O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 1
Capítulo 1- Frustradas


Notas iniciais do capítulo

Esse trecho passa-se no Capítulo 12



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A vida nas cavernas estava um tanto entediante nos últimos tempos, fazia dois meses que não saíamos para fazer incursões, a comida estava quase no fim. Ultimamente tudo estava chato, era uma rotina constante, nada acontecia de novo.

A última incursão não foi nada boa, eu e Kyle só brigamos o tempo todo, quase que fomos todos pegos por causa disso. Se não fosse Jared nos salvar... Não sabíamos se estaríamos aqui. Jared chegou depois que nós, e ele foi um milagre, um expert em incursões. Nunca tinha acontecido nada de mal com ele junto.

Já fazia seis anos que eu e Kyle tínhamos fugido da invasão, e uns quatro anos que estávamos vivendo nessa caverna. No início gostávamos daqui, mas com o tempo, era difícil para nós, tudo ficava muito normal e cansativo.

Jeb era o dono daqui, tivemos sorte de encontrar um lugar para vivermos. Não era fácil viver fugindo o tempo todo dos vermes que tiraram o nosso mundo. Quando descobríamos essa resistência, foi um enorme alívio, ainda mais por que Jeb nos convidou com satisfação para morarmos aqui.

Já era noite, eu estava comendo no refeitório a sopa rala feita das nossas próprias plantações. Hoje eu tinha trabalhado muito, começamos a plantar no campo de cenoura. Eu e Wes damos duro cavando buracos no chão.

Eu comia distraidamente falando com Wes,  quando Jeb apareceu com uma expressão nova em seu rosto. Alguma coisa estava acontecendo, isso era certeza. Ele observou o refeitório com cuidado, parando em cada rosto.

O refeitório estava cheio, umas 15 pessoas comiam. Quando Jeb apareceu, todos olharam para ele simultaneamente. Outra coisa que nos chamou atenção, foi a arma que ele carregava. Ele era o único a ter uma, caso algo de ruim acontecesse.

E alguma coisa ruim estava acontecendo, ele parou entre nós para anunciar o que acontecia.

- Pessoal! Temos uma visitante lá fora!

- Humana ou parasita? – Aaron gritou, falando com desprezo na parte do parasita.

- Veja bem... – Jeb colocou as mãos no seu queixo. – Ela é a minha sobrinha.

Um murmúrio começou a crescer dentro da caverna, todos já tinham ouvido falar de Melanie, ela tinha sido pega há uns anos atrás. Então aquela não era A Melanie, era algum parasita instalado dentro de seu cérebro, não tínhamos dúvida disso.

- Melanie está morta! – Maggie resmungou. – Essa é uma parasita dentro dela, precisamos atirar nela.

- Mag, não acho que ela está por aqui no acaso. Ela está sozinha, e quase desnutrida.

- Ela é uma Buscadora! – Kyle cuspiu.

- Buscadores vem com outros Buscadores. – Jeb respondeu seco.

- Mas o que vamos fazer então? – Perguntei.

- Vamos trazê-la para dentro.

Ouve um murmúrio de discórdia, Jeb estava louco em trazer essa parasita? Ela não era mais sua sobrinha, o único motivo de trazê-la seria para tentar tirar o bicho de dentro, coisa que não deu certo nenhuma das vezes. Isso era horripilante, eu odiava.

- Minha casa, Minhas regras. – Ele disse acariciando a arma em seu braço.

- E o que Jared pensa disso? – Wes perguntou.

- Ele nem sabe, nem ele nem Jamie. – Ele deu uma pausa antes de falar. – Ian, Kyle, Aaron, Wes, Brandt, Maggie, Lily, quero que vocês venham comigo.

- Realmente temos que ir? – Kyle protestou levantando.

- Realmente vocês têm que ir.

Eu e Wes levantamos resmungando um pouco, Jeb nos olhou feio. Kyle também resmungava, e chutava o ar, Jeb apontou a arma e ele parou. Fomos para a abertura perto do depósito, lá era um ótimo lugar para sair e não ser visto por outros do lado de fora.

Sempre quando saíamos, nos sentíamos mal, sentíamos como se estivéssemos sendo observados a cada momento. Ficávamos desconfortáveis, até nossa postura se curvava, era um instinto de defesa, parecer menor do que era.

Caminhamos para longe das cavernas, pelo lugar onde estava, demoraria muito para ela desconfiar onde era nossa casa. Estava perdida como todos nós ficamos quando procurávamos pela caverna, só que ela tinha vindo bem menos preparada.

Ela estava largada na areia, totalmente desidratada e machucada, deveria ter sofrido muito para chegar aqui. Ela era igualmente a caracterização dita por Jared, seu rosto era moreno, o cabelo bem preto. A única coisa que mudava era que antes tinha longos cabelos, e hoje eram cortados acima da nuca.

Os olhos também eram diferentes, antes eram normais, hoje deveriam ter um brilho prateado saindo dele. Ela era uma parasita, não tínhamos dúvida, só que Jeb insistia em ajudá-la, ela parecia morta, mas mesmo assim ele foi ver o que era.

Jeb colocou seus braços nos dela, sacudindo-a para ver se ela ainda estava viva. Ele a arrastou por um curto pedaço, para facilitar pegar no colo. A aninhou em seus braços, como se fosse protegê-la de qualquer perigo ou mal.

Estava à beira da morte, muito suja, deveria ser da areia constante do deserto. Jeb pegou um pouco do nosso suprimento de água e derramou em seu rosto. Ela reconheceu como água, e começou a fazer movimentos com a boca.

Ela bebia a água freneticamente, querendo sempre mais. Uma hora ela engasgou, Jeb rapidamente tirou o fluxo constante. Logo ela se desesperava por mais água, dava para ver na sua face. Bem que ele pudesse ter deixado ela engasgar.

Jeb ajudou ela dando tapas nas costas, como fazemos para desafogar. Ela buscava água com suas mãos, tentando pegar qualquer coisa parecida. A garrafa foi descartada, e ela com desespero gritou para obter mais.

Mais uma garrafa acabou, agora Jeb teria que verificar. Teria que ver se ela ainda era humana, ou tinha aquele brilho medonho nos olhos. Abriu o zíper de sua bolsa e pegou a pequena lanterna que estava guardada.

Colocou a luz ofuscante em seus olhos, tivemos a péssima surpresa. Ela era um parasita, ela tinha os olhos prateados como todos os outros. Aquilo certamente era muito ruim, no fundo sabíamos que outros estariam por perto.

Jeb suspirou, ele também não deveria estar feliz em ver que sua sobrinha tinha sido possuída. Ela parecia estar sem reação, demorou muito tempo para mostrar alguma atitude. Depois de olhar muito seu rosto, ela nos surpreendeu e falou:

- Tio Jeb. – A voz soou rouca. – Você nos encontrou.

Nos? Isso causou inquietação em todos do grupo. Não era nós, ela e ele, e isso provavelmente era uma estratégia. Jeb pareceu se incomodar com o uso inadequado de pronomes.

- Nossa. – Jeb falou. – Essa agora, que situação!


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