Estava no portão esperando o Oliver. Ele estava demorando tanto, que no tempo em que esperei podia ter feito 4 bolos, ter dado um salto triplo seguido por uma cambalhota espalhafatosa e podia lutar contra um elefante. (hãm?)  Onde será que esse menino se meteu?

 

- O que você esta fazendo aí, Claire?

 

Levei um susto tão grande que meu coração quase saltou pela boca.

 

- Oi?

 

- O que você está fazendo aí? Por que você estava assim tão distraída? – perguntou Ella me fazendo pensar em como as pessoas são curiosas. Só estava pensando na vida, poxa.

 

- Eu estava... Eu estou esperando o meu amigo – sorri e voltei a encarar o asfalto da rua.

 

- Hm, ele está demorando um bocado, né?

 

Nem me fale.

 

- Ele já devia estar aqui, ele disse que ia me esperar... – sussurrei com um muxoxo.

 

- Claire, posso te fazer um convite? – perguntou ela como se tivesse levado um choque de 3.000 volts na boca. Sorriso forçado não é minha praia.

 

Assenti com a cabeça e pressionei minha barriga com as mãos. TPM e cólica juntas era o fim para mim. O muro de Berlim podia se reconstruir e cair de novo que eu pouco me lixava.

 

- Gostaria de ir numa festa comigo e com as meninas? – perguntou ela derrubando o muro de Berlim que se formava em minha mente.

 

- Quando seria essa festa?

 

- Sábado as oito. Ta afim?

 

- Opa – disse aquela gíria e me senti uma MC da vida. Deus do céu...

 

- Que ótimo! – disse ela preocupada com a minha história do OPA - Mais tarde vou falar com as meninas que você também vai. Elas vão amar saber disso – disse ela mexendo na bolsa atrás de alguma coisa.

 

Tudo ta acontecendo tão bem e tão rápido, fica difícil acreditar que tudo o que sonhei, e que pedi em oração vai acontecer.

 

- Posso ficar aqui com você enquanto seu amigo não chega? – perguntou ela tirando um maço de cigarros da bolsa.

Ignorei a fumante e tentei conversar numa boa.

 

- Por favor... É um saco ficar esperando sozinha – disse e vi ela jogar o maço fora – Você fuma?

 

- O que? Ah, não... Achei nas coisas da minha mãe e tirei de lá. Sei que um maço que tomar dela não a vai deixar parar de fumar, mas se tirar sempre... Quem sabe ela não se toca?

 

Sorri e pensei no tamanho da loucura dessa menina. A Ella era tão legal! Ficamos conversando e rindo até que o Oliver chegou e estacionou o carro bem próximo de nós duas.

 

- Desculpe o atraso, sua madrasta me fez esperá-la enquanto ela visitava cada loja existente nessa cidade.

 

- Tudo bem a Ella me fez companhia. Falando nisso, Ella esse é o Oliver, Oliver essa é a Ella, minha nova amiga – sorri e vi os dois se cumprimentarem.

 

- Prazer – os dois dizem ao mesmo tempo um pro outro. - Então, vamos? – falei um tanto aturdida. NÃO QUERO NINGUEM SE JOGANDO PRA CIMA DELE!

 

- Claro. Você quer uma carona Ella? – perguntou ele me fazendo GRITAR POR DENTRO

 

- Não obrigado eu tenho meu carro – mostrou ela as chaves – Presentinho do papai pela falta de carinho.

 

TODO MUNDO COMIGO: UF UF UFA!

 

- Então nos vemos amanha, beijos – disse ela me deixando a sós com meu Oliver... Oliver apenas.

 

- Se eu vou ter que ficar andando nesse carro, não irei ficar sentada no banco de trás sozinha.

 

Ele olhou pra mim com aquele rosto lindo que ele tem, olhos pretos e cabelos da mesma, tão intensos como o breu. Como um cara podia ser tão lindo assim, e ainda por cima ser tão legal?

 

Estava tão cansada que não vi quando chegamos em casa.

 

- Claire... Acorda chegamos!

 

- O que foi? – perguntei esfregando meus olhos

 

- Chegamos à sua casa.

 

Eu estava um pouco desorientada, mas mesmo assim senti certa irritação com o modo o qual ele tinha falado.

 

- Se você não se esqueceu, você também mora lá, então a casa também é sua.

- Não Claire, eu moro lá como um simples empregado nada mais que isso. – ele falou isso com uma tristeza como se ele quisesse mudar a realidade... Não sei explicar. Preferi não discutir sobre isso. Nem sobre como o capitulo de Barney foi engraçado ontem.

 

Entrei em casa e fui direto até  meu quarto deixar minhas coisas em cima da mesa que tinha lá pra estudar. Decidi entrar um pouco no computador, mas ainda estava com muito sono, não conseguia nem ficar de olhos abertos e... Antes mesmo que o WINDOWS cantasse aquela musiquinha de iniciação, já estava deitada em cima do teclado.

 

Nem sei quantas horas eu dormi, só sei que quando acordei eu estava na minha cama, como eu fui parar lá?...Não sei, mas fico agradecida.

 

Levantei-me e desci as escadas atrás do meu pai, queria falar com ele sobre a festa de sábado. Estava ansiosa pra chegar logo o dia da festa.

 

- Oi Claire, tudo bem minha querida?

 

Olha só quem me aparece... A bruxa da minha madrasta.

 

- Eae – não queria ser gentil com essa mulher, queria ser RAP.

 

- Percebi que você ficou bem amiguinha do motorista... – a cortei imediatamente

 

- O Oliver, ah sim, me tornei muito amiga dele sim, por quê?

 

- Nada não, só tinha observado isso, olha só uma coisa não fique se misturando com os empregados, não é nada bom para nós.

 

- Como assim? – essa conversa estava definitivamente me irritando.

 

- Ah Claire, você sabe, nós somos ricas e não é bom que nos vejam conversando com empregados, esse tipo de coisa.

 

- Ah, obrigada pelo conselho. – se ela queria ser falsa eu também seria

 

- De nada, é um prazer ajudar e aconselhar a minha querida enteada, eu quero muito ser sua amiga Claire.

 

- Eu também. Agora vou procurar o meu pai quero falar com ele...

 

- Seu pai ainda não chegou em casa. Só mais tarde.

 

- Obrigada, vou andar um pouco, conhecer mais a casa.

 

- Tudo bem nos veremos no jantar, vou sair pra casa de umas amigas. Se precisar de mim me ligue querida – nojenta

 

- Pode deixar- sua nojenta

 

Fui pra cozinha que sabia que ia encontrar alguém de verdade, não como aquela bruxa plastificada e fútil, como odeio aquela mulher. Como ela pode falar assim do Oliver e dos outros empregados? Como meu pai pode ter casado com aquela coisa, ele tava cego ou o que? 

 

Na cozinha só estava o Oliver sentado na bancada, que ficava no centro da cozinha. Estava de cabeça baixa, nem percebendo a minha presença o que será que tinha acontecido com ele?

 

- Você está bem?

 

- Sim... –  disse levantando a cabeça devagar mas com um olhar triste, isso me deixava tão mal, queria poder fazer alguma coisa pra ele voltar a ficar feliz novamente, só que eu não fazia a mínima idéia de como faria isso.

 

- Você não está bem e eu estou vendo isso, me conta, somos amigos, eu quero te ajudar.

 

- Não é nada que você possa fazer Claire – sussurrou ele voltando os olhos para mim.

 

- Como eu vou saber, se você não quer me contar? ...Mas tudo bem, não vou ficar forçando, se você não quer me contar, tudo bem – pensei em algo para animá-lo - Fui convidada para uma festa no sábado, estou super animada pra ir conhecer o povo da escola, mais estou com um pouco de medo, será que eles vão me aceitar no meio deles? Não importa, quero que vá comigo.

 

- É claro que vão te aceitar, eles seriam loucos se não o fizessem, fica tranqüila. E não, não vou, porque não conheço ninguém...

 

- Eu também não conheço ninguém... – digo com os dedos cruzados e um sorriso tentando animá-lo um pouco

 

- To morrendo de vontade de comer brigadeiro – disse ele mudando de assunto.

 

- Você vai e pronto – disse me levantando e indo na direção da geladeira para pegar os ingredientes. Depois procuro por uma panela que não encontro, procuro num monte de armários e nada... já estava desistindo.

 

- É essa aqui que você está procurando? – disse ele levantando bem no alto

 

- Sim, sim obrigada já estava quase desistindo – disse pulando para tentar alcançar...

 

Peguei a panela depois de 3 saltos e sorri pra ele, que me devolveu aquele sorriso lindo. Começamos a conversar e fazer o brigadeiro, mas como sempre eu tenho que fazer bagunça, tenho que me sujar de chocolate.

 

- Ótimo – digo tentando limpar a sujeira da minha roupa. – Como eu já estou suja mesmo...

 

Pego um punhado de chocolate e jogo nele que fica surpreso, mas logo se recupera e começa jogar chocolate em mim também, ficamos assim até a Maria aparecer e brigar com a gente.

 

- O que vocês estão fazendo na minha cozinha?

 

- Brincando – dissemos os dois em uma lufada de ar.

 

- As duas criançinhas estavam brincando, mas tinha que ser na minha cozinha? Não podia ser em outro lugar não?

 

- Tinha, mas eu queria fazer brigadeiro então esse era o único lugar possível. –dei um sorriso bobo

 

- Podia ter  pedido que eu fizesse – disse ela pegando a panela da minha mão.

 

- Você não tava aqui, e eu não sou tão inútil assim pra não saber fazer um brigadeiro.

 

- Ok – disse ela mexendo na nojeira que fizemos.

 

- Agora tenho que tomar um banho, estou toda comestível... – começo a rir que nem uma louca

 

- Vou ter que limpar essa bagunça... – lamentou Maria

 

- Pode deixar que eu limpo, fui eu que comecei com isso – falei desistindo do banho.

 

- Eu te ajudo, porque também participei da briga brigadeirante – disse ele pegando o pano na pia.

 

- Então vamos começar.... – disse começando a cantarolar

 

- Claire, é melhor não... – começou Maria

 

- Por quê? – perguntei confusa e triste pela musica mal acabada.

 

- Sua madrasta – disse Oliver com um sorriso torto

 

- Não me importo com ela – dou as costas para os dois um tanto preocupados e começo a cantar minha musica preferida: CALIFORNIA GIRLS...