Uma Chance para o Amor escrita por Kah Nanda


Capítulo 4
Capítulo 4 - The chance of routine


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas. Nem acredito que hoje é quinta-feira, dia certinho da atualização de Chance e estou aqui, trazendo um capítulo novo para vocês.
Por que desse comentário dramático? Porque quem acompanha as outras longs em andamento, Trying e DM, já percebeu que estou atrasada com os posts, tanto que tão pouco consegui responder as reviews daqui. Mas como a prioridade é sempre a atualização, por uma obra muito maravilhosa do destino, consegui postar aqui sem erros ou atrasos. Então dessa vez, há muito mais a comemorar...
Com isso, apreciem sem total moderação e até as notas finais.

Capítulo Postado Em: 14/03/24



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— Você tanto fez que acabou não escapando do plantão de Natal, não é?

Esme comentou, assim que nos encontramos entre um dos corredores.

— Você sabe meus motivos para escolher estar aqui.

— Sim, eu sei. – Pontuou. – E apesar de compreender o porquê do seu altruísmo, não consigo concordar totalmente com ele.

— Esme...

— Você é jovem Bella e merece viver a vida para além.

— E eu estou vivendo. – Contrapus. – Quem disse o contrário?

— Querida, certas questões não precisam ser faladas. – Ressaltou. – Elas são somente observadas e sentidas.

Permanecemos em silêncio por alguns segundos, continuando a caminhar até acessar o corredor onde fica a sala de descanso.

— Eu estou muito bem Esme. – Afirmei, retomando o assunto. – Eu amo meu trabalho e quando não estou aqui, também tenho uma ótima vida.

— Mas realmente a está aproveitando ao máximo?

— O que quer dizer com isso? – Ressaltei, ao tocar a maçaneta da porta. – Em qual conceito acha que estou falhando?

Minha pergunta ficou em suspenso, assim como sua resposta, pois ao adentrarmos a sala, demos de cara com o doutor Masen, ou melhor, Edward. Sentado em um dos sofás...

— Dra. Cullen. Dra. Swan. – Cumprimentou-nos.

— Estamos sozinhos e mesmo que não estivéssemos não precisamos nos manter tão formais. – Esme informou. – Ainda mais na noite da véspera de Natal.

— É claro. – Ele concordou rapidamente. – E como vocês estão?

— Bem. – Esme respondeu e apenas assenti, aproveitando para caminhar até o balcão. – Na medida do possível do que se pode esperar de um plantão de Natal.

— Estamos à expectativa da chegada de algum bebê natalino?

— Partos são conceitos naturais e surpreendentes. Então estamos sempre à expectativa quanto a situações assim. – Explicou. – E, sinceramente, gosto muito da ideia de trazer bebês natalinos ao mundo.

— É uma sensação incrível mesmo. – Ele pontuou. – No meu último plantão durante as festas acompanhei dois partos.

— Então trabalhar durante esse período não é novidade para você?

Ela instigou dando andamento ao assunto.

— Não. – Respondeu rápido. – Justamente por isso não me importei em oferecer-me a trabalhar nos plantões daqui.

— Quer dizer que também trabalhará no plantão da virada?

— Sim.

O olhar de Esme encontrou o meu, mas o desviei rapidamente, voltando a focar no copo de café na minha mão.

— Vocês também vão?

Apesar da pergunta conjunta, deixei Esme continuar emitindo as respostas.

— Bella sim, mas eu não.

— Carlisle também está de plantão hoje, não é?

— Sim. – Ela ressaltou após também se aproximar do balcão, mas em contraponto a mim, preferindo pegar um pedaço de bolo. – Apesar do que parece, para estar com a nossa família, a comemoração do Ano-Novo foi uma escolha melhor para conseguir reunir todos.

— Compreendo.

— Mas e você? – Reverteu. – Encontrará um tempo entre as festas para estar com a sua família?

— Nesse ano não. – Informou contido. – Minha dedicação está totalmente com o meu trabalho.

Ela deu um sorriso de lado antes de dizer.

— Carlisle tinha razão em achar que você seria uma ótima adição ao corpo médico do hospital.

— Espero mesmo que sim.

Sendo um costume comum da rotina do hospital, o provável próximo comentário de Esme foi interrompido pelo soar do seu bipe.

— Foi bom enquanto durou. – Citou após dar uma nova mordida no seu pedaço de bolo. – Mas agora o dever me chama.

— Eu vou com você...

Comecei a dizer, mas Edward acabou falando junto a mim.

— Será que poderia ficar mais um pouco, Bella? – Pediu. – Queria trocar uma palavrinha com você.

Pensando e desejando, que sua questão se atenha a aspectos do hospital, emiti a afirmativa.

— É claro.

— Pois muito bem jovens. – Esme citou já caminhando em direção à porta. – Desfrutem do tempo livre de vocês e caso não nos encontremos nas próximas horas. Desejo que tenham um feliz Natal.

— Muito obrigada Esme. – Agradeci.

— Igualmente.

Ela acenou a despedida antes de deixar a sala e ao ficarmos a sós, tomei uma respiração antes de redirecionar o olhar a Edward.

— O que gostaria de falar?

— Emmett e Rose devem estar aproveitando a folga, não acha?

Apesar de ter estranhado o assunto, não o repeli.

— Tenho certeza que sim. – Concordei. – Emm viajou para visitar a família e os pais da Rose vieram para passar o Natal com ela e a Anna.

— Eles merecem desfrutar dessa maneira.

— Sim, com certeza. – Finalizei o meu café e após descartar o copo, levantei a dúvida. – Mas era sobre isso que você gostaria de falar?

— Na verdade, não. – Confessou. – Pedi para ficarmos a sós para que pudesse lhe dar isso.

Sem compreender bem, o vi mexer no bolso do jaleco e então, retirar um pacotinho platinado.

— Foi uma sorte termos nos encontrado aqui. – Informou. – Do contrário, teria que procurá-la no seu consultório e sei que não gosta quando o faço.

— Não tenho problema que vá até a minha sala. – Deixei claro.

— Mas se não estivermos efetivamente trabalhando, caso alguém veja, pode acabar falando alguma coisa e gerando questões que vão lhe desagradar.

Confesso que fiquei surpresa ao descobrir que também estava por dentro das fofoquinhas sem contexto do hospital e ainda mais, por ter notado como me sinto quanto a isso.

— Edward...

— Porém como demos sorte de nos encontrar aqui, gostaria que aceitasse essa lembrança.

Ele estendeu o pacote a minha direção e o recebi mantendo a expressão confusa, mas sendo dominada também pela curiosidade, comecei a abrir o embrulho.

— É somente uma lembrancinha mesmo, pois não queria deixar o Natal passar em branco.

Apesar de ouvir o que disse, meu foco permaneceu no conteúdo do pacote que logo caiu na minha mão. Sendo um broche com o símbolo da pediatria.

Um estetoscópio, com um pezinho e coração dentro...

— Eu não posso aceitar.

Foi tudo que consegui pronunciar, mas ele logo me contradisse.

— Não é nada demais Bella. – Tentou amenizar o fato. – Apenas quando vi o broche, lembrei e pensei em você. Por isso gostaria que o tivesse.

Ainda impactada com o gesto e as palavras, não consegui encontrar um novo meio de refutação e bem nesse instante, seu bipe acionou.

— Agora é a minha vez de ir. – Comunicou, após visualizar a mensagem de chamado. — Tenha um feliz Natal Bella...

Com isso, deixou a sala e nesse ínterim, continuei abalada e embasbacada com toda a situação...

***

O plantão do Ano-Novo foi ainda mais tranquilo do que o do Natal. Ainda mais porque trabalhei somente até o início da madrugada, pós-virada.

E apesar de novamente ter compartilhado o ambiente do hospital com Edward, dessa vez, contamos com a presença do Emm em meio aos plantonistas da equipe, o que deixou o clima ainda mais leve e descontraído.

E ao deixar o hospital e seguir para casa, pude dormir e descansar até o início da manhã. Ao acordar, Rose já estava providenciando as coisas para o almoço do primeiro do ano, onde além de confraternizar com ela e a Anna, contamos também com a presença dos meus pais.

E apesar de ela ter ido trabalhar naquele dia, só precisou fazê-lo no fim da tarde. Então conseguimos aproveitar bastante o tempo em família e quando todos foram embora, continuei apreciando a excelente companhia da Anna.

As duas primeiras semanas do ano não foram semelhantes ao período de festas, pois por algum motivo variável, não tivemos plantões tranquilos. Sendo que até mesmo em alguns dias, acabei estendendo meu horário, por saber que não seria possível simplesmente deixar o hospital em meio às emergências que estávamos atendendo.

Contudo, por algum milagre, depois de mais de dez dias de trabalho exaustivo, não só Rose e eu conseguimos ganhar folga neste domingo, sendo o segundo do mês, como também, Emmett e Edward.

Então, com a coincidência bem-vinda e talvez um pouco mais do que providencial, Rose confirmou com os meninos o encontro para almoçarmos em nossa casa e eles poderem ver a Ana, no caso do segundo, efetivamente conhecê-la.

— Tô bunita mamãe?

Ouvi a voz da Anna, vindo do corredor que intermedia os quartos, com Rose atrás dela.

— Você está linda filha.

Apesar de abrir um sorriso para a resposta da mãe, não deixou de emitir a mesma pergunta ao me encontrar na sala.

— Tia Bell, tô bunita?

— Você está lindíssima, Anna. Como sempre.

Quando ela se aproximou até parar a minha frente, a trouxe para ainda mais perto em um abraço.

— E também, muito cheirosa. – Conclui.

— Tia Bell também.

— Eu estou o que? – Instiguei. – Bonita ou cheirosa?

— Celosa e bunita.

— Muito obrigada querida.

Beijei seu rosto e rapidamente ouvimos o barulho da campainha.

— Nossos convidados chegaram...

Rose anunciou, caminhando em direção à porta.

Emiti uma respiração profunda e levantei do sofá, dando a mão a Anna e seguindo sua mãe.

Assim que Rose abriu a porta, revelando a fisionomia dos rapazes, acabou sendo impossível conter um sorriso ao vislumbrá-los tão distintos do modo como costumamos nos encontrar no hospital.

É claro que já interagi com Emm fora do HGF, então a composição despojada não é exatamente uma novidade aos meus sentidos. Ficando completamente a cargo de Edward tal percepção distinta e inesperada.

— Olá.

Emm falou primeiro e Rose respondeu.

— Oi.

— Estamos atrasados?

— Não, chegaram bem na hora.

— Ótimo. – Abriu o sorriso, evidenciando a covinha e redirecionou o olhar a pequena ao meu lado. – Anna, você está ai.

— Oi Emm.

— Sentiu minha falta?

— Muita.

— Eu também. Por isso insisti para a sua mãe me deixar vir te ver.

Vi Rose rolando os olhos, mas como a filha não, continuou a falar.

— E quem é esse?

Questionou apontando para o homem desconhecido a si.

— Esse é o Edward, filha. – Rose informou. – Ele também trabalha no hospital com a mamãe, a tia Bella e o Emm.

— Ele é bunito. — Pronunciou. — Palece o Ken.

Talvez embasbacado e um pouco confuso com a citação e o elogio, Edward não se pronunciou prontamente, com isso, Emm saiu ao seu socorro.

— O Ken é o namorado da Barbie. – Explicou. – Você precisa se ligar cara.

— É claro. – Comentou se voltando a minha sobrinha. – Agradeço o elogio Anna, mas saiba que você que é muito linda. Como uma princesa.

— Eu goto de pincesa.

— Mas entrem, por favor. – Rose indicou. – Continuaremos conversando melhor aqui dentro.

Eles passaram e antes de pegar minha sobrinha no colo, Emm me cumprimentou com um beijo no rosto. Então Edward parou a minha frente, mas não imitou o gesto do nosso amigo ao me cumprimentar.

— Como vai?

— Bem e você?

— Bem também. – Afirmou. – Feliz pela oportunidade de compartilhar esse momento com vocês.

— Espero que o dia seja como espera.

— Suspeito que possa ser até melhor.

— Edward?

Emmett o chamou e desviamos o olhar a ele.

— O que foi?

— Estou falando com a Anna e para continuar com seu aprendizado, você precisa saber que ela gosta da Barbie e também da Susi, mas nada de Polly.

— Não. – Ela deixou claro. — Polly não.

— Ok, entendido.

— E também, quando brincamos de Frozen, ela é sempre a Anna, como sua xará. – Emm a balançou e ela riu. – Então resta a nós ser o Kristoff. E sua mãe ou a tia, a Elsa.

Quando Emm se moveu para colocar a Anna no chão, percebi Edward parecendo novamente um pouco perdido, então procurei orientá-lo.

— É um filme da Disney. – Esclareci.

— Ele também não conhece Frozen? – Emm questionou e Edward negou com um aceno. – Pode deixar que vou passar um PDF com os maiores informativos.

— Não é que não conheça nada do mundo infantil. – Ele comentou apenas para que eu ouça. – Mas acho que somente estou habituado a conceitos de outra época.

— É compreensível.

— E ela poderia conhecer algum dos filmes mais antigos?

— Ah, sim. – O tranquilizei. – Rose e eu sempre tentamos lhe ensinar de tudo um pouco. Mas vários conteúdos de hoje em dia também são bastante legais, basta nos darmos à oportunidade.

— Vou manter isso em mente.

— Hoje não vamo bincá de Fozen. – Anna anunciou. — Vamo bincá de Elementos!

— Ok, agora você também me pegou. – Emm confessou. – Acho que estou um pouco desatualizado, pois não sei como brincar de Elementos.

— Mas eu quelo a tia Bell e o moço bunito.

— Edward, filha. – Rose a corrigiu. – O nome dele é Edward.

— Tá bom mamãe. – Prosseguiu rápido. — Eu quelo bincá com a tia Bell e o Edwad.

— Será uma honra poder brincar com você, mas você terá que me ensinar. Tudo bem?

— Tudo. – Assentiu animada. — A tia Bell vai ser a Faísca e você pode ser o Gota.

— Pois bem. – Rose pontuou. – Se vocês foram requisitados para a brincadeira, seguirei a cozinha para finalizar o almoço.

— Eu posso te ajudar. – Emm se ofereceu. – Já que a Anna me dispensou pelo cara novo.

Ela não pareceu ouvir a provocativa, ainda que tenhamos rido do drama efetuado.

— Então vamos.

Eles rapidamente deixaram o cômodo e sem alternativas, indiquei para Edward se acomodar no sofá.

— Não. – Anna protestou. — No chão.

— Mas Anna...

Tentei refutar sua ideia, mas Edward logo se manifestou.

— Está tudo bem.

E sem cerimônias, se acomodou no chão da nossa sala. Que por conta do clima e da pequena, está constantemente acolchoado com tapete.

Foi engraçado ver um homem do seu tamanho, bem vestido, apesar da escolha de roupa despojada, sentando-se com as pernas cruzadas para iniciar uma brincadeira com uma criança que acabou de conhecer...

— Senta tia Bell.

Acatei o pedido ou ordem, sentando-se ao seu lado.

— Muito bem. Agora nos explique como brincar de Elementos. – Indiquei.

— A Faísca é de fogo e o Gota é de água. – Contou, como se isso esclarecesse tudo. — Eles num podiam ficá juntos, mas eles se apaixonalam.

— Ah, então a Faísca e o Gota são um casal?

— São. — Respondeu animada, até mesmo ficando de pé. — Eu vô pegá os bonecos deles.

A observamos seguir ao baú de brinquedos e Edward aproveitou para comentar.

— Estou começando a gostar dessa história.

— Por quê?

— Porque é algo interessante a se imaginar. Sobre o fogo e a água poderem se acertar.

— Tome cuidado, pois posso acabar te vaporizando.

— Eu não acharia ruim ser vaporizado por você...

Para a minha sorte, Anna voltou bem nesse instante e passamos a dedicar a atenção integralmente a ela.

O tempo da brincadeira durou efetivamente até Rose nos chamar para almoçar e após mostrar a Edward o lavabo, para que pudesse lavar as mãos antes da refeição e praticar o gesto também com Anna no banheiro do seu quarto, voltamos ao convívio social para desfrutar do almoço.

Que foi simplesmente ótimo, com Emm preenchendo bastante a conversa e fazendo com que interagíssemos em conjunto, além de continuar elevando seus pontos com a Anna, já que ela não parou de sorrir por um instante em sua presença.

E pontuando o contraponto do pré-almoço, agora os dois estão desfrutando do tempo com a pequena, se entretendo com suas brincadeiras. Enquanto Edward e eu fomos regalados a lavar a louça.

Na verdade, essa era para ser a minha função, mas ele simplesmente tomou a frente, sem me dar chances de dissuadi-lo da ideia.

— Edward, explique novamente porque você está lavando a louça. Sendo que essa é a primeira vez que vem a nossa casa?

— Eu poderia dizer que é por conta de vocês terem feito a comida. – Falou. – Pois todo mundo conhece a premissa de que quem cozinha, não lava a louça. – Ressaltou. – Porém meu maior motivo não foi esse.

— E qual foi?

— Como bem pontuou, essa é a minha primeira vez aqui. E por isso, não seria tão bom na função de secar e guardar tudo. – Explicou. – Agora se começar a frequentar a casa de vocês, com o tempo, conseguirei aprender o lugar de tudo e poderei dividir as funções sem problemas.

Apesar de ter notado a provocação clara, preferi seguir por outro caminho e não lhe dar brecha para continuar com essa função.

— Escute, aproveitando que estamos aqui. Gostaria de agradecer efetivamente pelo broche que você me deu.

— Não precisa.

— Precisa sim. – Reforcei. – No momento em que me presentou, fui pega bastante de surpresa e não soube como reagir. Até mesmo não lhe agradeci propriamente na hora.

— Porque tivemos que nos separar. – Relembrou. – Mas você agradeceu depois.

— Sim, mas foi um obrigado simples e rápido pelo hospital. – Destaquei. – Agora gostaria de informar o quanto realmente gostei do presente.

— De verdade?

— É claro. – Enfatizei. – Além de extremamente lindo e delicado. Realmente combina comigo.

— Fico feliz em ter acertado.

— Mas você realmente não precisava se incomodar.

— Não foi incomodo nenhum. – Afirmou. – Na verdade, foi um enorme prazer.

Cheguei a engolir em seco antes de falar.

— Edward...

Mas parecendo não querer seguir por esse caminho, logo contornou.

— Eu já acabei aqui e você?

— Também. – Concordei. – Podemos voltar à sala, se quiser.

— Então vamos...

Assim que passamos pela interseção da cozinha para a sala, avistamos as três pessoas interagindo animadas.

Como estivemos há pouco, Emm e Rose também estão sentados no tapete enquanto brincam com a Anna e não pude deixar de admirá-los. E pelo visto, nem o homem ao meu lado.

— Ele é completamente apaixonado por ela.

Suas palavras me pegaram de surpresa e o olhei consternada.

— Não precisa dizer nada ou tentar negar. – Declarou. – Isso é algo nítido.

— Por que acha isso?

— Eu já tinha reparado no hospital, observando a forma como interagem. E especialmente, como o Emm fica na presença da Rose. – Ponderou. – Mas agora, vendo-o junto da Anna, pude compreender como o sentimento é ainda mais forte. Realmente puro e verdadeiro, pois transpassa também a sua filha.

Incapaz de pronunciar qualquer coisa, somente emiti um pequeno aceno, que não sei se ele notou. Já que minha cabeça está dominada por outros pensamentos.

— Só espero que consigam se acertar.

— Eu também.

Emiti convicta, determinada a fazer algo a respeito...

Ao contrário de qualquer temor que possa ter sentido ou criado em minha mente, o dia foi ótimo, justamente por conta da presença dos rapazes.

Que infelizmente, tiveram que ir embora pouco antes do fim da tarde, pois pegaram no plantão agora à noite. Enquanto retornarei ao hospital na madrugada, ao passo que Rose só o fará pela manhã.

E depois de cuidarmos dos afazeres finais relacionados a casa e colocarmos a Anna para dormir, resolvi não perder a oportunidade de conversar com a Rose.

Apesar da porta do seu quarto estar aberta, dei uma batidinha e questionei.

— Posso entrar?

— É claro.

Caminhei para dentro do cômodo reservado e deixando as cerimônias de lado, sentei em sua cama, enquanto a observo finalizar sua hidratação facial noturna.

— Hoje foi um ótimo dia, não foi?

— Foi. – Concordei. – Muito mais do que esperava.

— Porque você estava esperando o pior.

— Não é verdade.

— Não?

— Não.

Seu olhar encontrou o meu através do espelho, porém o mantive firme e algo deve tê-la feito compreender que estou falando a verdade.

— Mas Rose, eu vim aqui. Porque quero falar sobre um assunto com você.

— Diga.

— Por favor, compreenda que só falo isso pensando no seu bem. No que acredito que possa vir a ser o melhor para você.

— Ok, agora você está me assustando.

Ela finalizou o cuidado com o rosto e virou o corpo, deixando de me olhar através do espelho e focando vis-à-vis.

— Não há motivos para ficar assustada.

— Certo, mas também estou curiosa. – Ressaltou. – Sobre o que você quer falar?

Tomei um momento, então emiti a primeira questão.

— Você não acha que está na hora de se abrir para a vida? — Indiquei. — Para um novo amor?

Talvez no fundo, ela soubesse que levantaria esse tipo de assunto, pois não pareceu surpresa ou ofendida, o que é algo bom.

Porém, ao invés de responder diretamente, levou o assunto a outro viés.

— Não lhe incomoda falar sobre isso?

— Como assim?

— Falar comigo, sobre a ideia de estar com alguém novo. – Esclareceu. – Já que eu era a mulher do seu primo. Alguém que era praticamente como um irmão para você.

— Sim, o James sempre foi mais como um irmão, do que somente um primo. – Relatei. – Mas nós duas também sempre tivemos um elo a mais, para além da história de vocês.

— Isso é verdade.

— A mais pura verdade. – Deixei claro. – Podemos ter nos conhecido através dele, mas logo nos tornamos amigas. E isso nunca vai mudar. Independente da sua relação com o meu primo. Ou do laço que compartilhamos também em função da Anna.

Ela assentiu e percebi um brilho diferente nublar os orbes claros.

— E por sermos amigas, só desejo vê-la feliz.

— Eu sei que sim. – Afirmou. – E você também sabe que a recíproca é verdadeira.

— Sim, eu sei. – Concordei com um sorriso, mas logo voltei ao foco. – Como também sei dos seus sentimentos pelo James. E que ele provavelmente tenha sido seu primeiro amor. E caso a fatalidade não tivesse acontecido, talvez pudesse ter sido também seu grande amor.

O brilho enfim se transformou em uma lágrima, mas ela a conteve rápido.

— Mas infelizmente, não quis o destino que fosse assim. – Conclui. – Então somente resta a todos nós continuar vivendo e seguindo em frente. Especialmente você.

— Não dá para viver na hipótese do, e se, não é?

— Não. – Afirmei. – Mas quer saber de uma coisa? Mesmo que em um universo paralelo, vocês tivessem apenas se separado, ainda assim, apoiaria ambos a continuarem suas vidas. Para que seja onde estivesse, encontrassem a felicidade merecida.

Ela concordou rapidamente, enquanto caminhou para sentar ao meu lado na cama e aproveitando a proximidade, questionei.

— Rose, se a situação fosse contrária, você não ia querer que ele fosse feliz também? – Elaborei um ponto que já conversamos algumas vezes. – Ele sempre teria o fruto do amor de vocês para cuidar, como você tem. Mas, mesmo assim, não poderia parar com a vida. Como você também não pode.

— Não acho que minha vida tenha parado.

— Não totalmente. Não exclusivamente. – Destaquei. – Mas no que diz respeito aos sentimentos do coração, não pode negar.

E de fato, ela não negou.

— Além do mais, não estamos falando de um cara qualquer e sim do Emm. – Pontuei séria. – Que é um homem incrível. Que merece ser feliz e se a escolheu para isso. Por que não se darem a oportunidade?

— Ele é realmente um homem maravilhoso e muito especial.

— Sim. E quer saber? Eu vou além. – Desenvolvi meu pensamento. – Ele a tem esperado por um bom tempo e é nítido que a ama. Aliás, não só você, mas a Anna também. E você sabe que precisam disso. Desse novo tipo de amor em suas vidas.

Dessa vez, a deixei absorver um pouco mais o que acabei de falar e parece ter surtido efeito, visto sua primeira resposta.

— Sabe Bella. Eu fico pensando em várias coisas. E uma delas é sobre o que acontecerá com a Anna. Caso ela venha a se apegar demais a outra pessoa.

— Do que está falando?

— Na verdade, minha preocupação maior é quanto ao James e a sua memória. – Confessou. – E se a minha filha se envolver demais com uma nova pessoa da minha vida, suponhamos que seja o Emm. E acabe se esquecendo do pai?

— Rose, não. – A tranquilizei. – Isso não vai acontecer.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque não iremos deixar. – Prometi. – Continuaremos contando sobre ele. Como era um homem incrível e foi um pai amoroso enquanto pôde.

— Nunca vou abrir mão disso.

Afirmou e a acompanhei.

— Porém se acontecer de você e o Emm, ou qualquer outra pessoa, virem a se apegar. A Anna passará a ser somente uma criança que teve dois pais. – Apontei. — O que lhe deu a vida e o que lhe acompanhará por ela. Para cuidar dos joelhos ralados, ajudar a colocar a dormir, levar a escola, ensinar experiências distintas...

Ela abriu um sorriso, talvez pensando em imagens desse cenário.

— E apesar da nossa parceria distinta, sabemos que precisa de um apoio mais pessoal, diferente do que eu mesma posso oferecer. Tendo um companheiro de vida.

— Realmente precisamos de uma terceira pessoa na nossa relação?

Pegando seu gancho de brincadeira, rapidamente citei.

— Mas você sabe que não estou falando sobre questão de heteronormatividade, pois se fosse do seu interesse arrumar uma companheira, as ações continuariam sendo as mesmas. Porém com a única diferença de que a Anna seria criada por três mulheres.

Sorrimos juntas, deixando o clima efetivamente mais leve.

— Mas se for para o Emm exercer esse papel, então que seja incrível. – Voltei a ponderar. – E que se deem a chance de ser um casal. Pois de coração, acredito que possam viver uma linda história juntos.

— Acho que você pode ter razão.

— Eu acho que sim. – Sorri de lado. – E sabe do que mais? Você tem muita sorte por ser a mulher por quem o Emm se apaixonou. Pois com todo o respeito, eu mesma me consideraria sortuda se tivesse a oportunidade de ter alguém como ele em minha vida. Da maneira como você pode vir a ter.

— Então porque será que não consegue compreender a sorte que tem por ter um homem como o Edward, se não apaixonado, em vias de e por você...

É claro que não vi esse comentário chegando e levei alguns segundos para conseguir emitir qualquer resposta.

— Rose, esse não é o momento de focar nisso. – Ela tentou me cortar, mas a contive. – Eu vim para conversarmos sobre você e o Emm. Contudo, se houver necessidade no futuro, talvez possamos entrar nesse tipo de assunto, ok?

— Eu não deveria deixar passar, ainda mais depois de tudo que falamos. Mas deixarei estar. – Suspirei aliviada. — Por enquanto...

— Certo, mas agora o que realmente quero saber é. Você tomará alguma atitude quanto a sua situação com o Emm e o que vocês dois claramente sentem?

Novamente a deixei assimilar a pergunta e tomar o tempo necessário.

— Sim. – O sorriso voltou a tomar meu rosto. – Não estou dizendo que será literalmente amanhã, mas você tem razão. Está na hora de abrir o meu coração, especialmente se o candidato a entrar for o Emm...

— Isso! — Comemorei tão animada quanto possível. – Estou muito feliz por ouvir isso e especialmente, pelas expectativas de tudo que está para acontecer com vocês...

— Só espero estar tomando a decisão certa.

— Quando o amor é o guia, não existe a possibilidades de erros...

CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então, o que acharam? Tivemos a presença da Esme ao vivo, que já foi simplesmente ótima. E em meio a véspera de Natal, além de dar bons conselhos, deixou Beward a sós para que o Edward pudesse presenteá-la. Fala sério! Tem como ser mais fofo? O homem está muito tombado.
E ai veio o almoço, que só complementou a energia desse grupo. A Anna é tudo de bom e suas interações são sempre ótimas. Ela elogiando o Edward e comparando ele ao Ken, na época em que estamos vivendo, foi um dos melhores elogios possíveis. E depois ainda colocou Beward para brincar de casal da Pixar. Olha, se ainda não assistiram o filme Elementos, eu recomendo demais, já está disponível no Disney+.
E eles ainda não são um casal, não sei nem mesmo se já são amigos, mas estavam dividindo afazeres domésticos, como podem? E também, parece que farão o possível para ajudar Rosemm, podemos esperar bons ventos? Pois essa conversa da Bella com a Rose foi bem necessária e parece que trará mudanças benéficas. Mas que nossa pediatra preferida poderia ser um pouco mais esperta quanto a própria vida também, isso não dá para negar haha.
Quanto a isso, quero ouvir suas opiniões nas reviews. E dessa vez, pedirei também boas energias, para que consiga voltar a postar nas outras fanfics. Então comentem bastante, deixem as impressões sobre tudo e torçam por mim. Não deixem de me seguir no twitter: @KNRobsten. E até a próxima...
~Kiss K Nanda.



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