Samuel levantou sobressaltado. Tivera um sonho ruim.

Passou a mão nas costas, que doíam. Aquele sofá do Daniel era horrível!.

Não lembrava-se como fora parar ali, na noite anterior. Não eram só as suas costas que doíam. Sua cabeça parecia estar prestes a explodir.

 

Tudo silencioso. Ou Daniel ainda estava dormindo, ou tinha saído. 

Resolveu ir morar com o amigo. Percebeu que se ficasse em sua casa, acabaria consigo mesmo, em questão de meses.

Fazia apenas 4 dias que morava ali. Daniel disse que ia arrumar um emprego para ele no clube, mas, a última coisa que se lembrava do dia anterior, é que tinha arrumado um serviço no Dirty's Bar. Começaria naquela noite.

 

Olhou em todos os cantos da casa, à procura de um relógio. Avistou um na parede de frente. 14:48 p.m. . Ainda tinha tempo.

Voltou a deitar-se no sofá. Sentiu algo frio, em sua cabeça. Levantou novamente para ver o que era.Havia uma garrafa pequena, quadrangular e com apenas um dedo, de um liquido amarelo-escuro.

 

Samuel - merda.... - xingou baixo - 

 

Descobriu como foi parar naquele sofá. Provavelmente, depois de sair do Dirty's, bebeu o tempo todo. Tinha que parar com isso. Poderia acabar morto. E se reencontra-se Mary, ela não ia querê-lo alcoolizado daquela forma.

Só pensava nela. Não se estragaria, por ela. Tinha ainda, um fio de esperança, de que a teria de volta. E se voltassem, faria de tudo paranão decepcioná-la, e daria tudo de si, para fazê-la feliz.

Prometeu a si mesmo que iria reduzir a dose, e se segurar. Sabia que não seria fácil. Bebia desde os 16 anos, exageradamente. À 7 anos, se alcoolizava sem se importar com ninguém, mas iria parar.Por ela... e por ele. Só precisava de força de vontade.

 

Foi tomar banho. passou um bom tempo no chuveiro, para amenizar a dor. Depois, tomou um relaxante muscular.

 

Se Samuel soubesse, que aquela decisão, resolveria grande parte dos problemas de sua vida, teria feito essa promessa à quatro anos atrás. Assim, não teria perdido sua menina.

 

Olhou no quarto de Daniel. Cama arrumada. Tinha saído. Pegou a garrafa do sofá, e guardou no armário. Estava cansado. Foi para seu quarto e se deitou. Queria relaxar para trabalhar direito à noite. Tinha consciência de que não precisava trabalhar. Seus pais eram ricos, assim como os de Daniel. Sua conta ainda estava bem gorda. Mas, queria adquirir sua independência, assim como seu amigo. Não queria mais se sentir um moleque, que tudo o que queria, tinha de pedir para os pais, e sim um homem, que não precisava de ninguém. Já tinha 22 anos. Tinha que tomar jeito na vida. Ser dono e responsável de si mesmo.

 

 

 

Seb continuou sentado no chão. Raciocinando. Axl tinha autorizado. Pelo bebê, mas tinha deixado. Foi irresponsável, sabia disso, mas até que estava gostando. Esboçou um sorriso. Olhou Mary abraçando Nuno. Não ligou. Por um segundo se colocou no lugar do rapaz.

`Se fosse com ele, também ficaria mal.

 

Izzy levou Axl para a cozinha. Queria conversar, acalmar o ruivo. Axl estava com a cabeça a mil. Não sabia o que pensar. Sentou em um banquinho. Encostou a cabeça no balcão de mármore à sua frente. Não queria um neto agora. Izzy sentou de frente para Axl. Tentaria convencê-lo que seria melhor ficarem juntos.

 

Izzy - Axl...

 

Axl - você vai defender aquele viado?

 

Izzy -  se ele fosse viado, ele não tinha trepado com a sua filha.

 

Axl - eu não quero mais saber disso.

 

Izzy - o que eu quero te falar cara, é o seguinte.

 

Axl olhou nos olhos do moreno. Não sabia o porque, mas queria

ficar atento ao que Izzy iria dizer.

 

Izzy - isso, não é nenhum bicho de sete cabeças. Você mesmo sabe muito bem.

 

Axl - uhum.

 

Izzy - bom... no começo... é sim. Mas para tudo se dá um jeito. Pensa cara. Lembra de você. Sua filha tá passando o que você passou. E, ao contrário de você, ela tem mais pessoas pra ajudar, caso algo aconteça. Mesmo sozinho, você soube cuidá-la, do seu modo mas soube. Com a Mary não vai ser diferente.

 

Axl nada falava, mas lágrimas escorriam pelo seu rosto.

 

Izzy - e..você também sabe o que ela tá sentindo. Você já amou assim.

 

Axl - eu sei... mas... logo o Sebastian?! poderia ser outro cara... o... o Samuel, por exemplo! ou o Nuno.... mas o Bach ... não. - passou a mão no rosto e entrelaçou os dedos no cabelo - 

 

  Izzy respirou fundo. Ia ser difícil, mas, Axl estava cedendo.

 

Izzy - e daí?! ele não é nada dela, cacete. Deixa os dois juntos...

 

Axl - eu já deixei. Você  não ouviu eu dizer não?

 

Izzy -  ouvi. Mas você só deixou pela criança. E se ela perder? e se ela estiver mentindo?

 

Axl - ela não parecia estar mentindo.

 

Izzy - é, mas e se ela perder? você vai continuar o que começou? vai matar ele? vai acabar com a vida, e com a banda do cara? vai foder você? vai?

 

Axl-  não... - refletiu - 

 

Izzy - deixa eles, cara. Se isso tiver que acabar bem, vai acabar. Se não...deixa rolar. Tem só dois caminhos. Ou dá certo, ou não dá. Esquece. Se tiver... deixa foder, e aí?

 

Axl - Tá Izzy.... tá bom.

 

Izzy - quer conversar com ele agora?

 

Axl - quero... BACH! - gritou - 

 

 

Seb ouviu alguém gritando seu nome. Era Axl. Correu para a cozinha, agora, sem medo. Mary continuou com Nuno. Entrou na cozinha e sentou ao lado do ruivo, Os olhos de Axl estavam vermelhos. Izzy ficou a observá-los.

 

Axl voltou os olhos para os de Sebastian só uma pergunta veio em sua mente.

 

Axl - por que?

 

Sebastian - o que?

 

Izzy queria rir neste momento. Não era hora, mas achou graça. Reprimiu o riso. Continuou à prestar atenção na conversa. Esboçando um sorriso.

 

Axl - nada.

 

Sebastian - tá.

 

O moreno não aguentou. Explodiu em risos. Que conversa idiota era aquela?!. Gargalhava. Os dois o olharam, e o acompanharam na risada.

Após longos segundos, pararam. Axl não tinha o que falar com Seb, melhor,não sabia o que falar.

 

Axl - olha...

 

Sebastian - to olhando. - riu - 

 

Axl - cala a boca. - riu também. - 

 

 Izzy voltou à rir. Depois de tanta tensão, era bom rir um pouco.

 

Axl - eu só quero...que você sabia o que vai fazer... e cuide direito da minha filha. entendeu?

 

Sebastian - ...

 

Axl - Seb...

 

Sebastian - ...

 

Axl - fala!

 

Sebastian - ah sim... entendi. Ah.. você tinha mandado eu calar a boca...

 

Axl - tá. Chega. Acabou a graça.

 

Sebastian - é.

 

Axl - é sério. Você entendeu? 

 

Sebastian - uhum.

 

Axl - melhor assim.

 

Sebastian - uhum.

 

Axl estendeu a mão para o loiro, que a tocou firmemente. Izzy sorria. Tudo tinha acabado bem, e com um pouco de idiotice no final.

 

Inesperadamente, Seb recebeu um abraço forte do amigo. Retribuiu com a mesma intensidade.

 

Axl - agora sim... você é da família... filho da puta... - deu um soco nas costas de Seb. Não perdia tempo, sempre tinha de xingar o amigo - 

 

Sebastian - literalmente.

 

 

Seb saiu da cozinha correndo e voltou para a sala. Depois da notícia, ainda não tinha falado com ela. Deixou Axl e Izzy na cozinha, papeando.

 

Encontrou-a sozinha na sala, encostada no sofá com as mão na barriga, acariciando. Sentiu explodir em felicidade. Tudo o que mais queria, estava à mercê. Um amor... uma família.

Teria uma família.

 

Ela não o percebeu ali. Continuou acariciando a  barriga, imaginando como ia ser, como será a sensação de pegá-lo pela primeira vez. Absorta em pensamente, assustou-se quando Seb sentou ao seu lado. O loiro, pegou em sua mão e beijou. Sorriu.

 

Sebastian - quando... você descobriu isso?

 

Mary - faz quatro dias...

 

Sebastian - e  porque não me falou antes?

 

Mary  - eu tava com medo. Se eu te falasse, você ia contar tudo pro meu pai.

 

Sebastian - é... eu ia mesmo. Isso não dá pra esconder, meu amor...

 

Mary - eu sei... mas... eu quero saber... o que você achou...

 

Sebastian - maravilhoso. Você vai me dar algo que eu sempre quis. - sorriu -  eu amo você. - beijou-a - 

 

Mary - eu também amo você.

 

Sebastian - O Axl... ele.. deixou mesmo... ficarmos juntos.

 

Mary - é... eu to sabendo... mas é só porque eu to grávida.

 

Sebastian - não. Ele deixou mesmo. Literalmente. Sem problemas.

 

Mary - sério?!

 

Sebastian - uhum.

 

 

Mary estava boquiaberta. Tudo estava dando muito certo. O ruivo não estava  nem aí, por ganhar um neto tão cedo. Seb passou a mão no ventre da garota.Mal tinha recebido a notícia, e já não via a hora de envolver o pequeno em seus braços.

 

Pensou em mais uma coisa. Teriam de se casar. E com certeza ela irria querer, antes de sua barriga crescer. Axl iria exigir o casamento, sem contar,que ele também o queria. Depois disso, estaria completo. Realmente.

 

Beijou-a novamente. Não podia deixar de perguntar sobre Nuno.

 

Sebastian - e o Nuno? Como ele tá?

 

Mary - Bem. Saiu daqui, bem. Disse que se eu estiver bem, ele também vai estar.

 

Sebastian - ele entendeu, então?

 

Mary - do jeito dele mas... - parou - 

 

Mary se sentiu náuseada. Sabia que iria vomitar. Se afastou de Seb,e  correu, contornando a sala, e entrando no lavabo. 

 

O cabeludo entendeu. Era o primeiro, de muitos enjôos que presenciaria ao lado da amada. Não sabia o porque, mas se divertia com isso. Riu.

 

Pelas suas contas, ela estava ainda, com menos de um mês. Começou a fazer contas. Provavelmente , iria nascer em... Abril do próximo ano... Abril... o mês... do seu aniversário!

 

Riu sozinho. Se desse tudo certo, seu filho seria seu maior presente.

Após esvaziar o estômago, Mary voltou. Deitou no colo de Seb, e em segundos, cochilou. Ele, acariciava seus cabelos....