O jovem letrado passou muito tempo de sua vida estudando alguma forma de conseguir encontrar seu irmão mais velho que de uma forma misteriosa havia sumido até dos radares psíquicos e sobrenaturais que ele tinha acesso.

Ele tentou de tudo acreditem, e por não conseguir nada ele acabou deduzindo que o mesmo ocorreu a si e que se seu irmão tentou algo para o encontrar ele também não conseguiria, ainda mais que muito provavelmente seu irmão não deve ter tido a dádiva de se tornar um letrado como ele, logo se ele ainda o procurasse seria nos termos de seres humanos comuns e seu maninho não teria nenhuma chance.

O que em sua cabeça fazia dele automaticamente o responsável por este reencontro e ele garantiria a qualquer custo que obteria sucesso em sua missão pessoal, pois ele sempre ouviu falar que tinha um anjo que o guardava e mesmo sem acreditar na existência de anjos, ele rezava ao seu todas as noites por toda sua vida pedindo que este lhe iluminasse as ideias e a sua visão, mas principalmente o entendimento para que ele pudesse achar uma solução para aquilo tendo assim a oportunidade de poder reencontrar seu irmão.

E bem naquele dia ele estava enfiado nos livros no fundo da cafeteria dos letrados quando um vento soprou as páginas de um livro, deixando-o aberto em um capítulo denominado: “Anjos da virtude: Participantes diretos da onipotência divina”.

Ele acreditou que aquilo era um sinal e pegou o livro para levar para a área do café onde ele decidiu ficar, pois os textos em latim contidos naquele livro iriam requerer muita cafeína para serem lidos sem que ele pegasse no sono.

Depois de algumas horas de uma densa leitura e uns cinco cafés diferenciados ele descobriu como evocar um anjo da virtude, então ele anotou tudo que precisaria para tal feito, devolveu o livro ao seu lugar de destino e foi atrás das localidades onde ele como um letrado sabia que conseguiria os itens necessários com facilidade.

...

A noite chegou e ele estava agora em sua casa grande e luxuosa onde vivia só, e então ele foi até sua biblioteca particular e começou a organizar suas coisas, era hoje que ele descobriria o paradeiro do seu irmão mais velho depois de tantos anos e ele estava ansioso e muito feliz por isso.

Com o altar formado e os itens dispostos na ordem que aprendeu no livro, ele joga o óleo sagrado e ateia fogo no recipiente sobre a mesa...

“Angelum virtutis te evoco et te super meum regnum constituo...”

[tradução]

“Te evoco anjo da virtude e te coloco sobre meu domínio...”

Não demorou muito e bem no meio da biblioteca onde estava um belíssimo anjo se materializou, sendo incapaz de ir a lugar algum, pois agora este estava sobre o comando do jovem letrado.

O semblante daquele anjo estava confuso e nada contente e então o Kim logo se pôs a falar.

— Me desculpe por isso anjo, na verdade, eu não tinha certeza de sua existência, mas acreditei nas coisas que li, pois era preciso, não farei nada de ruim, peço apenas que me ajude a encontrar o meu irmão e eu prometo te libertar assim que eu o encontrar, não quero te machucar ou abusar de seus poderes acredite em mim, mas você é minha única saída então por favor eu lhe suplico que me ajude.

O anjo era lindo, sua presença marcante e seus traços perfeitos, sua beleza era tão penetrante que o Kim se pegou hipnotizado enquanto o encarava, porém, ele nada disse e o jovem letrado se agoniou com o silêncio até então inquebrável daquele ser.

Eles ficaram se encarando e o anjo pensava em como era tolo aquele jovem rapaz achando mesmo que um anjo como ele se designaria a ajudá-lo, mas foi quando teve este pensamento que ele sentiu o feitiço sobre si, era um feitiço autentico e havia sido muito bem executado não dando nenhuma brecha para que o anjo fugisse.

— Por que me pede ajuda se já até lutou ao lado dele?

Essas foram as primeiras palavras ditas pelo anjo e o Kim não entendeu nada, como assim ele já havia lutado com seu irmão? Ele nunca lutou lado a lado com ninguém, pois letrados trabalhavam sempre sozinhos.

— Do que está falando anjo? Eu nunca lutei lado a lado com ninguém, deve estar havendo algum...

— Engano? Sério mesmo que vai dizer que eu me enganei? — O tom usado pelo anjo era brando e educado, sendo impossível o Kim se sentir irado por sua frieza. — A propósito, não fique aí me chamando de anjo, me chamo Yang Jeongin, use essa informação como quiser.

O Kim o observava curioso, mas notou que era observado da mesma forma, ficando nitidamente tímido pelo olhar intenso e curioso do anjo sobre si.

— Tudo bem, me desculpe Yang, e por favor me ajude com isso eu te imploro, depois estará livre e até poderá me castigar se quiser pela audácia de prendê-lo, pois sei que coisas assim tem um preço, mas por favor, eu só quero encontrar o meu irmão, abraçá-lo e me unir a ele mais uma vez.

O Yang o olhava firme e profundamente, e por um momento sentiu compaixão pelo rapaz em sua frente.

— Seu irmão te procurou a vida inteira, saiba disso, ele não desistiu por nem um segundo sequer, mas assim como você tudo que fez foi em vão.

O anjo falou e o Kim internamente o agradeceu.

— Eu imaginei que tinha sido isso, só não entendo o porquê não nos encontrávamos.

— Você é um letrado Kim Seungmin, por favor use sua cabeça.

Aquilo deixou o Kim intrigado, mas para o momento ele deixaria passar.

— Apenas me ajude Yang, e eu lhe serei eternamente grato.

— Você já está grato por minhas palavras, eu consigo sentir sua gratidão, você é um homem bom, então lhe ajudar será algo prazeroso e não serei punido por intervir, pois estou sobre seu comando, então vamos, me leve para tomar um café no lugar onde conseguiu o feitiço para me aprisionar, eu sempre quis saber o sabor que tem essa bebida tão consumida por vocês.

— Você quer ir para a “Essence Coffee”?

— Sim, algum problema?

O Kim não entendeu muito bem, mas a beleza daquele ser o estava deixando atordoado e sem as suas habilidades comum de escolha ou de julgamento.

— Está tarde, mas ainda deve estar aberto, então vamos, te levarei aonde deseja ir.

...

O Kim dirigia e ao seu lado tinha um anjo da virtude de deus, e aquilo era loucura até para ele, então para não deixar seus pensamentos muito expostos para o anjo ele ligou o rádio na tentativa de o distrair.

— Música humana, — O anjo bateu palminhas animado e o Kim sorriu sem tirar os olhos da estrada. — Eu me amarro no jeito que vocês põem para fora todo o tipo de emoção que costumam ter através de suas músicas, é sério, vocês vão do mais sublime amor a rituais e necrofilia em um piscar de olhos e as melodias deixam tudo viável e até embelezam os cânticos mais sombrios.

— Yang, o que você tem ouvido? — O motorista ali pergunta claramente se divertindo com a carinha indecifrável daquele lindo anjo.

— Nada, e tudo ao mesmo tempo, — Ele falava com um pequeno fio de sorriso no rosto — é assim que os anjos são Kim.

— Certo, seres peculiares... bom, chegamos, vamos entrar e por favor, peça todos os cafés que sentir vontade de experimentar, é por minha conta.

— Claro que por sua conta, Kim bobinho, eu não tenho dinheiro humano.

Os dois entraram com um Seungmin completamente encantado pelo anjo ao seu lado, mas principalmente esperançoso, em seu íntimo ele torcia para que assim que ele bebesse todo o café do estabelecimento eles saíssem enfim para ir até seu amado irmão, mas enquanto isso não ocorria ele não achará nem um pouco ruim poder ficar contemplando aquele anjo que bem agora em sua frente se esbalda no líquido quente que está experimentando pela primeira vez.

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