Decifrando seu coração escrita por Madoro to Amesu


Capítulo 2
Segunda-feira - O retrato


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu voltei com mais um capítulo fresquinho dessa fic para vocês!
Já peço desculpas de antemão porque no começo eu achei que ela seria uma história curtinha, com no máximo 2 a 3 capítulos, mas cá estou eu já planejando 7 a 8 capítulos, haha
Mas fiquem tranquilos que não abandonarei essa história! Se eu comecei esse projeto, ele terá um fim digno!

Bom, sem mais delongas, desejo a todos uma boa leitura!



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Depois de ter reunido, no interior de seu quarto, todos os materiais que julgara importantes à condução do projeto, Carpaccio seguiu ao local combinado por ambos, tendo em vista o horário da reunião que se aproximava.

Para não incomodar os demais estudantes, ficou decidido, muito a contragosto de Finn, que o pátio mais afastado da escola e rente à floresta seria o local ideal para colocarem em prática os feitiços.

Chegando lá, reconheceu a figura pequena de cabelos escuros e mecha loira trajando o manto da casa Adler ao longe enquanto estava sentado em um banco de concreto.

— O que está fazendo? – Perguntou o castanho-avermelhado acercando-se por trás do inquieto rapaz que, até pouco antes de sua chegada, estava a recitar uma oração em um monólogo patético. Sua chegada repentina fez com que o menor, em uma descarga de adrenalina, saltasse do assento onde outrora estivera sentado. Seus fios de cabelo arrepiaram-se por completo em seguida tal qual um gatinho assustado.

“Medroso...” – Desdenhou Carpaccio. Diziam que a primeira impressão era a que ficava e desde seu fatídico encontro com Finn, durante o torneio de seleção de candidatos a Visionários Divinos, essa característica ficara estampada sempre que seus pensamentos se desviavam ao franzino garoto com sardas. Realmente, ele era de dar pena.

— Pense um pouco, o que eu ganharia acabando com a sua vida aqui e agora além de uma enorme dor de cabeça? – Proferira tais palavras tanto denotativa quanto figurativamente. Uma das poucas sensações que seu corpo já tivera o desprazer de sentir foi o choque daquela raquete de tênis contra a sua cabeça. Desde então, o primeiranista da casa Orca pensaria duas vezes antes de tentar qualquer coisa novamente contra Finn, pois não tinha dúvidas de que aquele cabeça de cogumelo musculoso viria tirar satisfação sobre isso em seguida e isso era algo que ele não estava disposto a pagar para ver.

Seja por compreensão, ou por não desejar que aquilo se escalasse para algo mais sério, Finn apenas assentiu silenciosamente e no intuito de quebrar a atmosfera constrangedora que estava se instalando gradativamente ali, o estudante da Adler decidira tomar uma atitude e mudou de assunto:

— Nossa, você trouxe tudo mesmo... – Disse ao voltar seu olhar para a grande pilha de livros que Carpaccio carregava em seus braços.

O castanho-avermelhado se surpreendeu um pouco diante dessa iniciativa. Não imaginava que alguém como Finn pudesse ter força de vontade à ponto de engolir o próprio medo e seguir em frente. Contudo, memórias do embate que teve com o menor tornaram a invadir seus pensamentos e, por mais que tentasse, simplesmente não poderia negar o quão incrível ele fora ao aguentar toda a dor que o infligira a cada apunhalada profunda que desferira em sua carne. Se ele mesmo não conseguira resistir a uma mísera raquete de tênis, não queria nem imaginar a tortura que seria ao ser cruelmente esfaqueado.

Não conseguia calcular o quão resistente Finn deveria ser para ter suportado tudo aquilo em prol de seus amigos. Sim, ele não tinha a menor dúvida de que Finn era um completo covarde salvo, porém, nessas raras situações, onde nada mais parecia importar, estando, inclusive, disposto a dar a própria vida por aqueles de quem gosta. Carpaccio não conseguia entender o motivo por trás de tudo aquilo, mas sabia que talvez, só talvez, o tivesse julgado mal.

“Interessante...” – Divagou em sua típica expressão absorta. Estava disposto a testar até onde iria a coragem do garoto diante de si.  

— Sim, eu vim preparado ao contrário de uns e outros por aí. – Retorquiu não resistindo à tentação de alfinetar o menor quanto à sua displicência e desorganização, que eram mais do que evidentes, uma vez que, aparentemente, não se preocupara de levar consigo um livro sequer.

— N-não entenda mal, por favor! N-não é que eu não me importe, é-é só que... e-eu p-perdi o horário de funcionamento da biblioteca e... – Desculpou-se o garoto dos olhos esmeraldas em seu típico tom ansioso. Seu rosto demonstrando claramente a sua apreensão por ter sido “pego no pulo”, o que não passou desapercebido por Carpaccio.

Outro traço bastante marcante no estudante da Adler era o quão expressivo ele poderia ser. Suas emoções o entregavam e, por mais arduamente que tentasse escondê-las, era quase impossível não as manifestar de alguma forma. Era quase como se elas fizessem parte de Finn e, assim sendo, ele não poderia ser ele mesmo sem elas, coisa que o castanho-avermelhado julgava como estupidez. Afinal, por que alguém iria querer se abrir desse jeito? Era um prato cheio para prováveis inimigos que não hesitariam de usar dessa fraqueza como vantagem absoluta.

Contudo, não podia negar que sentia uma pontada de inveja do menor por conseguir reproduzir tantas emoções de maneira tão natural. Por mais que tentasse, jamais conseguiria fazer o mesmo sem parecer forçado ou artificial. Do fundo do seu coração, ele gostaria muito de descobrir a sensação de se expressar abertamente a alguém sem grandes expectativas ou preocupações tal qual seu parceiro o fazia, mas a cada dia esse devaneio tornava-se mais e mais distante...

— Sortudo... – Proferiu Carpaccio sem nem se dar conta do que acabou de dizer de tão perdido que estava em suas próprias reflexões.

— O que? – Questionou Finn, confuso com o que acabou de ouvir, fazendo com que o castanho-avermelhado se desse conta do deslize que cometera.

— Só...só vamos começar logo com isso! – Exclamou o maior sem jeito, não deixando escapar um leve rubor de surgir nas maçãs de seu rosto ao ter sido flagrado.

“Ah, que fofo...” – Ao ter sido contemplado com a rara visão de Carpaccio envergonhado, Finn não pôde evitar que esse pensamento cruzasse sua mente. Não que estivesse se sentindo à vontade com o estudante da Orca depois de tudo o que sofrera nas mãos dele, pelo contrário! Mas algo dentro de si dizia que talvez houvesse mais sobre ele do que ele permitia deixar transparecer e que, por alguma razão, insistia em esconder. Sabia que seria arriscado, mas estava curioso em descobrir esse lado oculto de Carpaccio.

— Ok... - Respondeu o menor não contendo um pequeno sorriso de surgir em sua face.

E assim, a pesquisa mágica começou...

~*~

Embora o trabalho não explicitasse sobre o tipo de feitiço, o qual deveriam focar, ambos concordaram em trabalhar com a magia de materialização, uma das mais básicas e tranquilas de ser executada. Ou, ao menos era o que deveria ser, já que Finn estava falhando miseravelmente em suas tentativas.

— Não sei se já te contaram isso antes, mas repetir várias vezes o mesmo experimento esperando resultados diferentes é tolice! – Pronunciou o maior já visivelmente irritado. Assistir àquela cena patética de Finn fracassar incontáveis vezes já o estava dando nos nervos.

— Eu não entendo... estou recitando certinho e estou movendo a varinha corretamente também. Então, onde estou errando? – Indagou o menor.

Carpaccio suspirou profundamente e tomado por uma paciência, que não sabia que possuía, levantou-se do banquinho e dirigiu-se até Finn. Talvez o erro estivesse nele mesmo, talvez ele fosse o tolo por achar que Finn absorveria os conteúdos com a mesma velocidade que ele. Eles eram muito diferentes e não poderia culpá-lo por isso.

— Isso por si só não basta. Veja bem, o cerne da arte de materialização jaz em transmitir os sentimentos de dentro para fora. Apegue-se a uma emoção, visualize o objeto que associou a ela e transmita tudo isso à sua varinha. O resto é inércia. – Explicou calmamente. – Por exemplo, pense em algo ou alguém que ame.

Após esse esclarecimento, Finn pareceu se recordar de algo e, depositando todas as suas esperanças nessa última tentativa, recitara o feitiço em alto e bom tom.

— Materialize!

No instante seguinte, um pequeno quadro foi materializado em sua mão livre. Ao contemplá-lo, o garoto abriu um sorriso terno, denotando a imensa saudade que sentia pela pessoa que estava na foto daquele retrato.

— Irmão... – Disse Finn tomado pela melancolia das memórias calorosas e efêmeras de sua infância ao lado do mais velho. Bons tempos esses que talvez não voltassem mais. Não conseguiu conter as lágrimas de caírem de seu rosto ao ter sua mente invadida pelas doces lembranças do passado.

Ao presenciar isso, Carpaccio não pôde fazer muito, além de oferecê-lo um lenço. O menor ao ver o gesto, aceitou de bom grado e tornou a limpar seu rosto. Isso também era algo que o castanho-avermelhado ainda não conseguia compreender, já que praticamente sua vida inteira ele fora um lobo solitário. Nunca tivera a chance de sentir o que era amar e ser amado por alguém especial, pois todos ou o temiam ou se aproximavam por interesse.

Não pôde evitar novamente de sentir uma pontada de inveja de Finn e um sentimento muito estranho lá no fundo também. O que seria aquilo? Não sabia ao certo, mas com certeza ele não gostava da ideia de Rayne ser o centro das atenções de Finn.

Seria isso ciúmes?... Não, isso era ridículo! Ele com ciúmes do Finn? Isso nunca poderia acontecer...ou poderia? 


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Notas finais do capítulo

Adoro um Carpaccio enciumado, hehehe

Aah, os capítulos subsequentes estarão todos em itálico também, sinalizando que todos esses acontecimentos se deram no passado antes da cena da biblioteca, ok?

Enfim, muito obrigada por terem lido até aqui!
Kissus e até o próximo capítulo! ♥



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