Heart And Sword escrita por Helorochi


Capítulo 2
II - Novos Amigos


Notas iniciais do capítulo

Wee, mais um capítulo! 8D

O que será que vai mudar na vida de Mirai? E o que há por trás de Sachiko? (ficou com duplo sentido, eu sei. Q *apanha*)

Espero que apreciem mais um capítulo! o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/84865/chapter/2

- Hm, muito bem! O teste acabou, você está aprovado. – O professor Takano estava animado. Podia não parecer, mas ele tinha uma grande paixão pela profissão de mestre e amava seus alunos.

 

- Sério? M-muito obrigado! Espero corresponder às expectativas deste dojo! – Sachiko demonstrava sua imensa alegria com um sorriso de orelha a orelha. Mesmo que, naquele momento, ninguém soubesse de suas reais intenções, qualquer um diria que aquele garoto acabara de realizar um sonho.

 

- Bom! Já que você deseja iniciar o curso hoje, não temos tempo a perder. – O mestre leva o jovem de olhos esverdeados até um grupo de 6 alunos, que animadamente conversavam. – Espero que a conversa seja sobre algo muito importante, para fazer vocês pararem o treinamento.

 

- Ah, perdão, sensei! – um jovem forte de cabelos castanho-escuros e espetados desculpou-se e tratou de fazer com que todos os outros voltassem à atividade.

 

- Este grupo está aprendendo as técnicas básicas do kendô. A partir de hoje, você se juntará a eles, portanto espero que se deem bem. Você já sabe as regras e recomendações deste lugar, então mãos à obra! – Virou-se para o mesmo jovem de cabelos castanhos. – Ishikawa. Você também será responsável pelo Nakamura por enquanto.

 

- Sem problemas! – O garoto moreno lançou um sorriso ao menor, o que lhe garantiu uma sensação de paz e ternura. Ishikawa era amigável e carinhoso, o tipo de pessoa com o qual todos adoravam estar junto. – Nakamura-san? – cumprimentou-o, ainda com um sorriso no rosto.

 

- Pode me chamar de Sachiko, Ishikawa-san!

 

- Então me chame de Ren, por favor. Ouvi dizer que você quer se tornar profissional. Veio ao lugar certo, então! Todo esse pessoal não sabia nada quando chegou aqui, e agora eles sabem até segurar uma espada! Hahaha! – A gargalhada é interrompida com um soco dado por uma moça de cabelos curtos e sobrancelhas franzidas.

 

- Pare de assustar o garoto, seu retardado! Olha aqui, Sachiko-chan, ele dá uma de bonitão, mas não é melhor que ninguém aqui. Pode ficar tranquilo. Essa é uma escola como as outras, e cada um tem seu tempo para se aperfeiçoar. Seja bem-vindo, espero que sejamos amigos! – Ela estende a mão, enquanto Sachiko se divertia com a situação. – Ah é, esqueci de me apresentar! Sou Mayumi Kishida, muito prazer!

 

- Haha, obrigado! E muito prazer. Vocês parecem se dar tão bem!

 

- Que nada, nós nos odiamos! – falaram os dois, Mayumi e Ren, em uníssono, como uma dupla de comediantes, fazendo todos à sua volta se divertirem.

 

Sachiko aprendeu naquela tarde algumas coisas básicas do esporte – com uma facilidade extraordinária para um principiante, o que deixava alguns impressionados e outros bastante invejosos. Era o caso de Daichi Katou, um veterano de 2º kyu, mas essa é uma história que conheceremos mais para frente.

 

----***----

 

- Sachiko! Nós vamos comer um lanche, não quer vir com a gente?

 

- Ah... Desculpem, pessoal, mas vai ficar pra próxima. Tenho um compromisso hoje.

 

- Sério? Ah, que pena. Então até mais!

 

- Até. – Sachiko despede-se de todos com um característico sorriso encantador.

 

- Você não vai conseguir se socializar se não aceitar os pedidos de confraternização do pessoal. – Uma voz conhecida se aproxima.

 

- M-Minamoto-san! Você me assustou!

 

- Desculpe. É que você esqueceu isto. – Ele entrega uma mochila para o menor.

 

- Ah... Obrigado! Onde eu estava com a cabeça? E sobre sair com o pessoal... Eu entendo, mas não posso mesmo ir dessa vez... – A fala é interrompida pela buzina de uma limusine que acabara de parar naquela calçada. – Minha carona chegou, hehe! Até outro dia!

 

- Tchau... – Mirai ficou um tempo observando a limusine partir, um pouco surpreso com a situação. Afinal, não é todo dia que se conhece um “ricaço”, com direito a motorista particular e tudo.

 

----***----

 

- Mirai-kuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuun!

 

- Shinichi. Dá pra me soltar? – O moreno tenta se desvencilhar do abraço repentino do amigo.

 

- Não! Hehe! – Tamaguchi o aperta mais ainda, ação que resulta num soco do maior.

 

- Todo dia é a mesma história...

 

- Ah, Mirai-kun, hoje você tem kendô, não é?

 

- Sim. Por quê?

 

- Já que é sexta-feira, estava pensando em fazermos uma seção de video-game ou cinema na sua casa! O que acha?

 

- Você está se auto-convidando para jogar video-game na minha casa... Acha que eu tenho escolha? – o mais alto contestava, com um tom entediado característico.

 

- Então, está combinado, né! Vou aparecer lá no dojo por volta das seis. – Com seus cabelos sedosos esvoaçantes, Shinichi se despede do outro com um beijo mandado pelo ar.

 

- Minamoto-kun! Com licença... – uma voz feminina chamou sua atenção.

 

- Sim? Pera aí, você é...

 

----***----

 

Naquela tarde, no dojo Takano, as coisas pareciam bastante animadas. Talvez por ser sexta-feira, dia em que todos estavam ansiosos pelo fim de semana; ou talvez por ser primavera, uma estação tão bonita e delicada; os treinos renderam bastante. Sachiko se enturmava cada vez mais, considerando sua capacidade de fazer amizades facilmente e ser adorado por todos. Era bom conhecer pessoas que possuíam as mesmas aspirações que as suas, que entendiam a importância de criar uma ligação com a espada, de conhecer aquele objeto milenar e utilizá-lo para o bem de outrém. Assim como seu mestre, ele queria continuar a tradição do kenjutsu, evitando que essa arte tão bela e honrosa acabasse sem deixar vestígios.

 

- Então você pretende se tornar um mestre e abrir seu próprio dojo, Sachiko-san? Mas você precisava ter uma família ligada a isso... Não acha que é arriscado abrir uma escola, assim, do nada? – Ishikawa se mostrava angustiado com a ideia comentada por Namakura.

 

- Não é do nada... Eu serei um profissional, serei um mestre. Não preciso ter uma família descendente de samurais pra isso. E não quero... Ver a arte do kendo morrer, se extinguir.

 

- Ele tem razão, Ren. Pare de pegar no pé do garoto. Você também tem seus sonhos e ninguém te coloca pra baixo dizendo que eles são idiotas, apesar de serem. – Mayumi entra na conversa, trazendo salgados e refrigerantes. Era hora do intervalo.

 

- Quem mais coloca os outros pra baixo é você! E quem mandou se meter na conversa?

 

- E quais seriam seus sonhos, Ishikawa-san?

 

- Já falei pra me chamar de Ren... Ah, não precisa saber dos meus sonhos.

 

- Ele está com vergonha de contar porque são inúteis. – A moça oferece salgados aos outros dois.

 

- Obrigado... Não precisa ter vergonha, Ish... Ren-san. Eu contei meu sonho, não contei? Vai ser chato se você não contar o seu. – O jovem lança um olhar perigoso, atípico, ao maior.

 

- Bom, eu... Eu quero muito ter uma família bem grande! Na verdade, eu quero ter três ou quatro filhas meninas, e quero abrir uma sorveteria ou um restaurante no interior... Essa é a vida simples que quero levar. Sei que não tenho um sonho grandioso, cheio de motivações ou um futuro rico e promissor, mas sei que posso ser feliz.

 

- Isso é lindo. Nunca conheci alguém que quisesse um futuro tão puro e verdadeiro.

 

- Como você pretende sustentar quatro crianças com essa vida que está querendo levar? – Kishida interveio novamente.

 

- A gente dá um jeito pra tudo, ué. Como vou viver no interior, os custos serão bem mais baixos... Pare de me atazanar, você sabe que eu tenho um motivo pra tudo isso.

 

- É, com um pai como o que você teve... Você até poderia ter se revoltado mais com a vida. Ainda bem que não seguiu por esse caminho.

 

- Er, com licença... – Sachiko, que estava só observando, resolveu quebrar o clima da conversa. – O que houve com o seu pai? Ah! Se não quiser falar, tudo bem...

 

- Que nada. Já superei isso faz tempo. Meu pai era um bêbado. Eu digo “era” porque, apesar de ainda estar vivo, pra mim ele não existe mais... Ele nunca quis saber da mulher e dos filhos. Na verdade, ele era um grande filho da puta. Colocou três crianças no mundo e nunca quis declarar que eram dele. Antes de se separar da minha mãe, ele batia nela... Lembro até hoje.

 

- Você é o filho mais velho?

 

- Sou. Na verdade, sou eu que cuido de tudo em casa, já que minha mãe faleceu há dois anos. Nós vivemos com nossos avós maternos, que são muito gentis. Quem sustenta a casa somos eu e meu irmão mais novo, já que a aposentadoria dos velhos não dá pra pagar quase nada...

 

- Imagino. Que história horrível... E vocês nunca pensaram em procurar seu pai pra pedir alguma coisa, tipo pensão ou até mesmo alguma satisfação?

 

- Como eu te disse, ele já não existe mais pra mim. Não preciso de nada que venha daquele homem. Se eu vivi até agora sem a ajuda dele... Não é agora que vou correr atrás disso. Prefiro não me envolver com ele, nunca mais.

 

- Ren... Ah, deixa pra lá.

 

- O que foi, Mayumi?

 

- Toma, um chocolate. – A garota joga um bombom na cabeça do moreno.

 

- Obrigado. Joga um pro Sachiko também.

 

- Não na minha cabeça, por favor...! – o menor pedia, em tom brincalhão.

 

- Prefere que eu jogue em outro lugar? – A garota desviou o olhar para uma “parte” onde não seria nada agradável ter algo arremessado...

 

- Aí também não!

 

- Haha, estou brincando! Toma!

 

- Valeu! Acho que daqui a pouco o mestre vai aparecer aqui, xingando a gente por não ter voltado do intervalo ainda... Hahaha! – O tom de Sachiko era de deboche, mas não evitou um castigo dado pelo professor, que estava passando por lá bem na hora em que o garoto soltou essa frase. – Nunca mais falo nada...

 

----***----

 

Era hora da saída, todos já tinham se aprontado. Sachiko foi o primeiro a sair do dojo, mesmo tendo sido convidado pelos amigos para uma “happy hour” depois da aula, ele recusou com a famosa desculpa de que tinha um compromisso.

 

O céu ainda estava claro quando Sachiko encostou na parede do lado de fora do dojo para esperar por sua carona. Colocou seu iPod para tocar, enquanto observava o pôr-do-sol, até que um menino de cabelos compridos e castanhos passou por ele sorridente. Ele não teria notado o estranho, se o mesmo não tivesse se virado e o reconhecido.

 

- Nakamura-kun? É esse seu nome, não é?

 

- Sim...

 

- Não se lembra de mim? Shinichi Tamaguchi! Amigo do Mirai-kun!

 

- Ah! É você! Sabia que estava reconhecendo de algum lugar. Desculpe-me por não lembrar seu nome.

 

- Não faz mal, só nos vimos uma vez, né? Hã, você sabe se o Mirai-kun já saiu?

 

- Acho que ele está no vestiário... É que eu sou de uma turma diferente, por isso não o vejo sempre.

 

- Entendo... Acho que eu posso entrar para procurá-lo, não é? – Estranhamente, o nariz de Shinichi começou a sangrar.

 

- Err... Tá tudo bem?

 

- Claro! Tudo ótimo! Vou entrar lá, então... Adeus! – O garoto de olhos cor de mel se afasta a passos rápidos em direção ao vestiário.

 

- Que doido... Por falar nisso, faz mesmo tempo que não vejo o Minamoto-san...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Kyu: grau de aprendizado (subdividido em 5 níveis) - do mais baixo ao mais alto: 5º. kyu - 1º. Kyu (pode ser comparado às faixas do judô, que são divididas por cores).

Huhuhu *-*

Um pouco mais da apresentação dos personagens; sei que está um pouco chato por estar nesse começo de lenga-lenga e tal, mas espero conseguir colocar mais ação nos próximos capítulos @-@.

Obrigada pelas reviews do capítulo anterior, se puderem continuem acompanhando a fic! E, claro, comentando, criticando, incentivando, etc. Vocês certamente fariam uma simples escritora muito feliz. ^^b

E obrigada à Kimmy pela betagem e recomendação! Éssedois²