Não vinha nenhum maldito taxi, olhei para a porta da boate e vi Pierre vindo em nossa direção.

   - Vai fugir de mim Samantha? – Ele andava calmamente na nossa direção com um ar de arrogancia e superioridade e isso me irritava muito.

   - Por que você não me esquece? – Falei olhando pra sua cara e então puxando Ella pelo braço em direção a um taxí que estava saindo uma pessoa, empurrei Ella para dentro, quando estava quase entrando no carro senti mais uma vez meu praço ser puxado, virei lentamente para ele.

   - Solta...O...MEU...BRAÇO. – Dessa vez eu não consegui puxar meu braço como antes, olhei para Ella, ela não se movia só olhava a situação, eu já estava ficando assustada com a situação. – Pierre, por favor solta o meu braço, preciso ir embora...

  - Não Samantha, nós vamos conversar.

 - Não Pierre, eu tenho que ir arrumar a minha mala e nós não temos nada pra conversar agora por favor me solta.

  - Você é minha, temos uma história juntos Sam...

  - Nós tivemos uma historia que você fez questão de acabar, então só te peço mais uma vez, me solta!

   Nesse meio tempo algumas pessoas começaram a olhar para a nossa discussão, eu já sentia meu braço doendo, o pouco de alcool que eu tinha bebido estava infelizmente fazendo efeito e com isso meu reflexo estava diminuindo, eu sabia que deveria ter comigo alguma coisa antes de sair.

   - Por ... – Senti seus lábios contra os meus, tentava empurrá-lo com a mão que estava solta, mas não adiantou nada, Pierre precionava seus lábios nos meus com tanta fora que já estava me machucando, eu já estava ficando desesperada até que escuto o som de uma garrafa sendo quebrada e então Pierre caindo no chão desacordado.

   - Filho da puta! – Olhei para Ella ainda assustada, ela ainda segurava a garrafa quebrada nas mãos, no momento que senti seus braços a minha volta comecei a chorar, era quase que como se tivesse ocorrido o que aconteceu comigo um ano atrás, sentia meu corpo tremendo enquanto era puxada para dentro de um taxi, algum tempo depois estávamos dentro da quarto de Ella, ouvi quando sua mãe apareceu no quarto perguntando o que tinha acontecido, virei minha cara para que ela não visse meus olhos inchados de choro nem as lágrimas que teimavam em cair.

   - Desculpe...eu...eu...não queria que isso tivesse acontecido... – Falei tentando segurar o choro

   - Não se preocupe, você não tem que se desculpar nada, tava um saco aquela boate mesmo e aquele filho da puta elem de não ter dado atenção para mim, ainda foi um babaca pelo que fez com você. Ai que ódio dele...

Eu não sabia o que falar, minha cabeça estava confusa e eu sabia que não deveria estar com medo ou qualquer coisa agora, já que ele não viria aqui nem nada, além do mais eu devia alguma explicação a minha amiga, sabia também que ela deveria estar curiosa sobre o motivo de eu estar tão assustada.

   - Há três anos eu vim morar em uma pequena cidade perto de Paris com minha mãe, eu estava com quatorze anos na época, aqui foi o primeiro lugar onde eu tinha feito amigos e ficamos por mais tempo quase que dois anos, por isso fiquei muito triste quando tivemos que ir embora, então fomos depois para a Holanda onde ficamos seis meses e onde minha mãe conheceu o marido dela, eu pedia a ela que voltássemos para a França e como ela não estava gostando dos trabalhos que estavam oferecendo ela aceitou voltarmos para cá. 

   Eu tinha dezesseis o Carlos conseguiu uma proposta de emprego aqui em Paris, comecei a estudar na mesma escola que o Pierre, viramos amigos rapidamente e logo depois começamos a namorar, no começo ele era maravilhoso mas depois ele...começou a ficar ciumento sem motivo...uma noite fomos a uma festa...ele acabou ficando bêbado... ele me puxou em direção a um quarto, ele..no começo eu retribuía ao beijo...mas depois ele começou a forçar as coisas...e me machucar...um casal entrou no quarto, eles não tinham percebido que estávamos ali, Pierre levantou a cara em direção a eles, não sei como eu consegui empurrá-lo e então corri encontrei o Beni um amigo – minha respiração estava mais calma agora – ele tentava me acalmar...do nada ele apareceu me puxando eu acabei caindo, ele começou a bater no Beni...eu tentei separa-los...dias depois descobri que Beni estava em coma...

 Levantei o rosto, Ella estava calada só me olhando, até que me abraça e eu retribuo, já fazia algum tempo que eu não me lembrava disso, eu me sentia culpada pelo meu amigo, Beni era uma pessoa tão legal...eu me sentia de alguma forma culpada pelo que aconteceu com ele

   - Ei, não fica assim, aquele filho da puta vai pagar um dia pelo que fez a vocês dois...

   - Obrigada amiga, por tudo...de verdade...