Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 3
Fenômenos


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu mais uma vez! Espero que gostem do capítulo. Beijos!



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Capítulo 3- Fenômenos

A manhã seguinte foi praticamente uma repetição da anterior. Depois de tomarmos o café, Charlie me levou até a escola. Eu precisava de um carro novo urgentemente, ou quem sabe eu conseguiria convencer o Jake de vir dirigindo o meu bebê até aqui.

Como na manhã anterior, o estacionamento estava praticamente vazio. O frio daquela cidade devia fazer com que todos ficassem na cama até mais tarde. Se eu tivesse um meio de locomoção próprio, provavelmente faria o mesmo.

Enquanto eu andava pelos corredores, um outro tipo de nervosismo batia sobre mim. Não era o mesmo de ontem, devido ao meu primeiro dia de aula. Era diferente. Era o nervosismo de ter que lhe dar com dois alunos dali, e ainda ter que jantar na casa deles mais tarde. Será que eles sabiam que teriam que me aturar hoje à noite? Ou eu seria a única que estaria sofrendo por antecipação?

Respirei aliviada ao ver que Jasper não estava perto do meu armário, eu sabia que um encontro seria inevitável, mas quanto mais eu pudesse adiar isso, melhor seria.

Pena que eu não poderia fazer o mesmo no que diz respeito ao irmão dele. Apenas alguns minutos me separavam da minha próxima sessão de tortura.

Assim que eu peguei o meu material, fui direto para a sala. Se não se pode evitar, o melhor a fazer é enfrentar logo tudo de uma vez. É aquela velha história...Se não pode com eles, junte-se a eles.

A sala não estava vazia, uma meia dúzia de alunos já estavam lá dentro. Eu passei direto e me sentei no meu lugar. Agora eu só tinha que aguardar pelo poço de má educação que era o meu parceiro.

Os minutos foram passando, e com eles, mais alunos foram chegando. Até o professor já estava na sala, mas ele não. Sinceramente, não sabia se ficava aliviada ou preocupada.

O Sr Smith, que eu logo descobri ser o professor de canto, falou mais sobre a tal apresentação final que teríamos ao fim do próximo semestre. Mas eu não conseguia prestar atenção em nada, a não ser no sinal que tocou, indicando o fim da aula.

“Classe, agora vocês terão um tempo livre. Usem esse tempo para trabalharem na composição de vocês. Os estúdios estarão à disposição de vocês.” O professor avisou enquanto todos saíam da sala. Ótimo, tempo vago para fazer nada. Eu fui para o pátio da escola, e me sentei em um dos bancos. Estava tão silencioso ali, que dava para ouvir o som que vinha dos estúdios. Aparentemente todos estavam trabalhando no que o professor havia falado, menos eu. Mesmo se o Edward estivesse ali, eu não sei se realmente eu estaria trabalhando naquele momento. Era mais fácil trocarmos insultos.

Um rapaz loiro, que eu reconheci ser da minha turma, veio até mim.

“Oi, eu sou o Mike” Ele disse sentando-se ao meu lado.

“Bella” Respondi.

“Aluna nova?” Ele perguntou o óbvio.

“Sim. Comecei ontem”

“É eu vi. Você que ficou como parceira do Cullen, não é?” Eu apenas concordei com a cabeça. ”Meus pêsames” Ele completou sarcástico.

“Ele costuma faltar?” Perguntei, ignorando o comentário dele.

“Eu nunca o vi perder nenhuma aula Ele deve ter ficado doente.” Ele falou desinteressado. É talvez eu estivesse exagerando. Imprevistos acontecem, certo? Ele poderia estar doente, ter se atrasado, dormido demais, e não necessariamente estar me evitando.

“E você está fazendo dupla com quem?” Perguntei, tentando manter alguma conversa.

“Com o Eric. Por falar nisso, eu tenho que ir atrás dele. Foi bom falar com você Bella. A gente se vê na hora do almoço?” Convite perigoso esse!

“Acho que sim.” Só espero que você não tenha uma garota doida na sua cola, pensei.

Mike foi embora, e eu voltei a apreciar o meu silêncio. Fechei os meus olhos e me recostei no banco. Eu precisava relaxar. Aquilo era tão estranho. Quer dizer, as pessoas nunca falavam comigo, não sem nenhum motivo. Geralmente era para pedir favores, ou para perguntar alguma coisa. Leah, minha amiga, sempre dizia que uma mudança de ares iria me fazer bem. Acho que ela estava certa, mas mesmo assim, aquilo não deixava de ser estranho. Eu não sei quanto tempo eu fiquei assim, até ser despertada por uma voz musicalmente fina.

“Olá!” Eu abri os meus olhos. Era ela que estava ali. O pátio continuava vazio. Socorro! É agora que ela vai me matar.

“Oi.” Respondi apreensiva. Será que se eu gritasse, alguém iria me ouvir?

“Meu nome é Alice Brandon.” Ela disse de um modo simpático. Certo, ou era ela bipolar ou era psicótica.

“Bella Swan.” Respondi.

“Olha Bella, eu queria me desculpar com você.” Ela falou séria, sentando-se do meu lado.

“Sobre o quê?” Perguntei desconfiada.

“Pelo jeito que eu olhei para você ontem. Eu acho que acabei te assustando.” Ela riu brevemente. Bem, talvez ela não fosse louca, apenas estava sendo gentil.

“É, assustou sim.” Afirmei.

“Me desculpe. É que quando se trata do Jasper eu  passo um pouco dos limites.” Ela disse num tom culpado.

“Tudo bem, mas olha só, foi ele quem me chamou para almoçar com ele.” Não sei se fiz bem em jogar a culpa em cima dele, mas eu precisava mostrar para ela que não era uma vadia que se jogava em cima do primeiro que via.

“Eu sei, eu falei com ele ontem à noite. E eu também sei que vocês brigaram.” Deus! Como as notícias correm.            

“É. Eu não gostei do que ele fez. Ele me usou para te deixar com ciúmes.” Falei um pouco indignada, mas não muito.

“Não, o Jasper não faria isso. Ele é um amor de pessoa. Fazer esse tipo de coisa é mais a minha cara.” Ela falou, sincera.

“Mas foi o que eu deduzi. Ouvi dizer que eles são super seletivos com as pessoas, e no meu primeiro dia, ele me chama para almoçar, justamente quando vocês estão brigados. É muita coincidência, não?” É como dizem por aí: Contra fatos não há argumentos. Ou será que há?

“Quem te falou isso? Foi a Stanley, não foi?” Ela falou com irritação na voz.

“Foi.” Respondi.

“Aquela garota não perde uma. É verdade que eles são seletivos, mas quem não é? O problema é que algumas garotas e até garotos já tentaram fazer parte do grupo, mas não conseguiram.” Então, aquilo era inveja? Tá bem, desde quando Isabella Swan, era invejada por alguém? Coisas estranhas acontecem nessa escola.

“Por quê?” Perguntei curiosa.

“Por que eles não se davam bem. Quando se é popular e rico, nunca se sabem quem realmente são seus amigos. A maioria das pessoas só se aproximavam deles para conseguir coisas, não para cultivar uma verdadeira amizade.” Eu sabia bem como era isso. Quer dizer, não da mesma maneira. Eu sabia bem como os aspirantes a populares, e até os próprios populares podiam ser completamente fúteis, mesquinhos e egoístas. Mas talvez nem todos fossem assim.O fato dela estar ali, conversando comigo, provava isso.

“Mas então, por que eu?” Essa era uma pergunta que estava me matando. Se eles escolhiam tanto as pessoas, por que ele tinha me chamado logo na primeira vez que me viu?

“O Jasper é muito bom com as pessoas. É como se ele soubesse o que você está sentindo. De repente ele viu que você não é como os outros.” Eu sempre soube que eu não era como os outros. “E quer saber, acho que ele tem razão.” Ela disse sorridente.

“Obrigada Alice, gostei de conversar com você.” Falei simpática

“Eu também. Deveríamos, fazer isso mais vezes. Que tal almoçarmos juntas? Na mesa do Jazz é claro.” Ela riu, e eu a acompanhei. Era estranho, mas eu tinha a sensação de que seríamos ótimas amigas.

“Hoje não dá. Vou almoçar com o pessoal da minha turma. Que tal amanhã?” Os olhos delas se iluminaram.

“Combinado.” Ela levantou e foi embora saltitante.

Fenômeno. Acho que essa seria a palavra ideal para descrever os meus dois dias naquela escola. Talvez, essa palavra no plural, seria mais apropriada. Como que num passe de mágica, a garota invisível de Phoenix, havia virado o novo brinquedinho da escola em Chicago. Eu fechei os meus olhos, e me deixei pensar em tudo o que Alice havia me falado ainda pouco.

 

                                                                              ***

O restante da tarde passou voando. No almoço, como eu tinha prometido ao Mike, eu me sentei com ele e alguns alunos da turma. Até que eles eram legais, principalmente Angela e o seu namorado, Bem, e o Eric. O Tyler também era legal, mas a Lauren, namorada dele, não deixava o pobre conversar direito.

Já a aula foi extremamente monótona. Afinação vocal, você tem noção do quanto poder ser enfadonho ficar repetindo aqueles ruídos ensurdecedores? Hoje eu não estava no meu melhor dia, e a cada minuto eu estava mais próxima do péssimo desfecho que este teria.

Depois da aula eu fui direto para casa. Eu precisava escolher o que iria usar naquele maldito jantar. Por mais que as coisas haviam sido esclarecidas com relação à Jasper, a idéia de fazer as coisas darem errado naquele jantar pareciam demasiadamente tentadora. Se eu me comportasse erradamente, os Cullens não iriam me querer ali, o que me livraria da convivência forçada com o Edward. Por outro lado, se eu agisse dessa forma, eu decepcionaria Charlie grandemente, e até a mim mesma. Eu não era assim. Mas às vezes era tão fácil ser seduzida pelo lado negro.

Após o banho, escolhi um vestido verde-musgo acetinado, acho que aquele era o único vestido que eu havia trazido de Phoenix para cá. Escolhi um casaco e botas pretos. Pronto. Agora era só esperar por Charlie. Aquela espera não ajudava em nada na minha tentativa em me acalmar.

O meu celular tocou, e eu rezava para que fosse Charlie, dizendo que precisaria atender algum chamado inesperado e que por isso o jantar estava cancelado. Apressadamente peguei o aparelho, sem ao menos ver o visor.

“Alô”

“Quanto tempo você pretendia ficar sem me ligar?” Uma voz grave falou do outro lado, fazendo meu coração dar pulinhos de felicidade.

“Jake!” Gritei.

“Pelo menos você não esqueceu da minha voz.” Ele falou sarcástico.

“Jacob, eu tô aqui não faz nem uma semana.” Revirei os meus olhos. Eu sabia que ele não podia ver, mas eu não pude evitar.

“Eu sei. Mas então, tá gostando?” Ele perguntou entusiasmado.

“Por incrível que pareça, as pessoas falam comigo aqui.” Ele soltou uma gargalhada do outro lado da linha.

“Legal. Espera só até elas descobrirem o quanto você é estranha.” O Jacob tinha o dom de me tirar do sério, certas vezes.

“Jake.” Repreendi.

“Brincadeira.” Ele parou de rir. “Agora falando sério, quando você vai vir me visitar?”

“Eu acabei de sair daí.” Para ser mais exata, tinha quatro dias que eu tinha saído de Phoenix. Como esse garoto podia ser tão carente.?

“Eu to com saudades.” Ele falou manhoso. Esse garoto tá precisando urgente de uma namorada.

“Eu também. Mas que tal você vir me visitar em julho? Aí você aproveita e traz o meu bebê para cá.” Mordi meu lábio inferior, enquanto aguardava a resposta dele.

“Eu sabia que havia algum motivo por trás desse convite.” Mais uma vez revirei os olhos.

“Não enche.” Falei irritada.

“Mas é um caso a pensar.” Eu soltei um leve grito comemorando.

“Ok. Agora eu tenho que ir. Preciso terminar de me arrumar para um jantar.” Eu ainda tinha que dar um jeito naquilo que eu chamava de cabelo, e ainda precisava, passar alguma maquiagem no rosto.

“Mas já? Quem é o sortudo?” Jacob perguntou espantado.

“Um amigo do meu pai...” Jacob me interrompeu.

“Não sabia que você gostava de caras mais velhos.”  Ele falou irônico.

“Ele é casado.” Expliquei, achando que isso seria o suficiente para ele entender.

“Piorou então. Bella, você vai ser a outra?” É pelo visto não.

“Eu vou jantar com o meu pai, o amigo dele e a família.” Falei rapidamente, antes que ele me interrompesse mais uma vez.

“Ah sim, vê se explica da próxima vez.” Ele falou emburrado.

“Vê se deixa eu terminar então.”Devolvi na mesma moeda. “Vou indo. Beijos Jake” 

“Vê se me liga, tá? Beijo Tchau.”

“Tchau.”

Eu desliguei o telefone, e voltei par a minha missão.

                                                                              ***

“Esse povo mora ou se esconde?” Eu perguntei ao meu pai, enquanto íamos à caminho da casa dos Cullen. Nós já havíamos saído dos arredores do centro de Chicago e nada de chegar ao destino.

“O Dr. Cullen prefere lugares mais sossegados para morar. E não reclame Bella, só estamos dirigindo há trinta minutos.” Bufei irritada, e me recostei no banco, olhando pela janela. Eu já não agüentava mais ver tanto verde. O número de casas era praticamente uma a cada um quilômetro. Lugares sossegados? Isso é um eufemismo para falta de civilização? “Pronto, chegamos!” Meu pai avisou, avistando uma casa linda. Ela era toda branca, e tinha um lindo jardim na frente, e um bosque nos fundos. Parecia uma dessas casas que você só via nos filmes.

Meu pai seguiu por um pequeno caminho de terra, até conseguir estacionar em frente a casa.

“Seja boazinha.” Meu pai me advertiu.

“Pai, não está vendo a auréola?” Respondi sarcástica, e ele fez uma careta.

Ele tocou a campainha, e rapidamente fomos atendidos por uma mulher de cabelos caramelos, que emolduravam perfeitamente seu rosto em forma de coração. Os olhos verdes dela eram lindos, assim como o sorriso que ela mantinha no rosto. A pele clara dela, me fez lembrar da Branca de Neve, numa versão loira.

“Charlie!” Ela estendeu a mão e cumprimentou meu pai cordialmente, e logo depois se virou para mim. “E você deve ser a Bella! Eu sou Esme.” Com isso ela me puxou para um abraço. “Vamos, entrem.” Ela se desvencilhou de mim, e fez um gesto para que entrássemos na casa. Acho que eu nem precisava dizer que a casa era tão linda por dentro, quanto era por fora. A decoração era incrível, parecia uma vitrine de uma loja de móveis.

“É um prazer finalmente te conhecer Bella.” Esme falava comigo enquanto íamos em direção, ao que eu imaginava ser a sala de estar. “O seu pai fala muito sobre você.” Senti minhas bochechas queimarem. Por que os pais sempre tinham que falar sobre os filhos? Futebol não era mais interessante? Ou quem sabe, a crise mundial?

“Eu espero que bem.” Sorri timidamente.

Quando finalmente chegamos na sala, eu pude entender por que o Jasper e o Edward eram tão lindos. O homem loiro, sentado no sofá, que eu julgava ser o Dr. Cullen, era o homem mais lindo que eu já havia visto. E os olhos azuis dele, pareciam duas safiras, de tão brilhantes.

“Charlie!” Ele exclamou, se levantando do sofá e indo cumprimentar o meu pai. Pelos menos os pais eram mil vezes mais agradáveis que os filhos. Ou melhor, que um dos filhos. Eu realmente estava considerando dar uma chance ao Jasper.

“E você deve ser a famosa Bella” Ele repetiu o gesto da esposa e me abraçou.

“É um prazer conhecê-los Sr e Sra. Cullen” Falei, amigavelmente.

“Onde estão os meninos?” Meu pai perguntou, enquanto sentávamos no sofá, oposto ao que o Sr e a Sra. Cullen estavam.

“Em seus quartos.” Carlisle respondeu. “Aceitam alguma coisa para beber?”

“Não, obrigada.” Respondi educadamente. Meu pai, apenas negou com a cabeça.

“Então, Bella gostando da nova escola?” Esme me perguntou, interessada.

“Sim. É um ótimo lugar.” Respondi sorridente. A atmosfera ali, realmente me estimulava a ser simpática.        

“Ei, cadê o rango?” Uma voz adentrou na sala. Eu já havia ouvido aquela voz. “Ops, temos visitas” Emmett disse com um falso arrependimento. “Bella? O que faz aqui?” Ele perguntou surpreso.

“Oi Emmett, eu vou jantar aqui.”

“Vocês se conhecem?” Meu pai perguntou, curioso.

“A Bellinha almoçou com a gente ontem. Mas ela ficou com medo da Alice e não voltou hoje.” Ele falou num tom brincalhão. Ele devia ser maluco, de trazer aquele assunto à tona, justamente na frente de Esme e Carlisle.

“Isso não é verdade. Eu e a Alice conversamos. Eu não tenho medo dela.” Me defendi.

“Mas você deveria. Espere até ela te chamar para ir ao shopping, aí você vai entender do que eu estou falando.” Eu o encarei assustada, e ele riu. Os três adultos na sala acompanhavam com interesse a nossa conversa.

“Você mora aqui?” Perguntei curiosa. Eu sei que não era da minha conta, mas o que ele estaria fazendo ali? Quer dizer, ele não era filho dos Cullens ou nada assim.

“Sim. Eu sou amigo de infância do Jasper e do Edward.Quando meus pais decidiram ir embora da cidade, eu não quis ir. Daí, o Carlisle e a Esme me convidaram para ficar.” Nossa! Eles praticamente adotam o Emmett, e ainda me oferecem a casa deles como hotel?

“Eu fui forçada a isso. Vocês três e a Rosalie me coagiram a isso.” Esme falou, rindo.

“Isso é um absurdo!” Emmett fingiu-se de ofendido.

“Aproveita que você está de pé, e vá chamar os garotos. Avise para eles que o jantar está na mesa.” Carlisle pediu, e imediatamente Emmett se retirou. Eu já podia sentir um frio no meu estômago.

“Então, você já conhece os nossos meninos?” Esme perguntou, interessada.

“Sim. Eu inclusive estudo com o Edward.” Falei o mais simpática possível, tentando não transparecer nenhum dos reais sentimentos que eu sentia pelo filho dela, naquele momento.

“Oh!” Ela exclamou. E eu me perguntava o por que ela havia feito. Aquele foi um Oh! Ela já odeia o nosso filho? Ou foi um Oh! Ela já sabe o quão idiota o nosso filho é?

“Por que você não me falou, Bella?” Meu pai perguntou um pouco...triste?

“Ah pai, como eu ia saber que se tratavam dos mesmos Cullens?” Respondi inocentemente. Ele me olhou um pouco desacreditado, mas eu fui salva pelo gongo. Emmett, voltou logo em seguida. No entanto,para o meu alívio, estava sozinho.

“O Jasper já vai descer. O Edward está...indisposto.” Ele reforçou a última palavra.  “Sério, acho que esse garoto sofre de TPM.” Ótimo, agora estava na cara. Edward estava me evitando. Eu só queria saber o por quê.

“Vamos para a sala de jantar. Jasper nos encontra lá.” Carlisle disse, e todos nos levantamos.

Jasper chegou na sala de jantar em cerca de cinco minutos, ele cumprimentou a todos de um modo geral, e se sentou ao lado do Emmett, que estava de frente para mim. O Jantar seguiu tranquilamente. Esme e Carlisle sempre me fazendo perguntas e me elogiando por alguma coisa. Ou contando algo para envergonhar Emmett ou Jasper.

“Vem, Bella!” Emmett me chamou, enquanto os adultos voltavam para a sala de estar.

“Para onde?” Perguntei apreensiva.

“Comer sobremesa” Ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Emmett, nós já comemos sobremesa” Apontei o óbvio.

“Desde quando mousse de pêssego é sobremesa?”

“Desde que inventaram? Com certeza ele nunca foi o prato principal.”

Emmett me ignorou e saiu puxando tanto a mim quanto a Jasper em direção à cozinha.

“Isso sim é sobremesa.” Ele falava, enquanto tirava um pote de sorvete de chocolate do freezer.  Jasper revirou os olhos.

“Às vezes eu acho que você ainda tem dez anos.” Jasper finalmente falou.

”Há controvérsias. Rosalie fala que eu tenho cinco” Emmett falou encolhendo os ombros.

Emmett, pegou três taças e nos serviu. Eu tinha que admitir, comparado àquele sorvete, o mousse não poderia ser chamado de sobremesa. Nós ficamos os três sentados na bancada, sem falar nada, apenas saboreando o nosso sorvete. Até que eu ouvi um latido, e olhei para baixo, só para encontrar um cão labrador, de pêlo claro, balançando o rabo e com a língua para fora enquanto olhava fixamente para o Emmett.

“Nem vem Jake, se manda.” Ele fazia gestos para que o cachorro saísse.

“O nome do cachorro é Jake?” Perguntei surpresa.

“É por que?”

“É que esse é o nome do meu melhor amigo.” Eu disse rindo.

“Eu tinha dado a idéia de colocar o nome dele de Edward, mas aí falaram iria ficar confuso chamar tanto o cachorro como o dono pelo mesmo nome.” Acho que eu devia concordar com a Rosalie, Emmett realmente tinha cinco anos.

“O cachorro é do Edward?” Perguntei espantada. Ele não parecia o tipo de pessoa que teria um cachorro.

“É o cão-guia dele” Jasper explicou.

“Ah sim.” Eu falei, e o silêncio logo se instalou. Nós já havíamos acabado de tomar o sorvete, o que tornava o silêncio ainda mais incômodo.

“Tá legal, eu vou sair. Já deu pra sentir que vocês querem um momento a sós” Emmett disse se levantando.

“Emmett!” Falei o repreendendo. Com certeza eu devia estar vermelha com aquilo.

“Não se preocupem, eu não conto nada para a Alice.” Ele piscou para nós, e saiu da cozinha.

Eu e Jasper nos encaramos por um tempo, até que ele decidiu falar.

“Então, a Ali me contou sobre a conversa de vocês.” Ele falou mexendo a colher dentro da taça vazia.

“É. Eu digo o mesmo.” Disse com um pequeno sorriso.

“Olha, me desculpa pelo que eu fiz. Foi intencional. Eu não queria te usar para aquilo, mas acho que inconscientemente eu acabei fazendo. É o poder da Alice sobre mim” Ele pareceu sincero em suas palavras.

“Sem problemas. Eu também te devo desculpas, pela briga.”

“Tá desculpada.” Ele me olhou e eu sori.

“ Talvez nem sempre a primeira impressão é a que fica, certo?”

“Talvez seja.” Ele disse sorrindo abertamente.

“Então, que tal tentarmos ser amigos, e não provocarmos ciúmes na Alice?” Falei estendendo a minha mão.

“Fechado!” Ele disse enquanto apertava a minha mão.

É, no fim das contas, o jantar não tinha sido tão ruim quanto eu imaginava.


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