Os mentalistas - Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 2
Capítulo 02




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Ser filho de Lucius nunca fora fácil para Draco. Ser um Malfoy era um peso que ele não suportava. Pensar em simplesmente em desistir dos seus deveres era impossível. Seu pai parecia ler tudo que ele pensava. Era um poderoso mentalista do seu século. Muito mais poderoso que outras famílias com as mesmas habilidades. A família Malfoy tinha uma vantagem sobre todas, afinal, possuía uma relíquia muito importante. O diamante da vida eterna, que concedia a vida eterna a aquele que o portasse e lhe conferia mais poder do que já possuía, aumentando suas capacidades. Se Lucius parecia ser invencível, sim. Era um fato consumado. Ele havia derrotado o grande Lorde das Trevas, destruindo-o para sempre, roubando o que ele possuía, o diamante que conferia a ele poder ilimitado sobre o mundo da magia.

Draco abotoou os punhos da camisa, recusando a ajuda do valete que o acompanhava. Era um serviçal que fora designado a cuidar de todas as suas necessidades. Mas, na verdade, aquele valete não era nada mais do que o olho do seu pai sobre si. E não queria isso. Desejava liberdade para viver sua vida. Mesmo que fosse por algumas horas. Estava prestes a sair e encontrar seus amigos em um clube somente para homens, no mundo sem magia. Aquele lugar era cheio de surpresas. Principalmente os jogos de carteado. As bebidas estranhas, o tabaco, que ele nunca havia conhecido, até adentrar aquele clube de cavalheiros e as mulheres. Elas eram tão belas, de uma forma diáfana, como se fossem ninfas. Certamente ele já vira mulheres tão belas no mundo bruxo, contudo, não tinha tanto contato com elas. Seu pai deixava restrito sua vida social apenas a participar de reuniões com seus seguidores e apoiadores. Draco então, precisou aprender cedo como seria o jogo e aceitar sua vida enclausurada dentro daquela mansão. Sua educação, no entanto, permitirá que ele conhecesse alguns garotos no internato apenas para jovens bruxos de uma elite muito restrita. Finalmente, no entanto, estava na maioridade, atingido seus dezoito anos de idade, poderia ir e vir aonde desejasse, desde que não fosse descoberto por ninguém.

Após amarrar o lenço sobre o pescoço, ele abriu o armário grande e espaçoso. Puxou os casacos para o lado e empurrou o fundo falso do armário, que dava passagem para uma saída secreta. Em caso de fuga, aquele túnel seria perfeito. E era perfeito para seus propósitos juvenis. Foi quando escutou o estalo de algo no ar. Girou pelos calcanhares, sentindo a pulsação acelerada nos ouvidos. Fora descoberto. O que seria muito ruim. O castigo seria severo. Contudo, constatou que não havia ninguém em seu quarto. Mas, havia algo particular, algo que nunca vira. Uma fenda brilhante no meio do quarto. E dela uma garota o fitava, espantada. Ele piscou algumas vezes, acreditando estar delirando. Nunca virá tal fenômeno em toda sua vida.

— Quem é você? – ele indagou, se aproximando da fenda.

Ela o fitou, ainda mais confusa. Ele pode ver mais de perto que ela estava em outro cômodo. Como poderia ser possível? Não reconhecia o lugar. E não sabia como ela havia parado ali. Nunca se esqueceria daqueles olhos escuros e expressivos. Nem a expressão de espanto dela ao vê-lo.

— Você pode me ver? – ela indagou, confusa.

— Sim, estou a vendo. O que você é? Uma bruxa?

Poderia ser. Somente um bruxo poderia fazer tal magia. Mas, como ela havia perfurado a rede de proteções da mansão, sem ser detectada? Isso o fez lembrar que a qualquer momento alguém viria checar que uma das defesas caíra. Sempre que alguém tentava invadir a mansão, um alarme soava aos guardas. Somente eles conseguiriam ouvir e seu pai.

— Você precisa ir - ele a aconselhou – Agora!

— O que? Não sei como fazer isso parar – ela confessou, em tom desesperado.

Draco bufou, irritado. Como aquela garota conseguia produzir magia e não a controlar? Bom, ele não a conhecia, mas acreditava que era uma tola.

— Tente imaginar isso – ele gesticulou para a fenda que aumenta – se fechando. Se concentre e pense que precisa se fechar. Isso vai depender da sua vida. Você precisa ir embora.

— Tudo bem – a jovem anuiu com a cabeça repetidas vezes, fechando os olhos. Parecia se concentrar para que se fechasse a fenda.

E realmente, ela estava se fechando. Draco sentiu o coração disparar, com medo de que alguém estivesse ali. Foi quando percebeu que poderia atravessar a fenda. Talvez, pudesse ver o que havia do outro lado e quem era aquela garota. Ela parecia tão diferente. Com vestes um tanto escandalosas. Uma saia acima dos tornozelos. Cabelos curtos, até os ombros e rebeldes. Uma camisa de botões, arregaçadas até os cotovelos. Ela era diferente de qualquer dama que já conhecera. Quando fez menção de atravessar a fenda, ela diminuíra demais. Não poderia passar. Não conseguia mais ver a garota. Ficou decepcionado e entrou em pânico. Sua vida havia mudado para sempre, depois daquela visão.

— Espere – ele pediu – Por favor, volte.

— Não sei como voltar – ela respondeu. Sua voz era apenas um eco.

Suspirou, tentando pensar no que faria.

— Concentre-se. Abra novamente o portal – pediu, na esperança de que ela conseguisse controlar sua própria magia.

Quem com aquele poder poderia simplesmente ter sido negligenciado em sua educação? Precisava saber quem era ela. Sabia em seu íntimo que precisava disso. Ou morreria de tédio para sempre.

— Não consigo – agora sua voz era um sussurro.

E o portal se fora. Draco ficou desalentado, olhando para o vazio do seu próprio quarto. Depois de alguns segundos, acreditou que tudo aquilo não passasse do fruto de sua imaginação. Talvez, fosse. Contudo, ele jamais esqueceria aqueles olhos.

**

Hermione suspirou, tentando entender o que fizera. Na verdade, ela não fizera. Simplesmente não forçara abrir a fenda do tempo. Estava em seu novo quarto, no castelo da família Rivière. Havia chegado há pouco, para se instalar naquele cômodo inóspito. Havia uma pequena cama e uma cômoda. A janela era de vitral, sem permitir que ela visse o que havia do lado de fora. Estava em uma das torres do castelo. Quando deu por si, abrira a fenda. Na verdade, não sabia se fora ela, ou obra do destino. Contudo, percebeu que tinha controle. Mesmo que fosse um controle muito pequeno daquele poder estranho. E ela pode ver um garoto do outro lado. Aquele garoto era tão peculiar. De cabelos quase brancos, pele pálida. Olhos cinzentos e frios. E ele lhe deu tudo que precisava. Controle sobre si mesma. Controle sobre o dom que possuía.

Porém, quem dera pudesse vê-lo de novo. Tentou até o crepúsculo do dia voltar a produzir aquela fenda. Talvez, não tivesse tanto poder assim, quanto imaginava.


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