Depois de uma longa noite de conversas com seu irmão onde o Changbin contou ao Seungmin como se tornou um caçador, e o mais novo fez igual contando ao mais velho como foi se tornar um letrado, eles trocaram telefone e todas as formas que conheciam para se encontrarem em caso de algo estranho acontecer e o caçador voltou para casa, um tanto contra seu gosto, mas ele não quis ficar na casa do irmão como foi proposto pelo mais novo, então eles combinaram de procurar um lugar para morarem juntos em um futuro próximo, se despediram e agora o Changbin estava entrando em sua casa.

— Até que enfim chegou enfezadinho, já estava querendo ir te buscar.

O Changbin fechou seus olhos e respirou fundo, sem entender o porquê, ver o Christopher só de cueca esparramado em seu sofá o deixou com ódio, mas também despertou nele algo a mais, algo que ele fez questão de ignorar.

— O que diabos você está fazendo na minha casa, Lúcifer? — Ele terminou de entrar e fechou a porta atrás de si.

— Lúcifer? Tá é meu nome principal, mas por favor me chame de Christopher huh? — O demônio estava brincando com ele, mas também estava agoniado, pois ver o humano ali lhe causou mais sensações do que ele realmente queria ter e de início o demônio não soube explicar bem o que tudo aquilo em seu interior poderia ser.

— Que seja Christopher, eu não falei que não era para você vir para cá? Quem disse que eu quero olhar sua cara feia, e pior, quem disse que eu o quero seminu no meu sofá? Só eu posso ficar seminu na minha casa.

O mesmo acontecia com o Changbin, ele estava puto com a situação, mas mais puto ainda pelo fato de estar internamente amando ver aquele demônio seminu, e que nem de longe era feio como ele disse a pouco, mas por tudo que é mais sagrado ou profano ele jamais assumirá esses pensamentos para o outro.

— Você não disse que não era para eu vir, — Ele fez um biquinho e o Seo virou os olhos. — Você disse que se eu entrasse em sua casa, você... bom você não terminou de falar, não é?

— Você sumiu antes que eu terminasse, agora dá o fora daqui.

— E se eu não for?

O caçador estava perdendo a paciência, afinal o que aquele demônio queria consigo?

— Cara, que inferno! Você tem um reino sombrio para comandar, milhares de demônios para dar suas ordens de merda ou sei lá que porra você faz no seu reino, então, por que está no meu pé?

— Por que gostei de você, quero você para mim e mesmo que soe estranho isso está aumentando... — O demônio sumiu do sofá e apareceu colado ao caçador que se assustou e arregalou os olhos. — O inferno é um tédio, eu nem gosto muito de lá, você é bem mais interessante.

O coração do Seo acelerou, parecia que estava batendo em sua garganta.

— Vai embora, ou eu mato você.

O Christopher o encarou curioso, apesar da ameaça sua voz saiu profunda e aveludada.

— Então me mate, eu não vou a lugar algum.

Sem saber o que fazer, o caçador entrou em desespero, ele já teria tentado matar aquele demônio insuportável se não fosse a enorme vontade de beijá-lo que estava o consumindo, então ele tirou um frasco do bolso e jogou seu conteúdo na cara do demônio.

— Aí Changbinah! É sério isso? Água benta anão maromba? Sabe que isso só me deixa irritado né? Sou um demônio maior, seu idiota, água benta só me faz cócegas.

— É, eu sei, — O Changbin fala com um ar desdenhoso — mas pelo menos você saiu de cima de mim.

Um momento de silêncio e por algum motivo que o Changbin desconhece o Christopher apareceu completamente vestido e em seguida sumiu dali sem mais nada dizer o que automaticamente fez o caçador lembrar de respirar, antes disso ele sentia como se todos os botões inexistentes em sua roupa o apertassem contra sua vontade, e ele correu para tomar um banho para tentar se livrar daquelas sensações, e já debaixo do chuveiro ele sentiu a água cair sobre seu corpo quente e ficou pensando no que aconteceu em sua sala momentos atrás.

— Que merda foi aquela Seo Changbin? Ta ficando louco? É o Lúcifer seu idiota... — Ele deixava a água cair em sua cabeça, e depois colocou suas mãos na parede, deixando a corrente molhar sua nuca. — Ele quer apenas te matar seu caçador imbecil, fora que ele está só se divertindo com você, então se aquiete seu burro.

Seus pensamentos corriam na velocidade da luz e ele nunca havia estado tão confuso com o que sentia, para o caçador tudo sempre foi preto no branco e não havia lugar para sentimentos, nem mesmo com humanos, quem dirá com um demônio.

— É um caçador Christopher Bang, um humano qualquer... — O Christopher não tinha ido embora de fato, estava ali apenas invisível aos olhos do caçador observando todo seu conflito e tentando lidar com o seu próprio. — Ta ficando louco? Você é o rei do inferno, o pai do orgulho... — Ele se lembrou dos atos que cometia como tal e aquilo que estava passando bem ali não condizia com sua real natureza, ele apaixonado? Não que isso nunca tivesse ocorrido, mas por um humano? Aquilo era surreal até para si. — Onde foi parar o seu orgulho hein? Vai gostar de um macaco pelado? — Ele via as gotas d’água molharem o corpo do caçador e involuntariamente suspirou. — Se bem que esse macaco pelado em questão vale o esforço.

O Changbin saiu do seu banho, ele ia ficar completamente nu, mas lembrou da facilidade que o rei do inferno tem de entrar em sua casa, então vestiu uma de suas boxes pretas.

— Vou ter que colocar sigilos aqui para o Christopher não ficar aparecendo... — Ele disse, mas seu real pensamento era completamente diferente. — O que será que deu nele para ir embora daquele jeito? — Ele pegou uma cerveja e se jogou no sofá. — Não importa Changbin, pare de pensar nele, você reencontrou seu irmão finalmente, foque nisso, está bem?

Falar sozinho era comum para o caçador devido ao fato de a solidão ser sua fiel companheira por toda sua vida, então para ele aquela conversa unilateral fazia todo o sentido, mas nem de longe ele conseguiu tirar o ser demoníaco de sua mente, porém ele tentou ignorar aquilo tudo.

Já o Christopher sorria ao notar o conflito do caçador em relação a si e por muitas vezes julgou aquele comportamento atípico do marrento algo fofo e apaixonante, e por toda a noite o demônio ficou naquela casa, observando o caçador e sentindo uma enorme vontade de fazer o que ele fazia junto a ele, e quando o caçador dormiu no sofá o Christopher o pegou no colo e o levou para seu quarto, deitando-o na cama e em seguida se deitando ao seu lado.

— Você fica ainda mais gostosinho dormindo Changbinah. — Ele selou seus lábios ao do caçador, era a segunda vez que o fazia, mas parecia a primeira, pois ele sentiu seu corpo todo formigar, havia sentimento naquilo, mas também um desejo incontrolável, mas que ele resolveu ignorar, pois acreditava que aquilo logo passaria, tudo voltaria ao normal e então ele o mataria afinal, esse sempre foi seu intuito, vingar o seu filho que o caçador matou. — Boa noite, Changbinah, hoje vou dormir aqui com você.

Demônios não dormem, mas aquela noite o rei do inferno ficaria ali com o caçador como se fosse alguém comum, fazendo algo corriqueiro como dormir junto de quem se gosta.

E aquela noite o Seo Changbin teve sonhos com aquele que ele evitava a todo custo quando acordado e em algum momento os dois corpos na cama do caçador se abraçaram de forma involuntária como se um imã os tivesse atraindo e por ser o único acordado ali, o rei do inferno se permitiu sorrir amando com todo o seu ser ter aquele forte caçador em seus braços.

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