Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 23
Até Você Chegar


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui postar aqui. O Nyah não deixava eu atualizar por nada ontem. Bem, espero que gostem do capítulo ^^

Música do capítulo: http:// letras. terra. com. br/ dave-barnes / 611622 / traducao. HTML (retirem os espaços)



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Capítulo 23- Até Você Chegar

[BPOV]

As frestas de luz que entravam no quarto me despertaram quase que instantaneamente, só que eu me recusava a acordar.  Virei meu rosto para fugir da claridade e me aconcheguei ainda mais no corpo que estava ao meu lado .

Um distinto aroma de almíscar adentrou em minhas narinas, ao mesmo tempo que imagens da noite anterior inundavam a minha mente. Senti meu rosto esquentando ao lembrar da maneira como ele havia me beijado,  como ele havia me tocado, como havíamos nos encaixado perfeitamente.

Abris os meus olhos relutante. Edward estava imóvel, com uma das mãos embaixo de sua cabeça.  Mas o que realmente me chamou atenção foi a testa franzida e o ar pensativo.

“Bom dia.” Cumprimentei. Minha voz ainda rouca pelo sono.

“Bom dia.” Ele sorriu. No entanto, o seu sorriso não chegou até os olhos. Alguma coisa estava errada. Eu tinha certeza disso. Será que ele tinha se arrependido?  Será que ontem a noite não havia sido bom para ele?

“Aconteceu alguma coisa?” Perguntei num sussurro.

“Aconteceu que eu sou um grande idiota.” Ele respondeu desgostoso.

“Você não é nada disso.”

“Você não deveria estar me defendendo. Não depois do que eu fiz.” Eu buscava na minha mente alguma coisa que pudesse ter levado àquela reação, mas nada fazia sentido.

“O que foi que você fez?” Perguntei, mantendo a calma.

“Eu sou um imbecil! Eu deixei o desejo me controlar, e esqueci da nossa segurança. Eu fui um irresponsável, com você mais ainda. Mas eu quero que você saiba que não importa o que aconteça eu sempre estarei ao seu lado e vou cuidar de você. Eu sei... ”

Não deixei que ele terminasse de falar e juntei nossos lábios.

De início ele ficou imóvel, mas depois relaxou.

“Você não precisa se preocupar. Eu tomo pílula desde os quinze anos, por motivos médicos. Mas é bom saber que você ficaria ao meu lado caso alguma coisa acontecesse.”

“Você ainda teria dúvidas?” Ele perguntou tristemente.

“Não, mas é sempre bom ouvir.” Respondi com um sorriso. “Eu já estava pensando que você não tinha gostado de ontem à noite e queria terminar comigo.”

“Ontem a noite foi a melhor noite da minha vida.” Ele disse, acariciando o meu rosto.

“Da minha também.”

“Como você está se sentindo?”

“Bem. Um pouco dolorida, mas acredito que isso seja perfeitamente normal.”

“Você sabia que você fala enquanto dorme?” Edward perguntou com um sorriso.

“O que foi o que eu disse?”

“Basicamente, falou meu nome inúmeras vezes, que me amava e o quanto eu era grande.” Eu vi Edward corando, assim como eu. Só que eu tinha certeza que o meu rosto devia estar dez vezes mais vermelho que o dele.

“Eu não acredito que eu disse isso.” Falei mortificada. De tantas coisas que eu tinha para falar, eu não acreditava que tinha dito justo aquela.

“Não posso dizer que fiquei chateado.” Ele concluiu com um sorriso torto.

“Desde quando você ficou tão metido?” Provoquei.

“Desde que eu comecei a namorar com você.” Ele devolveu. Sua boca a centímetros da minha.

Antes que eu pudesse formular uma resposta, sua boca já estava na minha. Ele me segurou possessivamente pela cintura, enquanto eu emaranhava minhas mãos em seus cabelos.

Ele me puxou para mais perto, colando os nossos corpos ainda nus. Subitamente, Edward nos separou.

“É melhor nós pararmos antes que eu perca o controle mais uma vez.” Ele falou ofegante.

“Certo.” Concordei, tentando acalmar minha respiração.   “Acho que eu vou para o meu quarto e depois vou tomar um banho.”

“Eu te vejo lá embaixo então.”

Por sorte não havia ninguém no corredor. Entrei no meu quarto, peguei uma roupa e fui correndo para o banheiro. O incômodo entre as minhas pernas persistia, mas era suportável.

Depois de me arrumar, desci até a cozinha. Da escada eu já podia ouvir as vozes de Jasper e Alice. E... Rosalie e Emmett? Mas eles não estavam viajando?

“Bom dia.” Cumprimentei ao entrar na cozinha.

“Bom dia.” Eles responderam.

Servi-me das panquecas que estavam na mesa, assim como do suco de laranja e do café.

“Eu pensei que vocês estivessem viajando.” Comentei para Emmett e Rose.

“E eu ainda estaria se o gênio aqui tivesse feito as reservas.” Rosalie quase fuzilou Emmett com os olhos.

“Como eu ia saber que o hotel estaria lotado nessa época do ano?” Ele se defendeu.

“Existe uma coisa chamada telefone que é bem útil nessas horas.” Apesar do clima levemente hostil entre eles, não havia o menor indício de um problema mais sério. Apenas planos frustrados entre namorados.

Algum tempo depois Edward entrou na cozinha. Conversamos por um bom tempo até que decidimos ir para a sala. O que mais se poderia fazer num domingo de manhã, além de assistir televisão?

Eu e Edward decidimos ficar no chão, enquanto Rose e Emmett ocupavam o sofá maior e Alice e Jasper o menor. Emmett deixou em um canal onde estava passando Friends. Eu estava me esforçando para prestar atenção ao que passava na TV, mas eu estava muito mais concentrada no que Edward estava fazendo. 

Ele explorava o meu pescoço, ora com seu nariz, ora com sua boca me deixando completamente arrepiada. Suas mãos que repousavam na minha barriga, por dentro da blusa, me faziam lembrar das sensações que as mesmas provocaram em mim, na noite anterior.

“Ah meu Deus!” Emmett exclamou de repente, e todos olharam para ele. “Vocês fizeram, não fizeram?” Ele perguntou olhando diretamente para nós.

“Como?” Tentei disfarçar, mas eu tinha certeza que o meu rosto corado me denunciava.

“Eu sinto as vibrações.” Ele disse com uma expressão cômica. “Eddie virou homem.” Ele adicionou zombeteiro.

“Cala a boca Emmett” Edward falou irritado.

“Olha só como eles estão vermelhos” Rosalie provocou. Olhei de soslaio para Edward e vi que ele estava corado, assim como eu.

“Só esperaram eu sair para a casa ficar livre só para vocês.” Jasper adicionou, com aquele sorriso irritante.

“Jasper.” Edward advertiu-o.

“Finalmente nós realmente poderemos falar sobre sexo.”

“Vocês falam sobre sexo?” Emmett perguntou surpreso.

“O que você acha Emmett?” Alice revirou os olhos.

“Vocês falam sobre, vocês sabem, nosso desempenho?” Jasper perguntou.

“Claro que falamos, assim como vocês falam da gente.” Rose respondeu com um sorriso vencedor.

Ao menos aquela discussão tirou a atenção dele de nós.

Em nenhum momento durante o fim de semana, Alice mencionou o primo. Nem mesmo quando estávamos apenas eu, ela e Rosalie. Ela parecia desconhecer completamente o fato de que James estava na cidade. Sendo assim resolvi não me preocupar, provavelmente, ele já deveria estar de volta à cidade natal.

Um acidente na estrada causou um enorme congestionamento. E eu, que já estava atrasada, chegaria mais atrasada ainda. Mas nada estragaria meu mau humor. Por mais piegas e clichê que possa parecer eu estava me sentindo viva pela primeira vez na minha vida. Era como se eu estivesse adormecida, e algo me trouxesse de volta a realidade e agora eu estava completamente acordada. Meu passado em Phoenix parecia cada vez mais distante a cada dia que passava.

Quando finalmente consegui chegar à escola, a sala já estava completamente lotada, e eu notei que eu era a única que faltava ali. Ao menos o professor ainda não tinha chegado.

“O que aconteceu?” Edward perguntou, ao me ouvir puxar a cadeira.

“Um engarrafamento quilométrico.” Respondi.

“Bom dia,” O professor Banner cumprimentou ao entrar na sala.

“Bom dia” Alguns alunos responderam.

“Já escolheram as músicas? Vocês vão ter que apresentá-las em duas semanas. E não esqueçam de falar sobre o país.” Inúmeros protestos foram ouvidos na sala, mas o professor tratou de ignorá-los.

“Que tal escolhermos a música hoje?” Edward sugeriu.

“Perfeito!” Concordei.

“Em que idioma está pensando?”

“Italiano ou grego.”

“Você gosta de música grega?” Ele perguntou surpreso.

“Culpa da minha mãe. Uma vez ela cismou que queria aprender a falar grego. Daí ela comprou vários CDs na internet. Consequentemente, eu acabei ouvindo-os.” Respondi. A capacidade que minha mãe tinha de tentar coisas novas e diferentes estava além da minha compreensão.

“E ela aprendeu?” Ele perguntou com um meio sorriso. Provavelmente, já adivinhando qual seria a resposta.

“Não. Ela não é uma pessoa muito paciente, sem contar que muda de idéia constantemente.”

Passamos alguns minutos discutindo possíveis músicas que poderíamos escolher, até que o professor nos interrompeu.

“Pessoal!” O Sr Banner chamou a atenção. “Esse aqui é o James Salvatore seu mais novo colega de classe.” Olhei para frente e me surpreendi com o que vi.

Em minha cabeça, desencadeou-se um verdadeiro turbilhão de pensamentos. Eu pensava na Alice. Pensava no Jasper. As memórias relacionadas ao James. Os acontecimentos de um futuro não muito distante. Tudo estava misturado na minha cabeça, me deixando tonta.

Isso não estava acontecendo. James não poderia estudar naquela escola!

O olhar dele cruzou com o meu e ele sorriu amplamente. Limite-me apenas a menear a cabeça em resposta.

“Eu não acredito.” Murmurei entre os dentes.

“O que foi?” Edward perguntou confuso.

“É o James.” Respondi ainda com os dentes cerrados

“O primo da Alice?” Ele perguntou, espantado.

“Sim.”

James veio andando calmamente em minha direção, e percebi que o único ligar vazio era próximo ao meu. Definitivamente, tudo conspirava contra mim.

“Bella, Edward.” Ele nos cumprimentou, mantendo o mesmo sorriso.

“Oi James.” Murmurei em resposta.

“James” Chamou o Sr. Banner “Nós vamos ter uma apresentação em algumas semanas. Você pode se juntar a uma das duplas para não fazer o trabalho sozinho.” James assentiu em resposta, e sentou-se em sua cadeira.

Por mais que me esforçasse em me focar na aula, eu estava consciente até demais da presença de James ali. Meus ombros relaxaram no instante em que o sinal tocou, indicando o fim da aula.

Como era habitual Edward se levantou e saiu da sala. Embora ele sempre se desculpasse dizendo que tinha ido ao banheiro, ou ido resolver alguma coisa, eu sabia que quando ele saía assim ele ia à sala de música. Seu refúgio desde que ele começara a estudar ali.

Embora eu soubesse da verdade, eu não o questionava. Eu sabia que no tempo dele, ele também partilharia aquilo comigo.

Antes que eu pudesse me levantar da cadeira, James parou ao meu lado.

“Como você está?”

“Bem. E você?” Tentei soar o mais natural possível.

“Não poderia estar melhor.” Ele respondeu, com um sorriso de lado. Nem de longe era tão encantador quanto o do Edward.

“Eu não sabia que você iria estudar aqui.”

“Pensei que depois de sexta você teria deduzido isso.”

“Isso não cruzou a minha mente.”

“Então sobre o trabalho...” Ele começou a falar.

“Eu estou fazendo com o Edward.”

“Eu posso fazer com vocês?” Sinceramente, custei a acreditar que ele estava tendo a audácia de fazer aquela pergunta.

“Eu não acho que seja uma boa idéia, mas vou falar com ele de qualquer forma.” Respondi secamente.

Saí dali apressada em direção ao refeitório. No entanto eu sabia que toda a minha pressa seria vã. James não demoraria a aparecer por lá. Eu me sentia como uma simples humana tentando impedir um desastre mundial. O estrago era inevitável, mas eu sentia a necessidade de agir.

Percorri o refeitório com os olhos até que encontrei meus amigos em nossa mesa habitual.

Senti minhas mãos ficando geladas, e meu coração acelerar ainda mais quando vi o que Edward já estava lá a mesa com eles. Será que ele já havia dado as boas noticias?

Ao notar as expressões leves e os sorrisos em seus rostos, conclui que as más noticiais ainda não haviam sido espalhadas.

“Finalmente!” Emmett exclamou ao me ver. “Já não agüento mais esse garoto tamborilando a mesa.”

“Aconteceu alguma coisa?” Jasper perguntou intercalando os olhares entre eu e o Edward.

“Não, só estava conversando com um colega de classe.”

Fui para a fila, incerta se realmente queria comer alguma coisa. Optei por um refrigerante de limão e uma maçã. Eu não conseguiria comer nada além disso.

Voltei para nossa mesa, e logo fui incluída na conversa. Mas eu não conseguia relaxar. A todo instante eu olhava para a entrada, temendo a chegada de James ali.

Eu tomava pequenos goles do líquido em minhas mãos e murmurava esporadicamente como se estivesse prestando atenção, quando na verdade olhava fixamente para a maçã que permanecia intocada na minha bandeja.

“A Bella ficou de escolher.” Ouvi meu nome sendo pronunciado pela Alice me trouxe de volta a realidade.

“O quê?” Perguntei confusa.

“A música para o nosso trabalho que você ficou de escolher.” Ela explicou.

“Nós vamos fazer o trabalho? Pensei que tudo não passava de um plano para juntar o Emm e a Rose.”

“Sim, mas achei que iríamos fazer mesmo assim.”

“É que eu e o Edward temos um trabalho a fazer.” Desculpei-me.

“Mas...”

“Para ser sincero eu também tenho.” Jasper admitiu num tom de culpa.

“Mas eu até desenhei o figurino” Ela arremedou com um biquinho.

“Na próxima vez nós faremos. Eu prometo.” Disse com um sorriso.

“Está bem” Ela assentiu e encolheu os ombros.

A conversa que se seguiu conseguiu me distrair momentaneamente. Os devaneios da Alice e as impertinências do Emmett me contagiaram. Quando o sinal tocou todos se levantaram e fomos cada um para um lado diferente.

“Você se importaria de faltar essa aula?” Edward sussurrou no meu ouvido, enquanto andávamos pelo corredor.

“Nem um pouquinho.”

Edward me pegou pela mão e me guiou até a sala de música que ele costumava ficar durante o almoço.

“Você tem certeza que podemos entrar?”

“Claro. Não tem aulas aqui as segundas” Ele explicou.

Entramos na sala, e ele fechou a porta. Tirei um tempo para olhar tudo em minha volta, afinal aquela era a primeira vez que eu estava do outro lado da vitrine.

A sala era como todas as outras salas de músicas. Paredes claras, bancos empilhados em um canto, instrumentos encostados nas paredes e um piano no centro, juntamente com uma banqueta. No entanto, a razão de eu estar ali a tornava diferente aos meus olhos.

“Eu costumava ficar aqui durante o intervalo.” Edward comentou.

“Eu sei.” No momento que eu disse as palavras, sua boca formou um perfeito ‘o’.

“Como? Jasper?”

“Não. eu escapava para cá para te ver tocando.” Admiti, corando.

“Mas...” Ele tentava articular, mas não conseguia. Provavelmente, ainda tentava assimilar a surpresa da minha confissão.

“Um dia eu queria escapar do Mike e resolvi dar uma volta antes de ir para o refeitório e acabei achando você.”

“Quando foi isso?”

“Já tem um tempo. Você ainda me odiava.” Respondi. Eu só esperava que ele não encarasse o meu fascínio por ele como uma tendência psicopata da minha parte.

“Eu nunca te odiei.” Ele disse com um sorriso, me puxando para mais perto.

“Bom saber.” Suspirei, ao sentir seus braços me envolvendo.

“Posso te fazer uma pergunta?” Decidi não responder sua retórica, e ele continuou, “O que o James estava fazendo aqui?”

“Eu também gostaria de saber.” Exalei frustrada e me separei dele.

“Alice falou alguma coisa?”

“Não. Nem durante o final de semana.”

“Final de semana?” Edward perguntou confuso.

“Eu encontrei James aqui na sexta.” Esclareci.

“Era por isso que você estava daquele jeito?”

“Era. Eu não sabia o que fazer. Quer dizer, eu não queria confrontar a Alice, e também não queria falar nada para o seu irmão, porque eles com certeza iriam brigar.”

“Bella...” Edward tentou falar, mas eu o impedi.

“Desculpa não ter te contado. Mas é que eu achei que ele só fosse ficar aqui durante o final de semana.”

“Está tudo bem. Eu entendo.” Ele sorriu docemente.

“Só achei estranho ele não ter aparecido no refeitório.” Comentei. Aquilo era algo que realmente estava me incomodando.

“É verdade” Edward pareceu pensativo por um momento.  “Será que alguém mais o viu?”

“Acho pouco provável.” Relembrando como todos agiram no almoço, era certo que ninguém havia encontrado com ele. “O que nós vamos fazer agora?”

“Precisamos conversar com os dois antes que um estrago mais seja feito.”

“Seu irmão vai me matar.”

“Você sabe que ele não é do tipo que se exalta.”

“Eu sei, mas...” Edward me interrompeu.

“E muito menos sobre algo que você não tem culpa. Omitir não é mentir.”

“Eu sei. Mas a minha omissão indica que eu tomei um lado. E eu não quero escolher lados nessa história.”

“Se tudo der certo você não vai precisar.” Ele acariciou o meu rosto, e eu logo relaxei. Bastava apenas um toque dele para apaziguar os meus medos.    “Agora vamos mudar de assunto porque não foi para isso que eu te chamei aqui.”

“Ah, não?” Pisquei confusa.

“Eu tenho uma surpresa.”

Ele sentou-se na banqueta e gesticulou para que eu fizesse o mesmo.

“Eu fiz essa música ontem, então ela precisa de vários ajustes.” Ele se desculpou.

Imediatamente, ele assumiu aquele seu ar compenetrado e começou a tocar o piano

Let's just take our time

There's nothing else to do

Or better way to spend the night

Than wasting it with you

The moon has won the war

The daylight waits to end

Stay here by my side

We'll watch the struggle start again

Voz e melodia se completavam de uma maneira única. Nunca tinha conhecido alguém que conseguia transparecer tanto sentimento em uma canção. Talvez, ele me deslumbrasse a cada apertar de teclas.

I need you now and forever

So stay right here with me

Don't ever leave

Love was kept from me like a secret

And I swore that I was through

Until you, until you

Mordi o lábio inferior, na tentativa de conter meu choro. Mesmo sabendo que seria inútil.

The city settles down

I watch you as you sleep

There's a silent celebration for

Every breath you breathe

Now this all makes sense

With you as company

I left all I knew and found

A better part of me, yeah

Uma lágrima traiçoeira rolou pelo meu rosto. Apesar de tudo, eu não trocaria minha vida ali em Chicago. Eu sabia que aquela música era a visão dele sobre o nosso relacionamento, mas não pude deixar de fazer dela a minha visão também. Ele não havia sido o único que havia mudado.

I need you now and forever

So stay right here with me

Don't ever leave

Love was kept from me like a secret

And I swore that I was through

Until you, until you

Lembrei do que ele havia dito no sábado. Talvez por medo, ou receio, eu ainda anão tinha tido a coragem de perguntar qual era o verdadeiro sentido de suas palavras. Ele me via como nenhuma outra pessoa era capaz de me enxergar. Será que ele queria mais?

The time it took to find you

I would

Wait again my baby

The feelings that

I feel for you now

As lágrimas agora corriam soltas. Se eu tinha me encantado com as duas primeiras músicas que ele fez para mim, essa as superava, e muito! Eu não tinha como expressar o efeito daquelas palavras em mim.

I need you now and forever

So stay right here with me

Don't ever leave

Love was kept from me like a secret

And I swore that I was through

Until you, until you

Until you Until you Until you

“Você gostou?” Ele perguntou ao final da música.

“Eu amei! É perfeita! Obrigada.” Disse, abraçando-o.

“Eu que agradeço, por tudo.” Ele sussurrou contra os meus cabelos.

“Edward.” Chamei-o receosa. Optei por me separar dele, para melhor ver sua reação. “Sobre aquilo que você falou no sábado...”

“O que exatamente?”

“Que você iria me ver. Você estava falando sério?”

“Nunca falei tão sério em toda a minha vida.”

“Mas...” Parei um momento enquanto tentava processar tudo aquilo. “Você falou que tinha medo.”

“E tinha, ou melhor, eu ainda tenho.” Ele disse, segurando as minhas mãos. “Mas percebi o quanto esse medo tem tomado conta de mim; privando-me das melhores coisas da vida.”

“Eu só não quero que você faça uma coisa só porque você acha que é o que eu quero. Se você realmente quer fazer a cirurgia eu vou te apoiar, se você não quiser, eu vou te apoiar do mesmo jeito.”

“Eu quero” Ele disse firme.

“E isso não tem nada a ver comigo, certo?” Perguntei. Eu não queria que ele fizesse a cirurgia por mim, e sim por ele.

“Eu estaria mentindo se dissesse que não. Se não fosse por você talvez eu não tomaria essa decisão. A verdade é que eu preciso ver o seu sorriso, a cor dos seus olhos, os tons do seu cabelo sob o sol. Você é a principal razão, mas eu garanto que não é a única.” Pisquei algumas vezes, para tentar conter as lágrimas que ameaçavam cair novamente.

“Tudo bem. Você já falou com seus pais?”

“Ainda não.”

“Se quiser companhia...” Ofereci.

“Pode deixar. Por falar nisso, você vai mesmo lá a casa?”

“Não posso. Hoje eu tenho monitoria.” Só esperava que o dia de hoje fosse menos cansativo que a sexta passada.

“É verdade, mas de amanhã não passa.”

“Prometo” E para selar aquela promessa dei um rápido beijo nos lábios dele.

Assim que nos separamos, olhei pela janela e vi a mesma garota loira que eu vira das outras vezes. Ela olhava fixamente para nós, mas o seu foco claramente era o Edward. Ao perceber o meu olhar ela desviou e foi embora.

“Por que você não toca alguma coisa para eu ouvir?”

Eu acabei tocando duas músicas antes dele tocar aquela que ele havia denominado ser minha canção de ninar. Aqueça música me transmitia uma paz e serenidade que mandava qualquer medo embora.

Quando acabou, ele saiu para encontrar o Jasper e ei fiquei sentada em um banco, esperando a aula do Sr banner começar.

“Oi” Mike cumprimentou sorridente.

“Oi” Respondi sem o mesmo entusiasmo.

“Quanto tempo que não conversamos.” Ele sentou ao meu lado no banco.

“É verdade” Desde que voltara das férias na última semana, eu não tinha trocado nem duas palavras com ele.  Antes das férias eu já o estava evitando, mas agora eu estava conseguindo este feito com maior sucesso.

“O que você fez nas férias?”

“Fui visitar a minha mãe.”

“Legal.” Será que eu era a única que percebia aquele constrangimento evidente entre nós?  “Então, você e o Cullen...”

“Sim, estamos namorando.”

“Estranho. Eu nunca percebi nada.”

“As coisas mudam.”

“Eu sei.” Ele sorriu, tristemente.

Senti-me culpada momentaneamente. Talvez eu estivesse agindo errado em ignorar Mike daquele modo, mas aquela havia sido a única maneira que eu havia encontrado de lhe dar uma resposta direta aos seus insistentes convites.

Um silêncio mais do que constrangedor instalou-se entre nós. Eu cogitava pedir desculpas a ele pelo meu comportamento, não apenas de agora, mas o anterior também. Apesar de me seguir por todos os cantos, eu tinha que admitir que Mike havia sido um bom colega. Talvez eu o estivesse tratando de maneira injusta.

Antes que eu pudesse colocar em prática, o meu celular tocou. Olhei no visor e vi que se tratava da minha mãe.

“Eu preciso atender essa. Com licença.” Sorri brevemente, pedindo desculpas com o olhar.

“Claro.” Ele assentiu, e eu me levantei do banco.

“Oi mãe.”

“Oi. Como você está? Está ocupada?” Ela perguntou apressada.

“Estou bem. Tenho uns dez minutos livres.” Respondi, depois de olhar no meu relógio.

“Ótimo, porque eu não sei que nome colocar nela.” Revirei os olhos. Eu já devia esperar esse tipo de reação vinda da Renée. O que eu não daria para saber como era a vida dela antes de eu nascer.

“Como assim você não sabe?”

“Eu estou em dúvida.” Ela disse.

“Quais são os nomes?”

“Penelope.” Ela disse, e eu contorci minha cara em uma careta.

“Não. Do que eu vou chamá-la? De Penny? É estranho.” Eu precisava garantir que minha futura irmã, caso não gostasse do nome, ao menos pudesse ficar com um apelido descente.

“Lilly.”

“Curto demais.” Qual seria o diminutivo de Lilly? Li?

“Anabella” Ela disse entusiasmada. Até demais para o meu gosto.

“Vai ficar parecido com o meu.” Reclamei.

“Eu gosto desse.” Renée insistiu.

“Tem outro?”

“Melanie.”

“Eu gosto desse.” Afirmei. Mel até que seria um bom diminutivo para chamá-la.

“Anotado.” Ela fez uma breve pausa antes de continuar.  “Anabella Melanie ficaria estranho demais?”

“Claro!” Estava começando a suspeitar que minha mãe tentaria a todo custo colocar –de alguma forma- Anabella no nome da minha irmã. “Quando vai ser sua próxima consulta?”

“Semana que vem. Eu já vou entrar no quinto mês.” Ela falou orgulhosa. Só mais quatro meses e a minha pequena já estaria aqui.

“Está passando rápido demais.”

“Eu sei.” Ela disse num tom distante. “Mas eu acho que eu vou para aí na semana que vem.”

“Mãe, não precisa.” Garanti. Eu já estava tentando pensar numa estratégia para fugir de uma possível festa que Esme ou Alice tentassem organizar; com a minha mãe aqui isso seria impossível! Sinceramente, não consigo entender essa prática de comemorar a velhice.

"Claro que precisa." Ela insistiu.

"Mas você está grávida. Não tem que cruzar o país todo para me ver." Tentei argumentar. Ela já estava no segundo trimestre, e com certeza deveria repousar ao máximo e não ter que enfrentar um vôo de quatro horas apenas para comemorar meu aniversário.

"Eu não vou cruzar o país todo. E você também é minha filha então não discuta comigo." Ela disse num tom autoritário.

"Sim senhora." O Sr. Banner estava na porta da sala e fez sinal para que eu entrasse. "Mãe tenho que ir agora. Mais tarde eu te ligo."

"Claro. Até mais."

"Até." Desliguei o telefone e caminhei ate a sala.

"Sim, Sr. Banner?" Ele sorriu, e levantou-se da mesa.

"Bella, um aluno requisitou aulas extras de piano e como você é monitora você ficará encarregada dessas aulas, tudo bem?"

"Claro.” Era bem melhor ter que lidar apenas com um aluno, do que com uma turma inteira, como havia acontecido na última semana.“ Qual é o aluno?"

"O que começou hoje. Salvatore."

"James?" De repente, a idéia já não parecia tão agradável.

"Esse mesmo. Algum problema?" Pensei bem no que responder. O ditado ‘Mantenha seus amigos perto, e seus inimigos mais perto ainda’ cruzou a minha mente. James não era o que eu classificaria de inimigo, mas por mantê-lo perto eu poderia vigiar suas ações.

"Não. Nenhum."

"Ele está na segunda sala de música." Ele me avisou.

"Certo."

Fui até a sala indicada, onde James já estava sentado junto ao piano. Respirei fundo, antes de abrir a porta.

"Oi James" Cumprimentei-o. Eu sabia que o meu sorriso estava longe de ser natural, mas era tudo o que eu tinha a oferecer.

"Bella! Você que vai me ensinar?" Ele perguntou com um sorriso.

"Aparentemente sim. O quanto você sabe sobre piano?" Respondi, meu tom sendo o mais imparcialmente possível.

"Para ser sincero, não muito."

"Mas você toca alguma coisa?"

"Uma ou duas músicas."

"Posso ouvir uma?"

"Claro"

Ele tocou uma música que eu não reconheci. De fato, ele não sabia tocar muito bem, mas conseguia aprender rápido.

"Repita essa sequência aqui." Apontei para a partitura e ele começou a treinar as notas. "Você falou com Alice hoje?"

"Eu não tive a chance de ver minha querida prima hoje." Fiquei em dúvida se ele havia sido sarcástico ou não. James era um mistério que eu não queria desvendar, mas infelizmente, eu precisava.

"Se você tivesse aparecido no refeitório talvez a tivesse visto." Joguei, esperando que ele mordesse a isca.

"Mas qual seria a graça?" Ele retrucou, com um sorriso misterioso. "Você já falou com o Edward sobre a música?"

"Ainda não."

"Já escolheram o país?" Ele continuou com as perguntas.

"Provavelmente vai ser a Itália."

"Eu sou descendente de Italiano. Acho que seria de grande ajuda." Ele se ofereceu.

"Eu vou falar com ele, mas como disse a resposta não pode ser a que você espera."

"Talvez seja." Ele respondeu enigmático.

Fiquei feliz quando o relógio marcou quatro horas, mostrando que eu estava livre de James por hoje. Me despedi dele e fui para o meu armário pegar o meu material.

Duas garotas passaram apressadamente por mim, e notei que elas deixaram cair alguns papéis. Peguei-o do chão e andei um pouco mais rápido para alcançá-las.

"Com licença. Isso é seu?" Perguntei quanto finalmente consegui me aproximar. Ambas olharam para mim. No mesmo instante reconheci a de cabelos loiros. Era a mesma que ficava olhando o Edward na sala de música. 

"É." Ela confirmou, olhando os papéis na minha mão. “Obrigada.” Ela murmurou.

Entreguei os papéis e antes que ela os guardasse consegui ler um nome em um deles.

Tanya Denalli.

Eu começava a entender algumas coisas.


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Notas finais do capítulo

Beijos e até o próximo!!!!