O Menino que Sobreviveu escrita por gelmo
Tiago fora, desde criança, um piloto de vassouras excepcional; Quando terminou Hogwarts, recebeu vários convites para times de quadribol da segunda divisão, e em menos de um ano, já atuava na liga profissional. Desde então, ganhava a vida como apanhador, o que lhe rendia um ótimo salário por ano. Mas em suas tímidas tentativas de dirigir um carro, ficou claro que era e sempre seria um fracasso. Da primeira vez que se viu atrás de um volante, quase atropelou um cachorro e seu dono, arrancou um parquímetro do chão e estacionou com duas rodas em cima da calçada, no exato lugar onde se encontrava um hidrante minutos antes.
Quando os Potter resolveram comprar um carro, ficou decidido que Lilian seria a motorista da família. Eles raramente usavam o veiculo, pois ambos preferiam aparatar, e quando tinham de ir a alguma residência bruxa na companhia de Harry, geralmente usavam a rede de flu. Ir para a estação de King’s Cross, era uma destas raras ocasiões. Por conta do malão do garoto, mais a gaiola de sua coruja Edwirges, o carro era sempre uma boa opção.
Ao estacionarem na frente da estação, Lilian reconheceu o Ford Anglia dos Weasley:
- Vejam, os Weasley já chegaram. – comentou a motorista, enquanto manobrava.
- Arthur é louco de gostar de dirigir isso aí. – comentou Tiago.
- Louco ele é de enfeitiçar o veiculo, isso sim. – tornou sua mulher – Imagine o perigo que ele corre ao fazer esse carro voar.
- Ele não é tão ingênuo assim Lily. Jamais deixaria o ministério descobrir que anda burlando suas próprias leis.
- E quem está falando do ministério? Estou me referindo a Molly; se ela descobre o que ele andou fazendo... Coitado. Desde que eu descobri que o carro deles podia voar, tenho mantido um quarto reservado no St. Mungus no nome de Arthur Weasley, para quando Molly também descobrir.
Ainda rindo, os três entraram na estação e dirigiram-se ao vão entre as plataformas nove e dez. Antes, porém que pudessem atravessá-la, como de costume, uma forte mão segurou Tiago pelo ombro esquerdo:
- Potter?
Marido e mulher levaram rapidamente as mãos às varinhas, mas foram interrompidos no meio do ato por Rubeo Hagrid, o gigantesco guarda caça da escola, que se aproximava gritando seus nomes e acenando:
- Tiago, Lily, Harry.
- O senhor é o senhor Potter? – tornou a insistir o homem que havia lhe segurado o braço.
Depois de passado o susto inicial, Tiago percebeu que o homem lhe encarava timidamente.
- E quem deseja saber?
- Roscoe Humbfrey – apresentou-se – Auror, sou um dos encarregados do ministério pela segurança no embarque dos pequenos hoje para Hogwarts.
- Sim senhor Humbfrey, sou Tiago Potter, por acaso sou considerado ameaça agora pelo ministério? – respondeu Tiago irritado.
- Não senhor, é que... – O homem ruborizou-se enquanto procurava palavras.
- Diga logo, qual é o problema?
- Problema nenhum senhor, - sua face se tornando cada vez mais escarlate – É que meus filhos me fizeram prometer, sabe, se eu visse o senhor. Eles são fãs dos Wimbourne Wasps, e o senhor foi magnífico na última temporada.
Tiago sentiu como se um nó se desfizesse em seu estomago, era a primeira vez que um fã lhe abordava na rua.
- Caramba homem, e precisa quase me matar do coração? – Tiago sorria aliviado. – como posso fazer seus meninos felizes?
- Um autógrafo para cada um seria o ideal senhor, eles são em cinco.
Hagrid os alcançou nesse momento:
- Olá Rubeo, - cumprimentou Lilian – o que você faz aqui? Não deveria aguardar as crianças na escola?
- Ordens – respondeu, estufando o peito com orgulho - O ministério providenciou um esquadrão de aurores para acompanhar o trem de hoje. Um em cada vagão, pelo que eu soube, mas Dumbledore achou que seria mais seguro se eu também estivesse presente.
Tiago unindo-se novamente ao grupo cumprimentou:
- Olá Rubeo.
- Dia Tiago – respondeu com a testa franzida - Mas afinal, o que estava acontecendo ali?
- Não, nenhum problema, apenas um fã de quadribol querendo um autógrafo para seus filhos.
- Oho, filhos né? Sei. Vou fazer de conta que acredito.
- O que você quer dizer com isso?
- Até parece que vocês não sabem. – brincou Hagrid com ares divertido.
- Sabemos de que Rubeo? Não estou entendendo aonde você quer chegar.
- Depois que a Black Lupin lançou seu pôster, montado na nova Silverlight, seus autógrafos estão cotados em dez galeões cada, segundo a revista “Pomo de Ouro”; Aposto que o Fã ali, tinha vários filhos né?
- Cinco, - confirmou o jogador - mas que história é essa de pôster? Assinamos contrato ontem, eles não tiveram tempo de lançar propaganda nenhuma ainda.
- Disso eu já não sei de nada, só sei que desde a Copa Mundial que sua foto tem circulado por aí.
- Aqueles trapaceiros duma figa.
Ainda irritado com seus amigos, Tiago conduziu a família por entre as plataformas, e em questão de instantes estavam na já conhecida plataforma nove e meia. A fumaça impregnava o ar, diversas famílias conhecidas despediam-se de seus filhos.
- Harry, aqui, - o garoto reconheceu a voz de seu melhor amigo, avistando-o em meio à família. Todos eram facilmente reconhecíveis pelos cabelos cor de cobre.
Despedindo-se rapidamente dos pais, ele tentou sair correndo.
- Calma aí garotão – disse a mãe, segurando-o pela gola da camisa, seus pés ainda teimavam em correr no mesmo lugar – Você vai passar o ano inteiro com seus amigos, me de um beijo aqui.
Meio constrangido, meio divertido, Harry estalou um beijo nas bochechas da mãe, e a apertou num forte abraço. Abraçou o pai também antes de pedir timidamente:
- Posso ir?
- Vai filho, e escreva com regularidade para sua mãe, - recomendou o pai – com toda essa história, nós vamos ficar preocupados se não nos escrever.
Ao aproximarem-se dos Weasley, puderam ouvir as recomendações de ultima hora que Molly dava aos filhos:
- E vocês dois, - era a vez dos gêmeos – mais uma única coruja da escola, e eu juro que arranco uma orelha de cada um para nunca mais serem confundidos novamente.
- Dia Arthur, - cumprimentou Tiago. – Alguma novidade no ministério?
- Dia Tiago. Não, nada de novo ainda.
- Era de se supor que com toda essa agitação e segurança em torno de Hogwarts, o torneio fosse cancelado.
Harry, Hermione e os Weasley pararam de conversar na mesma hora:
- Que torneio? – Perguntaram ao mesmo tempo.
- Torneio pra ver quem é mais curioso. – ralhou o Sr. Weasley – Mania mais feia essa de prestar atenção na conversa dos outros.
- Prometemos nos comportar o ano inteiro... – começou Jorge
-... Ou pelo menos até o natal... - continuou Fred.
-... Se nos contarem do que se trata esse tal torneio. – Completaram os dois.
Arthur pareceu pensar na proposta, mas a Sra. Weasley interrompeu seus devaneios de um ano escolar perfeito:
- Agora escutem aqui os dois. – começou a Sra. Weasley.
- Pense bem Molly, - cochichou Arthur aos ouvidos da mulher – Quatro meses inteiros de sossego, nenhuma coruja, isso seria um recorde imbatível.
Molly Weasley olhou feio para o marido, e continuou como se não o tivesse ouvido.
- Com ou sem torneio, vocês vão se comportar. Não escutaram o que eu falei ou será que não acreditaram, por que se não acreditaram eu posso dar uma amostra grátis aqui mesmo.
- Não mamãe, - apressaram-se em dizer – acreditamos em cada palavra.
Sob o olhar severo da mãe, entraram sem mais palavras no trem, que começava a apitar chamando os retardatários.
Harry, Rony e Hermione procuraram um vagão vazio, e se instalaram confortavelmente. Instantes depois alguém bateu a porta. Era Luna:
- Posso me sentar com vocês? – perguntou com ar sonhador – os outros vagões estão ocupados.
A viagem prosseguia tranqüila, Harry e Rony discutiam quadribol, Hermione devorava seu exemplar do “Hogwarts – Uma História” enquanto Luna folheava tranquilamente um exemplar do “Pasquim”e foi justamente ela quem percebeu primeiro, reclamando:
- É impressão minha ou esfriou de repente?
Só então eles perceberam pequenos cristais de gelo que se formavam nas janelas do trem.
- Você tem razão, - concordou Hermione intrigada consultando o relógio – O que será que houve? Ainda são três da tarde.
- Não sei, vamos dar uma olhada. – Sugeriu Rony.
Ao saírem para o corredor, deram de cara com outros alunos que também estavam curiosos. O ronco metálico e estrondoso da locomotiva foi diminuindo de ritmo e volume, até que o trem parou. Uma escuridão anti-natural foi invadindo o vagão aos poucos, por onde se olhasse podia se ver rostos assustados, mas que continuavam olhando, estranhamente hipnotizados com a cena fantasmagórica que formava-se. As luzes foram acessas, piscaram por alguns segundos e tornaram a se apagar.
Do fim do corredor, os alunos podiam ver três vultos que se aproximavam vagarosamente. O do centro, que parecia ser o líder, não passava de um garoto, magro e alto, de andar claudicante. Parecia mais se arrastar do que realmente andar, o cheiro de carne putrefata o antecedia. Os dois vultos que o ladeavam, vinham deslizando suavemente, os mantos esfarrapados cobriam todo o rosto, as mãos magras estavam cobertas de sarna e feridas. Uma nevoa fria cobria o chão e todos foram acometidos por uma tristeza profunda, uma certeza de que nunca mais na vida seriam felizes.
- Dementadores, - Harry ouviu alguém gritar, seguido do baque surdo de uma porta se fechando com violência. O barulho pareceu desfazer a estranha fascinação que mantinham todos paralisados. Pelo vagão todo se ouvia gritos e portas se fechando.
Indiferente a balburdia ao seu redor, o trio continuava avançando. Já bem perto deles, Harry finalmente pode reconhecer a face do garoto:
- Harry Potter, - murmurou a criatura.
Vindas de trás dos dementadores, faíscas azuladas precederam um forte jato de luz alvíssima, que cegou aos quatro amigos. Quando recuperaram a visão, os dementadores haviam sumido. Neville Longbottom estava caído no corredor, mãos e pés unidos por uma força invisível. No esforço de se ver livre, ele se debatia loucamente, deixando pequenos pedaços de pele e carne podre espalhado por todo o chão.
Parada ao seu lado, com a varinha em riste; uma senhora, já de idade avançada, trajando uma longa capa negra, que combinava com seu chapéu, onde havia um urubu empalhado.
- Estupefaça – ordenou a bruxa, e Neville parou de se debater, como um brinquedo cuja pilha acabou, então ela abaixou-se e fez a coisa mais repugnante que qualquer um poderia fazer. Deu um beijo na face da coisa inconsciente ao seus pés e murmurou – Desculpe querido.
Os quatro retornaram para sua cabine discretamente, e começaram a discutir o que haviam acabado de presenciar.
- Quem vocês acham que ela é?
- Augusta Longbottom – respondeu Luna com segurança – papai fez uma entrevista com ela, ano passado.
- A avó de Neville? – perguntou Harry incrédulo – você tem certeza disso Luna? O que ela estaria fazendo no expresso de Hogwarts?
- Só há duas possibilidades lógicas né Harry. – Respondeu Hermione irritada.
Como nem Rony nem Harry viam qualquer lógica nessa situação de doidos, ficaram esperando a amiga lhes explicar.
- Ela tem razão,– Disse Luna, apoiando Hermione.
- Claro que tenho. – concordou a menina com prazer.
- E se vocês parassem um pouquinho pra pensar teriam chegado à mesma conclusão que nós, sozinhos. – Continuou a loira.
- Isso mesmo.
- Ou ela é uma vampira a soldo do ministério, ou é só uma aparição alucinógena, provocada pelos gases de dilátex que tem nos feijõezinhos de todos os sabores.
- É isso aí. – concordou Hermione – NÃO, não é nada disso. – corrigiu-se apressadamente.
- Eu quis dizer que ou ela é uma auror, e está aqui para garantir nossa proteção, ou é uma passageira, e nesse caso ela é uma nova professora, pois somente professores e alunos, tem permissão para viajar nesse trem.
- Ela não é um pouco velha para ser auror? – concluiu Rony.
- Eu também acho, então, é quase certo que conhecemos nossa nova professora de Defesa contra as Artes das Trevas.
- Ainda acho que ela pode ser uma vampira. – arrematou Luna antes de voltar para sua revista.
- Mas o que mais me intriga nessa história toda, é: Como Neville chegou até aqui. Ele não tinha ido para Azkaban? E aqueles dementadores? Pareciam estar escoltando-o.
Rony e Hermione tinham se feito as mesmas perguntas, mas não as colocaram em voz alta, por receio de assustar o amigo. Os três sabiam que a única missão de Longbottom na terra, era matar Harry. E se os dementadores o haviam soltado, era sinal de que o ministério não tinha mais controle algum sobre a temida prisão.
Tanto a escuridão, quanto o frio repentino haviam desaparecido. Os quatro terminaram a viagem quase em silencio, cada um remoendo seus próprios pensamentos. Quando já estavam quase chegando, Hermione fechou seu livro com força e exclamou:
- Acho que descobri.
- O que? – perguntaram ao mesmo tempo os garotos, Luna apenas levantou os olhos com o mínimo de curiosidade.
- Que torneio é aquele que seus pais estavam comentando.
- E qual é?
- Bem, Hogwarts só sediou um tipo de torneio até hoje, mas já faz mais de cem anos que ele não é realizado em nenhuma escola da Europa, devido ao seu alto índice de mortalidade.
- Certo Hermione, mas que torneio é esse afinal de contas? - impacientou-se Rony.
- O torneio Tri-Bruxo.
Ainda aquela noite, a garota teria a prova que estava certa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Pela primeira vez me vejo compelido a deixar uma nota final num capítulo; ao reler o que já tinha escrito. Não era minha intenção, mas percebi que a história tem ficado muito violenta, então, peço a ajuda de vocês para que me policiem. Se for o caso, eu amenizo as cenas, ou até mesmo reescrevo algumas cenas. Obrigado gente.