Um Novo Começo escrita por Avezch


Capítulo 2
Arma-X Parte 2




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Somente os X-men, isto é, o time de heróis designado para missões de risco, escutaram a voz de Charles Xavier, o Professor X. Mas o Instituto Xavier era lar também para dezenas de mutantes adolescentes e crianças que não o ouviram, e da missão não sabiam de nada, eles tinham que estudar.

Os membros do time se juntaram na Sala de Guerra tão rápido quanto podiam. Alguns já estavam uniformizados porque já tinham treino marcado para aquela manhã, como era o caso de Scott Summers, codinome Ciclope. Em seu macacão azul-marinho todos podiam ver como seu corpo esguio era musculoso, sua postura impecável. Ele trocou os óculos pelo visor, ele enxergava muito bem, mas tudo vinha na cor vermelha, então o fixou sobre a toca que cobria os cabelos castanhos.

Ele aguardou enquanto todos chegavam na sala. Primeiro veio Bobby Drake, codinome Homem-de-gelo, tentando colocar o braço pela manga do uniforme. Depois foi a vez de Peter Rasputin, codinome Colossus, uniformizado com a pesada couraça vermelha, as calças de couro, o homem só tinha 23 anos e era um gigante que impunha respeito. Em seguida chegaram Hank McCoy, Fera, com a aparência animalesca coberta de pelos, o rosto era como o de um leão, a pele cor azul que Scott não distinguia do vermelho habitual, vestindo um jaleco; Ororo Monroe, a Tempestade, os cabelos prateados e a pele morena, trajando roupas casuais porque ela achava que iria dar aula naquela manhã; e Kitty Pryde, Lince Negra, baixinha e marrenta, ainda vestindo pijamas.

Scott não conteve o sorriso e o orgulho de liderar aquele grupo de heróis mutantes. Então disse:

— X-men, só estamos esperando por Jean e o professor.

— Que sorte, hein Peter – disse Bobby, conseguindo enfim colocar o uniforme. – Hoje era o dia que eu ia te deixar pra trás na Sala de Perigo.

Foi Tempestade que falou:

— Vocês dois ainda estão nessa implicância? Os treinos são em time, não é uma competição.

— Homem-de-gelo é quem está fazendo isso, - respondeu Peter Rasputin e deu de ombros – eu só estou treinando, não tentando vencer. Homem-de-gelo tem coisa na cabeça.

— Eu sei bem o que você está tramando cabeça de lata – disse Bobby, chegando perto do gigante russo, que sorria.

Scott suspirou, mas antes que pudesse separar os dois a porta se abriu e Charles e Jean entraram.

— Estamos sem tempo X-men, - disse o Professor X – um mutante está em perigo. Aparentemente se trata de forças militares, mas há algo de errado e precisamos ter cuidado. Jean.

Ela assentiu e começou:

— Ele é um mutante perigoso, suas emoções estão em conflito e ele está confuso, não vai confiar em ninguém. Estão perseguindo pela estrada com jipes e helicópteros, vai ser complicado evitar mortes.

— Vocês tem sua missão, - prosseguiu Charles – Ciclope o time é seu.

Scott assentiu e todos se apressaram para o jato, o Pássaro Negro, no hangar abaixo do porão.

Kitty Pryde ainda colocava o uniforme quando chegou por último e se sentou no assento mais ao fundo.

— Quem é que é perseguido a essa hora da manhã? – disse ela, resmungando.

— Claramente alguém envolvido com gente perigosa – respondeu Bobby. – Saca só, é a primeira vez que a gente enfrenta os caras de fardas.

Na frente do jato, do assento do piloto, Scott interrompeu:

— O plano não é enfrentar ninguém por enquanto, Homem-de-gelo, devemos entender e controlar a situação. Lembrem-se, controlem seus poderes conforme treinamos. Sem baixas, somos os mocinhos.

No assento de co-piloto, Tempestade iniciou todos os instrumentos auxiliares, no lugar atrás dela Jean descansava sua mente o máximo que conseguia. Quando estava tudo preparado, Scott ligou o jato e o teto do hangar se abriu. Na superfície o teto estava escondido por uma inocente quadra de tênis, dela, contudo, um jato altamente avançado levantou voo em grande velocidade.

Voaram por um tempo até que Jean falou pelo comunicador para todos ouvirem:

— Estamos chegando perto.

Hank McCoy disse do lugar atrás do assento do piloto, analisando os computadores do Pássaro Negro:

— Não há civis por perto, as autoridades fecharam o acesso a essa via de todos os lados, eles também querem evitar mortes.

— Isso ou eles preferem evitar que a perseguição saia no jornal da tarde – disse Ciclope. – Certo X-men, vamos tirar de ação os helicópteros primeiro.

*

Logan dividia sua atenção entre a estrada à sua frente e os perseguidores que se aproximavam na sua traseira. Um dos jipes já estava próximo dele quando o teto se abriu e um homem armado com um fuzil surgiu, atirando nele.

A maioria dos tiros errou o alvo, mas alguns o penetraram, arruinando a jaqueta que Logan tanto gostava. As feridas eram dolorosas sim, mas a dor de ter de jogar aquela jaqueta fora era demais para ele.

Freou bruscamente sua moto, ficando bem ao lado do jipe militar e as garras metálicas surgiram da sua mão direita. Com um urro gutural ele atacou o pneu, estourando-o instantaneamente. Como estavam em alta velocidade, o motorista perdeu o controle rapidamente e acabou saindo da estrada e, um segundo depois, capotou de forma brutal num monte de terra.

Logan riu, enlouquecido pela adrenalina e seus instintos animalescos. Porém, a perseguição prosseguiu e outro jipe se aproximou. Quando o teto dele se abriu, no entanto, não foi um soldado armado que apareceu, e sim um homem gigantesco e corpulento, com cabelos longos e loiros, vestido um jaquetão com uma penugem no colarinho que só elevava a sua aparência selvagem. Com um vozeirão ele gritou:

— Wolverine!

A pronúncia daquele nome fez a mente de Logan se perder. Ela se preencheu com imagens das quais ele não se recordava. Eram sonhos? Pesadelos? Um laboratório, depois uma represa no meio de uma nevasca, aquele mesmo sujeito loiro que o perseguia agora sorrindo para ele e apertando sua mão como se fossem amigos.

Pego no momento, Logan não pôde fazer nada quando o cara loiro pulou de cima do jipe para sua moto, agarrando-o pelo pescoço em um mata leão. Ele acabou perdendo o controle da moto e os dois caíram desfiladeiro abaixo em direção a uma floresta.

*

Tempestade havia tirado os dois helicópteros militares fora de ação com uma ventania poderosa. Cuidadosamente ela manuseou os ventos e fez com que eles pousassem no meio da estrada. Os soldados que saíram dos helicópteros puderam ver um vulto de cabelos prateados trajando uma longa capa voar para longe.

Ela entrou no jato pela comporta de carga e foi recebida pelas grandes e gentis mãos de Hank, que educadamente a ajudaram a pousar. Logo a comporta se fechou atrás deles e ambos retornaram aos seus respectivos assentos.

— Bom trabalho Tempestade, isso vai atrasá-los o suficiente – disse Ciclope. – Enquanto estava fora encontramos os jipes parados na estrada, com homens descendo o desfiladeiro em direção à floresta. Acho que o nosso mutante em fuga deve ter pegado uma rota mais acidentada.

Isso mesmo Scott, disse Charles Xavier através do Cérebro, e todos os X-men escutaram. Mas há outro mutante com ele, e creio que não é muito amigável. Ambos estão em movimento, vou guiá-los até eles.

*

A moto ficou totalmente destruída, pedaços foram parar por todos os lugares. Logan estava puto, suas garras visíveis e prontas para cortar. Mas uma pontinha de curiosidade o segurou, ele teve de perguntar ao homem loiro à sua frente:

— Quem é você? O que é Wolverine? Por que está me perseguindo?

A risada do loiro era cruel, seus longos cabelos se esvoaçaram com o vento gélido que percorreu a floresta.

— Quando me disseram que você estava confuso, não elaboraram o quanto. Vai me dizer que esqueceu seu velho amigo? Quem sabe meu nome não possa ativar um gatilho aí dentro dessa cabecinha. Dentes-de-sabre para os inimigos. Victor Creed para os conhecidos.

Ele tinha razão. A menção dos nomes engatilhou a memória de Logan e mais uma série de imagens surgiram tão rápido quanto desapareceram. Viu a si mesmo segurando uma arma, explosões, as garras que saíam das mãos, mas não eram metálicas, viu a sombra de um rosto que ele deveria saber de quem era e não podia se lembrar.

Uma pontada na cabeça fez com que Logan gemesse e grunhisse. Então disse:

— Se nós somos amigos, me deixe ir pra onde eu quero ir.

— Não vai rolar Wolverine, - disse Victor, rindo mais uma vez – Ordens são ordens, você sabe como é.

— Ordens de quem?

— Hum, chega de conversa.

Logan parou por um segundo e sorriu, falando:

— É, chega de conversa.

Ele investiu contra aquele chamado Dentes-de-sabre com ferocidade, pronto para matar. Porém, o que ele encontrou foi uma parede, um muro de tijolos que não só era páreo para seus ataques furiosos, mas também sabia revidar com força brutal.

Foi enquanto lutavam que ele percebeu as unhas do seu adversário, quase tão afiadas e mortais quanto as suas próprias garras. Dentes-de-sabre o cortou, o rasgou, quebrou seus braços e pernas enquanto percorriam a floresta numa dança violenta e sem ritmo.

Isso continuou até chegarem à beira de um barranco. Logan arfava, o corpo coberto de sangue, o braço direito, recém quebrado, voltava ao seu lugar natural e a dor lacerante era o suficiente para fazer qualquer homem adulto chorar. Ele só cerrou os dentes.

— Como sempre, Wolverine, eu levei a melhor – disse Victor, e também recuperava o fôlego. – Por que não para com esse chilique e volta comigo?

— Meu nome não é Wolverine, - cuspiu sangue e agitou as garras – meu nome é Logan.

Com um salto sobre-humano ele atacou, rugindo como uma besta sem freios ou emoção, movida simplesmente pelo desejo de sobreviver e matar. Conseguiu fincar suas garras no torso e no ombro do outro, que respondeu com um rugido de dor e raiva. Eles se enfrentaram numa competição de força, um empurrando o outro, até que enfim acabaram rolando barranco abaixo.

*

Ao mesmo tempo, os X-men tinham sido interceptados por um helicóptero de ataque, e Ciclope, pilotando o jato, teve que desviar dos mísseis lançados contra eles.

— Segurem-se, vou perdê-los de vista – anunciou ao time.

— Scott, - interveio Jean – não temos tempo, o mutante está em perigo, precisamos salvá-lo agora.

Ciclope refletiu por meio segundo e trocou de plano da mesma maneira que uma pessoa comum trocaria seus pijamas para a roupa de trabalho. Falou:

— Certo. Jean, Lince Negra, Colossus, preparem-se para saltar. Encontrem o mutante, isole-o de quaisquer ameaças e descubram o que puderem, os outros ficam aqui para proteger nossa via de escape, o Pássaro Negro.

Como de praxe, pelos anos de experiência com sua liderança, ninguém questionou as ordens de Scott Summers. Não houve reclamações, tinham trabalho a fazer.

Sem tempo para achar um local seguro e próximo do objetivo, Ciclope diminuiu a velocidade e fez uma manobra que pegou seus perseguidores de surpresa, dando o espaço de tempo suficiente para que ele pairasse o jato no ar e o time de Jean saltasse em segurança na floresta abaixo.

Antes que o helicóptero percebesse, o jato já estava em fuga novamente, atraindo sua atenção de volta para a perseguição.

Jean Grey flutuou e pousou no chão com a combinação de delicadeza suave e eficiência pragmática. Já Colossus pousou com um baque abrupto que fez o chão tremer, enquanto Kitty Pryde xingava em cima de seus ombros largos e poderosos.

— Vamos, - disse Jean – temos que nos apressar. Vou voar acima das árvores e nos comunicamos mentalmente.

— Sim – concordou Peter Rasputin, de braços cruzados. Depois que Jean voou ele continuou, virando-se para Kitty – Quer que eu a carregue, senhorita Pryde?

— Não valeu, grandão, eu comi um muffin no caminho para cá e prefiro que ele continue dentro do meu estômago. Tá na hora de pôr em prova os dias de exercício, correndo em volta da mansão.

Peter sorriu e os dois correram, seguindo as direções de Jean.

*


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