Eu estava a ponto de beijá-la. Olhei seu rosto, as bochechas rosadas, o coração acelerado; acompanhei com os meus olhos toda sua face, permitindo-me parar em seus lábios que soltaram um suspiro, um doce convite.

   Um convite o qual não recusei, aceitei de bom grado quando a vi fechar os olhos e se inclinar para mim mesmo que de forma inconsciente. Toquei seus lábios com os meus e aí uma explosão me atingiu!

   Seus macios e delicados lábios junto aos meus, seu gosto doce, seu cheiro... Pressionei com tamanha delicadeza que jamais pensei que pudesse ter, ela parecia uma peça rara em minhas mãos e estava a ponto de quebrar, tão frágil, tão pequena. Queria mantê-la ali, junto a mim, sempre, secar suas lágrimas, arrancar lhe a tristeza, fazê-la feliz, amá-la como eu tenho que amá-la – por toda a eternidade.

   De repente senti suas mãos em meu pescoço, na minha nuca puxando meus cabelos levemente, a explosão tomando conta de cada célula do meu ser, ela queria mais. Encostei minha língua no seu lábio inferior, pedindo permissão, ela concedeu, entreabriu os lábios permitindo que minha língua entrasse e ao tocar a sua ‘ Oh Céus! ’ Eu estava louco! Só pode ser isso, isso é um sonho e de tão louco que estou as sensações parecem ser muito reais. Uma corrente elétrica atravessou minha espinha e minha temperatura deve ter elevado, nunca me senti tão quente em toda minha vida! Seu gosto era maravilhoso, seu beijo era perfeito, era o encaixe perfeito pra mim.

   Nós movíamos devagar, aproveitando cada segundo daquele momento, explorando cada canto daquela boca que por tanto tempo esperei, que tanto sonhei! Desliguei-me do mundo lá fora, era só eu ali e ela, só nós dois, somente nós.

   O beijo foi se aprofundando, minhas mãos agora estavam em sua delicada cintura, puxando-a para mais perto, permitindo-me mergulhar naquela loucura. Suas mãos estavam sob meu tórax quando ela as deslizou devagar, seu toque leve e sensual me trazendo de volta a sensação de corrente elétrica, de uma explosão acontecendo dentro de mim, sensações há muito tempo adormecidas foi quando soltei involuntariamente um gemido de prazer que me trouxe de volta a realidade: O QUE EU ESTAVA FAZENDO?

   Abri meus olhos e a afastei.

- Nessie!

- O que?! – ela abriu os olhos alarmados.

- Não, pára! Eu não posso. – disse-lhe tirando minhas mãos de sua cintura e afastando-a de mim.

- Como? Porque? Jacob. – ela olhou pra mim, o semblante entristecido.

- Você... Você é só uma criança Nessie – virei meu rosto, não queria encará-la ‘ covarde! ’ – Eu simplesmente não posso.

- Então é isso que você acha de mim, Jacob Black? – ela perguntou num tom duro, frio – Que sou uma criança?

- Nessie, eu sou seu amigo e você é uma criança, só tem 5 anos... – respondi sem olhar.

- Se é isso que você acha, pois bem então! – ela disse brava e saiu do carro sem ao menos me deixar explicar melhor.

   Não tive coragem de sair e ir atrás dela, só vi quando ela adentrou na floresta e logo depois seus passos se tornaram rápidos demais, ela estava correndo pra casa e o inútil aqui ficou parado no lugar em que estava, não reagi, não disse nada, nem ao menos pude olhá-la nos olhos.

   Liguei o carro e dei meia volta, não queria ir pra casa, não agora que todos os sentimentos que estavam há muito tempo adormecidos dentro de mim agora estavam explodindo dentro do estômago, dentro do meu peito enquanto outra explosão de mais e mais dúvidas atormentavam minha mente. Voltei para a oficina e encontrei Matt no escritório.

- Ei, Jake, queria pedir desculpas pelo o que disse hoje mais cedo. Não queria me intrometer na sua vida! – ela já foi se desculpando.

- Não, relaxa Matt, está tudo bem... – eu disse abatido.

- O que houve cara? Porque dessa cara? – perguntou – Sabe que pode contar comigo, eu não sou o Seth, Quil ou o Embry, mas você sabe eu to aqui pro que der e vier, afinal você me ajudou muito! – ele disse com sinceridade.

- Eu beijei a Nessie. – disse por fim.

- Então porque essa cara? Era pra você está feliz, não?

- Bom... É que, sei lá! Eu gosto dela, admito isso pra você, eu a amo com todas as minhas forças, ela é o centro do meu inverso, minha razão de viver, tudo pra mim, eu não vejo mais ninguém, somente a ela! Só que assim: eu a vi crescer, eu acompanhei cada passo seu, eu cuidei dela como um irmão e depois nos tornamos grandes amigos! Ela só tem 16 anos... ‘ Na verdade, 5.’ E sempre estive com seus pais, e eles me respeitam assim como eu os respeito, são minha família, e eu não sei tenho medo que eles impeçam de ficarmos juntos, ela é nova, muito nova, não sei talvez ela esteja confundido as coisas, eu deva esperar mais um pouco pra tentar algo com ela... Tô confuso! – confessei colocando a cabeça entre as mãos.

- Cara, é o seguinte: dê um tempo, deixe as coisas esfriarem, deixa ela agir por esses dias, ver se ela fica mais próxima de você ou distante! E dependendo de como ela reagir você toma sua decisão. – ‘ O problema Matt, é que ela tem um pai leitor de mentes ’ – Eu tenho certeza que a Nessie também gosta de você, você que é um idiota e não reparar na forma como ela fica te olhando feito boboca ou até mesmo como ela fica com ciúmes quando você tá com aquela outra guria lá, a tal de Nicole!

- A Nicole é só uma amiga, nada mais... – eu disse – Mas eu acho que você tem razão, vou seguir seu conselho. Obrigado Matt!

- Não precisa agradecer, amigos são pra essas coisas, e eu entendo de mulheres! Tenho várias... – ele deu um sorriso zombeteiro

Tive que rir.

- Tá bom então, garanhão!

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   Os dias se passaram. Fazia duas semanas que tínhamos nos beijado e Nessie não olhava mais pra mim. Não falava mais comigo, só respondia o que era necessário, nenhuma palavra a mais, nenhuma palavra a menos. Tudo tinha se tornado diferente!

   Eu estava desesperado.

   Bella dizia que eram os hormônios da adolescência quando eu entrava em crise, e pedia que eu tivesse paciência. Edward só me olhava, e sua cara as vezes era mais confusa ainda pra mim: ora pena, ora raiva, ciúme, ora compreensão e até mesmo um sentimento de camaradagem.

   As vezes tentava fazer com que Nessie falava, mas ela sempre cortava o assunto. Apesar de tudo, algumas coisas boas aconteceram e Nessie desistiu do grupo de líderes de torcida desde o incidente com Sarah, mas sua amiga desmiolada continuava metida entre aquelas garotas carregando minha Nessie junto, que estava cada vez mais próxima do tal de Harry como Sarah havia me dito que se chamava. Odiava ver seus sorrisos, o seu rubor pra ele, era como se ele tivesse se apossando do lugar ao qual me pertence.

   Estávamos no refeitório agora, a parte que antes para mim era um alívio por poder estar com ela, agora era um tormento porque eu via sua indiferença, via o quanto tudo tinha mudado após o beijo. Nicole estava do meu lado tagarelando um assunto qualquer, só que eu não escutava, prestava atenção na voz dela que conversava animadamente com o Harry que se juntara a nossa mesa.

- Então Nessie, você vai a festa? – ele perguntou pra ela.

- Não sei Harry... – respondeu.

- Ah... Vamos, Nessie! Vai ser legal, prometo não se arrepender... – ela insistiu tocando a bochecha dela, meu sangue fervendo.

- Que festa é essa? – Me intrometi não agüentando a cena.