorfo. Como eu disse, ela destruía
tudo, inclusive o Edward e chegando a trancar a Bellinha numa caixa de chumbo.
Então a Bella começou a explicar o que fez depois que a Ness conseguiu escapar
dela.

Acumulando
ondas psíquicas e fazendo uma sequência de feitiços explosivos, depois de muito
esforço ela conseguiu explodir a caixa. Ela foi arremeçada pela força da
explosão e caiu ao lado de um dos braços do Edward que a Nessie fez questão
arrancar. Foi nisso que começou a procurar pelo resto do vampiro e viu a cabeça
sem corpo dele. Nem preciso dizer que ela teve um treco quando viu isso néh?
Achou que a Nessie desmembrou o cara todo, quando ela foi até a cabeça e
percebeu que o resto estava enterrado, parece que tirou o peso no mundo das
costas... Ajudou-o a sair do chão e viu que todo o seu tórax estava coberto por
facas, mas tirando isso tudo bem. Procuraram os braços e a mão decepada e
voltaram para dentro de casa, onde a Bella, a muito custo, colocou a mão
decepada do braço e braço no ombro dele, e enquanto ele colocava o outro, ela
ia tirando as facas.

A Ness
voltou a contar, dizendo que chegou a La Push e encontrou com a Breeh, uma
coisa que tanto ela quanto nós ficamos bem curiosos, foi pelo fato dela ter
identificado a munição e não aparentar muita surpresa ou medo quando a Ness
praticamente a ameaçou e demonstrava como suas intenções de matar o Jacob
estavam claras. Então foi para o penhasco e encontrou o Jacob, ela não estou em
detalhe, só disse que eles brigaram feio, ela realmente quase o matou, mas o
Jake se transformou e ela finalmente encaixou a ultima peça do quebra cabeça,
ele era um transmorfo.

Ela contou
isso a ele e voltou pra casa, passou reto pelo casal na sala e só respondeu um
seco e frio “não” quando lhe perguntaram se tinha matado o Jake. Ela
entrou na sala de música e arrebentou quase a bateria toda. Ela costuma fazer
isso, quando não desconta na pobre e inocente bateria, é no saco de areia do
boxe. Mas isso ainda é bem melhor que a Bella... que põe a música no último
volume e fica dançando ballet o dia todo como se sua vida dependese disso.
Então o Jake continuou, dizendo que correu pra cá assim que pode e foi
conversar com a Ness pra resolverem isso, os dois se acertaram e a Bella
convenceu a todos para me contar logo toda a história.

Assim que
eles terminaram, ficaram me olhando desconfiados, com medo que eu explodise ou
alguma coisa assim... fui me mexer e me senti presa a poltrona, olhei para a
Bella com cara de tédio.

- Sério
Bellinha? Verdade? Ta me prendendo por que mesmo?

- Sou
prevenida... – ela disse com uma risadinha de canto me ‘soltando’.

- Que
maldita mania de lobo você tem enn, Ness – eu disse balançando a cabeça e rindo
– e Jake, eu sabia que você era estranho, só não sabia o quanto! – continuei
rindo, me levantei e comecei a ir pra cozinha.

- Vai
fazer o que? – a Ness perguntou – não vai voltar pro laboratório néh?

- Não... –
eu respondi – depois de tudo isso eu preciso beber alguma coisa...

Fui direto
pro meu armário, o abri e peguei a primeria coisa que vi, uma garrafa de
Whisky.

Comecei a
me servir uma bela dose quando a Nessie chega e vai pro outro lado da bancada.

- Da um
pouco também vai...

- Pelo o
que eu me lembro, você não fez 18 ainda... só refrigerante – eu disse com um
sorriso irônico e indo pegar uma latinha pra ela.

- Mancada
comigo isso...  – ela disse fazendo um
bico e abrindo a lata, ouvi risadas muito altas da sala e olhei sobre o ombro
para poder ver e quando voltei a olhar pra frente, a Nessie estava pondo a
garrafa de volta na mesa.

-
Nessie... – eu disse com falso tom bravo – e a propósito.. que ideia foi essa
de prender a Bella numa coisa de chumbo?!?! Esqueceu a última vez éh?!

- O quê?
Eu to bebendo refrigerante! – ela disse super inocente dando um belo gole e
terminando com uma careta – Aahh... gostoso – e riu um pouco, fala sério, eu to
muito mole... – e seguinte mana, já que começamos a sessão-sinceridade, termina
logo isso e vai la pra baixo... eu tenho que contar umas coisas e explicar essa
história da caixa.

Edward POV

As duas
foram para a cozinha e pra variar, o Jake começou a fazer palhaçada pra fazer a
Bella rir... esses dois realmente parecem irmãos, ainda bem que ele só vê a Bella
como irmãzinha... Seria realmente bizarro se fosse assim com a Nessie também.

“Hey
sangue-suga” falando na peste, ouço os pensamentos da Ness vindos da cozinha
“faz o Jake distrair a Bella e vem com a gente pro laboratório, eu tenho que
contar umas coisas... se apressa!”

- Olha
Bells, já quase terminaram o jardim! – eu disse apontando pra janela, e ela
saiu correndo até lá para poder ver melhor, depois puxei o Jacob e sussurrei
pra ele – Distrai a Bella, por um bom tempo, eu tenho que falar com as
meninas...

Ele me
respondeu com uma piscada e foi atrás da Bella.

- Hey
Bellinha! Quando eu fui atrás da Ness eu vi que a sala de música parece ser
divida... é mesmo?

- Ah... é
sim, a minha parte é a do meio – ela respondeu com um sorrisinho.

- Aaaah
para! Eu duvido que você toque todos aqueles instrumentos!! Piano e guitarra
pode até ser, mas o resto??

- Ah é?!
Então vamos lá que eu te mostro! – ela disse com um sorriso do gato da Alice -
vem também Edie?

- Huum..
deixa pra próxima linda, acho que eu caçar...

Ela sorriu
e fez que sim com a cabeça, veio até mim, me deu um selinho demorado, voltou
pro Jake, o pegou pela mão e correu para o corredor que levava a sala de
música.

...

- Ok, o
que você tem a dizer que é tão importante assim? – eu perguntei a Ness.

- Como eu
começo? – ela perguntou a si mesma, e só pra variar, ela pensava em muitas
coisas ao mesmo tempo e numa velocidade incrível, então eu não consegui
entender quase nada, só que o assunto era a Bella.

- Nessie,
o que foi? – a Selline perguntou preocupada.

- A Bella
é bipolar – minha cunhada mais problemática fala simplismente.

- E qual a
novidade nisso? – a Selline diz revirando os olhos, em tom de tédio.

- É sério
ta, sem piada... a Bella é realmente bipolar, ela tem um lado obscuro
que algumas vezes toma conta do corpo dela e que se auto denomina Fênix.

- Nessie,
isso não tem graça... – eu disse sério – por que está dizendo isso?

- Porque é
verdade! Olha, essa Fênix assume o controle da Bella quando ela está muito
fraca, debilitada, depois de um surto por exemplo. A última vez que ela
apareceu foi no ataque do Wendigo. A Bella tava desacordada, a Niny também e o
bicho tinha acabado de morder a Niny e eu fui pra cima dele, mas nem conseguir
encostar naquela coisa, porque foi aí que a Fênix acordou.

- Não
Nessie, a Bella acordou com você a enforcando – a Selline cortou.

- E foi
mesmo, porque antes disso, era a FÊNIX que estava no comando – a Nessie
continuou – façam-me o favor néh! Você – ela disse apontando pra mim – é um
vampiro bem vivido que já viu de quase tudo, lê mentes, então com certeza é bem
espertinho. E você – ela disse apontando para a irmã – foi quem cuidou de nós
todo esse tempo, você sabe o que eu posso fazer até melhor que eu... Mana, acha
mesmo que no estado em que eu estava, eu teria conseguido desfigurar o Wendigo
daquele jeito? Tinha sangue dele pra todo o lado! até no teto!! Como eu, toda
ferrada, conseguiria fazer aquilo?! Só um paranormal com poderes psíquicos
conseguiria jogá-lo lá!

- Isso
você tem razão... mas Ness – a Selline tentou falar, mas eu a cortei.

- Nessie,
em momentos de desespero, medo, é cientificamente comprovado que você reage de
uma forma diferente. Seu organismo libera muita adrenalina e você é capaz de
fazer coisas que normalmente não consegue.

- Ta bem,
já endendi – ela disse olhando pra baixo e pensado no quanto estava
decepcionada conosco – vocês ainda não acreditam em mim não é? Então será que
alguém pode me dizer o porque de eu ter ficado naquela porra de cama,
completamente em coma, por um tempo muito maior do que deveria? Sendo que meus
danos físicos foram resolvidos em o que? Dois ou três dias?! Toda a vez que
aquela desgraçada pscótica me acertava, me fazia voar por toda a caverna, me
jogava nas paredes ou no teto, ela tentava se infiltrar na minha cabeça, estava
me afetando psicológicamente. Não sou nenhuma cientista e nem tenho
séculos de esperiência, mas eu sei que não acordei antes, porque mesmo meu
corpo estando bem, minha mente não estava, eu realmente fui afetada
mentalmente, e pelo que eu saiba, isso o soro milagroso não consegue
curar...

Nem eu, nem
a Selline dissemos alguma coisa. Ficamos alguns momentos em silêncio,
absorvendo tudo aquilo, tentando ver se tudo aquilo fazia sentido, se as
informações que a Nessie deu se encaixavam em toda a história. Até que uma
lembrança meio atormentadora da Selline surgiu em sua mente.

- Aquela
vez...  – ela começou – quando tínhamos
6, 7 anos... e estávamos treinando combate direto e você me acertou depois de
prendermos a Bella na caixa de chumbo...

- Você
lembra néh? – a Ness deu uma risada sem humor – e na verdade, não fui eu que te
acertei...

- Eu posso
até ouvir vocês pensando, mas não estou entendendo nada!

- É o
seguinte... – a Ness começou a explicar – eu e a Bells tínhamos 6 anos, a Niny
9. Nossos pais estavam nos treinando em combate direto, o que acabei
descobrindo ser a minha área. Estávamos naquele maldito salão de treino o dia
inteiro, eu não agüentava mais, estava muito cansada, mas as meninas estavam
ainda piores, a Bella nem se agüentava em pé. Então eu e a Niny pensamos
juntas: nós iríamos pegar a Bells juntas e depois um mano-a-mano seria mais
fácil. Em uma aula teórica, nossos pais disseram que as ondas psíquicas da
Bella poderiam ser canceladas por uma parede grossa de chumbo. Então, juntando
forças, eu e a Niny conseguimos teletransportar um cofre de chumbo do escrtório
do papai e acabamos acertando a Bella, que acabou caindo dentro do cofre, eu
corri até lá e empurrei a porta, não a tranquei porque nem precisava, a porta
em si já era bem pesada. Eu e a Niny continuamos, mas a mana velha aqui jogou a
toalha. Ela se rendeu e eu fui até ela de brincadeira, a intenção era
derrubá-la no chão e sentar em cima – ela deu uma pausa dando um risinho de
desculpa para a irmã – e foi isso que eu fiz, corri até ela segurei pelo ombro
dando uma rasteira. Eu estava querendo segurá-la para fazê-la cair mais
devagar, sem se machucar entendeu? Mas não foi isso que aconteceu... A Niny
caiu com tudo, de cara no chão, foi direto, tipo... BUUUM! testa colada ao chão.
A única coisa pior que o barulho foi ver a rachadura no piso e o fio de sangue
saindo da testa dela. Nossos pais correram até lá, a pegaram e saíram
desesperados da sala me gritando horrores. Mas tinha alguma coisa errada, não
tinha sido eu... eu mal tinha encostado na Niny e no meu estado eu nunca conseguiria
fazer aquilo.

- Eu me
lembro disso – a Selline disse baixo – você nem chegou a encostar em mim, e eu
já tinha caído...

- E quem
consegue mover alguma coisa ou alguém sem ter que encostar... – eu continuei.

- É a
Bella... – a Ness concluiu o raciocínio – e na verdade, não foi a Bella... Foi
a Fênix, sua segunda aparição. A Bellinha não tinha forças nem pra ficar em pé,
então a Fênix aproveitou a aportunidade e resolver aparecer pra dar um oi... Eu
sabia que não era a Bella, eu sentia que ela estava desmaiada, mas mesmo
assim la estava ela, tinha aberto a porta do cofre e ficou de pé na minha
frente, com cara de serial killer e os olhos vermelhos.

-
Vermelhos?? – eu perguntei em choque.

- É... –
ela respondeu – dessa vez também foi assim, no inicio seus olhos estavam
vermelhos mas com a passar do tempo foi alaranjando... parecia fogo crepitando
na lareira, sabe? Enfim, daquela vez ela simplismente me disse que a Bella não
era a única que estava dentro daquela cabeça, e que agora ela apareceria com
mais freqüência. Eu sabia que tinha algo errado, que não era a Bella falando,
então fui pra cima dela. Um tempo depois consegui dar um soco da cara dela e
enfim caiu, mas não antes de me fazer voar e bater com a cabeça na parede e
cair de costas no chão. Só sei que acordei uns 3 dias depois com os nossos pais
me dando bronca por eu ter feito aquilo à Niny.

- HEY...
espera aii! – a mana velha deu um grito – você disse segunda aparição??
Quando foi a primeira?

- Lembra
do grande trauma da Bellinha? Ter sido quase molestada naquele beco...

- Claro,
até eu sei disso... – eu confirmei.

- Então,
Niny, você com certeza se lembra que aquele cara fez a Bella desmaiar e nós
duas partimos pra briga não é? – a Selline confirmou com a cabeça – Depois
disso ele veio em nós, nos atacou e você também caiu, e então a Bella acorda do
nada e explode o cérebro do filho da puta... Pois é, não foi a Bella que fez
isso.

- Nossa...
isso é sério mesmo? – eu perguntei numa mistura de medo e preocupação, e a Ness
simplismente confirmou com a cabeça – e a Bella sabe disso?

- Não... –
ela disse olhando pra baixo – eu tentei falar pra ela, eu juro! Mas sei lá,
perdia a coragem... ela nunca iria acreditar em mim... – então a Nessie levanta
a cabeça com tudo e arregala os olhos, só entendi um pensando dela: BELLA –
aaan, falando na bipolar, ela percebeu alguma coisa, vamos voltar lá pra cima, agora!

...

- Ah, oi
gente... – a Bella disse meio surpreza ao chegar na cozinha e nos ver sentados
na bancada conversando – Huum...  Edie,
você não ia caçar? Ah deixa queto... maninhas, eu sei que esta ficando tarde
mas eu queria ir lá em La Push falar com o Billy.

- Por que
você quer falar com o meu pai? – o Jake apareceu atrás dela.

- Quero
resolver umas coisas... – ela disse voltando o olhar para as meninas e a mente
delas foram bloqueadas, eu não pude ouvir.

- Mas pode
ser amanhã Bells? Ja está anoitecendo e eu to cansada... – a Nessie disse
bocejando – já aconteceu tanta coisa hoje que a única coisa que eu quero é
durmir... Já fomos pra escola, já teve sessão cinema, já briguei com todo
mundo, quase matei o Jake... não me faça ir pra La Push agora...

- Taaah...
– a Bella se rendeu fazendo bico – mas nós vamos pra lá amanhã de manhã, então
vai durmir.

- Não
precisa pedir duas vezes – ela disse com um sorriso enorme.

Ela desceu
no banco da bancada, deu um beijo na buchecha da Selline e da Bella, me deu um
abraço rápido e quando chegou no Jake, lhe deu um longo e profundo beijo e
quando estavam se separando, ela o puxa pela mão mas o solta ao chegar na
porta, da risada e sobe correndo.

- Eu...
err... – o Jake enguliu em seco, olhou pra todos na cozinha e deu um sorriso –
já vou indo, boa noite.

Ele saiu
correndo para a porta da frente, mas tenho certeza que vai entrar no quarto da
Ness pela janela.

- Eu vou
fingir que não vi isso e talvez consiga durmir bem – a Selline disse
séria e indo pra sala ver TV.

Bella
POV

...

- Ness
acorda! O café ta pronto... – eu gritei entrando no quarto da minha maninha, eu
adorava acordá-la aos berros – Woooow, desculpe eu não queria atrapalhar...

Quando
olhei para a cama, vi a Ness acordando já me chingando, abraçada ao Jake que
milagrosamente ainda estava durmindo. Ela estava com um pijama de flanela curto
(short e regata) com um braço e uma perna em cima do lobão, enquanto este estava
só com a bermuda que usava ontem, a camisa estava jogada no chão.

- Cacete
Bella, eu já disse pra não me acordar gritando, porra... – ela resmungou e
afundou a cara no peito do novo namoradinho.

- Nessie...
se não descer agora a Niny sobe pra ver o porque da demora e dessa vez
realmente vai ter um quileute a menos no mundo.

- Tudo
bem, já acordei – ela disse pulando da cama e correndo pro banheiro se trocar.

Dei risada
e fiz um travesseiro bater na cara do Jake que acordou num pulo e quase caiu da
cama.

- Bom dia
flor do dia... durmiu bem? – eu perguntei segurando o riso.

- Ahaam...
e cadê a Nessie?

- Wooow,
eu estou bem também Jake, obrigado pela preocupação... e a monstrinho ta no
banheiro, se vista e desce pro café.

...

- Eu ainda
não acredito que tenho que aceitar isso – a Niny disse apertando a ponte do
nariz e fechando os olhos com força.

- Ah mana
para... a gente só durmiu – a Nessie disse pondo o ultimo pedaço de panqueca na
boca.

-
Tranquilo Selline, eu sou adestrado – o Jake disse segurando o riso.

- Bom
mesmo – a maninha disse pondo os pratos na pia – se não vai ser castrado.

- Vamos
parar antes que a coisa fique séria néh... – a Nessie quase surtou com isso.

- Mudando
de assunto!! – agora foi o Jake – quando vocês vão lá em casa?

- To
querendo ir agora.. – eu respondi.

- Ah é...
eu não posso ir, desculpe – a Niny disse com cara de culpada – o professor de bioquimica
pediu um trabalho gigantesco pra semana que vem e disse que é obrigatório fazer
em dupla. Eu vou fazer com uma amiga minha, a Larissa, vocês lembram dela? Já
saímos juntas e tal, enfim... tenho que ir na casa dela agora de manhã.

- Tudo bem
então... – eu respondi com um sorrisinho – e Neeeeeess, eu quero testar o
espelho!

- Com ele?
– ela perguntou com uma sombrancelha erguida e apontando pro Jake.

- Claro
vai ser engraçado – eu respondi rindo, e a Niny concordou rindo junto.

- Que
história é essa de espelho? – o lobinho perguntou dando um passo pra trás, na
direção da porta da cozinha que vai pra fora.

- Nem
pense em fugir Totó, você vem com a gente! – eu disse abrindo um sorriso ainda
maior.

A Ness o
pegou pelo braço e nós três fomos até a sala onde tinha um espelho enorme na
parede. Eu apontei a mão para o espelho e recitei um rápido feitiço, virei-me
para a Nessie, dei uma piscada e pulei pra dentro do espelho.

Isso é uma
técnica que eu chamo de Portal de Espelho. Se eu passar por um espelho pensando
num determinado local, posso sair por outro espelho que esteja no local
desejado, desde que os espelhos em questão estejam inter-ligados, numa corrente
mágica podemos dizer. Da última vez que fui à casa do Jake, fiz essa ligação
num espelho de corpo todo no corredor do primeiro andar.

A sensação
é que você está entrando numa gelatina, demorou três segundos no máximo e eu já
estava saindo pelo espelho da casa Black. Um tempinho depois a Nessie apareceu
puxando o Jake pelo braço, este que estava verde e com uma cara que chagava a
gritar “fujam!-eu-vou-vomitar”

- Fala
sério Jake, você se explode num lobo gigantesco mas se enjoa com um portal de
espelho? – a Ness disse rindo.

- Aee
Ness... do fundo do meu coração – ele gruniu parecendo segurar o vômito – cala
a boca e vai a merda!

Foi aí que
ela caiu na gargalhada mesmo... Me segurei muito pra não rir também.

- Querem
matar um velho do coração éh!? – o Billy apareceu no final do corredor – como
chegaram até aqui sem passar por mim na sala?

- Fala
sério velho, você sabe que é mais saudável do que todos nós juntos – o Jake
começou a voltar a cor normal e fez até piada! Ele já ta bem... – e a gente chegou
pelo espelho, nem pergunte.

-
AAAAAAAAHH, portal de espelho?!?! – ele disse dando uma boa risada – a Cassey
adorava esse... vivia zuando com a nossa cara porque ela sempre chegava
primeiro e resolvia o problema sozinha... E não que eu esteja reclamando mas, o
que estão fazendo aqui? Acho que essa não seria uma visita casual e nem estão
deixando meu menino em casa...

- Bingo! –
eu disse irônica – precisamos conversar...

-
Imaginei... – ele disse num tom culpado – vamos pra cozinha, eu acabei de
biscoito.

...

- Antes de
tudo, por que você não me contou que seu filho e os amiginhos são transmorfos!?
– a Nessie perguntou irritada – teria me polpado muito esforço sabia?! Ontem eu
quase matei o ignorante aqui – ela termina apontando pro Jake, que enfiava um
biscoito inteiro na boca.

- Você
quase o mat... – ele engasgou mas conseguiu continuar depois de engulir em seco
– mas o que aconteceu?

- Simples
– eu disse dando uma mordida num biscoito – ela viu que o Jake é um transmorfo,
não um lobisomem... Falando nisso, você podia no mínino dizer a eles o que
são... Deixar esse bando de lunáticos sonhadores pensarem que são lobisomens?
Isso é cruel! Daqui a pouco vão por uma capa e sair por ai dizendo que são
super-heróis!

- Na
verdade, eu disse... – o Billy tediado e mordendo meio biscoito de uma vez
(detalhe, eles eram do tamanho de um punho) – mas tenta fazê-los entenderem
isso! Esse bando de boca-aberta insistem que “se nós viramos lobos, somos
lobisomens, e bla bla bla...”

- Hey! Eu
ainda to aqui ta legal!? – o Jake decidiu se defender – e quem abriu o bocão
pra falar merda não fui eu! Tanto a Bella quanto a Nessie ficaram sabendo por
um Cullen, e foram os chupa-cabras que disseram que somos lobisomens! Pra falar
a verdade, eu não me lembro de ter dito isso nenhuma vez pra vocês...

- Err...
nisso ele ta certo – a Ness me sussurrou.

- Ok...
mas agora é minha vez – eu disse ficando séria – qual é a história dessa
Brenda?

- C-como
assim? – ele ficou nervoso ou é impressão minha?

- Quando
eu vim aqui ontem procurando pelo Jake – a Nessie continuou – ela tentou me
impedir, reconheceu minha munição como se estivese acostumada a ela... e bala
de prata com núcleo de carvalho não é uma coisa que a gente acha largada por
aí.

- Meninas
– o Billy começou – a Breeh é filha de uma grande amiga minha, é minha afilhada
e os pais dela sempre foram grandes amigos dos Clearwater, por isso ela esta
morando com eles. Mas as vezes ela ficava com a gente e pode ter encontrado
algumas coisas minhas...

- Billy...
– eu disse – sorte sua que eu passei a semana toda com a mente aberta então eu
to com uma super dor de cabeça e nem vou tentar ouvir o que você esta pensando,
mas eu não preciso do meu dom pra saber que você não esta sendo completamente
sincero com a gente.

- Olhem,
se eu soubesse de alguma coisa eu diria, ok? Por que mentiria pra vocês? Se eu
tivese algo pra contar eu contava!

Então
algumas coisas aconteceram ao mesmo tempo:

. O Jake
arregalou os olhos, enguliu em seco e olhou com um expressão que parecia medo e
receio para a Nessie.

. A Ness
fechou as duas mãos em punhos tão forte e repentinamente, que pude ouvir todos
os dedos estralarem de uma vez.

. Seus
olhos ficaram azuis elétricos e se levantou com tudo fazendo com que a cadeira
caísse no chão com um estrondo.

. O Jake
olhou pra mim e fui capaz de entender de primeira: SEGURA ELA!

Eu a
segurei com meu dom, mas nem precisei. A única coisa que ela fez, foi olhar
mortalmente para um Billy apavorado e apertando os braços da cadeira de rodas
como uma criancinha desesperada aperta a mão da mãe no consultório do dentista.

- Sabe de
uma coisa bem interessante Tio Billy? – a Ness ironizou cada palavra – o teu
filho aqui me dizia a mesma coisa... que se tivesse algo a dizer, diria. E ele
tinha... ele se transforma num lobo do tamanho de um urso pardo! E quando eu
descobri, da maneira errada, quase o matei. Eu realmente acho que você não quer
ver essa cena se repetindo com você não é?

- Pois
é... – o Jake comentou depois de um assobio – o pior é que eu falava isso
mesmo. Ta legal pai, agora até eu to curioso... o que tem de errado na minha
‘priminha’?

- Não tem
nada de errado com ela! – ele gritou um pouco... bravo? – Quer dizer... a
Brenda... ela é..

- ESPERA!
– eu a Nessie gritamos juntas e ajustamos nossos fones.

A Nessie
nunca fica sem os fones e as luvas, e como essas últimas me atrapalham, eu me
contento só com os fones. Um dos alarmes silenciosos que colocamos na floresta
foi acionado e o alerta foi transmitido do computador central da Niny lá de
casa até nossos fones.

- Ah... lá
vamos nós – a Ness disse com um sorriso de canto – será que você pode me soltar
agora mana?

- Oh,
desculpa – eu ri a ‘liberando’, e me voltei para o Billy – ann, a gente
continua a conversa depois ok? Temos que correr.

-
Aconteceu alguma coisa? – o Jake disse preocupado.

- Relaxa
Black – a Nessie disse rindo e indo até o Jacob e o segurando pela nuca e
deixando seu rosto tão perto dele que respiravam o mesmo ar – só estamos indo
trabalhar... – e saiu dando a volta e vindo pro meu lado quando ele foi pra
frente tentando alcançá-la.

- Aaaah,
mas depois dessa você não vai embora assim não! – ele disse a puxando pelo
braço, virando-a para ele, a segurando pela cintura e juntando seus lábios de
uma forma que não deveria ser permitido nesse horário.

- Alooo,
tem um vampiro sanguinário a solta por aí!! – eu gritei.

- Desculpe
– ela disse rindo fazendo o Jake passar por dentro dela, quase fazendo-o cair
de cara no chão.

- Você bem
podia avisar antes de fazer isso néh!?- ele gritou quando já estávamos na
porta.

- E que
graça isso teria? – minha mana safadinha deu uma piscada para a imitação
paraguaia de lobo mal e veio correndo atrás de mim em direção à floresta.

“Hey,
vocês ouviram o alarme?” a Niny me mandou .

“Relaxa e
termina o trabalho aí maninha, eu e a Ness já estamos indo”

“Tudo bem,
deixo essa com vocês...”

- Foi a
Niny? – a Ness perguntou.

- Foi, ela
disse que esse é só nosso... – eu disse abrindo um sorriso a acumulando energia
nas mãos, que chegaram a brilhar um pouco.

- Agora eu
gostei! – a monstrinho chegou a vibrar, ajustando melhor as luvas e estralhando
os dedos.

Fomos
direto para a área que o alarme estava instalado e vimos uma coisa estranha.

- Mas o
que foi que aconteceu aqui? – eu disse olhando em volta.

- O
vampiro encontrou alguém pra brincar... – a Ness disse dando um assobio longo.

Tinha
árvores quebradas pra todo lado, galhos jogados no chão, burracos e fincos
profundos na terra. Pedras lascadas, sangue espirrado em quase tudo e o mais
estranho... buracos feito a bala e flechas. Sim, flechas!

- Eu poderia
até dizer que a gente passou por aqui – a Ness comentou – mas não me lembro de
nenhuma de nós arrumar um brinquedo novo – ela disse pegando uma das flechas
que estava fincada no chão – hey... eu finalmente preciso de uma camisa de
força ou a ponta disso aqui é chumbo com estrato de prata!?

- Caçador
novo? Na nossa área!? – taa, agora eu to mesmo irritada! – vamos pegar o
vampiro e aproveitar e dar uma chacada no novato.

Como a
Ness é melhor rastreadora que do que eu, ela logo achou a trilha dos dois e começamos
a seguí-la. Por todo o caminho vimos rastros de luta e finalmemte chegamos na
beira de uma clareira. Vimos o vampiro tentar dar um golpe, como se fosse uma
patada, no possível caçador e este saltou e escalou uma árvore alta com a copa
bem larga, se escondendo entre a folhagem. O morto vivo pegou impulso e saltou
mirando o alto da árvore, mas quando ele estava no meio do caminho, ainda em
pleno ar e urrando em plenos pulmões, uma flecha negra foi lançada do meio das
folhas e acertou-o bem no meio da boca aberta, atravessando a parte de trás da
cabeça. O corpo inerte caiu no chão com um estrondo, e o corpo começou a se
desmanchar, a esfarelar, até só sobrar um montinho de pó.

-
Finalmente! – ouvimos uma voz feminina vindo da árvore, e a Ness ficou muito
tensa, um vulto encapusado pula e aterrissa perto do montinho de poera – aposto
que você perdeu a fome agora néh? – ela riu e pegou a flecha que estava no
granulado de vampiro.

- Breeh!?!?!?!?
– a Ness quase guspiu o pulmão nesse grito.

- Nessie!?!?
– ela devolveu se assustando, dando um passo pra trás, tropessando e caindo
sentada, fazendo com que o capuz caísse para podermos ver seu rosto.

- Espera...
o que... você... VOCÊ É CAÇADORA?!?! – é impressão minha ou a Nessie ta
muito sensível esses dias? Ta surtando de mais...

- Não
exatamente... – ele responde sem graça se levantando.

A longa
capa que ela usava estava aberta mostrando a roupa por baixo: uma combinação
digna de caçadoras de classe... ((Breeh estilo caçadora)). Mas
também pudemos ver outras coisas. Seu rosto estava cheio de arranhões e tinha
um corte pouco profundo sobre sua sombrancelha. Ela estava com o braço um pouco
encolhido, o que quer dizer que esta machucado e esta doendo. E ela estava
apoiando todo o peso do corpo numa única perna, aposto que se ela andar vai
estar mancando.

- “Não
exatamente”?? – eu repiti a fala dela – quer saber Breeh... você vem com a
gente!

A segurei
pelo braço e comecei a recitar um encantamento, a Ness já entendeu e segurou no
meu ombro um segundo antes de nos teletransportarmos lá pra casa.

Aparecemos
bem onde eu queria, na sala. A Breeh ficou ligeiramente verde e perdeu o
equilíbrio quase caindo, mas a Nessie a segurou a tempo.

- Fica
tranqüila, todo mundo passa mal da primeira vez... – a monstrinho disse com um
sorriso reconfortante – Hey Ginx! Estamos em casa e temos visita, pode trazer
um copo d’agua com açúcar e uma aspirina por favor? – a Ness gritou.

...

- Muito
bem, você já sabe o que nós somos, o que nós fazemos, mas agora é sua vez – eu
disse enquanto a amiga da Ness bebia o copo todo de uma vez depois de um belo
susto com a Ginx.

- Por onde
eu posso começar? – ela disse depois de devolver o copo pra nossa elfo
preferida – Vamos começar no início... Meu nome é Brenda Lira Crawford, tenho
17 anos, sou quileute de nascença mas me mudei ainda criancinha. Me mudei pra
cá de novo porque meus pais, Katherine e Adrian Clawford, faleceram. Sou órfã.
Moro com os Clearwather porque são o que eu tenho mais próximo de uma família,
tirando o Tio Billy, mas isso é outra história.

- Brenda
Lira? Sério?? – a Ness perguntou com um sorriso de canto – Que bunitinho... Já
que todo mundo de chama de Breeh, eu vou te chamar de Lira... Lirinha, é
melhor...

- Ta bem,
agora vamos a parte sobre você saber matar vampiros... – eu tinha que cortar o
papo amiguinhas.

- Meu pai
era caçador... Ele era de uma aldeia mais pro interior, uma espécie de ‘primos’
dos Quileutes originais. Soube que se mudou pra La Push porque se encrencou de
mais e queria um lugar mais calmo para se aposentar e passar o resto da vida.
Conheceu a minha mãe, namoraram, casaram, e tcha-raan, eu nasci! Mas quando eu
tinha 4 anos, os antigos problemas do meu pai voltaram. Sabiam que demônios tem
família? E que são bem vingativos? Meu pai detonou a família de um demônio
fodinha e quando percebeu fugiu e se escondeu, porque o demônio jurou
persegui-lo e matar todos os que ele amava, então meu pai se distanciou de todo
o mundo. E quando eu tinha 4 anos, estávamos viajando, tínhamos ido pra Long
Island, o tal demônio nos achou e matou o papai quando ele tentou nos proteger.
Eu e a minha mãe fugimos e nos mudamos pra São Francisco, ou mais ou menos
isso.

- Por que
mais ou menos?

- Porque
minha mãe quis vingança, e se tornou uma caçadora. Ela se juntou com um amigo
de infância e ex-parceiro do meu pai e viviam viajando. Então quando eu não
estava de visita nos Clearwater, eu estava em colégio interno. Fui expulsa 4
veses, cheguei até a ser posta em escola militar, até que o general ligou para
a minha mãe praticamente implorando que ela me tira-se de lá. Ela finalmente
percebeu que a filha precisava de atenção e voltou pra São Francisco pra ficar
comigo... eu tinha acabado de fazer 16 anos. Aí, um ano depois, o maledeto dos
infernos nos achou. Minha mãe conseguiu mandá-lo de volta pra casa em chamas
dele, mas estava muito ferida e morreu pouco tempo depois de chegar no
hospital. Então como eu ainda tenho 17, fui mandada pro parente mais próximo
que tenho, meu padrinho. Mas acabei indo morar com Tia Sue mesmo... ela, a Leah
e o Seth insistiram muito.

“Isso não
esta te parecendo familiar demais?” a Nessie pensou “Tenho a impressão que já
ouvi essa história antes...”

“ E o pior
é que ouviu! Só um pouco diferente...” eu mandei pra ela “ Lembra muito a
história dos Winchester”

- Nossa
Lirinha, eu sinto muito... sei como é isso, acredite. Mas então, você quer se
tornar caçadora para seguir com o emprego da família?... – a Ness não
perguntou, afirmou mesmo – mas espera, você disse coisa que aconteceu antes de
você nascer, e de quando você tinha 4 anos. Foi a sua mãe que te contou essas
coisas?

- Não –
ela disse com um riso irônico sem humor – pra falar a verdade ela quase não
falava disso comigo. A pessoa que me contou foi a mesma que a ajudou, que a
treinou e que foi seu parceiro e amigo do meu pai... e a mesma pessoa de quem
eu consegui aprender algumas coisinhas também... Meu padrinho.

- Hey...
rebobina a fita e para! – da onde eu tirei isso? O.õ – seu padrinho não é
o...

- É sim –
ela me cortou com um sorriso bem sacana, que mostrava todos os dentes – o tio
Billy Black.

Se eu
pensei que estava em choque é porque não tinha olhado pra Nessie ainda. Nós
duas estávamos de boca aberta, olhos arregalados, em total e completo choque...
paralizadas e tudo. Eu pelo menos piscava, mas a Ness nem isso, e parecia que
ela não estava respirando também. Quando retomei um pouco de controle de mim
mesma, sacudi a Ness e vi a Breeh praticamente rolando de rir no sofá. A
mosntrinho ficou estática por um tempo, mas depois sacudiu a cabeça e voltou a
si também.

- Mas...
mas você não é realmente uma caçadora não é? – a Ness disse com uma
sombrancelha erguida – pelo seu estado e do vampiro lá da floresta, vocês já
estavam naquela briga por um tempo, e o treinamento básico de qualquer caçador
é saber reconhecer os seres e distinguir as espécies. Aquele vampiro por
exemplo, ele sanguava, tinha unhas como garras retráteis, os dentes não eram
tão grandes assim e nem era tão rápido ou forte, e também não falava não éh? –
a Breeh só arregalou um pouco os olhos e afirmou com a cabeça – Eu sabia...
aquela raça é meio chatinha mas é só acertá-los na cabeça que já eram, o
ferimento tem que atravessar: atirar nela, arrancar a cabeça ou como você fez...
flechá-lo.

- Sério?
Eu ja tinha tentado queimá-lo, atirar no coração, flechar o coração, água
benta... e eu nem sabia que vampiros têm raças, pra mim era tudo igual... O tio
Billy só me contou algumas coisas porque eu fiquei xeretando pela casa e achei
algumas coisas de quando ele era caçador. Mas ele disse que não me treinaria
por nada nesse mundo e que é pra eu desistir disso.

-
Desistir? – eu e a Ness demos um ataque gêmeas e falamos juntas, depois cada
uma foi falando um pedaço – Adimito que não é fácil. E que é perigoso. Mas você
tem talento. E quer isso. Então se o Billy não te treinar... – terminamos
falando juntas – nós te treinamos!

Os
olhinhos dela se iluminaram e enxeram d’água, ela abriu um sorriso gigantesco e
chegou a vibrar de felicidade, mas nem teve a chance de falar alguma coisa,
porque a porta se abriu e a Niny entrou em casa radiante, com o brilho de
alegria só perdendo pro da Breeh.

- Meninas,
sabem aquela problema do armamento? – a Niny perguntou – acabei de arrumar um
ótimo contato que pode arrumar qualquer coisa pra gente...

Ela deu um
passo pro lado e o tal contato passou pela porta. Tinha cabelo um pouco longo,
castanho e levemente ondulado. Olhos castanho claro que pareciam mudar de cor
na mudança de luz e um sorriso sacana pintava seu rosto e só se via o cabinho
de um pirulito pra fora. Uma regata branca longa era parcialmente escondida por
uma jaqueta de couro com uma pomba estilizada no peito. Calças jeans pretas
coladas, terminando com um sapato de salto alto que chegava a gritar “sou
caro!!”. Segurava duas maletas de metal com travas digitais e carregava uma
pistola 9mm na cintura.

- E então
meninas... – a amiga de facul e parceira de trabalho da Niny, Larissa Bruunks,
disse após tirar o pirulito da boca – soube que precisam dos meus servisos...