Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 28
vida 3 capítulo 11




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Dean chegara cedo ao Hot Machine e já tinha bebido muitas. Mas ainda estava no controle de seus atos. Era resistente à bebida. A angústia e o vazio que sentia no peito também eram.

Em outra realidade, teria aceitado o chamado de Faith. Mas nessa, ela não tinha os atributos que poderiam interessá-lo.

Tinham se passado 48 horas e ele não fazia idéia do que tinha acontecido com o pai e com o irm .. com Sam Harvelle. Preocupava-se igualmente com o destino dos dois. Não importava qual dos dois tivesse vencido.

Ele, Dean, certamente teria perdido.

A última coisa que lembrava era de ter sido encontrado pelo policial Levine ainda preso à parede. Depois disso, só lembrava que acordara, já na manhã seguinte, em sua própria cama, no motel, com dores horríveis no corpo todo.

Mas, quando fora à delegacia questionar o policial, ele dissera que o encontrara desacordado no chão. Que recebera a denúncia de uma movimentação suspeita no quarto 212 e que fora investigar. O encontrara desacordado, sem sinais de uso de álcool ou de drogas, e o deitara na cama. Que dera o caso por encerrado. Não tinha notícias do irmão Jared, nem de nenhum incidente nas redondezas.

Dois dias inteiros rodando pelas estradas da região e nada. Nenhuma pista. Nenhum sinal. Nenhum dos dois atendia aos seus insistentes chamados no celular. E ali estava ele, enchendo a cara para não cair no choro.

Para não se entregar ao desespero.

Dia de treino. Kyle, Owen e Mark entram no bar.

Ashley não estava com eles. Kyle tinha pedido um tempo no namoro. Ao ver Dean, numa mesa lateral, Owen disfarçou e sugeriu que fizessem algo diferente naquela noite. Afinal, há quanto tempo não pegavam um cinema só os três? Kyle e Mark se entreolharam, olharam para Dean, olharam para Owen e disfarçaram que tivessem feito a mesma associação de idéias.

Owen repetiu a sugestão e, desta vez, Kyle aceitou entusiasmado.

Mark deu a desculpa que ainda tinha que estudar para uma prova e que não queria dormir muito tarde, para deixar que os dois fossem sozinhos.

Kyle e Owen saem e Mark se aproxima de Dean.

— Ainda na cidade?

— Aguardando notícias do meu pai .. e do meu irmão.

— Eles não vão voltar. Nenhum dos dois. Sabe disso, não sabe?

— Como pode s.. ?

Dean interrompe a pergunta, ao olhar nos olhos de Mark.

PARECIA EXISTIR TODO UM UNIVERSO NOS OLHOS DE MARK.

Neles, Dean encontra as respostas que buscava sobre o desfecho da batalha decisiva e sobre o destino final de John e de Sam. São respostas direcionadas diretamente para sua alma, não para sua mente racional. Quando o contato visual é quebrado, a lembrança da revelação e o conhecimento objetivo do que aconteceu se perdem, mas o coração de Dean foi acalmado.

O vazio foi preenchido por uma emoção quente e reconfortante, de aceitação e de transcendência.

— Sinto por você, Dean. Mas é a sua chance de começar uma vida nova. Uma vida normal.

— Sozinho?

— Vai aparecer alguém. Antes até do que você imagina. Você ainda vai ser muito feliz.

Dean abaixa a cabeça até encostar a testa na mesa. Fica assim por longos segundos. Então levanta a cabeça e ergue o copo num brinde.

— A você, pai. A você, mano. Onde quer que estejam.

Dean bebe de um só gole e faz uma prece silenciosa, de olhos fechados.

— Ia perguntar se posso pagar uma bebida, mas acho que você já bebeu toda a sua cota diária. Ainda assim: posso me sentar ao seu lado?

— Quer mesmo sentar ao lado de um bêbado chato? Aviso logo que não estou nos meus melhores dias.

— Vou arriscar. Não acredito que seja um chato, mesmo estando bêbado.

— É daqui mesmo?

— Não. Estou de passagem. Viagem de negócios. Moro em Los Angeles. Conhece?

— Pouco. Muito grande. Muito iluminada.

— Muito iluminada? Não entendi.

— Fui por muito tempo um caçador. De coisas que não caminham na luz.

— Foi? Não é mais?

— Ainda não sei. Por um tempo acompanhei meu pai. Depois, um irmão. Agora, simplesmente não sei. Acho que vou seguir novos rumos.

— Porque não vai para a Califórnia. Los Angeles é uma cidade cheia de oportunidades.

— Não conheço ninguém lá.

— Agora conhece. Conhece a mim.

Só então, Dean se dá conta que o sujeito está lhe passando uma cantada. Era um moreno de olhos escuros. Rosto forte, másculo. Bastante interessante, por sinal.

— Não posso dizer que nos conhecemos. Pelo menos, não ainda.

— Depende mais de você.

— Você é sempre tão direto?

— Senti algo diferente quando vi você. Amanhã estou voltando para Los Angeles. Era agora ou nunca. Queria me dar essa chance.

— Meu nome é Dean Winchester.

— Prazer, Dean. Eu sou o Luke. Luke Braeden.

Os dois homens apertam as mãos demoradamente, ambos atentos à emoção daquele primeiro contato físico entre eles.

Ainda estavam com as mãos unidas quando o relógio da mesa de cabeceira do quarto 212 do Blue Mountains Motel marca 21:03.


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