O Nosso Segredo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 33
CAPITULO 43 – A FOBIA DE TEMPESTADES




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As estações do ano passaram uma a uma, e entre a ansiedade em receber uma carta de Naruto e a esperança de sua volta, eu vivia meus dias de forma pacífica. Já havia se passado quase um ano, e nesse tempo eu havia recebido dele apenas duas cartas, sendo uma delas no meu aniversário. Quanto a mim, eu escrevia a ele toda a semana; juro que nunca havia escrito tantas cartas em toda a minha vida desde que ele fora lutar no Afeganistão.

As cartas recebidas quase sem referências a sua rotina no Afeganistão e cheias de lembranças de nós, me faziam preocupar-me com seu bem-estar. Eu não sabia se ele estava ferido ou se simplesmente estava carente, a única certeza que eu tinha era que ele precisava tanto de mim quanto eu precisava dele.

Tentando afastar a solidão, abri meu notebbok, e comecei a rever antigas fotos do Naruto e minhas. Logo percebi que nós não tínhamos quase nehuma foto juntos, e a maioria que tinhamos era de quando eramos crianças.   Abri o photoshop e usando os recursos do programa fiz uma montagem com duas fotos nossas, imprimi e coloquei-a junto com carta que eu enviaria aquela semana para o Naruto.

Sobre a cama eu vi o formulário esperando a minha decisão. Sentei-me na beirada do colchão e com um formulário em mãos, passei a alternar o meu olhar entre o papel e a janela. Do lado de fora, as nuvens de chuva haviam se formado e logo haveria uma tempestade; aquela seria mais uma noite de tempestade sem o Naruto para fazer esquecer-me de minha fobia.

Os trovões começaram a ecoar e meu corpo a tremer. Respirei fundo e tentei me acalmar. O papel escapou por entre meus dedos e caiu no chão. Apaguei a luz e enfiei-me embaixo do edredom e cobri minha cabeça com a ponta dele.

- Que droga! Por que essa fobia não vai embora?... Mesmo eu sabendo como a fobia começou, eu não consigo me livrar dela!

Meu coração acelerado não permitia que eu respirasse direito, e a sensação de sufocamento me afligia.

Quatro meses atrás eu havia ido até um psicanalista para descobrir a origem de minha fobia de tempestades, ainda que eu soubesse da relação da fobia com o acidente que matou meus pais, eu tentei descobrir se havia algo que me pudesse curar desse mal.

Flashback

O psicanalista, um homem de idade avançada, me olhou por um tempo em silêncio enquanto eu estava deitada no divã cor de vinho que ele tinha em seu pequeno consultório.

- Como psicanalista eu devo lhe fazer essa pergunta. A senhorita, tendo consciência das conseqüências, deseja assim mesmo iniciar a sessão de regressão?

Assenti com a cabeça.

- Eu preciso que me responda usando palavras.

- Ok. Eu concordo em fazer essa regressão.

- Gostaria de voltar a origem de sua fobia de tempestades? Quer reviver o acidente que matou os seus pais?

- Sim. Eu preciso voltar a esse dia.

- Certo. Feche os olhos e não os abra de maneira alguma. Relaxe e me responda o que vier primeiro a sua mente - obedeci as ordens dele - Agora comece me contando o que você se lembra daquele dia. Conte sobre momentos antes do acidente.

Com os olhos fechados eu fui relatando enquanto o psicanalista me enchia de perguntas.

- Era a minha apresentação de balé. Meus pais foram assistir, mas o Naruto não foi.

- Por que ele não estava?

- Eu pedi que ele não fosse.

- Você não gostava dele?

Eu o odiava por ser um filho bastardo.

- As pessoas falavam sobre ele?

- Sim. Todos diziam a minha mãe que ele era um filho bastardo, e minha mãe ficava triste.

- Sua mãe gostava do Naruto?

- Não, mas ela não dizia isso... Ela o tratava como se fosse um filho.

- E você não o aceitava como irmão...

- O Naruto era bem diferente de mim. Ele era insuportável.

Foi fácil lembrar como era o antigo Naruto que eu não gostava, difícil era entender porque eu havia me apaixonado por ele.

- Ainda pensa assim do seu meio-irmão?

- Não.

- Por que mudou de opinião?

- O Naruto foi quem ficou comigo depois do acidente.

- Que acidente?

- O acidente que matou meus pais.

- Poderia me contar o que aconteceu?

Eu relatei detalhadamente como havia acontecido o acidente e sem querer acabei contando também da conversa que eu tive com o meu pai antes do carro cair no penhasco. Surprendi-me por ainda me lembrar tão perfeitamente de tantos detalhes que ocorreram naquele dia fatídico.

- O que aconteceu depois que o carro caiu?

- Eu senti dor por todo o meu corpo, e eu não conseguia me mexer. Eu não sabia onde eu estava; chovia tanto e havia tantos trovões... Eu gritei por meus pais, e...

- O que foi?

- Eu ouvi a voz de minha mãe ao longe.

- O que ela dizia?

Fiquei um tempo em silêncio tentando me lembrar do que minha mãe me disse, forcei a minha memória a se lembrar das palavras que haviam se perdido em algum lugar do meu subconsciente.

- “Não se apaixone pelo Naruto”. Ela disse isso.

- E o que mais?

- Eu vi um forte flash de luz e...

Abri meus olhos. Eu suava frio e meu coração estava acelerado. Minhas recordações foram bloqueadas no instante seguinte ao que eu me lembrei das palavras de minha mãe.

- Conseguiu a resposta que queria?

Sentei-me no divã. Meus olhos estavam cheios de água.

- A tempestade me lembra que eu tenho que me afastar do Naruto. Lembra que eu estou sozinha.

- Sem esse garoto você estaria sozinha nesse mundo, não é mesmo?

Olhei-o surpresa.

- Sim, mas minha mãe queria que eu me afastasse do Naruto.

- Você não quer ficar sozinha. Eis a resposta da sua fobia de tempestade. Você acha que sempre que há uma tempestade, o seu meio-irmão vai ser tirado de você.

- Não...

- Você precisa do Naruto com você. Não quer ficar sozinha, é comprensível, porém não pode apoiar a sua vida na vida dele – tapei meus ouvidos para não ouvi-lo, mas isso não funcionou - Ele não é a sua muleta. Você prende esse garoto aos seus sentimentos porque não quer ficar sozinha.

- Eu o amo de verdade!

Calei-me na mesma hora que percebi o que eu havia falado. O psicanalista me olhou com curiosidade e surpresa.

Levantei-me e peguei minha bolsa.

- Espere... Você ama o garoto que todos pensam ser seu meio-irmão? Essa é uma grave situação...

- Eu vim apenas pela regressão – eu disse o cortando – Não quero que se meta na minha relação com o Naruto.

Saí do consultório batendo a porta. Ninguém poderia julgar a minha história de amor com o Naruto porque ninguém entenderia o que sentimos. Por muito tempo eu me questionei se apenas amava o Naruto porque ele estava perto de mim, mas quando ele foi para o Canadá eu continuei o amando e parecia que a cada dia mais o meu sentimento por ele crescia; sendo assim não houve como seguir duvindo que o meu sentimento por ele era real.

Ao contrário do que eu pensava, não me senti mais aliviada depois de descobrir a razão de minha fobia de tempestade. Relembrar que minha mãe havia me pedido para que eu não me apaixonasse pelo Naruto me fez ficar agitada, tentei parar no píer para relaxar enquanto olhava as ondas do mar, no entanto nada me tranqüilizou.

“Não se apaixone pelo Naruto”

Aquilo ficava se repetindo em minha mente como se eu recém houvesse escutado minha mãe dizer aquelas palavras. Fui assolada repentinamente pela dúvida do porquê do temor de minha mãe que eu me apaixonasse pelo garoto que eu odiava, e ao pensar no Naruto e em mim, entendi que minha mãe tinha medo que eu ficasse próxima ao Naruto o suficiente para me apaixonar por ele e que eu seria teimosa o suficiente para lutar com todas as minhas forças por esse amor ao qual todos recriminariam.

Só que o nem mesmo minha mãe podia imaginar era que o Naruto viria a ser a razão da minha felicidade. Ele era a minha vida.

Fim do flashback

No início da madrugada quando os trovões pararam, eu levantei-me e peguei o papel que estava no chão. Acendi a luz e fiquei olhando o brilho do anel de noivado que eu havia ganhado do Naruto.

Respirei fundo e preenchi rapidamente cada linha do formulário.

Ao terminar, olhei orgulhosa para o papel.

- Seis meses...

Seis meses não era muito tempo, mas seriam suficientes para que eu voltasse a sentir um pouco de alegria.

Ao raiar do dia fui até a minha professora para entregar o formulário, à tarde eu fui até a casa da Ino que depois de me fazer ouvir seu sermão por quase uma hora, aceitou o meu pedido especial.


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Notas finais do capítulo

nota da autora: O que será que a Sakura pretende fazer agora? Surpresas no próximo cap



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