Noiva por Herança escrita por Juffss


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/85503/chapter/7

Casa da Crystal

26 de agosto de 2005

22h07min

- Pode ir para seu encontro Alice! – Emmett falou, ou melhor, gritou assim que chegou.

- O que está fazendo aqui? – Ela perguntou enquanto descia as escadas.

Ela não era muito alta, mas também não era baixa. Vestia um vestido leve e bem curto. Sabia que era pra ficar em casa, mas também não precisava ser tão curto como se ela estivesse no colegial. Forcei minhas mandíbulas uma contra a outra e olhei a feição de Emmett, ele estava serio e pareceu não se afetar em nada com o vestido que ela usava. Voltei a olhar para ela e ela desceu mais um degrau, e eu vi seus cabelos com uma substância cremosa. A sua raiz estava um pouco mais escura que as pontas e ficou claro que ela estava descolorindo, para mim.

- O que está fazendo? – quase rosnei para ela.

- Trouxe o cão de guarda Emmett?

- Rose, o que você ta fazendo? – ele me perguntou baixo. – Alice o que ela esta fazendo? – Eu o vi perguntar para uma baixinha morena como ele que vinha atrás da quase loira que me encarava com ódio.

- Estamos descolorindo para pintar! – Ela respondeu inocente.

Não precisei muito mais que isso para avançar na escada contra aquela grávida que estava me tirando do serio com menos de 5 minutos de sua presença. Agarrei-a pelo braço com força, ela relutou e tentou puxar para fica no mesmo lugar, apertei mais minha mão contra seu braço e a fiz subir as escadas. Eu não tinha dó dela, nenhum pouco. Ela gritava pela casa para que eu a soltasse.

Olhei-a bem dentro dos olhos e a ameacei com o olhar. Ela calou a boca, mas sua raiva era clara. Abri a porta do banheiro com a mão livre e a taquei debaixo do chuveiro o abrindo e deixando que ela gritasse pela a água a molhando.

- Calada! – esbravejei enquanto esfregava seu cabelo tentando não me molhar. O lavei diversas vezes com o xampu tentando tirar toda a química de seu cabelo.

- Emmett! – ouvi uma voz atrás de mim. Não me virei, sabia que era a irmã caçula de Emmett e provavelmente ele.

- O que está fazendo Rosalie? – ele me perguntou.

- Estou cuidando exatamente do que pediu para que eu fizesse aqui! – Falei e olhei pra ele a deixando debaixo da água e pegando todos os descolorantes e todas as tinturas de cabelo em cima da pia e abrindo o vaso para jogá-las fora.

Senti uma mão molhada tentando me impedir. Contive-me para não dar uma cotovelada nela já que não sabia onde pegaria. Senti Emmett a abraçando delicadamente, mas era o abraço que a imobilizou e a prendeu longe de mim. Terminei de jogar tudo e dei descarga. Emmett a soltou, ela gritou nervosa.

- Não posso nem pintar o meu cabelo por causa dessa desgraça! – Vi a cara do Emmett quando ela se referiu à criança. Minha mão coçou e não consegui conter o tapa. Virei de uma vez deixando que as costas da minha mão pegasse na face de seu rosto. Vi seu rosto virar pelo impacto e sua bochecha avermelhar deixando a marca da minha mão. Puxei o ar não acreditando no que acabei de fazer. Tampei a minha boca que de abriu e eu vi a mão dela se aproximar para descontar, mas Emmett a segurou a levantando e levando pro quarto.

- Vai trocar de roupa – ele ordenou e olhou a irmã – Vá pro seu encontro... Agora!

- Não vou deixar a Crys com essa louca! – a irmã dele jogou.

- Eu estou aqui! – Ele disse e colocou as mãos no bolso. Senti seu olhar de raiva.

- Quem é ela? – a morena perguntou

- Minha assistente, agora Alice, pode ir para o seu encontro com seu namorado... Eu fico no controle. – Vi Alice pegar a sua bolsa nervosa.

- Cuida pra que a estúpida não encoste o dedo na minha amiga! – ela falou enquanto saia.

- Emmett eu... – tentei explicar e sua feição mudou, ele sorriu. – que cara é essa?

Ele riu um pouco. E depois tirou o paletó, desabotoou um pouco a camisa e minha boca secou olhando os músculos que ele ia destampando a media que fazia isso. Ele dobrou as mangas da camisa social e eu arfei. Que reação era aquela que ele me causou?

- Sei fazer miojo, aceita? – Ele perguntou calmo.

- Você não vai me xingar?

- Por ter feito algo que eu quis fazer? Não... Está com fome? – ele me olhou fixamente, peguei uma toalha para secar as partes da minha roupa que havia molhado com aquela louca.

- Não... – falei abaixando o olhar. Um pouco fria.

- Se quiser eu peço alguma coisa!

- Não quero.

- Tem certeza? Vi que não almoçou hoje... – ele jogou. Senti-me um pouco tonta ao subir o olhar rapidamente.

- Espero que goste de comida chinesa... Porque eu vou pedir... – ele falou pegando o celular.

- Prefiro italiana – falei baixo, mas ele escutou.

- Não precisa se alimentar mal... – ele me informou. – O que faz no seu horário de almoço?

- Nada... – olhei para ele – Esse é o problema... Eu me esqueço de comer!

- Como esquece?

- Minha mente viaja.

- Precisa de férias?

- Não – quase gritei de desespero.

- Tudo bem, não precisa se exaltar... Olha... Tenho uma idéia melhor... Você almoça comigo...

- E alimentar os boatos? Não mesmo!

- Porque se preocupa tanto com que os outros estão falando? – Eu o olhei como se não soubesse o motivo. E eu não sabia.

Suspirei abaixando a cabeça para tentar descobrir o motivo. E eu não consegui pensar em nenhum. O olhei novamente e aquela vontade de beijá-lo me tomou. Umedeci meus lábios sem perceber que o fazia e vi sua feição se desfazer. Ele deu um passo em minha direção e eu me afastei um passo. Minha vontade era de agarrá-lo ali mesmo e silenciar todo o desejo do meu corpo.

E ali estava minha resposta. Eu não ligava para o que os outros falavam, eu só queria algo que não tinha. E saber que eles comentavam que eu tinha sem ter, me deixava nervosa. Eu já estava acostumada a querer algo que não podia ter, portanto devia saber que mais cedo ou mais tarde algo aconteceria. Não podia pedir para um homem esperar que eu consiga quitar minha divida para então tentarmos algo... Nenhum homem esperaria.

Por mais que minhas células gritassem que Emmett era diferente, tudo falava o contrario. Ele nunca me esperaria, já estava com um pé no altar.

Acabar com os meus sonhos de saber que havia alguém por mim também me deixava chateada, até mais chateada do que saber que alguns falavam que tinha o que não tenho e que agora definitivamente nunca terei.

- Macarronada está bom? – ele perguntou mudando de assunto. Provavelmente o clima entre nos dois deve ter ficado desconfortável. Senti meu telefone vibrar em meu bolso e o tirei de lá constatando que era Royce.

- Eu tenho que atender – balbuciei.

- Só me responde primeiro – ele pediu.

- Lasanha... Quatro queijos, por favor... – o olhei e sorri me virei para o espelho e atendi. Vi a imagem de Emmett sumir. – O que quer? – grunhi no telefone.

- Sua delicadeza aumenta a cada dia, não é minha princesa?

Sabe o que é ter uma voz que te da repulsa por escutar uma simples silaba pronunciada por ela? Essa era a voz de Royce para mim. E não importava quantas vezes repetisse isso para ele a cada vez que falava parecia piorar a situação dele comigo. A cada palavra dita, a cada frase... Mais rancor e ódio eu conseguia juntar por ele.

- Mas é claro que sim, a cada vez que você me liga eu te...

- Ama mais? – tentou completar minha frase com suas palavras – sei que sou irresistível minha princesa, e sabia que eu também te amo mais cada dia que você passa longe de mim?

- Na verdade, iria te falar que eu te odeio mais! – corrigi – e que sua voz me irrita.

- Não deveria falar assim com seu noivo!

- Royce, você não será meu noivo em pouco tempo!

- Não tente adivinhar o futuro... Você não é vidente queridinha!

- Não me chame assim! E eu não preciso ser vidente para saber que faria qualquer coisa para te manter longe!

- Poderá mudar de idéia quando você olhar o que mandei para seu hotel... Deve estar na porta agora.

- E ficará na porta até quando eu chegar, porque não estou nenhum pouco a fim de perder minha noite com coisas suas, agora da licença que estou entrando no carro pra ir para a boate me divertir, com caras de quem eu goste! – disse nervosa e desliguei na cara dele. Olhei-me mais uma vez no espelho e me constatei um pouco vermelha de ódio, também pude ver que Emmett retornou e estava atrás de mim. – É feio escutar conversa dos outros! – virei nervosa para ele

- É feio mentir e isso não lhe impediu... – ele jogou

- Ele é um insuportável.

- E você fica nessa de ser fiel... Eu acho que devia ir pra boate... Se quiser ir.

- Mas não quero... Não sou mais disso...

- Eu só queria que você soubesse que está livre e que não precisa perder sua noite comigo.

- Eu não estou perdendo...

Abri a torneira e lavei meu rosto. Emmett me observava com cautela. Ele tinha uma feição estranha, e ficou parado me olhando. Estranhei. Mas quem era eu para julgar... Sei que ele não entendia muito bem sobre a minha vida, e às vezes o deixava confusa. Mas aquele não era o olhar confuso, na verdade não era nenhum olhar que conhecia.

- Eu estou certa disso – falei vendo que ele não parava de me encarar pelo espelho. Enxuguei meu rosto e fui até ele. – O que está olhando, Emmett?

Ele sorriu e me deu um beijo na bochecha. Não falou nada, e nem precisava. Sorri de volta para ele e ele me abraçou. Não precisei de mais nada para me sentir confortável naquele momento. Fechei meus olhos e me deixei sentir aquele cheiro, porém franzi o meu nariz e ele riu.

- Ainda estou com cheiro de álcool? – ele perguntou com cara de criança, seus cachinhos e sua covinha me fizeram sorrir.

- Sim, e forte... Não combina com você! – falei honesta.

- Eu concordo – ele pareceu sincero.

- Por que bebe então? – me afastei um pouco para olhar. Seus braços me seguraram como se ele não quisesse aquela distancia, mas por fim me soltou.

- Achei que estava caindo – ele mentiu, e estava claro para mim.

- Mentira. Agora me responde.

- Por que eu bebo? – ele me olhou com duvida – Por que todos bebem para relaxar, oras!

- Cadê a Crys? – Disse com um tom de voz um pouco alterado. Ainda estava com raiva daquela loira oxigenada.

- Crystal está trancada no quarto e disse que não iria sair de lá enquanto nós não fossemos embora, eu lhe avisei que era bom ela sair porque não vamos tão cedo... Eu não vou tão cedo – ele corrigiu – Se quiser ir tudo bem.

- Ainda não terminei o que tinha que fazer aqui... Trouxe o livro? – perguntei

- Está lá embaixo... Eu vou começar a ler... – Me avisou.

- Está bem... – respondi sem mais o que falar.

- Ok... – ele sorriu e se virou.

- Emmett – o chamei e ele olhou para mim – Por que me segurou?

- Achei que estava caindo...

- Já falei que acho que isso é uma mentira.

- Não estamos jogando. – ele me lembrou, e se virou novamente para descer ir em direção as escadas.

Caminhei até o corredor para olhá-lo se afastar. Ele pareceu um pouco desesperado para sair de perto de mim. Desci logo atrás dele e o vi se sentar no sofá e atrapalhar o cabelo olhando o livro que fiz em cima da mesa de centro. Ele deve ter colocado ali quando chegou. Ele suspirou e eu me escondi atrás da parede antes que ele olhasse em minha direção e me visse.

Pegou o livro em sua mão e o abriu. Voltei a olhar para ele ainda escondida. Sua feição denunciava ansiedade e medo. Mas ele ainda estava lindo daquela forma. Passei uma mecha de meu cabelo para trás da minha orelha. Sorri involuntariamente.

Ele sempre carregava uma pose de superior enquanto estava dentro da empresa. Mas quem convivia com ele podia perceber que ele era uma criança cheia de músculos e que sabia a hora de ser adulto. E eu acho que gostava daquilo. Mas ali, com ele sentado quase a minha frente, se preocupando com alguém que ele ao menos conhece, parecia outro Emmett. Um Emmett que estava com medo, mas tinha determinação suficiente para seguir em frente e tentar fazer o melhor que podia.

E aquele Emmett, podia estar sozinho em sua cabeça. Mas eu queria estar lá para ajudá-lo, porque aquele Emmett conseguiu, naquele exato momento, minha admiração. E eu faria qualquer coisa para ajudá-lo. Mesmo que me machucasse.

Fui até a cozinha daquela casa que mal conhecia e abri os armários e geladeira procurando ingredientes para um suco. Demorei um pouco para achar, mas no fim achei saquinhos de sucos. Não era exatamente o que queria, mas era tudo que tinha, já que não achei nenhuma fruta naquela dispensa. Dilui o suco em água e coloquei em dois copos. Caminhei até Emmett e estendi o copo em sua direção.

Ele me olhou em duvida e sorriu pegando o suco. Sentei-me em seu lado e sorri para lhe dar força.

- Eu acredito em você – soltei. O olhei e segui meu olhar para o livro – Se não entender alguma coisa eu vou estar aqui para te ajudar... Espero que não se importe.

- Eu não me importo... Eu prefiro assim... – ele me olhou com um sorriso cansado nos lábios. Consertei um cachinho de seu cabelo e o observei enquanto bebia meu suco.

- Obrigado por estar aqui... Obrigado pelo que fez antes, eu não saberia agir naquelas circunstancias...

- Você vai aprender... Até lá, eu vou estar aqui... – Senti sua mão em meu joelho e seu dedão o acariciando.

- Muito obrigado – ele tirou a mão para segurar o livro e eu sorri como resposta, deixando que ele lesse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Noiva por Herança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.