Devil Slayer Chronicles escrita por Aquele cara lá


Capítulo 1
Adeus, dias tranquilos e ensolarados




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Um jovem de cabelo bagunçado preto, olho direito castanho, com um tapa olho preto com um X vermelho no olho esquerdo, vestindo uma camisa social branca, um blazer preto aberto, uma calça jeans e um par de sapatos marrons está caminhando pela rua. Ele solta um suspiro. "Ô diazinho chato. Bom, se eu tenho de ir pra escola, vamo, né."

Algum tempo depois. O jovem entra na sala de aula e vê uma garota de cabelo longo loiro, olhos azul turquesa, vestindo um blazer cinza, uma saia preta, um par de sapatos marrons sentada em uma cadeira, olhando fixamente para uma janela ao seu lado.

"Será que aqui é a sala certa ? Tem de ser, eu vi o nome dele no quadro." - A garota pensa. Ela vê Kuzuha. "É ele mesmo ! A descrição bate certinho !"

Kuzuha nota a garota o olhando. Quando a garota note que ele percebeu, rapidamente esconde seu rosto em um caderno. Kuzuha solta um suspiro. "Só pode ser brincadeira…" - Ele se aproxima da garota. "Você é nova aqui, né ?"

A garota se vira para Kuzuha com um grande sorriso. "Sou sim-" - Ela é interrompida por Kuzuha, que bate sua mão na mesa.

"Já vou logo avisando: não vem encher meu saco. Não curto gente interrompendo minha paz. Então, vê se nem se aproxima." - Kuzuha diz.

"É… Definitivamente é igual a descrição." - A garota pensa. Ela limpa sua garganta. "B-Bom, não vamos começar com o pé esquerdo. Prazer, Kuzuha. Me chamo Noelle Vermillion."

"Pra começo de conversa, como é que você sabe o meu nome ?" - Kuzuha pergunta.

"Burro feito uma pedra. Conheço uma pessoa que seria perfeita pra ele." - Noelle pensa. "Sabe, é que eu vi seu nome na chamada."

"Viu um nome na chamada e já sabia que era meu ?" - Kuzuha pergunta.

Noelle força um sorriso. "Intuição… feminina… ?"

Kuzuha levanta uma sobrancelha. Ele dá de ombros. "Mulheres…" - Kuzuha põe as mãos na cabeça e vai embora, assobiando. "Perai…" - Ele para de andar e nota um relógio preto com um tela no pulso de Noelle. "Ei, loirinha estranha que eu já esqueci o nome. Que coisa é essa aí ? Esse relógio estranho."

"Eh ?" - Noelle diz, confusa. Ela esconde o relógio com a manga de seu blazer. "N-Nada importante. Ehehehe..."

Kuzuha encara Noelle, pensativo. Ele dá de ombros e volta a andar. "Tô nem aí."

O sinal toca. Todos os alunos vão para seus devidos lugares. Algum tempo depois. Os alunos saem da sala, menos Kuzuha, que parece estar procurando algo.

"Huh, que estranho… A loirinha já saiu da sala, na primeira oportunidade que teve. Eu nem vi pra onde ela foi. Hmm… Por que que será que ela tem uma daquelas coisas também ?" - Kuzuha pensa.

A professora limpa sua garganta. "O sinal do intervalo já tocou, Kuzuha."

"E eu com isso ?" - Kuzuha pergunta.

"Caso não lembre, está proibido de ficar dentro da sala de aula, durante o intervalo." - A professora diz.

"Tch. Que saco." - Kuzuha diz. Ele se levanta e vai embora. Kuzuha para. "A propósito, você viu aquela aluna nova loirinha que senta ali ?"

"Noelle ?" - A professora pergunta. "Na verdade, ela saiu primeiro que todo mundo. Estava com pressa para fazer alguma coisa."

"Hmm… Deve ter ido soltar um mijão." - Kuzuha diz.

"Se está procurando por ela, nem pense em entrar no banheiro das meninas !" - A professora diz.

Kuzuha vai embora. "Pra que eu ia fazer isso ? Só tem umas fubangas nessa escola mesmo."

Algum tempo depois.

Kuzuha está sentado em um banco. Ele está ofegante. "Onde que aquela esquisitona se meteu ? Já procurei em todo canto, mas nem sinal de vida…" - Kuzuha tem uma ideia. "Ou não ! Ainda falta procurar na casa abandonada escondida que a escola tem ! O único problema é: a diretora não vai me dar a chave. Bom, de duas uma, ou eu uso o meu charme irresistível ou eu vou ter que bancar o 007... Melhor eu bancar o 007 mesmo."

Enquanto isso, em algum lugar escuro.

"P-Por que tem sempre de ser em um lugar assim ?" - Noelle pensa, amedrontada.

De repente, o barulho de algo quebrando pode ser ouvido.

"Eeekkk !" - Noelle diz. Ela dá dois tapas fracos no rosto e se recompõe. "Não ! Lembra o por quê de você estar aqui ! Agora não é hora para ter medo !"

Kuzuha chega na diretoria. "Ok, tudo que eu preciso fazer é pegar uma chave idiota. Não deve ser tão difícil assim." - Ele entra.

Na diretoria, há uma mulher de cabelo longo preto, olhos também pretos, vestindo um blazer preto, uma saia também preta, meia calça, também preta e um par de sapatos marrons.

"Oi, querida diretora que mora no meu coração~" - Kuzuha diz, sorrindo.

A diretora solta um suspiro, cansada. "O que você quebrou dessa vez ?"

"Eu não posso mais ter uma conversa com a minha diretora favorita ?" - Kuzuha pergunta.

"Fala logo o que você quer. Eu tenho que assinar uma papelada hoje." - A diretora diz.

"Então… Assim, sabe… Meio que… Assim... Meio que a senhorita podia me dar aquela chave da casa lá atrás." - Kuzuha diz.

A diretora abre uma gaveta, pega um molho de chaves e o joga para Kuzuha. "Toma."

"Uh… Fácil assim ? Nunca deixou eu nem chegar perto dessa coisa." - Kuzuha diz, confuso.

"Bom, não tem mais porquê esconder isso de você. Vou destruir aquele lugar amanhã." - A diretora diz.

"M-Mas-" - Kuzuha diz, sendo interrompido pela diretora.

"Eu sei o quanto aquele lugar importa pra você. É importante pra mim, também... Mas eu já estou preparada pra deixar isso pra lá." - A diretora diz.

Kuzuha segura a chave com força e fica cabisbaixo.

"Viu só ? É por isso que eu não ia te dizer nada. Acha que eu gosto de te ver com essa cara ?" - A diretora pergunta. Ela solta um suspiro. "Escuta, já deu, ok ? Já fazem dez anos. Acabou. O que aconteceu, aconteceu. O que ia acontecer, não vai mais. Você tem que aceitar isso."

Kuzuha solta um suspiro. "Tá falando demais, velha. Minha orelha não é penico." - Ele vai embora.

Enquanto isso.

Noelle está em um quarto muito escuro, ofegante. "...Eu não... consigo mais... fazer isso… acho que… tô enferrujada…"

Kuzuha chega na frente de uma casa cercada por uma cerca elétrica. "Finalmente. Agora, cadê a chave que desliga a fonte de energia dessa cerca... ?" - Ele começa a testar as chaves em uma caixa de força. "Hmm... Qual será ?" - Lentamente, Kuzuha para de mexer nas chaves. "…Pensando bem, eu realmente quero entrar aí… ?" - Ele balança sua cabeça e volta a mexer nas chaves. "Nah, eu já fui muito longe pra desistir agora."

Uma das chaves vira.

"Boa ! Achei a chave !" - Kuzuha diz.

Barulhos, em uma moita por perto, podem ser ouvidos.

"Q-Quem ou o que tá aí !? Fique sabendo que eu sou faixa preta em quinze artes marciais sobre como acabar com você !" - Kuzuha diz, com medo.

De repente, dois pontos vermelhos aparecem na moita.

"Q-Que droga é aquela !? Será que é algum animal ?" - Kuzuha pensa. "Eu só preciso mostrar que não tô com medo e esse troço vai embora." - Ele pega uma pedra e joga na moita.

Mais quatro pontos aparecem.

"…Fudeu…" - Kuzuha pensa.

Enquanto isso, ainda no quarto escuro.

"Tomara que o Kuzuha esteja bem, não quero que a missão falhe." - Noelle pensa.

Oito pontos amarelos aparecem no escuro.

"M-Mais !? Onde tá essa droga desse portal ?! Mandar cinco ? Tudo bem ! Agora, mandar dezessete ? Aí já é sacanagem !" - Noelle diz, brava.

De volta à frente da casa.

"Como está a situação: eu estou cercado entre três coisas que não faço a mínima ideia do que são. Não dá pra fugir pela frente porque elas estão lá. Não dá pra fugir pros lados senão elas provavelmente me matam. Só me resta uma escolha, pular a cerca." - Kuzuha pensa. "Mas ela é muito alta e, até eu escalar, podem me atacar sem problemas. O que eu faço ? Droga ! Não consigo pensar em nada !"

Do mato, saem três tigres brancos com armaduras, e garras douradas.

"Ehehehe... Dá… a… pata… ?" - Kuzuha pergunta, confuso e com medo.

Os tigres dão um rugido alto.

"Merda !" - Kuzuha diz, amedrontado.

Enquanto isso, no quarto escuro.

"Que rugido foi esse ? Acho melhor eu ir ver se tá tudo bem." - Noelle pergunta. Ela começa a correr para a porta, mas uma cauda, que surge do escuro, segura sua perna e começa a puxá-la de volta. "QUE DROGA !"

De volta à frente da casa. Os tigres estão se aproximando de Kuzuha lentamente.

"Eu nem sou tão gostoso assim, não precisa nem provar pra saber !" - Kuzuha diz.

Os tigres rugem novamente.

"Ugh ! Cala essa boca !" - Kuzuha diz, bravo.

Uma voz feminina pode ser ouvida. "Tá precisando duma ajudinha ?"

"Isso é pergunta que se faça numa hora dessas ?! É claro que sim !" - Kuzuha diz, bravo.

"Ih, esquentadinho. Não ajudo mais." - A voz diz.

"O quê ?! Ah, qual é ! Eu já tô ferrado- Quer saber ? Tanto faz." - Kuzuha diz. Ele pega um galho e corre na direção dos tigres, balançando ele para todos os lados. Quando Kuzuha chega perto, um tigre morde o galho, o quebrando facilmente. "Oh."

Um tigre dá uma cabeçada em Kuzuha, o jogando em uma árvore.

"Ugh ! Droga…" - Kuzuha diz.

Os tigres se preparam para atacar Kuzuha.

"Só pode ser brincadeira. Cê é inútil numa luta." - A voz diz.

Os tigres pulam na direção de Kuzuha.

"Eeekkk ! M-Mas que droga, cara !" - Kuzuha diz, pondo seus braços na frente de seu rosto para se proteger. "Eu sei que fui ateu por um bom tempo, mas se você me livrar dessa, Deus, juro que não vou mais olhar o vestiário das meninas !"

"Uh... Cê faz isso ?" - A voz de antes pergunta.

"Eh ?" - Kuzuha diz, confuso. Ele tira os braços da frente de seu rosto. Os tigres estão no chão.

Na frente dele, há uma garota de cabelo curto preto, olhos castanhos, vestindo um vestido vitoriano gótico de empregada preto e branco, uma gargantilha, pulseiras e tornozeleiras rosas com espinhos e um par de tênis também pretos.

Kuzuha se levanta. "Uh... Explicações ?"

"Meu nome é Excalibur. Cali, pros íntimos." - A garota diz.

"Legal, mas eu não tô nem aí pro seu nome. Quero saber que droga é essa que tá acontecendo ! De que circo essas coisas saíram ?!" - Kuzuha diz, confuso.

"Circo ? Essas troços aí são criaturas de outra dimensão !" - Excalibur diz.

Kuzuha permanece em silêncio, ainda confuso. Ele chega a uma conclusão. "Ah, saquei ! Isso deve ser uma pegadinha daquela loira."

Excalibur inclina sua cabeça, confusa. "Eh ?"

"Aposto que foi tudo combinado. Aposto não, tenho certeza ! Ela some, depois aparecem três tigres do nada, daí você aparece." - Kuzuha diz. "Ah, já sei ! Ela deve estar escondida aí também, né ? Pode sair daí ! Eu já saquei tudo !"

Dentro da casa.

Noelle ouve o grito de Kuzuha. "Ele veio me procurar !? É mais burro do que eu pensei."

Na porta da casa.

"Por quanto tempo a loira sumiu ?" - Excalibur pergunta.

"Você sabe, 'Excalibur', se esse for mesmo o seu nome, né." - Kuzuha diz. "Pfftt ! Aposto que até esses três estão fingindo." - Ele dá um tapa em um dos tigres, que levanta e se prepara para atacá-lo. "Deve ser um gatinho manso muito bem treinado querendo um abraço."

Excalibur observa Kuzuha, confusa. O jovem abre seus braços para abraçar a criatura. "Não tô brincando, idiota ! Cuidado !" - Ela empurra Kuzuha. O tigre arranha as costas da jovem. Kuzuha cai no chão, e ela cai em cima dele. "Ugh ! Essa doeu pra cacete !" - Excalibur pensa. "Cê tá machucado ?"

"N-Não..." - Kuzuha diz, não entendendo a situação.

Excalibur solta um suspiro, aliviada. "Cara, cê tem que tomar mais cuidado. Algum dia, vai morrer de bobeira."

Kuzuha encosta por acidente nas costas dela e vê que há sangue em suas mãos. "V-Você tá sangrando !"

Excalibur força um sorriso. "Esquenta não, só arrancou uma lasquinha. Tô tranquila."

"Eu não sou tão idiota assim, é óbvio que tá doendo bastante. Não sei que tipo de brincadeira é essa, mas eu não tô curtindo nem um pouco. E esses bichos já tão me tirando do sério." - Kuzuha pensa. Ele tira Excalibur de cima de si.

Os dois se levantam.

"Não machucou nada mesmo ?" - Excalibur pergunta.

Um tigre avança furiosamente na direção dos dois.

Kuzuha fecha seus punhos. "Eu não faço a mínima ideia de quem você é..."

O tigre pula e se prepara para mordê-los.

"Cuidado !" - Excalibur diz.

"…Mas não vou virar as cotas pra alguém que precisa de ajuda !" - Kuzuha diz.

A criatura chega perto. Kuzuha soca seu queixo com força, a jogando no chão.

"C-Cacete ! Como que cê fez isso !? Não era pra conseguir arranhar essas coisas !" - Excalibur diz, surpresa.

"Huh, não faço ideia…" - Kuzuha diz, confuso. Ele agarra a garganta do tigre com suas duas mãos e o levanta. "…Engraçado… Eu tô sentindo uma coisa… quente ? nas minhas mãos." - Kuzuha diz, confuso. As mãos dele começam a pegar fogo.

O tigre também pega fogo, e seu corpo queima. Em questão de segundos, ele se desintegra em uma fumaça preta, restando apenas algumas pedras luxuosas roxas.

O jovem começa encarar suas mãos. "Uh…" - Ele finalmente processa a situação em que está. "EEEHHH !? TÁ PEGANDO FOGO, BICHO ! E AGORA, PRA DESLIGAR ESSA MERDA AQUI, MEU ?!" - Kuzuha começa a bater suas mãos na roupa, até o fogo se apagar. Ele solta um suspiro, aliviado. "Caramba, eu virei uma churrasqueira !"

Excalibur dá um soco na cabeça dele. "Isso é perigoso, seu idiota !"

"Ugh ! Qual é ! Não é minha culpa ! Eu nem sei o que tá rolando !" - Kuzuha diz, bravo.

A jovem solta um suspiro. "Bom, tá parecendo que cê vai precisar aprender a fazer aquilo na força."

Os dois tigres restantes começam a se levantar.

"Se o IBAMA perguntar, foi legítima defesa." - Kuzuha diz.

Os dois correm na direção dos tigres.

Quando chega perto, Kuzuha soca um deles. Nada acontece. Um arrepio corre por seu corpo. Ele se joga no chão e começa a agonizar. "Ugh ! Dói pra cacete !"

"Usa seu Requiem, animal." - Excalibur diz.

Um tigre tenta mordê-la, mas ela consegue desviar.

Kuzuha se levanta e desvia de um ataque. "Meu requeijão ?"

"Requiem ! Re ! Qui ! Em !" - Excalibur diz.

Kuzuha ainda não entende.

Excalibur solta um suspiro, indignada com o arruaceiro. "O fogo de antes, seu idiota !"

"Eu sei lá como se faz isso !" - Kuzuha diz. Ele soca o tigre e machuca sua mão novamente.

"Eu também não faço a mínima ideia, não é minha classe de Requiem !" - Excalibur diz. "Faz o que cê fez antes !

"É mais fácil falar do que fazer !" - Kuzuha diz, bravo.

"Aí complica, né !" - Excalibur diz.

Um tigre tenta atacá-la, mas Excalibur pega as patas dele as segura.

Kuzuha vê sua amiga fraquejar. "O machucado dela…"

"Cuidado !" - Excalibur diz.

Um tigre avança na direção de Kuzuha.

"Droga !" - Kuzuha diz. Pondo as mãos na frente do corpo.

Quando o tigre chega perto, ele derruba Kuzuha e tenta morder a cabeça dele. O jovem desvia, e o tigre acaba mordendo o chão.

"Passou perto…" - Kuzuha diz, aliviado.

Excalibur tenta tirar a criatura de cima dele.

O jovem vê o outro tigre se aproximando pelas costas de Excalibur. "Se liga ! Atrás !"

Antes mesmo da empregada conseguir se virar, o tigre ataca, fazendo outro corte nas costas dela. Excalibur solta o tigre atacando Kuzuha e cai para trás, agonizando de dor.

"Excalibur ! Droga !" - Kuzuha diz, preocupado.

O tigre em cima de Kuzuha abre sua boca e se prepara para mordê-lo.

"Eu não tenho tempo pra brincar com você !" - Kuzuha diz, bravo. Ele segura a boca do tigre. O fogo volta para os punhos dele. O jovem dá uma joelhada na barriga da criatura, a tirando de cima dele, e se levanta. Ele vai até Excalibur e tira o outro tigre de perto dela.

"Ei, empregada ! Você tá legal ?" - Kuzuha pergunta, preocupado.

"Nem um pouco ! Eu tô putassa !" - Excalibur diz, furiosa. Mesmo com seus machucados, ela se levanta com um pulo.

Os dois tigres estão avançando na direção deles.

"Só preciso de um soco." - Excalibur diz.

"O mesmo." - Kuzuha diz.

Os tigres se aproximam mais. Os dois preparam um soco. Quando as criaturas chegam perto, Excalibur soca a cabeça de um, quebrando sua armadura e o matando. O outro tigre pula em Kuzuha, mas o jovem se abaixa, cobre seus punhos com chamas e soca a garganta da criatura, a incendiando. Em questão de segundos, os corpos dos monstros também se desintegram em fumaça negra, deixando as misteriosas jóias roxas para trás.

"Mandou bem, porco espinho !" - Excalibur diz.

"Porco espinho é tua mãe !" - Kuzuha diz, bravo.

"Finalmente eu acabei…" - ??? diz.

Noelle sai da casa. Há alguns machucados pelo seu corpo.

"Você tava aí o tempo todo !? Matando aula no primeiro dia, huh ? Mas que coisa feia~" - O jovem diz, provocando sua amiga.

Noelle nota Excalibur, que força um sorriso. "Você ! O que você tá fazendo aqui ?! Não falei pra me esperar lá na organização ?!"

A empregada rola seus olhos. "Bom te ver também, loira."

"Vocês me devem muitas explicações. E pra já." - Kuzuha diz.

Horas depois. Os três estão sentados no banco de um parque.

"Podem abrir o bico. Vai. Desembucha aí." - Kuzuha diz. "O que vocês tão fazendo aqui, e por que eu sou uma churrasqueira ?"

"Bom, vamos começar do começo. Viemos aqui pra pedir sua ajuda." - Noelle diz.

"Essa é nova. Tão precisando de mim pra quê ?" - Kuzuha pergunta.

"A gente faz parte de uma organização secreta chamada Devil Slayer, que, basicamente, serve pra proteger a terra das Bestas do Caos. Aqueles bichos que a gente meteu a porrada." - Excalibur diz.

"Bestas do Caos, huh ?" - Kuzuha diz, curioso e confuso.

"Bestas do Caos são criaturas que vêm de uma dimensão chamada Azeroth. Gente sem Requiem não consegue ver elas." - Excalibur diz. "O único jeito de alguém normal ver uma Beta do Caos é se essa pessoa for atacada por uma. E não vai ser legal."

"Basicamente, pensa nisso como um RPG." - Noelle diz. "Na verdade, tá mais pra um xadrez RPG."

"Uh…" - Kuzuha diz, confuso.

"Cada uma das criaturas é categorizada por uma peça e/ou uma Promotion." - Noelle diz. "Sabe o que é uma Promotion, não sabe ?"

Kuzuha nega.

A jovem solta um suspiro. "No xadrez, Promotion é o nome dado à técnica usada para promover seu peão para outra peça, exceto rei. Com as Bestas do Caos, a situação não tão diferente. Por exemplo, aqueles leões que vocês dois enfrentaram eram de classe Rook, com uma Promotion chamada Ravager. Pra ser mais científica, é só pensar que as peças são animais, e as Promotions são como uma subespécie de tais criaturas."

Kuzuha continua perdido, mas força um sorriso e concorda com Noelle. "Saquei tudinho."

"Bom, também tem os Requiems. Também usa essa lógica de peças pra eles. E pros agentes da organização também. Você é classificado pela peça do seu Requiem." - Excalibur diz.

"Também temos Promotions na organização." - Noelle diz.

"Eu sou uma Rook com nenhuma Promotion, porque eu já sou foda sem uma~" - Excalibur diz, se gabando.

"Convencida pra cacete." - Kuzuha diz. "E você, loira ?"

"B-Bom, eu sou uma Knight." - Noelle diz, um pouco envergonhada.

"Tá sendo modesta pra cacete, loira !" - Excalibur diz. "Essa gatinha aqui tem uma das Promotions mais fortes possíveis de se ter: Wyrm !"

"Wyrm !?" - Kuzuha diz, surpreso.

"Mais baixo !" - Noelle diz. "E para de sair por aí contando isso, empregada !"

Excalibur dá de ombros. "Se eu fosse você, saía por aí me gabando. Não é todo dia que se encontra com alguém assim. É uma Promotion rara pra cacete."

"Tá podendo, hein loira." - Kuzuha diz.

"Requiems de Promotion Wyrm são raros porque são Requiems de dragões de Azeroth, e eles são quase extintos. Principalmente o meu, foi COMPLETAMENTE extinto." - Noelle diz.

"E tem algum King ou Queen nisso ?" - Kuzuha pergunta.

"Ô se tem. É... mais ou menos." - Excalibur diz.

"Só pode existir um King e uma Queen. São eles que comandam as coisas." - Noelle diz. "Acho que eu não preciso falar o quão forte eles são, né ?"

"Mas a Queen foi pro saco faz uns dez anos." - Excalibur diz. "Ou é o que geral pensa. Ninguém sabe absolutamente nada sobre ela, a não ser que foi a pessoa que ajudou o King a construir a organização do zero."

Kuzuha fica cabisbaixo. "Dez anos, huh ? Já fazem dez anos… ?" - Ele se perde nos pensamentos.

"Tudo legal aí ?" - Excalibur pergunta.

O jovem volta a si. "Eh ? Ah ! Tá tudo tranquilo."

"Bom, não é como se tivéssemos muitas informações sobre o King, também. Ninguém nunca viu o rosto dele, sabe como ele se parece ou como é sua voz." - Noelle diz.

"Tá se escondendo demais, pra um 'homem do povo', huh." - Kuzuha diz.

"Dá pra entender. O cara é importante, tem sempre alguma coisa ruim atrás de você." - Excalibur diz.

"Nah. Eu sai no soco com ele fácil. Ganho dele e dessa Queen aí." - Kuzuha diz, despreocupado.

"Você tem uma estranha obsessão em bater nas pessoas." - Noelle diz.

"Eu não diria obsessão. Só curto testar meus limites. Saber o que eu consigo e não fazer. Ver o que da pra melhorar. Não da pra ficar bom lutando só com peixe pequeno. Eu quero é estrangular o Megalodon." - Kuzuha diz.

A empregada põe seu braço pelo pescoço do jovem. "Esse cara é dos meus, loira~"

"Isso, uh, foi esquisito e motivador ao mesmo tempo." - Noelle diz.

"Qual é a desse smart watch de vocês aí ?" - Kuzuha pergunta.

"É um Vizer. É meio que um crachá da empresa." - Excalibur diz. "Serve pra guardar informações, ver bichos e umas outras coisas."

"Huh, admito, esse King aí pensou em tudo." - Kuzuha diz.

Quando percebem, o sol já está se pondo.

"Cacete ! Já tá ficando tarde !" - Kuzuha diz, desesperado.

"Huh, nem vi." - Excalibur diz.

Kuzuha levanta. "Bom, o papo foi bom, e tudo mais, mas tô vazando. Te vejo amanhã, loira ?"

"Depende da sua resposta." - Noelle diz.

"Eh ?" - Kuzuha diz, confuso.

"Não te contamos tudo isso à toa." - Noelle diz. "O verdadeiro motivo de termos vindo aqui é: Queremos recrutar você."

"Tamo chamando você pra trabalhar com a gente, pra ser um Devil Slayer." - Excalibur diz.

Kuzuha encara elas, por alguns segundos, pensativo. "Hmm…"

"E então... ?" - Noelle pergunta, ansiosa por uma resposta positiva.

"Nah, não tô afim." - Kuzuha diz.

"EH !?" - Noelle e Excalibur dizem, surpresas.

Kuzuha se despede das duas com um aceno, põe as mãos nos bolsos de sua calça e vai embora, assobiando despreocupadamente. As jovens vão atrás dele.

"Epa, epa, epa ! Cumé que é !? Cê tá brincando, né ?" - Excalibur pergunta, ainda não processando a situação.

"Simples, eu não quero." - Kuzuha diz.

"Mas, agora pouco, você queria desafiar o King !" - Noelle diz.

"É mesmo ? Nem lembro mais disso." - Kuzuha diz.

"P-Pensa nas possibilidades incríveis ! Na organização, eles pagam suas contas, sabia ?" - Noelle diz.

"Eu tenho um trampo. Pra sorte de vocês, hoje é meu dia de folga." - Kuzuha diz.

"Se você tá com medo, beleza. Todo mundo tem medo de alguma coisa." - Excalibur diz. "Eu não sei nadar."

"Você tem que vir com a gente, por favor ! Eu quero muito ficar no Japão ! Sempre foi meu sonho vir pra cá !" - Noelle diz.

"Eh ?" - Kuzuha diz, confuso.

"Somos da divisão francesa da Devil Slayer." - Excalibur diz. "A gente veio pra cá porque primeiro, a loira é uma nerd que adora anime. Segundo, colocaram a gente aqui por coincidência e mandaram a gente fazer essa missão de achar você. E terceiro, viajar faz bem."

"A condição para continuarmos aqui é conseguirmos convencer você a entrar para a organização." - Noelle diz.

"Pô, que pena." - Kuzuha diz.

"Se não entrar pra empresa, vão mandar uns caras fortes pra te matar." - Excalibur diz.

"Ótimo. Vou poder arregaçar a cara de alguém com esse fogo esquisito." - Kuzuha diz.

"Ah, qual é !" - Noelle diz, brava.

"Desiste, loirinha." - Excalibur diz.

Os olhos da jovem começam a lacrimejar.

A empregada solta um suspiro, se preparando mentalmente. "Começou..."

Noelle entra na frente de Kuzuha, o impedindo de prosseguir. "Não é justo ! Eu quero ficar no Japão ! E não é um delinquente idiota que nem você que vai me impedir de assistir uma quantidade gigante de animes e comer comida exótica !"

O delinquente pega a jovem pelos braços, coloca ela para o lado e continua andando. "Chantagem emocional só funciona com quem se importa. E, advinha só..." - Ele mostra o dedo do meio. "…Tô pouco me fudendo."

"Justo." - Excalibur diz.

"Que monstro terrível e apático… Chantagem emocional sempre funcionou…" - Noelle diz, em choque.

"Dá pra falar onde você tá indo ? Vai que a gente precisa bater um papo." - Excalibur diz.

"Compromisso importante. Não é da conta de vocês." - Kuzuha diz. Ele vai embora.

"É, já era." - Excalibur diz. "Voltar pra França não é uma ideia tão ruim assim."

"O que eu acho mais estranho é o fato de que ele estava muito animado pra entrar na organização, mas, do nada, simplesmente desistiu." - Noelle diz.

"Também acho que tem caroço nesse angú." - Excalibur diz. "Nem sei o porquê do chefe querer tanto ele, que mandou a secretária pessoal falar com a gente. Normalmente, só manda um texto."

"Huh, estranho, né ?" - Noelle diz, pensativa. Ela tem uma ideia. "Já sei, empregada ! Amanhã à tarde, nós vamos espionar ele, e descobrir o que esse idiota faz em segredo. Daí, podemos usar isso como chantagem."

"Às vezes, você dá medo..." - Excalibur diz. Ela dá de ombros. "Tô dentro. Não tenho muita escolha mesmo, 'senhorita' Noelle."

"Beleza ! A missão 'Espionar Kuzuha e descobrir o que ele faz, pra podermos chegar a um acordo amigável' começa amanhã !" - Noelle diz, entusiasmada.


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