Olhos Felinos escrita por Jodivise
Notas iniciais do capítulo
Depois do Maelstrom, será que outros perigos se vão cruzar no caminho de Jack Sparrow?
Capítulo 23: Mar Calmo
Dois dias depois…
Barbossa sentia o seu sangue ferver. Aquele verme do Sparrow rondava-o à mais de uma hora sem dizer nada. A sua presença e o seu ar de louco, pensando em tudo e nem sequer dando uma dica quanto ao mapa, fazia Barbossa ter vontade de o jogar borda fora.
- QUERES PARAR DE ANDAR DE UM LADO PARA O OUTRO, SUA LESMA RETARDADA? – Barbossa berrou assustando Jack.
- Credo zombie, a noite correu mal? – Jack perguntou olhando o mais velho.
- Cala a boca, seu desmiolado. – Barbossa ameaçou. – Se não queres ajudar a porta está mesmo ali e eu terei imenso gosto em te ajudar a sair por ela.
Jack olhou com ar assassino o macaco do capitão mais velho enquanto este pulava e gritava, gozando descaradamente com a sua cara.
- Ajudar em quê? Estamos quase chegando. O mapa não mostra mais nada no caminho. Agora é esperar. – Jack observou.
- Estranho. – Barbossa coçou a barba. – O mar está calmo. Calmo demais.
- Melhor assim. Não quero levar com outro capricho da natureza em cima. – Jack disse olhando o horizonte pelas grandes janelas. – Qual é a razão para alguém não se querer ver ao espelho?
- O que é que isso tem de importante? – Barbossa olhou o mais novo de soslaio e viu que algo preocupava Jack.
- A Lara tapou o espelho do quarto e nem sequer pode ouvir falar em espelhos. – Jack disse, mas calou-se quando viu Grace entrar.
- As canecas de rum. – Grace posou-as na mesa. – E vejam se levantam o rabo das cadeiras porque a tripulação está inquieta.
- Porquê? – Barbossa perguntou.
- Acham que o mar está demasiado calmo. Acham que algo vai acontecer. – a mulher explicou.
- Tolos supersticiosos. – Barbossa deixou escapar e tornou a olhar o mapa.
- Por onde anda a Lara? – Jack perguntou a Grace.
- Lá fora com a Mary e trocando conversa com o menino Thomas. – Grace disse, saindo em seguida.
- Aquele almofadinha. – Jack fechou a cara. – Não se pode contentar com a especialista em beijos mortais de serviço!
- Dizias tu que não compreendias porque a Lara não se pode ver ao espelho? – Barbossa perguntou com um sorriso cínico.
- O que é que tu percebes de mulheres? Elas são esquisitas por natureza. Ela anda deprimida. Só lhe dá para se afastar.
- Oh eu lembro-me de uma cena dessas! Há cinco anos atrás.
- O quê? – Jack engasgou-se com o rum. – Não é nada disso. Tenho a certeza que grávida, ela não está.
- Também não é crise de meia-idade. – Barbossa riu alto. – Talvez se tenha enchido de ti.
Jack endureceu o olhar. – Qual mulher se atreveria a trocar-me por outro homem?
Barbossa nada disse mas continuou a rir. – Miss Swann não pensou duas vezes ao casar com o capitão Turner.
- Capitão Turner. – Jack desdenhou. Depois um pensamento obscuro passou-lhe pela mente. – Deve ser só uma fase esquisita típica de mulheres.
Elizabeth observou Thomas falando com Lara. Sentiu uma pontada de ciúmes, mas acalmou-se quando James se colocou a seu lado.
- O tempo está esquisito. – Norrington observou.
- Como? Está sol e o mar parece um lago. – Elizabeth levantou o sobrolho.
- Pergunto-me se dava apenas atenção para as histórias de piratas que lhe contavam quando viajava. – James disse com um sorriso sincero. – O mar revolto é terrível, mas nunca se deve confiar na calmaria.
- Falando assim, bem que me apercebi de um certo clima pesado. – Elizabeth disse e passou a mão pelo pescoço.
- Não vai ter com o seu marido? – James perguntou.
- James quantas vezes já disse: eu não sou casada. – Elizabeth arregalou os olhos.
- Vive junta, faz vida de casal… sinceramente não vejo diferença. – James disse e sentiu-se tremer por dentro quando Elizabeth colocou a mão no seu braço.
- Eu não penso assim. É claro que eu amo… - Elizabeth sentiu-se mal por dizer aquilo na frente de James. - … o Thomas. Mas depois do Will, jurei nunca mais casar. Para mim, o casamento é mais uma obrigação do que uma prova de amor.
- Nunca daríamos certo então? – James perguntou, disfarçando a tristeza com um sorriso.
- Eu não posso responder a isso. – Elizabeth disse, enquanto se retirava para junto de Thomas.
- A Lara não estava aqui? – Elizabeth disse, enquanto Thomas brincava com Mary.
- Ela foi "tomar ar". – Thomas fez um gesto com a cabeça e Lizzie viu Lara se apoiando no parapeito do navio. – Não sei dizer, mas algo está deixando a Lara esquisita.
- É… já tinha reparado. – Elizabeth franziu o sobrolho. – Eu acho que ela anda preocupada com essa ilha. Sei lá. O Hermes disse que a Mary corria perigo. – Elizabeth falou baixo enquanto afagava o cabelo da herdeira Sparrow. – E depois a Alicia. Acho que a Lara não acredita que esta possa entrar na corrida de um tesouro… grávida.
- Isso é ridículo. – Thomas disse. – A Lara esteve grávida quando passou pelos momentos mais perigosos da vida dela. Não. Eu acho que é algo que a Lara não quer que se saiba.
Lara olhou os seus dedos. Tremiam como varas verdes. Há dois dias que se sentia bastante mal, mas não havia dito a ninguém. Nem a Jack, nem a Alicia, nem sequer a Grace. Não era um mal-estar físico, mas quase como uma dor na alma que não sabia explicar. Havia momentos em que se sentia desfalecer, mas tornava a vir a si. O que tinha visto no espelho aterrorizava-a. Mandara tapar o único espelho que tinha no quarto e evitava olhar para algo que reflectisse a sua imagem. Mesmo apoiada no parapeito, tentava não olhar as águas calmas por baixo de si.
- Tu podes enganar todo mundo ou então tentar esconder de toda a gente, mas eu sei que algo se passa contigo. – Alicia colocou-se ao lado de Lara.
- Impressão tua. – Lara sorriu. – É só preocupação. Será que vai aparecer mais algum perigo?
- Vai. – Alicia disse com naturalidade. – Sexto sentido de grávida é muito poderoso sabias?
- Só tu para fazeres piadas das situações. – Lara rolou os olhos.
- Mas é verdade. – Alicia disse. – Eu perguntei ao Barbossa mas ele disse que nada apareceu no mapa. Mas alguma coisa nos vai tentar impedir de chegar à Ilha.
- Falando assim até metes medo. – Lara disse. – Tem cuidado ou ainda acabas ficando igual à Tia Dalma.
- Até que não era má ideia. Todos me temeriam. – Alicia arregalou os olhos. – Você aí, chegue aqui!
Lara virou-se para ver quem Alicia tinha chamado e sentiu de novo o seu estômago dando uma volta.
- Quando passou por aqui viu alguma coisa de estranho? – Alicia nem sequer esperou Darius dizer nada.
- Não. Já tinha dito que a viagem foi tranquila. – Darius disse.
- Mas você só passou por este mesmo caminho no regresso. Eu sei… - Alicia semicerrou os olhos. - … que para chegar à Ilha, utilizou-se a rota contrária.
- Também já tinha dito isso. – Darius continuava sem entender e a sua calma inocente estava irritando Alicia.
- Eu soube que o principal navio trouxe alguém ferido da Ilha de Páscoa e…
- Um dos nossos homens ficou ferido depois de cair numa armadilha rapanui. E se vai perguntar se trouxemos algum indígena é verdade. – Darius disse e deixou Alicia sem conseguir responder.
- Estavas melhor calada. – Lara falou entre dentes.
- Eu ainda hei-de descobrir o seu "segredo obscuro". – Alicia disse com um dedo no ar e retirando-se.
- Não ligue para o que a Alicia diz. As hormonas dela estão todas trocadas. – Lara apoiou o cotovelo no parapeito e passou a mão pela cara, fixando depois o horizonte.
- Passasse alguma coisa no seu íntimo. – Darius disse e Lara sentiu-se como uma presidiária no corredor da morte. – Eu fiz algo errado?
- Não claro que não! – Lara virou-se para encarar este e sentiu de novo as pernas bambas. – Porque pergunta isso?
- Porque noto que me tem evitado. Eu cumprimento-a e você passa a correr como se tivesse medo de mim. – Darius disse e Lara engoliu em seco ao perder-se nos olhos claros deste.
- Impressão sua. – Lara sorriu nervosa. – Eu ando meia despassarada e acabo ficando maldisposta. Não se preocupe com isso.
- Não é coisa que possa fazer. Desde o primeiro dia em que a vi que me preocupo com você. – Darius aproximou-se ainda mais e Lara quase caiu abaixo do parapeito se este não a agarra-se pela cintura. – Desculpe, não era minha intenção…
- Eu preciso encarecidamente de ver o meu marido! – Lara exclamou desenvencilhando-se de Darius e andando em passo acelerado até à cabina.
Sentiu o seu coração sair pela boca. Sabia que estava a mudar, que algo dentro de si estava diferente. O mais estranho era que continuava a mesma Lara, amando Jack como no primeiro dia em que beijou este, mas quando ficava ao pé de Darius era como se algo quisesse sair e quase não se conseguisse controlar. Não queria juntar as peças. Sabia que o seu reflexo não era mais o mesmo. Só queria que ela a deixasse em paz.
O seu maior medo era esse. Ela era a reencarnação de Mayara e Darius era possivelmente a reencarnação do noivo desta e o cenário que se formava na sua mente era desolador. Alicia tinha a tese de que Darius gostava de si. Lara achava ridículo. Darius era apenas simpático, educado, encantador, lindo… "Pára de pensar nisso", Lara escondeu-se no vão das escadas do convés.
E como sempre, Alicia achava que Darius por ser a reencarnação do noivo de Mayara teria se apaixonado pela reencarnação desta. Se fosse verdade, o seu maior pesadelo podia ter começado. Será que o que Mayara sentia, também a atingia?
- Ahrg! – Lara agarrou nos cabelos. – Porque é que ela simplesmente não aparece como fez Serena? Será assim tão covarde essa princesa de nariz arrebitado que não possa ter uma conversa de mulher para mulher?
- Falando sozinha? – A pergunta fez Lara saltar e ficar com ar esgazeado ao olhar para Jack que acabara de sair da cabina.
Lara não esperou e atacou o pescoço do seu capitão, beijando-o como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.
- Nossa, vais-me dizer em que dia é que te dá esses ataques para eu me preparar! – Jack sorriu cafageste.
- Cala-te e beija-me. – Lara falou quase numa ordem e não esperou Jack acatá-la.
- Por Júpiter, vejam lá a decência. – Barbossa saiu e ficou estarrecido com a cena.
- Invejoso! – Jack exclamou.
Quando viu que toda a tripulação estava de olhos pregados em si, Lara recompôs-se. Pelo menos sabia que o fogo entre si e Jack não havia sequer abrandado. Talvez fosse impressão sua e nada tivesse mudado.
- Bem onde está a minha filhota rebelde e querida? – Jack perguntou.
- Acho que com Elizabeth e Thomas. – Lara disse vendo que esta não se encontrava onde pensava. – Talvez com a Alicia…
- O QUE É QUE DEU NESSA CACHOPA? – Grace berrou e todos correram para o parapeito.
Inexplicavelmente Mary estava sentada numa espécie de rocha que acompanhava o movimento lento do navio.
- Como é que tu foste parar aí? – Jack disse, subindo no parapeito e preparando-se para saltar.
- O meu amigo trouxe-me para brincar com ele. – Mary sorriu.
- Amigo? Que amigo? – Alicia perguntou aquilo que todos pensavam.
- Ele! – Mary apontou para a frente e ninguém viu nada. No mesmo instante, algo emergiu das águas paradas e todos puderam constatar uma cabeça e um pescoço se elevar, fixando a tripulação do navio.
- MÃE DO CÉU! – Lara exclamou caindo redonda no chão.
A tripulação ficou em silêncio e estática enquanto via a criatura à sua frente. O pescoço da criatura tinha a altura do mastro principal do Pearl e a cabeça oval. Sobressaíam os dentes rombos e os olhos azuis topázio. A criatura olhou a tripulação e olhou Mary sentada no seu dorso. Depois começou a ser mover, deixando o navio para trás.
- Querem ver que viemos ter ao lago da Nessie? – Thomas perguntou.
- NESSIE? AQUELA GIRAFA AMBULANTE LEVA A MINHA MENINA! – Grace acertou um murro no braço de Thomas.
- Estamos à espera de quê? – Jack gritou. – Toca a ir atrás desse monstro, antes que mergulhe e leve a Mary atrás.
- Eu não sei se reparou, Mr. Sparrow. – Norrington disse com ar natural. – Mas o vento parou.
Efectivamente, além do mar se parecer agora com um lago e o sol queimar a pele, o vento tinha parado e as velas encontravam-se imóveis.
- ALGUÉM SALVE A MINHA FILHA! – Lara exclamou, acordando e quase se atirando ao mar.
- Calma, love. – Jack agarrou nesta. – Nós vamos salvá-la, mas qualquer passo errado pode ser o seu fim.
- E tu dizes isso com essa cara? – Lara perguntou desabando nos braços de Jack. – Como é que ela foi ali parar?
- Sabes como ela é. – Alicia disse. – A Mary não pode ver animais. Talvez aquele dinossauro ou o que seja, possa ser amigável!
- Coloquei os remos para fora. Não é o vento que vai parar o meu navio. – Barbossa ordenou e a tripulação tropeçou ao tentar organizar-se. – Daqui a nada estaremos com essa diabinha de novo aqui.
Enquanto o Pearl avançava através da força humana em direcção ao relaxado animal, Lara tinha-se colocado na proa com a companhia de Jack.
- Só mesmo eu para escolher-te a ti como pai dos meus filhos! – Lara exclamou.
- Oh, que eu saiba foi a senhorita que me veio ter aos braços! – Jack exclamou de novo. – Podia ter fugido antes que acontecesse o inevitável. – Jack riu cafageste e Lara teve vontade de lhe pregar um estalo.
- Tenho pena dos teus pais. Se eras assim quando pequeno, eles não tinham mãos a medir. – Lara observou.
- O meu pai nunca se preocupou muito. A arte de escapar e sobreviver está no sangue dos Sparrow. – Jack explicou. – A minha mãe não teve muito tempo para se preocupar com isso.
Lara percebeu que tinha metido água. Jack nunca falara abertamente sobre os seus pais. Dissera que a sua mãe era lindíssima, mas tinha morrido quando ainda era pequeno. Mordeu o lábio e colou-se a Jack.
- Desculpa querido. – Lara abraçou-se a este e enterrou a cabeça no seu pescoço. – Eu não queria…
- Eu sei. – Jack agarrou esta e notou que a distância entre o navio e o monstro tornava-se maior. Mary continuava serena brincando no dorso do grande animal. – Assim não vai dar.
Jack subiu até ao convés e colocou-se ao lado de Barbossa.
- O navio está perdendo velocidade. – Jack observou.
- Sabes, é o que dá ter uma tripulação de tartarugas! – Barbossa exclamou. – Mas nada se pode fazer sem vento.
Jack mirou o ambiente. A maioria da tripulação unia forças tentando remar em direcção ao monstro. Até Thomas, Elizabeth e James Norrington se tinham juntado na jornada. Alicia colocara-se ao lado de Lara, assim como Grace e Jack viu uma vela se acender em cima da sua cabeça, sorrindo abertamente.
- Querida senhora molusco, será preciso eu estar sempre avisando que possui poderes que nos podem tirar de aflições como esta? – Jack chegou-se até Alicia.
- Chamas-me isso de novo e arrebento-te esses dentes todos, fazendo depois um colar com os de ouro. – Alicia olhou soturna para Jack.
- Credo, você é perigosa. – Jack levou a mão à própria boca.
- Eu não vejo como possa ajudar. Afinal não há tempestade, pelo contrário. – Alicia encolheu os ombros.
- Mas é claro que podes! – Lara exclamou. – Se controlas o tempo, podes fazer algo.
Alicia pensou um bocado e mirou as velas. "Fazia jeito uma lufada de ar", pensou e sentiu-se de novo a gelar por dentro. No mesmo instante, um vento agradável soprou inflando as velas negras.
- Bestial! – Jack correu desajeitado ordenando que dessem velocidade ao navio.
- Gostava de me ver ao espelho quando fico assim. – Alicia disse.
- Sinceramente, acho que darias cabo do espelho. Ficas uma autêntica bruxa de Avalon. – Lara arregalou os olhos.
Alicia ficou matutando no assunto e depois sorriu. – Ah eu sou poderosa!
Com o vento favorável e mais a força humana, o Black Pearl cedo alcançou o grande animal. Sentindo-se encurralado, o monstro olhou para trás e mergulhou a cabeça.
- Ele vai mergulhar! A Mary vai ser arrastada para o fundo. – Lara susteve a respiração.
Alicia sentiu-se de novo hirta e passado uma fracção de segundos tudo estava parado. Olhou para a tripulação. A mesma situação que passara em Salania tinha-se repetido. Tinha parado o tempo, mas ao contrário do episódio anterior, sabia exactamente o que fazer.
Passou por todos e passou uma perna para o lado exterior do navio. Desceu pelo casco até estar a uma distância segura da água. Ao saltar para dentro do mar, notou que este estava anormalmente quente. Nadou até à proa do navio. Este encontrava-se parado nas águas calmas. O monstro estava a menos de cem metros e Alicia nadou até ao dorso deste.
Mary estava de joelhos, hirta, olhar fixo no vazio. Alicia sentou-se no dorso do animal e respirou fundo. Nadar não era o seu forte. Quando tinha optado por viver com Will, teve de se virar. Este ensinara-a a nadar melhor e Alicia sentia-se orgulhosa. Se bem que também a deixava maravilhada ao recordar momentos dentro de água que… deixem para lá.
Pegou em Mary e notou que esta era como um peso morto. Nadou com maior dificuldade até ao navio. Seria quase impossível ter forças para subir até ao convés. Respirou fundo e fechou os olhos. Ouviu vozes e compreendeu que a paragem temporal se tinha desfeito.
- Ele mergulhou! Onde está a Mary? – Lara perguntou em pânico.
- Alguém me pode ajudar, ao invés de entrarem todos em paranóia? – Alicia gritou e viu Pintel e Raguetti espreitarem para a água.
- Como é que você está aí? – Pintel perguntou. – Ainda agora eu a vi aqui!
- Cala a boca e ajuda-me a subir. – Alicia disse. – Tenho a Mary comigo.
Os piratas arregalaram os olhos quando viram a pequena acenar e trataram de as resgatar.
- Está tudo bem. – Alicia disse, ofegante, quando chegou ao tombadilho. – Só que esta petiz tem de aprender a avisar antes de se lançar atrás de um monstro.
- Ele era meu amigo. – Mary disse amuando.
- Pois quando quiseres um animal de estimação, diz e nós arranjamos-te algo mais seguro. – Lara disse tomando a filha no colo. – Um cão ou um gato, por exemplo.
- Não quero. – Mary disse com lágrimas nos olhos. No mesmo instante, o macaco Jack subiu ao ombro desta.
- Vês? Sempre tens um amiguinho aqui. – Lara sorriu.
- E sempre podemos arranjar um peixe. Afinal não faltam por aqui. – Jack sorriu, mas todos olharam para si sem achar piada.
Lara caminhou até Darius. Algo no horizonte prendia a sua atenção.
- Você parece apreensivo. – Lara disse. – Acho que o perigo já passou. No entanto estou seriamente a pensar amarrar Mary a um dos pés da cama. Aquela miúda não me dá descanso.
- A si e ao Jack. – Darius disse, continuando fixo no horizonte.
- É. Mas ele é menos despreocupado. – Lara disse, sorrindo ao ver Mary às cavalitas do pai.
- Talvez seja a maneira de ele lidar com a situação. Mas não me parece que seja menos despreocupado que você. – Darius olhou para Lara.
- Talvez. – Lara sorriu. – Só me apetecia pisar terra firme, descansar um pouco.
- Vai poder fazê-lo. Muito em breve. – Darius apontou para o horizonte e Lara pode distinguir uma sombra se formando neste. – Bem-vinda à Ilha de Páscoa.
Lara sentiu um misto de alívio e ao mesmo tempo de medo. Queria chegar a terra, deitar-se no gramado e adormecer sem pensar nos problemas. Por outro lado, algo lhe dizia para fugir dali, que algo ruim poderia acontecer.
- Sabe, eu já estive lá. - Lara disse e Darius ficou sem entender. - No meu tempo. Não vi nada de especial a não ser os moais. Era como se no meio daquela vastidão eles se erguessem olhando-nos desconfiadamente.
- Também foi do que eu mais gostei. Em si a ilha é linda. Por isso sempre quis voltar. - Darius explicou.
- Começo a deconfiar que você deixou lá algo valioso. - Lara franziu o sobrolho. - Como uma namorada...
- Não. - Darius disse. - Nunca pensei foi voltar e ter uma companhia como você.
Lara olhou o horizonte e fez-se de despercebida. - Mesmo sendo uma ilha bonita eu tenho um pressentimento mau.
- Somos tantos que acho que isso não vi acontecer. - Darius baixou a cabeça. - Além do mais tem um marido que dava a vida por você.
- Pois, isso é o que me preocupa. - Lara rolou os olhos. - Eu não quero ficar sem ele por algo estúpido.
- Então sempre terá alguém que a proteja sem perder alguém que ama. - Darius sorriu e afastou-se, deixando Lara mais confusa que um tornado em plena pradaria.
Continua…
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Aqui vai novo capítulo!!!
Obrigada pela review Camila!!!
Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!
JODIVISE