Guilty Love escrita por nicky_swan


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

E ai gente! Como estão todos? Como passaram a semana? *-*

Com prometido, estou aqui! *pula e ergue as mãos*

Capítulo 10 novinho pra vocês! Boa Leitura!

p.s: O início do capítulo é algo do tipo: De volta ao passado.



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» ARIMA POV.¤ «


— A Assia beijou um homem! - gritei com todas as minhas forças, esvaziando todo o ar que restavam em meus pulmões.

 

Eu estava indo até a varanda de meu quarto quando vi algo estranho. No começo eu não entendi realmente o que estava acontecendo, mas depois eu percebi: os lábios deles estavam encostados. Fiquei atônita, assistindo a cena. Eu tinha apenas cinco anos e não entendia o que aquilo significava, mas sei que aquela noite foi a mais longa e dura para todos nós. A família Fakih havia sido profundamente envergonhada.

 

Lembro-me dos olhos de desespero de Assia olhando para mim e, logo depois, meu pai – com uma expressão endurecida – saindo de casa e pegando-a violentamente pelo braço. Minha mãe implorava para que ele não a entregasse à polícia religiosa. Ela conseguiu escapar da prisão, mas não de suas primeiras chibatadas.

 

Mamãe foi ao meu encontro, no quarto. Olhou-me com tanta tristeza que senti meu coração doer. Ela sentou-se no chão comigo, tapando meus ouvidos para que não ouvisse os gritos agonizantes de minha irmã.

 

— O que está acontecendo? – perguntei, com lágrimas beirando meus pequenos olhos verdes.

 

— Vai ficar tudo bem Arima, vai ficar tudo bem. – repetia. - Você é muito pequena, porém precisa entender uma coisa... – começou.

 

Os gritos iam ficando cada vez mais altos, à medida que as batidas iam ficando mais fortes. Minha mãe suava frio. Tentava a todo custo se concentrar em suas palavras.

 

— Querida, entrar em contato com outro homem, que não seja de nossa família, nos torna impura.

 

— Impura? – perguntei, duvidando.

 

— Sim. E uma série de outras conseqüências é possível a partir desse ato. Como relacionamentos extraconjugais, entre outras coisas.

 

— E o que são relacionamentos extraconjugais, mamãe?

 

Ela apenas esboçou um sorriso e disse:

 

— Isso seria como se eu me encontrasse com outro homem, que não seja o papai. – explicou.

 

— Mas a Assia não tem um marido, mamãe...

 

— Só que ela tem um noivo, Arima. Sua irmã mais velha não aprendeu direito nossos costumes. Por que se preocuparia tanto em ter um homem, sendo que já encontramos um perfeito para ela?  E ainda se atreveu a tirar seu Niqab! Ela não entende que uma mulher jamais deve ser desejada por sua beleza, por sua forma física ou por suas características em geral, mas sim ser desejada como pessoa, como ser humano.

 

O silêncio tomou conta do quarto e ouvimos um último grito de minha irmã. A mulher mais velha pediu para que eu permanecesse no quarto, mas eu a segui. Ela desceu as escadas correndo e, imediatamente, pudemos ver, no centro da nossa imensa sala,  Assia Fakih, desmaiada no chão. Meu pai parecia não estar ali. Fitava o vazio, o nada, como se tivesse perdido sua alma. Aquela foi a maior vergonha pela qual ele já passou. Mamãe pedia ajuda para levantar e deitar a Assia no sofá, quando meu pai voltou em si e veio até mim.

 

— Você é meu orgulho, pequena Arima. – sorriu, afagando minha cabeça. – É assim mesmo. Obrigado por avisar o papai. Só assim, com denúncia e punição, teremos um país sério e organizado. Leis existem para serem cumpridas e você, tão novinha, já entendeu isso. Ao contrario dela – apontou Assia com os olhos, semicerrando-os no escuro.

 

Todas aquelas palavras, aquele acontecimento, aquele ensinamento vinham como flashbacks para mim. Desde aquele episódio, senti que nunca mais fui a mesma. O peso da responsabilidade e a preocupação em dar exemplo sempre invadiam minha mente. Depois do ocorrido com a revista eu prometi a ele que nunca mais lhe daria tamanho desgosto. Há 13 anos atrás me explicaram algo que eu jamais esqueceria e, agora, eu quebrei a regra, conversando com este rapaz.

 

— Err... Você está bem, seu braço está doendo? Por que está chorando? – perguntou, preocupado. Ele fitava inexpressivamente minha mão machucada, tentando adivinhar se a dor podia estar vindo de lá.

 

Eu mal havia percebido que lágrimas escorriam por todo o meu rosto. Algo havia me incomodando e eu não conseguia saber o que era. Estava chorando por ter desobedecido a uma regra ou por ter denunciado minha irmã, há 13 anos atrás? Ambas as lembranças eram aterrorizantes.

 

— Preciso esquecer isso. - disse em árabe, olhando para o chão.

 

Pude ver que o rapaz se movimentou, dando um passo a frente, mas logo após o termino de minha fala ele parou.

Levei minha mão tremula até meus olhos e tentei expulsar algumas lágrimas que insistiam em continuar caindo. Pude notar que ele ficara tenso.

 

"É melhor eu sair daqui, já estou até o fazendo ficar mal comigo." – pensei.

 

Embora fosse cedo, percebi que a hora de partir já havia passado há muito tempo. Assenti com a cabeça em sinal de respeito, transmitindo nesse gesto novamente toda minha gratidão e me virei para a porta. Eu estava tremendo e conduzir minhas pernas nessa situação não estava nada fácil.

 

— ESPERA! – gritou. Parei pelo susto. Seu comportamento era totalmente inesperado.

 

— É...- disse ele, andando até mim e pondo sua mão no bolso - Eu não sei o que aconteceu, não sei se sua mão ainda está doendo, mas eu gostaria de lhe dar algo...

 

Dar? Não acho que ele teria algo para me oferecer. Isso fez com que essa palavra soasse ainda mais estranha do que quando a aprendi.

 

— Creio que ontem você deixou...isso cair. – disse, parando bem em minha frente.


Fiquei estática. Eu imaginava que ele poderia tirar qualquer coisa do bolso, menos aquilo. Meus olhos arregalaram-se e minha respiração foi ficando cada vez mais curta. Lágrimas voltaram a escorrer por minha face, que agora expressava meu espanto. Eu queria gritar, conforme assimilava todas as suas palavras. Pude sentir seus olhos fitando minha expressão vazia enquanto eu tentava descolar os meus da minha pulseira.

 

Num gesto automático, estiquei o braço para pegar a pulseira. Não podia falar e nem se quer olhar em seus olhos. Os meus, ao contrário dos dele, eram fracos demais. Mas não tinha como, era impossível. Opostos realmente se atraem e não consegui sucesso em meu plano por muito tempo. Seus olhos hipnóticos sustentavam meu olhar. Estávamos perto demais.

 

Aos poucos vi sua mão vir em direção a minha e, quando elas se tocaram, juro que senti uma pequena onda elétrica. Seus dedos eram ásperos, como se fossem de um músico ou algo do tipo. Empurrou as mangas de meu abaya um pouco mais para cima, visualizando minha pele extremamente pálida. Ele sorriu docemente e escorregou a pulseira até meu pulso. O olhei com uma estranha mistura de emoção no rosto, buscando uma explicação para o seu comportamento.

 

— Agora sim. Uma verdadeira princesa das mil e uma noites. – completou, enquanto apertava firmemente minha mão.

 

 Senti como se alguém tivesse chutado minhas pernas. O clima que rondava o quarto jamais seria o relaxante.

 

No meio de toda minha obsessão pelo tempo, meu tempo desapareceu. Éramos apenas nós dois nesse quarto gigante, parados um em frente ao outro, tentando entender o que estávamos fazendo.

 

"VOCÊ ENVERGONHA NOSSA FAMÍLIA!" – assombrou a voz de pai em meus pensamentos.

 

"Não, isso...isso está errado...” – pensei, acordando da ‘hipnose’.

 

Seu olhar amoroso e carinhoso logo foi quebrando pelo meu de reprovação. A distância entre nós, lentamente, foi aumentando.

 

“NÃOOOO!”

 

Foi tudo o que eu queria dizer, mas não disse. Apenas minhas pernas obedeceram meu comando e me conduziram rapidamente para fora dali.


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Notas finais do capítulo

Acho que ficou meio longo, não? xD

Ah, lembrando que esse capítulo também está disponível no blog da fic! > http://thfanfiction-guiltylove.blogspot.com/



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