Reino de Ceres, 15 de agosto de 1112

O silencio do bosque fora quebrado pelo trotar de uma égua. Em sua montaria, uma bela jovem de longas madeixas castanhas. Trajava um simples vestido que poderia indicar se tratar de uma plebéia, se o mesmo, apesar da simplicidade, não tivesse incrustado no busto um broche de ouro com símbolo do Clã Swan. Isabella cavalgava rapidamente por entre as árvores do bosque esquivando-se com maestria das mesmas. Em seu encalço, um gigantesco lobo de pelo marrom avermelhado. O lobo conseguiu se equiparar com a velocidade de Isabella, os olhos de ambos cruzaram. Isabella segurava seu arco com a mão esquerda, à direita, que segurava as rédeas, foi erguida e assim ela pode pegar uma flecha em um suporte preso as costas. Lançou a flecha na direção do lobo, mas este, como que dotado de inteligência humana, desviou-se. Bufou pegando mais uma flecha, e mais uma, tantas foram às flechas que lançou, mas nenhuma foi cravada na carne do lobo.

Irritada pela falta de pericia, olhou o caminho a sua frente e sorriu. Isabella conhecia bem o bosque, sabia exatamente para onde ir se quisesse fugir de um agressor, ou até mesmo atacá-lo de surpresa. Segurou as rédeas de sua égua com firmeza e, com algum esforço, conseguiu ultrapassar o lobo. Seguiu por uma trilha de árvores, uma parte fechada do bosque onde era difícil o raio solar penetrar.

-Vamos lá minha amiga. Preciso de seu talento para abater o lobo. –Sussurrou para a égua, inclinou seu corpo acompanhando o ritmo alucinante que sua companheira empregava na corrida. Tomou um desvio na trilha que a direcionava para encontrar-se de frente com o lobo. Isabella não se enganou. Após passar pela curva vislumbrou o lobo diante de si correndo em sua direção. Pegou a flecha especial presa a coxa e a atirou com o auxilio de seu arco. O lobo desviou-se de Isabella após receber a flecha em sua testa. Seus grunhidos de dor eram altos, quase ensurdecedores até que por fim cessaram.

Bella cavalgou até o ponto onde o lobo devia estar. Desceu de sua égua e caminhou lentamente a fim de ver o cadáver, mas foi surpreendida por um jovem seminu.

-TE PEGUEI! –Falou o jovem pulando em cima de Isabella, ambos foram ao chão.

-JACOB SAIA DE CIMA DE MIM! ESTÁ SUJO DE TERRA! –Protestou Isabella. Jacob afastou-se um pouco apenas para balançar seus longos cabelos negros com uma das mãos fazendo um pouco de terra e folhagens caírem em cima de Isabella. Ela o empurrou para o lado e sentou-se. Olhou horrorizada para si enquanto via suas vestes e pele sujas.

-OLHA O QUE VOCE FEZ! SEU CACHORRO! –Levantou-se furiosa. Jacob apenas ria da situação. Levantou-se junto a Isabella.

-Ah! Bella não seja assim! Até parece que você se preocupa de forma exarcebada com sua aparência sendo filha de quem é. –Disse o rapaz caminhando até uma árvore e recolhendo peças de roupas. Começou a vesti-las.

-Ainda sim você havia perdido. Não deveria ter saltado para mim daquele jeito. –Murmurou Isabella ajeitando seus cabelos e roupas na tentativa inútil de ficar um pouco mais apresentável. Jacob notou que havia algo em sua testa, descolou a fecha e jogou na direção de Isabella.

-Bem criativa sua flecha. Ao invés de uma ponta de prata ela possui um papel com gordura animal para colar em minha pele sem me machucar. Isso certamente não a protegeria do ataque de um lobisomem que não fosse eu, sabia?

-Minha intenção não era feri-lo, mas se é assim que quer, Jacob Black, eu usarei uma arma letal da próxima vez. –Falou entredentes. Caminhou em direção a sua égua. Jacob soltou um riso baixo. Ele divertia-se com Bella, adorava vê-la emburrada. Após vestir todas as peças de sua roupa, passou a caminhar lado a lado com Isabella na mesma direção.

-Você fica linda emburrada, sabia? –Ele disse olhando para a figura feminina ao seu lado. Isabella olhou o rapaz de esguelha, um meio sorriso nos lábios.

-É por isso que você se esforça para me contrariar, Jake?

-Sem dúvida! –Isabella aproximou-se socando Jake em seu ombro de leve. Jacob riu ruidosamente.

Isabella montou em sua égua e ergueu a mão para que Jacob a aceitasse o que ele prontamente fez sentando atrás da jovem. Cavalgou para o castelo de Ceres a alguma milhas de onde estavam. Notaram que havia um serviçal na ponte levadiça, Edred.

O serviçal olhava agoniado para todos os lados. Ao avistar os recém chegados suspirou com um pequeno alívio, mas sua tensão ainda era evidente.

-Milady, estava a sua espera. –Disse nervosamente a Isabella que desmontava sua égua.

-O que há Edred? Está branco. Aconteceu algo? –Perguntou Isabella com preocupação. Jacob desmontava da égua com os olhos no serviçal.

-Seu pai, Lorde Swan, deseja ter uma audiência com sua pessoa.

-Diga a meu pai que antes irei me lavar. Estou suja. Após isso...

-Milady Isabella, lorde Swan deseja vê-la agora.

Isabella analisou as ações de Edred, seu nervosismo e a urgência do pai em vê-la não era bom sinal. Olhou para Jacob.

-Jacob, poderia levar minha égua para o estábulo?

-Sim, claro, mas... Não quer que eu vá com você também, Bella? –Sibilou para a jovem, mostrando-se tenso pelo estado de Edred.

-Está tudo bem. Vemos-nos no jantar. –Sorriu e seguiu Edred.

...

A situação devia ser caótica. Jamais viu seu bom pai com uma expressão tão sofrida como agora. Lá estava o governante de Ceres, Lorde Swan, sentado em seu trono, fitando o vazio. Ao seu lado dois sacerdotes cobertos por longos mantos cinza. Sabia, pelas vestimentas, que se tratava de sacerdotes pertencentes aos Volturi, realeza vampiresca que governava Voltera, o maior e mais próspero reino conhecido.

-Meu pai, eu vim a seu pedido. O que deseja de mim? –Falou com os olhos castanhos fixos nas duas figuras próximas ao Lorde. Levou a mão a sua espada presa à cintura.

Charlie ergueu minimamente sua cabeça e seu olhar era aflitivo, desesperado. Tentou balbuciar algo para a filha, mas parecia estar em choque, choque este que o impedia de dizer o que se passava. Um dos sacerdotes, o mais baixo e de estrutura andrógina, mais parecendo com uma mulher, caminhou até ficar de frente a Bella, afastada a pouco mais de um metro.

-Ladie Isabella Marie Swan, convocam-lhe ao cumprimento que irei revelar a sua pessoa. Os astros a escolheram para ser a próxima virgem a ser desposada pelo governante do reino Voltus, Lorde Edward Cullen.

Isabella estacou. Ela era informada, sabia exatamente o que lhe aconteceria caso fosse desposada pelo vampiro citado, governante de um pequeno reino anexo a Voltera: a morte.