O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 33
Capítulo 33- Arrebatados


Notas iniciais do capítulo

Tenho uma satisfação a dar. As leitoras que pediram para eu fazer um extra do jared, eu queria falar uma coisa: eu to fazendo ainda, então não vai dar para colocar nessa fic, vou postar como one ok? Desculpa...
Agora eu tenho outra coisa para falar: Vcs notaram que agora eu tenho uma co-autora?
Sou eu mesma ok? Criei esse perfil e vou explicar por que...
Descobri que se vc aprontar algo(que acho que não é o meu caso) aqui no nyah, eles bloqueiam sua conta por 30 dias...
Omg, imagina deixar de postar durante esse tempo? por precaução eu me add como co autora^^
Vamos ao cap... O começo é minha ideia^^



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Jamie estava cada dia pior, Peg achou que com Melanie de volta ele ficaria melhor, mas não foi bem isso que aconteceu. Eu estava começando a temer pelo menino, eu não queria que ele morresse. Não queria mesmo.

Jared, Kyle e eu fomos convocados, mais obrigados, a fazer uma incursão de emergência. Por mais que sabíamos que não teria muitos medicamentos, ainda tínhamos uma esperança nos nossos corações.

Eu dirigia para Tucson, fazia tempo que eu não pegava um carro, ainda mais esse sedam que era uma beleza. Se não estivéssemos preocupados demais, eu poderia aproveitar um pouco essa sensação.

Jared ia do meu lado, reclamando a cada segundo, pedindo para que eu acelerasse. Íamos rápido, tanto por causa de Jamie, como por que já estava amanhecendo.

Kyle dormia e roncava atrás do carro, eu podia ver suas grandes pernas encolhidas e tombadas para o lado. Seria bom se ele sempre dormisse, como ele me irritava.

Agora estávamos praticamente dentro da cidade, Jared olhava atento para os lugares procurando alguma casa deserta, isolada e se possível, que tivesse chance de encontrar algo.

Todos estavam preocupados por estarmos tão perto de nosso esconderijo e fazendo incursão sem planejamento, mas o estado de Jamie precisava disso.

Eu acordei Kyle gritando. Se fosse alguma outra pessoa, eu poderia ser um pouco mais gentil, mas ele era um saco.

- Não podia pelo menos me acordar com educação? – Resmungou com a cara amassada.

- Não, não podia.

- Idiota, tudo isso é por causa da sua namoradinha...

- O que tem Peg a ver com a doença de Jamie, jumento? – Falei bravo.

- Tem tudo haver, seu burro! Ela só invadiu e destruiu tudo o que tínhamos!

- Cala sua boca, seu idiota, você sabe que...

- Já chega os dois! – Jared gritou. – Não temos tempo para briguinhas de irmãos! – Ele encarou Kyle, afinal, foi ele que começou. – Olhe, achei a casa perfeita.

Jared apontou para uma casinha pequena isolada do resto. Olhamos para ela maliciosamente, era bem fácil entrar e roubar.

- Está vazia. – Murmurei.

- Sim, está! Kyle e você podem entrar na casa? – Jared perguntou e eu assenti, a emoção maior ficaria comigo.

Estacionei perto da casa, mas nem tanto. Se Jared precisasse fugir, daria tempo dele não ser pego e quem sabe, não descobrirem o esconderijo.

A ideia de ser pego passou por minha mente, isso seria péssimo. Antes eu pensaria em mim mesmo, mas agora, estava pensando na morte como a separação entre eu e Peg.

Se eu fosse pego, provavelmente teria que me matar para queimar o arquivo do segredo. Só que se acontecesse isso, eu nunca mais veria ela, nunca mais poderia abraçá-la e protegê-la do mal.

Antes de descer do carro, não pensei duas vezes em pronunciar essas palavras.

- Jared, se algo acontecer comigo, você promete que cuidará de Peg com sua vida?

Kyle resmungou algo idiota, eu não me importei. Jared me encarou por um minuto, depois respondeu.

- Sim, eu prometo. – Tentei acreditar nas suas palavras.

- Vamos logo seu babaca. – Kyle me xingou enquanto corria.

Corri junto com ele, um tanto desesperado. Precisávamos acabar logo com isso e achar algo para Jamie.

Eu e Kyle olhamos todos os lugares onde poderia haver algum tipo de remédio, olhamos em lugares escondidos e lugares estranhos. Não era o caso, como Kyle mesmo observou, antibióticos não eram como drogas que precisavam ser escondidas.

Não que eu achasse que as almas fosse fumar alguns cigarros.

- Nada? – Perguntei.

- Nada. – Disse frustrado. – Jared não vai gostar, mas temos que ir...

Sim, tínhamos que ir, nosso tempo nessa casa tinha acabado. Nem perdemos nosso tempo para roubar comida, sabíamos que corríamos perigo.

Saímos correndo, bem mais rápido de quando entramos. Fomos ao carro que já estava ligado, eu e Kyle pulamos lá dentro enquanto Jared dava partida.

- Não encontramos nada Jared, desculpe.

- Nós não vamos desistir. – Murmurou.

Continuamos rodando a cidade em busca de algo, algum remédio que pelo menos amenizasse a dor do garoto. Não achamos.

Jared não queria desistir, de forma alguma, por ele, continuava a busca até achar algo, se fosse possível.

Estávamos nós dois dentro de uma casa, procurando como doidos.

- Jared, pense bem, Jamie pode estar pior, você vai querer ficar com ele quando... – Deixei minha voz sumir, eu não queria que ele morresse.

- Ian, eu não posso...

- Eu sei que não, mas pense em nele... ele não gostaria de estar sem você...

Jared sentou por um momento num tapete felpudo que enfeitava aquela sala. Por mais que eu sabia que era perigoso ficar mais, não consegui falar mais nada, ele precisava de silêncio para pensar, eu tinha que respeitar isso.

Tentei não encarar seu rosto, a tristeza dele era grande e eu queria dar a chance dele chorar se quisesse. Olhei para a cozinha, distraidamente...

Foi ai que a ideia surgiu em minha mente. Confesso que não foi a melhor ideia, mas que poderia abaixar um pouco a febre do garoto.

Gelo. Gelo poderia ajudá-lo um pouco, quem sabe ele não melhorasse e conseguisse ter forças para se curar?

Sem falar nada a Jared, corri para a geladeira, torcendo para que ali tivesse um pouco de gelo. Quando a abri, tive a surpresa de encontrar forminhas cheias, que poderia durar algumas horas.

Peguei elas rapidamente, deixando-as cair quando levei um susto. Uma mão tocou meu ombro e eu quase morri do coração.

- O que está fazendo Ian? – Quando a voz conhecida soou, eu aliviei.

- Gelo pode ajudar na febre de Jamie. – Disse enquanto me abaixava para pegar as formas.

Jared me olhou com o rosto iluminado, diferente. Como se eu tivesse dado a melhor ideia na vida dele.

Ele me ajudou pegando algumas formas, não tinha muitas, mas quem sabe se fossemos rápidos, pudéssemos ajudá-lo um pouco.

Corremos para o carro, Kyle já estava preparado e quando entramos nele, pedimos para que ele corresse além da conta para que o gelo durasse.

No calor do deserto, isso seria um pouco difícil, mas quando chegamos a Picacho Peak, por um milagre ele resistiu um pouco, até entramos na nossa casa.

Não foi a melhor incursão, mas pelo menos ainda tínhamos uma esperança, algo que pudesse aliviar a dor do menino.

Arriscamos nossas vidas, enfrentamos perigos... conseguir gelo foi pouco, mas já era melhor do que nada.

De pensar que quando eu era criança, brincava de atirar gelo na cabeça do Kyle. Hoje, eu daria tudo outra vez para conseguir ajudar Jamie.

Adentramos a caverna numa velocidade incrível. Kyle ficou encarregado de guardar o carro, afinal, ele era um pouco inútil para tudo.

Eu e Jared corremos para o quarto de Jamie. Quando as pessoas nos viram, principalmente Peg, arregalaram seus olhos de esperança.

Esperança que logo se desfez.

- Sentimos muito. – Jared disse com uma voz cortada e dolorosa. – Mas a única coisa que encontramos foi esse punhado de gelo.

Parece que aquilo foi o bastante por alguns segundos. Trudy o pegou e começou a passá-lo no corpo e na testa de Jamie, tentando fazer a febre diminuir, nem que fosse um pouco.

O gelo derretia quase que simultaneamente com o toque no corpo de Jamie. Foi ali que percebi que isso tudo era inútil.

O fogo do Jamie era muito grande, pela rapidez do derretimento, eu dava uma hora, menos até, para que Jamie voltasse a arder de febre.

Morrendo aos poucos.

Permanecemos muito tempo em silêncio, silêncio marcado pelo derretimento do gelo.

Logo Kyle voltava, quieto, se não fosse sua passada pesada ele seria imperceptível. Não entendia ainda o que ele fazia aqui, afinal, com quem ele se importava?

Ele me odiava, nem precisava das suas declarações para perceber. Jared, também era ódio, assim como Doc, Jamie e Jeb. Nem preciso comentar a minha Peg.

- Nada? - Doc murmurou, quebrando o silêncio. - Vocês checaram?

- Todos os lugares que pudemos pensar. - Kyle interrompeu. - Isso não é como drogas que as pessoas tinham motivos para manter escondidos. Antibióticos sempre foram mantidos às claras. Não tem mais nada, Doc.

Eles continuaram a conversar, eu aproveitei a oportunidade para chegar mais perto de Peg e consolá-la. Infelizmente esse era o único papel que eu poderia fazer no momento.

- Não fique assim. – Eu murmurava bem baixo. - Ele vai superar, ele é resistente.

Ela nem respondia, estava triste demais para isso. Desde que chegamos notei que seus olhos eram baixos, desiludidos.

Doc pegou um pouco de água derretida e colocou na boca de Jamie, escutamos um som horrível dele engolindo. Seus olhos continuavam fechados, ele ainda estava mal.

- Jamie precisa de remédios de verdade. Dos que as almas têm. Nós precisamos arrumar esses para ele. – Peg falou e eu me surpreendi pela quebra de silêncio repentina.

- Nós não temos como saber como eles funcionam, o que eles fazem. – Doc dizia.

- Isso importa? – Ela disse com raiva. - Eles funcionam. Eles podem salvá-lo.

Todos nós a encaramos, não era coisa dela ficar com raiva, gritar. Jamie era muito importante para ela, e ela quebrava seus princípios por ele. Me pergunto se ela faria o mesmo pelo Jared, claro que sim.

- Nós não podemos pegá-los Peg. – Jeb disse derrotado. - Nós só podemos entrar em lugares desertos. Sempre tem muito de vocês em um hospital. Vinte quarto horas por dia. Muitos olhos. Nós não ajudaremos Jamie sendo pegos.

- Claro. – Kyle disse com a expressão rígida e incomodado com a idéia. - Os centopéias ficariam super felizes em curar o corpo dele quando nos encontrarem, e fizer dele um deles. É isso que você quer?

Ela se virou para encarar Kyle, não vi seu rosto, mas eu sabia que a raiva e a fúria estava presente ali. Kyle bem que merecia umas palmadas de Peg, bem que ele merecia uns socos.... Mas Peg não faria isso, ela se machucaria.

Coloquei a mão em seu ombro, tanto para confortá-la, como para ficar em posição se ela voasse pro pescoço idiota do meu irmão.

- Tem que haver uma maneira. – Ela falou como se não houvesse mais voz.

- Talvez algum lugar pequeno. A arma não faria muito barulho, mas se tivesse um número alto de nós, talvez pudéssemos usar facas. – Jared dava sugestões.

- Não. – Peg estava chocada, eu também. - Não. Não foi isso que eu quis dizer. Não matar...

- Sem chance garoto. Alguém chamaria os Buscadores. Mesmo se conseguíssemos entrar e sair, algo assim traria os Buscadores pra cima de nós com força. Nós teríamos que correr e eles nos seguiriam. – Jeb mostrava a realidade para Jared.

- Espera vocês não podem... – Peg tentava falar mas ninguém dava ouvidos.

- Eu também não quero que o garoto morra, mas nós não podemos arriscar a vida de todo mundo por uma pessoa. – Kyle disse. - Pessoas morrem aqui, acontece. Nós não podemos perder a cabeça para salvar um garoto.

- Nós temos que salvar ele. – Peg gritou para que eles escutassem.

- Querida. Nós não podemos simplesmente entrar lá e pedir. – Jeb lhe disse.

- Vocês não podem. Mas eu posso.

O quarto ficou em um silêncio mortal, todos nós ficamos abismados com isso. Alguns de raiva, alguns desconfiados, mas alguns achando a maior solução de todos os nossos problemas...

- Eles não são desconfiados. Não mesmo. Claro que não, eu não sou um deles. Eles fariam qualquer coisa para ajudar. Eles não vão procurar por mentiras... mesmo eu sendo uma péssima mentirosa, eles não suspeitariam de mim. Eu diria que havia ido fazer trilha ou alguma coisa... daí arrumava um jeito de ficar sozinha e pegava o máximo que pudesse esconder. Pense nisso! Eu podia pegar o suficiente para curar todo mundo aqui por anos. E Jamie ficaria bem. Por que eu não pensei nisso antes? Talvez não fosse tarde demais nem para salvar Walter.

Eu não sabia se dizia sim ou não. Eu confiava em Peg, isso eu não tinha dúvida, mas eu tinha medo por ela... Tinha medo que eles a pegassem e levasse ela para fora daqui... Longe de mim...

- Por favor. – Murmurou implorando. - É a única forma de salvá-lo.

- Paciente não? - Kyle cuspiu, desgraçado. - Mediu bem o tempo, não acha?

Ela não faria nada, claro que não. Eu confiava nela com todo meu coração, por mim ela iria, por mais que meu peito se apertasse de medo por ela.

Mas quem a deixaria fazer isso? Pelos rostos que eu via, todos iam matá-la se ela ao menos tentasse...

- Doc? – Implorou.

- Mesmo se houver um jeito de nós deixarmos você sair Peg... Eu não confiaria em drogas que eu não entendo. Jamie é forte, seu sistema vai lutar.

Esse também era um problema, mas o pior era o outro.

- Nós vamos sair de novo Peg. – Murmurei tentando fazê-la esquecer. - Nós vamos encontrar algo. Nós não voltaremos até encontrar alguma coisa.

- Isso não é o bastante. – Ela chorava, e eu sofria. - Jared. Você sabe. Você sabe que eu nunca deixaria nada machucar Jamie. Você sabe que eu posso fazer isso. Por favor.

Ele a encarou por um bom momento, depois foi passando para cada rosto. Todos tinham a expectativa, o medo que Jared cedesse... Eu tinha medo por Peg, e não de Peg.

- Não Peg. Não.

Peg ficou desesperada, ela se jogou no chão. Tentei erguê-la mas ela me empurrou para que eu não a tocasse. Ela engatinhou até Jamie e começou a cuidar dele. Ela chorava muito, era mais gemidos do que choro.

Não tinha nada que eu pudesse fazer para ela, bem que eu queria amenizar sua dor.

- Jamie, Jamie, Jamie, Jamie, Jamie, Jamie.

Cada um foi saindo de fininho, ninguém tinha compaixão por ela. Eles a xingavam como se ela não estivesse aqui, falando mal por trás. Depois que todos deixaram, eu me ajoelhei do seu lado, protegendo-a.

- Eu sei que você não faria nada... mas Peg, eles te matarão se você tentar. – Murmurei no seu ouvido. - Depois do que aconteceu... no hospital. Eles temem que você tem bons motivos para nos destruir.... Mas de qualquer forma, ele vai ficar bem. Você tem que confiar nisso.

Ela virou a cara, isso magoou meu coração. Eu me virei e fui embora. A solução não estava aqui, e eu precisava fazer alguma coisa e ajudá-la. Certamente ela ia querer ficar com ele, ainda mais se esses fossem seus últimos minutos.



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