Doce Mistério escrita por Kah Nanda


Capítulo 6
Doces Histórias


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas. Quem é viva sempre aparece e como graças a Deus continuo nesse plano, estou chegando com mais um capítulo.
Ainda não posso afirmar que é meu retorno efetivo, tanto que quis e tentei muito postar ontem. Não só por ser segunda, mas por também ser um dia especial e em mais de um aspecto. Já que a data de outrora marcou 13 anos desde a primeira fez que postei um capítulo de fanfic aqui no Nyah...
Porém ao menos estou conseguindo postar hoje, então vamos comemorar as pequenas conquistas. Espero que ainda estejam por ai para apreciar o capítulo e comentar...

Capítulo Postado Em: 14/05/23



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811731/chapter/6

Tem pouco mais de quinze dias que cheguei a Valentine e quando paro e reflito sobre isso, quase não posso acreditar que em tão pouco tempo, tantas coisas já aconteceram...

E muitas outras ainda prometem surgir, pois no início da semana, aproveitando a extensão da minha estada, Alice finalmente me contou sobre seu chá de bebê que ocorrerá no próximo sábado e efetuou o convite para comparecer ao evento.

Junto a outras mulheres da cidade e até mesmo algumas de fora. Sendo essas as familiares de Jasper que ainda residem em sua cidade natal, Lincoln.

Desde então, coloquei como missão principal procurar o presente ideal para seu pequeno.

E achei que seria fácil encontrar algo que fosse não só agradar Alice, mas também, ser útil, tanto para o bebê, quanto para ela. Talvez sendo de alguma maneira especial e marcante. Pois não é certeza que poderei conhecê-lo, visto que ainda não defini minha vida por completo.

Na verdade, estou até mesmo estranhando a falta de contato da minha tia. Já que apesar de ainda não estar consideravelmente muito tempo fora, o mês tem se aproximado do fim e seria lógico que ela quisesse falar comigo ou ao menos, efetivamente saber como estou e mais do que tudo, quando pretendo voltar.

Mas essa definitivamente é a pergunta de um milhão. Porque não sei emitir uma resposta segura e concreta nem mesmo para mim.

Porém como essa é uma questão bastante complexa e não chegarei a nenhuma conclusão por enquanto, prefiro continuar me abstendo e procurar focar no que realmente preciso para o momento.

Encontrar um presente para levar ao chá de bebê...

A princípio, rodei a cidade em todos os estabelecimentos possíveis, saindo cada vez mais frustrada de cada um, ao não encontrar nada que despertasse meu interesse ou agrado.

Com isso, no meio da semana compreendi que nesse aspecto, Valentine não conseguiria suprir minhas expectativas, então parti para a exploração além dos limites da cidade.

Só para continuar me desapontando e ficando cada vez mais preocupada, pois amanhã já é sábado e até agora não tenho nada para levar.

Sei que Alice não se importará tanto caso conte o que houve e especialmente, se implantar a ideia que começou a me abater.

Para através dos meus contatos, encomendar algo de fora do estado. Talvez de algum lugar como a Califórnia ou Nova York e assim, garantir um bom presente.

Contudo, apesar de bastante receosa, sei que essa ainda não é minha última opção ou esperança. Já que existe uma loja nos limites que não frequentei e alguma coisa dentro de mim diz que preciso arriscar até mesmo essa busca, para só então dar a saga por terminada.

E é por isso que estou parada em frente ao estabelecimento pertencente à família do cunhado de Edward, onde sua própria irmã também trabalha.

Refreando todos meus receios, decidi arriscar essa última chance para tentar encontrar um presente ao bebê de Alice...

Até agora, somente tinha vislumbrado a loja de longe. Sendo o dia em que observei um pouco mais atentamente quando encontrei Nessie e ela citou sobre esse ser o lugar em que a tia trabalha.

Mas ao adentrar efetivamente, comecei a notar como a loja é maior do que aparenta somente no lado exterior e também parece ser bem completa, realmente oferecendo opções para todos os públicos e gostos.

Porém, após dar alguns passos, comecei a perceber uma movimentação atrás de mim. E ao direcionar o olhar, notei o casal responsável pela loja trocando um diálogo e depois de uma provável conclusão, a mulher começou a caminhar em minha direção.

— Boa tarde.

Cumprimentou de forma cordial e pude notar um leve tom em sua voz que imediatamente me direcionou a lembranças do seu irmão, mas procurei dispersá-las o mais rápido possível.

— Olá.

— Precisa de ajuda com alguma coisa?

Mesmo que não precisasse, sei que não teria como simplesmente dispensá-la, já que a loja pertence à família do seu marido e compreendi que ela escolheu vir lidar comigo, ao invés de talvez aceitar a sugestão do parceiro ou até mesmo designar outro funcionário.

E continuando a reunir a coragem que me fez tomar a decisão inicial, respondi com segurança.

— Na verdade sim. – Informei. – Estou procurando alguns itens de bebê, pois fui convidada a um...

— Ao chá de bebê da Alice.

Completou minha frase e não me espantei por ela estar sabendo do evento, em uma cidade como essa, não me admira que todas as notícias corram rápido.

— Isso.

— O chá será amanhã, não é mesmo?

— Sim. – Respondi breve. – Pode parecer que estou procurando o presente em cima da hora, mas na verdade, já rodei a cidade inteira e até mesmo visitei alguns lugares em outras regiões, porém...

— Após não encontrar nada em nenhum desses lugares, enfim decidiu vir até aqui.

Agora ela conseguiu me calar, pois apesar da afirmativa ser verdadeira, não sei como pontuar isso da maneira correta.

— Não se preocupe, posso compreender seus motivos para não querer frequentar especificamente a minha loja.

O tom pessoal e de propriedade não me passou despercebido.

— Mas acho que para começarmos, deveríamos efetivamente nos apresentar, não concorda? – Propôs. – Pois apesar do que já ouvimos falar uma da outra e no meu caso, possuindo duas percepções diferentes, ainda não o fizemos por nós mesmas.

Não precisei de mais para compreender por quem suas impressões sobre mim passaram. Tendo ouvido relatos ao meu respeito através do irmão e agora mais de pronto, também da sobrinha.

— É claro. – Concordei de pronto. – Eu sou Isabella...

— Isabella?

A confusão em seu semblante se uniu ao questionamento.

— Isabella Swan. – Informei. – Mas a maioria das pessoas me chama de Bella.

— Agora eu entendo. – Afirmou. – Eu sou a Rosalie. Não mais Cullen, mas sim McCarty.

O sorriso que exibiu ao pronunciar o sobrenome do marido acabou me contagiando.

— É um prazer conhecê-la Rosalie.

— Igualmente... – A frase foi suspensa, mas diante do meu olhar, concluiu sem receios. – Bella.

Assentimos em conjunto, porém ela logo prosseguiu.

— Mas então, como efetivamente posso ajudá-la? Você tem algo em mente?

— Sei que Alice já fez bastante compras para completar o enxoval e que muitas pessoas lhe presentearão com peças para o início da vida do bebê. – Citei. – Por isso, acredito que minha maior dúvida seja quanto ao aspecto funcional do presente, pois não gostaria de dar algo que ela somente usasse uma vez, mas é difícil pensar em algo diferente nessa fase.

— Ainda mais porque não temos ideia se o bebê será grande ou pequeno e o quanto se desenvolverá após os primeiros dias de vida.

— Exatamente...

— Como mãe, posso informar minha percepção pessoal e como vendedora, farei meu máximo para lhe ajudar a encontrar o que procura.

Ela começou a caminhar e indicou para segui-la.

— Você também é mãe?

A pergunta me pegou tão desprevenida que até mesmo travei o passo.

— Não. – Esclareci o tom de voz. — Eu não tenho filhos.

— Certo, de todo modo, acredito que suas percepções pessoais serão suficientes para que efetue a escolha.

Ela continuou a falar, começando a informar sobre as opções, mas demorei um pouco para efetivamente voltar a ouvi-la e compreendê-la.

— Você tem alguma preferência quanto à cor? – A ouvi questionar. – Vai investir no azul?

— Seu filho também é um menino, não é mesmo?

Ela não pareceu surpresa com a minha pergunta, tendo ciência provavelmente que Nessie me contou sobre a existência do primo.

— Sim.

— E no caso dele, optou pelo uso da cor padrão?

— Eu particularmente não me apeguei muito a isso, mas as duas avós não conseguiram se conter.

— Imagino como tenha sido especial viver algo assim...

Se ela percebeu o tom melancólico na minha voz, não se atentou. Ao invés disso, indicou para esperar um instante, enquanto seguiu até um montante de peças, retornando prontamente com os braços cheios de roupinhas de bebê.

— Talvez você goste desses modelos de body. – Citou começando a mostrar as peças. – Chegaram recentemente, em diversas cores e tamanhos, mas essas são as opções para recém-nascido.

Ao começar a passar os olhos nos pequenos tecidos, realmente constatei várias cores, desde tons de verde, a branco, marrom, preto e também azul.

Então uma ideia assolou minha mente.

— Espera um pouco, nesses modelos, vocês têm até que tamanho?

— Acredito que até por volta de um ano. Por quê?

— Porque estou pensando em presentear o bebê com uma peça para cada mês. O que acha?

— Como assim?

— Quero levar cada uma das roupinhas, variando as cores e tamanho. – Esclareci. – Pois sabemos como os bebês perdem as peças de roupa muito rápido e assim, Alice poderá continuar usando o body ao longo de pelo menos um ano, sem maiores complicações. – Pontuei. – E eu tão pouco precisarei escolher apenas um, já que todos são uma graça.

— É uma ideia interessante e diferente.

— Mas você acha que é ruim?

Questionei muito mais querendo saber sua opinião de mãe, do que propriamente como vendedora.

— Não. É uma boa ideia. Sei que ela vai gostar e principalmente, o bebê estará bem suprido do presente por ao menos um ano.

— Essa é a intenção. – Sorri. – Já que não tenho ideia se poderei ao menos conhecê-lo, então quero presenteá-lo com algo útil e marcante.

— Você não pretende ficar até a data de parto da Alice?

— Minha estada na cidade é com o intuito de uma visita rápida, porém apesar de ainda não ter um prazo pré-determinado para volta, não acredito que ficarei por mais tanto tempo.

— Certo e desculpe por perguntar, foi só curiosidade.

— Não tem problema.

— Eu vou buscar o restante dos tamanhos, para separarmos as peças. – Indicou e assenti. – Você vai querer doze ao todo, correto?

— Sim.

Com isso, rapidamente Rosalie trouxe o restante das roupas e efetuei a escolha sem maiores preocupações, podendo preencher o presente de acordo com o que gostaria.

E no instante em que a acompanhei ao caixa para finalizar a compra, não pude deixar de pensar nas formas irônicas sobre como o destino funciona.

Pois efetivamente só encontrei o que procurava, ao decidir abrir mão de alguns dos meus receios...

 

Por sorte a reunião foi programada antecipadamente para acontecer na casa dos pais de Alice, pois a residência do prefeito e a primeira-dama de Valentine dispõe de um bom espaço para acomodar todas as convidadas, especialmente no espaço fechado, já que o inverno continua a se fazer bastante presente na cidade.

E como anfitriã, minha amiga está mais do que disposta e radiante, contando com o auxílio da mãe e a sogra durante a recepção inicial e mantendo-se atenta a todas as convidadas sem exceção.

Diferente de alguns chás de bebês que já compareci, não necessariamente de amigas próximas, mas de pessoas com quem convivia entre os trabalhos que executei. Alice não quis elaborar brincadeiras envolvendo os presentes e adivinhações, ao invés disso, preferiu abri-los com a certeza de quem a presenteou, para poder agradecer efetivamente o mimo.

E quando meu embrulho foi aberto, não só ela, mas as matriarcas da família e outras mulheres mostraram o encantamento não só referente às peças destinadas ao pequeno Jack Hale, como também meu ímpeto em presenteá-lo de modo a poder continuar usando as roupinhas por pelo menos um ano.

E fiz questão de informar sobre ter comprado na loja em que Rosalie trabalha, não só por ela estar presente, podendo receber os devidos louros, mas também, para impulsionar a comercialização de sua loja.

Porém não pude deixar de ficar surpresa ao encontrá-la aqui. Não só por ter preferido esconder o fato ontem quando nos vimos, ao mesmo tempo por não saber ou esperar que ela fosse próxima a Alice ao ponto de ser convidada para o seu chá.

Contudo, não somente ela foi convidada, pois por algum motivo desconhecido, veio acompanhada da mãe e também da Nessie. Talvez Alice somente tenha convidado as mulheres da cidade em geral, por cortesia e educação.

Ou eu que realmente não estou por dentro da sua real proximidade com a família Cullen e suas extensões...

Mas deixando certas dúvidas de lado, ver a Nessie me deixou contente, ainda que não tenhamos conseguido conversar efetivamente. Já que a pequena permanece quieta e comportada próxima à avó e a tia. Enquanto Alice tem feito questão de me manter próxima a si, sempre apresentando a alguém ou somente introduzindo-me ao meio de algum assunto.

Com o passar da tarde, Alice pediu a atenção para informar o que gostaria de fazer criando a própria tradição em seu chá de bebê.

— Primeiramente quero agradecer a presença de todas e os maravilhosos presentes que recebi. – Começou a falar. – Não tenho palavras para expressar a gratidão por estarem aqui comigo.

Seu olhar encontrou o meu e sorri, sentindo-me mais do que contente por poder acompanhá-la, por poder compartilhar ao menos esse momento com ela.

— Porém, mais do que falar sobre a minha experiência, hoje quero ouvi-las. – Pediu instigando as atenções. – Sendo assim, começarei compartilhando uma história atrelada à maternidade e depois cada uma terá a vez para falar.

Comentários esporádicos começaram a surgir, mas Alice não tardou a concluir.

— Quanto a quem ainda não é mãe, pode sentir-se a vontade para contar algo sobre suas experiências como filhas...

E sem mais rodeios, ela começou o relato.

— Eu espero muito que Jasper e Jack sejam grandes amigos. – Citou, enquanto faz um carinho na barriga avantajada. – Mas desde a primeira vez que o senti mexer, protegido e seguro aqui no meu ventre, compreendi a real força do elo materno.

Não consegui desviar o olhar das suas mãos, continuando a acariciar a barriga e conectando-me muito mais através do gesto.

— Pois não há meios de virmos a nos separar. Porque sempre serei a sua mãe. A primeira que soube de sua existência, que o sentiu e carregou consigo até o nascimento.

Fechei os olhos por um instante, absorvendo o momento e torcendo para que todas mantenham as atenções concentradas na mamãe falante.

— Tão pouco tenho receio em dizer que hoje compreendo o que minha mãe queria dizer ao me alertar sobre “só compreender o que ela passava ao me tornar mãe”.

Não contivemos o riso e o clima tornou-se novamente mais descontraído.

— E sei que ainda não passei por um 1% da maternidade real, mas já consigo compreender coisas que antes jamais passaram pela minha mente. E sou muito grata por toda a experiência. Porque como mãe, também estou revelando novas e melhoradas faces como mulher...

Seguindo o ciclo, a mãe de Alice foi à próxima, com sua sogra continuando a conversa e assim, várias mulheres pontuaram alguma questão como mães ou filhas, rodeando o espaço de belas palavras e sentimentos.

— Bella, acredito que seja sua vez.

A voz da senhora Brandon preencheu o espaço e sorri contida, antes de assentir.

— Minha mãe e eu éramos melhores amigas, sempre fomos. – Minha voz imediatamente quis embargar, porém me segurei. – E perdê-la realmente levou uma parte de mim. Uma parte que pensei jamais poder recuperar e até hoje não sei se consegui fazê-lo totalmente.

Alice me direcionou um olhar terno e o aceitei com afeto.

— Entre muitas coisas que tínhamos em comum, minha mãe foi quem mais me apoiou quanto a minha carreira. Ainda que na época não tratasse o trabalho como modelo, como algo a ser seguido de modo profissional.

— Mas você é ótima nisso, querida. Além de lindíssima. Alice sempre a acompanhou como pôde e posso confirmar o quão é boa no que faz.

— Eu agradeço o elogio, senhora Brandon. – Efetuei a matriarca. – Mas isso só se tornou algo sério após a minha juventude, quando uma tia reviveu esse lado em mim, pontuando sobre como seria algo que ajudaria a manter o elo com a minha mãe vivo.

— E acredito que ela tenha acertado, não é mesmo?

— Sim. – Concordei a certo aspecto com a senhora Hale, mas não perdi o ponto. – Porém, minhas melhores memórias sempre estarão atreladas ao que vivi diretamente com a mamãe, pois tudo era muito mais divertido ao seu lado. Todas as vezes que viajamos para algum lugar e ela me ajudava para uma sessão de fotos, desde a escolha de roupas e acessórios, a dicas de poses.

É inevitável não abrir um sorriso sempre que penso naqueles tempos...

— Muitos fotógrafos eram gentis o bastante para incluí-la em alguns cliques e esses são os que guardo com o maior carinho. Pois essas fotos conseguiram capturar o melhor de nós. Que era nossa felicidade cúmplice e conjunta.

Levei alguns segundos para retornar o relato e percebendo os olhares fixos em mim, decidi por encerrá-lo.

— Eu ainda não sei se um dia me tornarei mãe, mas se isso acontecer. Espero ser ao menos um pouco do que a minha mãe foi para mim. – Conclui esperançosa. – E que esse filho ou filha possa me olhar com o mesmo fascínio e amor que sempre dediquei a ela...

Minhas palavras reverberaram por toda a sala, mas logo uma das amigas de Alice começou a falar, contando sua própria história e o foco ficou com ela.

Porém mal me recuperei dos sentimentos pessoais, quando as mulheres da família Cullen começaram suas histórias.

E imediatamente procurei nublar o fato de Esme estar revelando suas nuances maternas incluindo-o na narrativa. Ou que até mesmo Rosalie contou que esperava ter uma menina, para ser a irmã mais velha como ela foi, já que pelo relato, ainda pretende ter mais filhos. Porém que ao pensar no irmão e a forma como os pais o criaram, deixou de preocupar-se por seu primogênito ser um garoto e alegrou-se com tudo que ele trouxe a sua vida.

E ao fim, surpreendendo-me, além de deixar-me alerta pelo que estou prestes a ouvir, chegou à vez de Nessie falar.

— Perguntei a tia Rose e a vovó se poderia falar sobre ser mãe das minhas bonecas, mas elas disseram que não conta. – Comentou um pouco cabisbaixa. – Eu acho que conta, porque às vezes elas dão muito trabalho.

O riso contagiou as presentes e pude perceber como isso a alegrou.

— E também não tenho nenhum animalzinho de estimação, porque o papai não permite que eu tenha. – Explicou. – Ainda que sempre prometa cuidar muito bem de tudo.

— Querida, procure focar em uma história só, sim?

— Está bem vovó.

O sorriso voltou ao seu rosto diante da concordância com a avó.

— Então pensei em falar sobre os meus momentos com o papai, porque ele é incrível e faz absolutamente tudo por mim, mas eu não tenho só ele na minha vida. Já que justamente minha avó e a tia Rose também sempre estão comigo.

Observei como isso compadeceu as mulheres e não fiquei de fora.

— Elas sempre me ajudaram quando o papai não podia. Seja porque estava estudando ou trabalhando. E eu adoro saber que todos veem o papai no jornal. Mas fico feliz também porque sei que se precisar de alguém para me ajudar a arrumar o cabelo, posso contar com a tia Rose. E que a vovó sempre conseguirá estar comigo na escola, talvez porque já trabalha lá, mas mesmo assim gosto da companhia dela.

Nessie é inteligente e compreensiva demais. E só posso me questionar sobre como efetivamente foi sua criação.

— Então ainda que não tenha uma mamãe, acho que tenho uma família completa. – Declarou. – Sem contar que também tem o vovô e o tio Emm. E o Rich.

— Isso foi lindo Nessie. – A senhora Brandon pontuou. – E você é realmente uma garotinha muito sortuda.

Não pude deixar de concordar, mas minha cabeça tão pouco para de martelar querendo compreender melhor sua história. Pois diante desse relato, continuo intrigada sobre quando e como ela perdeu a mãe.

Com minhas maiores apostas sendo que talvez sua mãe tenha falecido no parto ou até mesmo em algum período de tempo pouco depois de seu nascimento, já que ela não parece ter memória alguma da mulher que lhe deu a vida.

E obviamente tão pouco consigo desviar do fato de que ele deve ter se tornado pai solteiro ainda muito jovem. Atrelado ao próprio nascimento da Nessie, que provavelmente ocorreu tão logo regressou daquele verão.

Talvez até mesmo já tenha deixado à moça grávida quando efetuou a viagem e somente ficou sabendo ao retornar.

Isso com certeza justificaria muitas das suas atitudes seguintes e completaria os buracos presentes nas lacunas da nossa história. Que cada vez mais penso ter sido somente um pequeno capítulo da sua...

— Alice, você realmente não precisa de ajuda com nada?

Ofereci quando me aproximei para efetuar a despedida, pois o chá está no fim e algumas convidadas até mesmo já foram embora.

— Não Bella, obrigada. – Afirmou. – Pode deixar que mamãe tem tudo sob controle.

— E Jasper virá buscá-la?

— Com certeza. – Ela sorriu mais uma vez acariciando a barriga. – Pois não só estou cansada, como preciso de ajuda para levar todos os presentes.

— Pode ficar tranquila que seu pai os ajudará com tudo.

Sua mãe comentou ao passar ao nosso lado.

— Obrigada mamãe.

Com o dispersar da matriarca, voltamos à conversa direta.

— Bella?

— Sim.

— Você ficou chateada por ter convidado as mulheres da família Cullen?

Sua pergunta me pegou de surpresa, mas a resposta veio de pronto.

— Imagina Alice. É claro que não. – Pontuei. – Eu não teria motivos para me importar e era o seu chá de bebê, afinal.

— Fico feliz em saber disso. – Consentiu. – Pois ainda não conversamos bem sobre essas questões, mas muitas coisas mudaram ao longo desses anos.

— Eu tenho certeza que sim.

— Pois é. E poderia não ter muita conexão ou conhecimento sobre eles quando mais nova, porém ao voltar à cidade, aos poucos acabamos no integrando. E eles são muito conhecidos e respeitados aqui em Valentine.

— Não precisa se justificar Alice. – Ponderei. – E fico feliz em saber que essas mudanças ocorreram, sendo para melhor.

— Exatamente. Já que todos mudamos muito a partir daquele verão...

Agora sim ela chegou a um ponto que não quero focar, ao menos não agora, com isso, desviei o tópico do assunto.

— Mas agora realmente devo ir, pois você e o bebê precisam descansar. E espero de verdade que tenha gostado do presente.

— Como não gostar? Eu amei, todas amaram. – Citou, indicando a mãe e a sogra ainda presentes na sala. – E tenho certeza que quando mostrar ao Jasper, ele também vai amar.

— Fico feliz por isso, pois realmente queria dar algo que fosse especial e marcante.

— Você estar aqui é o que torna tudo especial e marcante. – Afirmou entrelaçando nossas mãos. – E mal posso me conter em saber que continuarei contando com sua presença após do nascimento do Jack.

— É claro Alice.

A puxei para um abraço e finalizei a despedida, procurando não refutá-la, mas sem dar esperanças vãs quanto a minha permanência na cidade por muito mais tempo, já que efetivamente ainda não tenho essa decisão acertada.

Também me despedi de sua sogra e sua mãe fez questão de me acompanhar até a porta, porém ao pisar na calçada, fui surpreendida por um chamado inesperado.

— Bella.

— Nessie?

A olhei surpresa. Primeiramente por ainda estar aqui, no tempo sereno da noite, sendo que a despedida com a família ocorreu há algum tempo e também por estar sozinha.

— O que ainda está fazendo aqui? – Expressei a dúvida.

— Eu queria falar com você.

— E onde estão sua avó e tia?

— Bem ali. – Indicou a calçada um pouco mais a frente. – Eu falei para elas que queria me despedir de você.

— E por que não fez isso ainda lá dentro? Ou pediu para alguém me avisar? – Enfatizei. – Não queria tê-las feito esperar tanto.

— Está tudo bem. Eu só não queria ir embora sem te dar tchau.

Por conta de todo o arranjo da reunião, não tivemos oportunidade de conversar efetivamente e realmente senti falta do contato mais direto, então sorri alegre por ver que ela também queria ter um tempinho que fosse para falar comigo.

— Hoje não conseguimos conversar muito, não é mesmo?

— Pois é. – Balançou o corpo. – Mas eu gostei de ouvir a história com a sua mãe. E de saber que você é modelo.

— Verdade?

— Verdade. – Sorriu animada. – Aposto que você tem muitas outras histórias legais.

— Ao lado da minha mãe tenho bastante, com certeza.

— E depois desse tempo não?

Não querendo chateá-la, abaixei para ficar a sua altura e mudei o tom.

— Também. Na verdade, o maior tempo da minha carreira como modelo aconteceu a partir do momento em que mudei para a Europa.

— Você morava na Europa?

— Morava, mas nasci aqui no país.

— Onde?

— Na Califórnia. Você conhece?

— Não. Nunca sai daqui.

— Você ainda é nova. Terá tempo para conhecer todos os lugares que desejar.

— Espero que sim.

Percebi o olhar de suas familiares e não querendo prendê-las mais, efetuei nossa despedida.

— Nessie, já está ficando tarde e precisamos ir. – Anunciei, porém emendei rapidamente. – Mas prometo que na próxima vez em que nos virmos, contarei todas as histórias que puder sobre minha vida como modelo, tudo bem?

— É uma promessa mesmo?

— É uma promessa.

— Então tá bom Bella.

Dessa vez, não me surpreendi ao sentir seus braços me rodearem e aproveitei do abraço sem qualquer receio.

E em meio à enxurrada de sentimentos bons que rapidamente me embalaram, por algum motivo desconhecido, fui arremetida a sensação que sentia ao receber os abraços da minha mãe...

CONTINUA.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Então meninas, o que acharam? Sei que nesse início as coisas estão indo devagar, hoje nem mesmo tivemos a presença física do Edward, mas prometo que o desenrolar maior está chegando, só precisamos torcer para que consiga voltar o mais breve possível ;).
Quanto ao que efetivamente acompanhamos. A Bella até que tentou, mas no fim, precisou ir até a loja em que a Rosalie trabalha e encontrou o que procurava. E sobre a primeira interação das duas, o que acharam e esperam dessa versão da loira?
Acompanhamos o chá de bebê da Alice, felizes como a Bella por estar presente. E também a ideia da mamãe de compartilhar suas histórias. Qual mais lhes surpreendeu? Porém algo que não tem mudado é a conexão entre a Bella e a Nessie, mas até onde isso vai...?
Agora é com vocês, espero ainda ter leitoras, especialmente para contar com suas energias de incentivo para o retorno rápido. Então comentem bastante, não deixem de seguir-me no twitter: @KNRobsten. E até a próxima.
~Kiss K Nanda.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doce Mistério" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.