Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 36
Eu Nunca Te Disse


Notas iniciais do capítulo

Ufa! Demorou mas chegou :D Vamos lá que o post hoje vai ser gigantesco. Primeiro, eu não ando muito bem (descobri que tenho bronquite asmática e to em plena crise) e com isso ando meio longe do PC, mas se Deus quiser essa semana eu volto ao meu normal! :D A outra coisa é que como a maioria já percebeu estamos entrando na reta final da fic, ainda não sei ao certo quantos capítulos, mas talvez tenhamos uns 3 ainda. Mas como eu não consigo controlar minha boca (ou seriam os dedos?) ADSO terá uma continuação. Essa continuação será pequena, algo de no máximo 5 capítulos. Não posso adiantar o plot por causa de spoiler mas o nome será Seguindo seus passos. De repente alguém mata a charada, né? Beijos e até mais!



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Capítulo 36- Eu nunca te disse

[EPOV]

Abri os olhos e sorri. Eu não era uma pessoa muito religiosa, mas a cada dia que eu acordava eu agradecia a Deus por eu ter voltado a enxergar. Mas, mais importante do que tudo, eu O agradecia por ter colocado Bella no meu caminho. Eu tinha certeza de que, sem ela, nada disso teria sido possível. Ou no mínimo, aconteceria num processo bem mais lento.

A razão dos meus pensamentos suspirou e eu virei para vê-la, sendo atingido em cheio por sua beleza. Ela era ainda mais linda quando dormia, se é que isso era possível. Eu sempre soube que ela era linda - meus dedos nunca mentiam mas eu precisava admitir que a realidade se provou bem melhor que a minha imaginação. Era como se o presente perfeito fosse embrulhado pelo mais lindo papel de presente. Bella suspirou de novo e olhei para o relógio. Já era hora de levantar.

“Bella.” Sussurrei. “Amor, acorda.”

“Hum...” Ela murmurou, afundando o rosto no travesseiro.

“Bella.” Sussurrei na base do seu ouvido. “Acorda.” Bella murmurou um pouco antes de abrir os olhos e dirigir um lindo sorriso para mim. “Bom dia.” Disse antes de beijá-la.

“Quero ser acordada assim mais vezes.” Ela sussurrou, a voz ainda rouca pelo sono.

“Estou a sua disposição.” Disse contra os seus lábios. Bella passou seus braços em volta do meu pescoço, puxando-me para ficar em cima dela. Colei meus lábios nos dela enquanto minhas mãos exploravam aquelas curvas já tão familiares...

“Edward!” Emmett chamou, acabando com qualquer clima. “Esme pediu para você descer.”

“Está bem!” Gritei visivelmente frustrado e Bella riu baixinho. “Não achei graça. Vem vamos tomar um banho.”

“Tomar banho, sei.” Ela revirou os olhos.

O banho não foi tão rápido quanto eu previa, afinal Bella estava certa. Não foi apenas um banho.

Quando voltamos para o quarto eu tentei não rir ao ver Bella visivelmente constrangida em se vestir na minha frente. Como ela podia ficar com vergonha, se até alguns minutos atrás ela estava nua comigo no chuveiro?  Quando finalmente estávamos vestidos, ela se apressou em ir para a porta, mas eu a segurei pelo braço.

“Antes de descermos eu preciso falar uma coisa com você...” E então eu contei sobre o que aconteceu com a Alice semanas atrás. Eu achava difícil que o assunto aparecesse, mas de qualquer forma, Bella merecia saber do ocorrido.

“Meu Deus! Quando foi isso?” Ela perguntou, ainda chocada com o que tinha ouvido.

“Dias antes do Jasper voltar.” Respondi.

“Eles estão se falando?” Ela perguntou.

“Não.” Disse num suspiro. Eu havia tentado, e por mais que Jasper estivesse consternado com o que tinha acontecido, ele ainda não conseguia encará-la.

“Isso é ruim. Eu só queria que esse pesadelo acabasse de vez.” Agora tinha sido a vez de ela suspirar.

“Você chegou a conversar com ele lá em Phoenix?”

“Não. Nenhum de nós s estava muito receptivo a conversar sobre os problemas.” Ela encolheu os ombros.

“Mas nós teremos que conversar sobre os nossos.” Lembrei.

“Eu sei, mas posso tomar café primeiro?”

“Depois de enfrentar minha família.” Disse com um sorriso.

Descemos a escada e Bella ficou escondida enquanto eu entrava sozinho na sala de estar.

“Cheguei.” Anunciei.

“Por que você não ligou ontem?” Minha mãe disparou.

“Eu avisei que ia chegar tarde e não quis incomodar ninguém.” Respondi.

“E como foi lá?” Minha mãe perguntou, sua voz agora um pouco mais suave.

“Recebi alta, mas tem retorno a cada seis meses. E terei que usar isso.” Disse, colocando o óculos no meu rosto.

“Que nerd.” Emmett sacudiu a cabeça.

“Antes de você tomar café poderíamos conversar?”Minha mãe pediu.

“Claro.”

“Olha, eu sei que você está vivendo uma nova fase de sua vida, mas eu quero que você se lembre das regras dessa casa quanto a presença de garotas no quarto de vocês.” Ela falou olhando para mim, Emmett e Jasper.

“Está bem.” Jasper respondeu.

“Eu sei que vocês não obedecem essa regra e eu finjo que não sei por que são pessoas que eu confio. Mas eu não vou permitir que vocês tragam estranhas para dentro da minha casa, ficou claro?” Dessa vez, o olhar dela repousou em mim.

“Mas mãe...” Eu tentei falar, mas fui interrompido.

“Eu sei que você está se reaproximando da Tanya, mas eu não quero ter que presenciar a ‘caminhada da vergonha’ toda semana. Se vocês querem voltar, tudo bem, a decisão é sua. Mas você vai ter que respeitar as regras dessa casa.” Minha mãe disse num tom firme, que ela nunca tinha usado para falar sobre qualquer garota.

“E nada de tomar banho com ela.” Emmett alertou.

“Emmett!” Eu podia sentir meu rosto ficando vermelho.

“Vocês são barulhentos.” Ele encolheu os ombros.

“Posso ao menos chamá-la aqui para cumprimentar vocês?” Perguntei.

“Pode.” Esme assentiu. Fui até a escada, onde Bella me aguardava e fomos para a sala, de mãos dadas.

“Oi.” Ela disse timidamente.

“Bellinhaaa!” Emmett exclamou, indo em sua direção. “Saudades de você.” Ele completou, esmagando-a num abraço.

“Também.” Ela sorriu, quando ele finalmente a soltou. "Esme.” Ela sorriu e abraçou a minha mãe. Não consegui esconder o meu sorriso ao ver as duas mulheres mais importantes da minha vida abraçadas daquele jeito.

“Que bom que você voltou para casa!” Minha mãe sorriu.

“Se tivéssemos apostado, eu estaria cinquenta dólares mais rico.” Jasper comentou. “Eu sabia que você ia voltar.”

“É bom estar de volta.” Bella sorriu e o abraçou.

“Chega, separa.” Impliquei com Jasper.

“Ciúmes?” Bella perguntou ao meu irmão.

“Ele anda meio sensível.” Jasper devolveu a provocação.

“Podemos tomar café agora?” Perguntei.

“Claro.” Minha mãe respondeu. “Mas Edward, a nossa conversa continua valendo.” Ela completou, antes de piscar para mim.

[BPOV]

Depois que terminei o café pedi a Jasper que me trouxesse até a delegacia, afinal, Charlie precisava saber que a filha estava de volta à cidade.

“Pois não, em que posso ajudá-la?” Um policial sorridente perguntou.

“Eu gostaria de falar com o Oficial Swan.”

“O delegado?”

“Delegado?!” Franzi o cenho confusa.

“Ele foi nomeado delegado essa semana.” Ele explicou.

“Isso sim é uma surpresa.” Disse estupefata. E Charlie nem para me falar...

“A senhorita é?”

“Isabella Swan, filha dele.” Respondi.

“Eu te acompanho até a sala.” Ele se ofereceu. “Com licença, chefe.”

“Bella.” Charlie exclamou ao me ver. “Saudades.” Ele me abraçou meio sem jeito.

“Hey.” Sorri. “Fiquei sabendo da novidade, chefe.”

“Ao menos isso significam menos turnos noturnos.” Ele apontou.

“Isso é bom.” Sorri. Talvez não tão bom assim, já que isso significaria noites a menos na casa dos Cullen.

“Por que você não avisou que vinha?”

“Nem eu sabia. Edward foi atrás de mim.”

“Ele sentiu muito a sua falta.”

“Eu também.” Admiti. “E não só dele.”

“Está livre para almoçar?” Ele perguntou.

“Claro.” Assenti.

“Espera lá fora que eu já vou.”

Saí da sala do meu pai e fui para o saguão esperar por ele. Logo me arrependi desse feito, quando um par de olhos azuis e frios olharam para mim. O sorriso sádico de James me arrepiou por completo.

“O que ele faz aqui?” Perguntei, quando Charlie estava ao meu lado.

“Vai ser transferido para uma penitenciária.” Ele respondeu. “Ele não fez nada com você, fez?”

“Nada que seja motivo pra uma pena maior.” Forcei um sorriso.

O almoço até que foi interessante. No início Charlie insistiu em conversar sobre o James, mas logo mudou de assunto. Primeiro quis saber como estavam minha mãe e Annie, depois ele quis saber sobre Edward e eu e por fim, ele começou a falar sobre a vida dele nos últimos meses.

"Um encontro?" Perguntei surpresa.

"É. O nome dela é Gianna, ela é a gerente daquele restaurante perto de casa." Ele explicou.

"Eu não me recordo."

"O encontro vai ser hoje, então você terá que ficar na casa dos Cullen."

"Sem problemas." Sorri.

"Eu já imaginava." Charlie sacudiu a cabeça.

Charlie me deixou em frente a casa de Alice, o que impossibilitava qualquer fuga que eu poderia pôr em prática. Eu estava consciente de que eu não precisava estar ali, eu podia muito bem ir ebora e acabar com qualquer mal estar que eu estivesse sentindo. Mas a verdade é que eu não ficaria bem enquanto eu não falasse com Alice. Havia muita coisa a ser conversada, e de alguma forma eu sabia que ela precisava de mim. Respirei fundo e toquei a campainha.

“Bella!” A Sra. Brandom exclamou ao me ver.

“Oi, a Alice está?”

“Está no quarto dela. Pode ir lá!” A Sra Brandom me indicou as escadas e eu fiquei me perguntando se ela sabia como estava minha amizade com a filha. Pensei em perguntar e pedir que primeiro ela avisasse a Alice, mas isso só poderia trazer mais perguntas.

Subi as escadas e logo o som de I never told you atingiu os meus ouvidos.

I miss those blue eyes (Sinto falta daqueles olhos azuis)

How you kiss me at night (De como você me beija à noite)

I miss the way we sleep (Sinto falta de como nós dormimos)

Batia à porta e fiquei esperando que ela abrisse.

“Mãe eu já disse... Bella?” Ela arregalou os olhos surpresa. “Você voltou!” Ela exclamou e me abraçou. Definitivamente eu não estava esperando por isso, tanto que nem tive tempo de decidir se correspondia ou não o abraço, já que Alice logo se afastou. “Desculpa.” Ela forçou um sorriso.

Like there's no sunrise (É como se não houvesse nascer do sol)

Like the taste of your smile (Como o gosto do seu sorriso)

I miss the way we breathe (Sinto falta do jeito que respiramos)

“Podemos conversar?” Perguntei.

“Claro. Entra.” Fiz o que ela pediu e sentei em sua cama depois que ela fez o mesmo. Ficamos ali, sentadas e caladas. A música vindo das caixas de som era a única coisa que nos separava do completo silêncio.

But I never told you (Mas eu nunca te disse)

What I should have said (O que eu deveria ter dito)

No, I never told you (Não, eu nunca te disse)

I just held it in (Eu me segurei)

“Eu sinto muito pelo o que aconteceu.” Aquela não era a melhor maneira de começar uma conversa, mas eu não sabia o que dizer.

“Tem horas que eu acho que eu mereci.” Ela baixou os olhos para as mãos que estavam em seu colo.

“Não. Ninguém merece passar por isso." Garanti. A Alice que eu conhecia nunca diria isso. O quanto James a tinha danificado? "Fico feliz que o Edward estivesse lá.”

“Eu também.”Ela sorriu timidamente. “Eu sei que não o mereço como amigo, mas ele tem me ajudado bastante.”

“Ele só está fazendo por você o que você fez por ele todos esses anos.”

“Será que algum dia você vai poder me perdoar ?” Ela perguntou depois de um breve silêncio.

And now, (E agora)

I miss everything about you (Eu sinto saudade de tudo em você)

I can't believe that I still want you (Não acredito que eu ainda te quero)

And after all the things we've been through (Depois de tudo que nós passamos)

I miss everything about you(Sinto falta de tudo em você)

Without you(Sem você)

“Uma coisa de cada vez.” Sorri. Ainda era cedo para falar em perdão, mas aquele era o primeiro passo. “Mas eu estou aqui, não estou?”

“Eu fui uma idiota.”

“Infelizmente, eu não posso discordar.” Suspirei. “Por que você fez isso? Por que você acreditou no James ao invés de nas pessoas que mais amavam você?”

“Eu confiava nele.” Ela respondeu.

“Mas não confiava em nós?”

“Não é isso.” Alice suspirou e olhou para mim. “Imagina o seguinte: Se o Jake, uma pessoa que você conhece a séculos, dissesse coisas sobre seus ‘novos’ amigos e essas coisas parecessem ser verdade, você não acreditaria nele? Ou pelo menos, não ficaria em dúvida?”

“Talvez.” Admiti. Tenho certeza de que não seria tão cega quando Alice, mas eu precisava admitir que a opinião do Jacob me deixaria balançada. “Eu só não sei como você acreditou que eu tivesse alguma coisa com o Jazz.”

I see your blue eyes (Eu vejo seus olhos azuis)

Everytime I close mine(Toda vez que eu fecho os meus)

You make it hard to see(Você torna isso difícil de ver)

Where I belong to(Onde eu pertenço)

When I'm not around you(Quando não estou à sua volta)

It's like I'm alone with me(É como se eu estivesse sozinha comigo)

“Acho que fiquei com ciúmes por você ter tomado o lado dele quando tudo isso começou. Talvez até antes. Acho que eu tinha ciúmes da amizade de vocês.” Ela confessou.

“Por que você nunca falou nada?” Franzi o cenho. Eu tentava lembrar de qualquer atitude dela que indicasse que ela tinha ciúmes da minha relação com o Jasper, mas nada vinha na minha mente.

“Por que eu sabia que era infantilidade!" Ela exclamou."Você era a minha amiga e também amiga dele. Acho que não era ciúmes, talvez fosse inveja do que vocês tinham. E então quando eu finalmente estava, digamos,  entendendo melhor, o James apareceu.”

“E as mentiras começaram.” Concluí.

“Bellla... se você soubesse... tudo o que ele falava parecia acontecer.”

“Ele é ótimo em distorcer a verdade." Mordi."Lembra de quando você me pediu para sair com ele?”

“Lembro.” Ela fez uma careta.

But I never told you (Mas eu nunca te disse)

What I should have said (O que eu deveria ter dito)

No, I never told you (Não, eu nunca te disse)

I just held it in (Eu me segurei)

“O James era simpático, mas eu achei ele meio superficial, sabe? Como se ele estivesse atuando, meio mecânico nas ações. Mas para piorar ainda mais, eu só conseguia pensar no Edward, todo mundo tinha saído e ele tinha ficado sozinho naquela casa. Depois do filme eu disse ao James que estava cansada e passamos num Drive Thru e então fui para casa assistir um filme com o Edward."

“Foi depois desse dia que o Jazz ficou te chamando de cunhada?” Ela perguntou com um sorriso quase que saudosista.

“Foi.” Sorri. “Mas a questão é que o James só saiu comigo porque ele procurava uma aliada para separar você e o Jazz e como você tinha contado sobre o que aconteceu no meu primeiro dia de aula...” Eu ainda lembrava do olhar assassino de Alice ao ver eu, a 'menina desconhecida', almoçando com Jasper.

“Eu não fazia idéia. Eu sinto muito.” Ela disse arrependida.

“Depois ele me disse que acabaria comigo e com o Edward porque além de termos corrompido você ele não tinha superado a humilhação de ter sido trocado por um ceguinho no dia do encontro.”

“Esse não é o James que eu conhecia.” Ela lamentou.

“Será que algum dia você realmente o conheceu?” Perguntei.

“Eu também venho me perguntando isso.”

“Você já conversou com o Jazz?” Perguntei e mordi o lábio enquanto esperava a resposta.

“Ele não quer ver nem a minha sombra.”

“Ali...” Tentei argumentar, mas ela não deixou.

“Ele não me ama mais.”

“Eu não apostaria nisso.” Do jeito que ele estava sofrendo, não era possível que já a tivesse esquecido.

“Você não viu o jeito que ele me olhou quando terminamos. Eu sou a pior pessoa do planeta aos olhos dele e tudo o que eu queria...” As lágrimas impediram que ela continuasse.

“Não fica assim.” Disse abraçando-a. Eu odiava vê-la chorando.

“Eu sei que a cupa é minha, mas dói tanto.” Ela murmurou, entre soluços.

“Vai ficar tudo bem." Garanti, afagando seus cabelos. "Eu vou estar aqui para o que você precisar.”

“Você é a melhor amiga que alguém poderia ter.” Ela se desvencilhou do abraço e forçou um sorriso entre as lágrimas.

“Eu sinto sua falta.” Admiti, enquanto uma lágrima teimosa descia pelo meu rosto.

“Sabe, eu fico feliz que o James não tenha conseguido destruir todos por aqui.”

“Mas ele quase conseguiu.”

“Você e o Edward...”

“Estamos bem. Voltando a ser o que era antes.” Sorri.

“Espero ser convidada para o casamento.” Ela brincou.

“Quando acontecer..." O que eu esperava não ser tão cedo. "quem você acha que vai ser minha madrinha?”

“Só não sei se vou estar aqui.” Ela avisou.

And now [E agora]

I miss everything about you (still you're gone) [Eu sinto saudade de tudo em você (Mesmo que você se vá)]

I can't believe that I still want you (and loving you, I never should've walked away) [Não acredito que eu ainda te quero (E te amando, eu nunca devia ter ido embora)]

And after all the things we've been through (I know I never gonna go away) [Depois de tudo que nós passamos (Eu sei que não devia ter partido)]

I miss everything about you [Sinto falta de tudo em você]

Without you [Sem você]

“Como assim? ” Perguntei confusa.

“Eu ganhei uma bolsa para estudar balé em Moscou.” Ela respondeu. Para uma pessoa que conquistava o maior sonho de toda bailarina, ela não parecia muito animada com a possibilidade.

“Rússia? Ali...”

“Eu ainda não aceitei, mas...” Alice encolheu os ombros.

“É melhor você pensar bem no que vai fazer. Você vai para o outro lado do mundo, não para outro estado.” Argumentei. Aquela seria uma mudança e tanto e eu não tinha certeza de que ela estava preparada para isso.

“Eu sei. Mas talvez seja uma mudança drástica o que eu esteja precisando.”

“Promete que não vai fazer nada sem antes falar comigo?” Pedi.

“Prometo.” Dessa vez eu esperei por um sorriso que não aconteceu.

“Eu preciso ir. Até mais.” Despedi-me.

“Até. E obrigada.”

Quando voltei para a casa dos Cullens, fui direto para o quarto do Edward – que estava ao telefone. Ele sorriu para mim quando sentei em sua cama e continuou a falar. Pelo rumo da conversa eu já sabia quem estava do outro lado da linha e fiz o meu melhor para não contorcer meu rosto em uma careta. O fato de Edward não estar muito entusiasmado com a conversa ajudava um pouco.

"Quem era ?" Perguntei quando ele finalmente desligou.

"Você sabe quem era."

"E o que ela queria?" Desviei meu olhar para o lençol que estava na cama, desenhando a estampa com meus dedos.

"Saber como tinha sido a consulta."

"Ela sabe que eu voltei?"

"Não." Ele suspirou e tentou esconder um sorriso. "Bella, você não precisa ficar com ciúmes."

"Não é isso, eu só estou pensando nos últimos meses." Confessei. "Chega a ser irônico que eu tenha ido embora por medo de me magoar, como se deixar você não quebrasse meu coração. Eu fui egoísta."

"Sua mãe precisava de você." Ele apontou.

"Mas eu deveria ter te apoiado de alguma forma."

"Eu não entendo. Eu nunca te dei motivo para acreditar que eu poderia voltar para a Tanya."

"Eu sou insegura.” Respondi. “Sempre fui. E quando você contou sobre a cirurgia eu fiquei com medo de que você não gostasse da minha aparência e que algum dia você me deixaria por uma garota mais bonita. Eu não conseguiria suportar se você ficasse comigo só por pena."

"Uau! Eu não sabia que eu era tão superficial assim." Eu sabia que o sarcasmo apenas escondia a mágoa dele, e isso era o que mais machucava.

"Não é isso. Eu sei que você não é. Eu acreditei nos meus medos. Era mais fácil fugir do que ficar." Acho que depois de um tempo, eu finalmente conseguia ver as coisas com mais clareza.

"A Tanya me procurou no primeiro dia que eu voltei a escola. Era engraçado, mas ela estava exatamente como a quatro anos atrás. e então a minha amizade com ela era a mesma de antes. Eu gostava da atenção."

"Ela cumpriu o que prometeu." Sorri triste.

"Eu só quero que você saiba que nem por um momento eu pensei em ficar com ela." Edward assegurou, olhando nos meus olhos.

"Acho que isso ajuda." Encolhi os ombros.

"Quer ir ao cinema?"

"Quero." Assenti com um sorriso.

O sorriso só durou até chegarmos ao cinema. Eu escolhi uma comédia romântica a qual Edward teve que admitir que já tinha assistido com a Tanya. Decidimos ver outro filme, mas a imagem de Tanya e Edward no cinema não saía da minha cabeça. Uma coisa era saber que ela estava fazendo parte da vida dele, outra é ter a presença dela no meu relacionamento. Edward não tinha feito por mal, eu sabia disso. Mas não consegui impedir de que aquela descoberta acabasse com a minha noite. Após o filme eu dispensei a comida e voltamos para casa em silêncio. Eu não conseguia pensar em nada banal para estabelecer uma conversa, então decidi permanecer calada.

"Eu estou um pouco cansada, então..." Disse parada à porta do meu quarto.

"Boa noite." Edward desejou, antes de me dar um leve beijo nos lábios.

"Boa noite." Falei e entrei no quarto.

Tão logo vesti meus pijamas, eu me joguei na cama, acompanhada do meu iPod. Eu não queria ficar me martirizando com o assunto e as músicas me ajudavam a relaxar, sem contar que impediam minha mente de seguir o caminho que eu não desejava. Já estava quase dormindo, quando senti alguém subindo na minha cama.

"O quê..."

"Eu sinto muito." Edward pediu, envolvendo-me pela cintura. "Olha para mim. Eu já disse que..."

"Eu sei." Encolhi os ombros. "Nada aconteceu, mas não quer dizer que não me incomode."

"Minha mãe me disse que um relacionamento não vem com data de validade e muito menos com garantias. Tudo na vida é feito de erros e acertos, mas é como agimos depois desses erros que garante o bom funcionamento do relacionamento"

"Nós dois erramos." Apontei.

"Mas estamos tentando acertar." Ele rebateu. "O que foi?" Ele perguntou, depois de eu tê-lo encarado por um bom tempo.

"Eu amo os seus olhos." Revelei.

"Você sempre diz isso." Ele lembrou.

"Eu sempre achei. Mesmo quando eu só conseguia ver um pedacinho desses olhos verdes maravilhosos."

"Olhos verdes são superestimados, prefiro os de cor de chocolate." Revirei meu olhos, ele só dizia aquilo porque tinha olhos verdes.

 "Como foi quando você abriu os olhos pela primeira vez?" Desde ontem eu queria ter perguntado isso, mas o momento nunca parecia propício a isso.

"Eu acho que nem consigo explicar. Tudo parecia igual, mas ao mesmo tempo era tão diferente. Mais vivo e colorido do que eu lembrava." Ele explicou. Eu tentava me colocar no lugar dele, mas era impossível. Só quem algum dia tinha sido privado de um dos sentidos, era capaz de entender a felicidade em recuperá-los. "Mas quando eu olhei você..."

"Hum?" Murmurei , enquanto ele acariciava meu rosto.

"Eu pensei: O que eu fiz para merecer esse anjo ao meu lado?" Edward olhou nos meus olhos.

"Eu vivo me perguntando a mesma coisa." Sorri e aconcheguei-me em seu peito, permitindo que o sono me vencesse.


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