Filho do Destino escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 7
Capítulo 7




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O povo gritou e celebrou a chegada de Varang e Miles ao círculo que eles tinham formado, chegando a levantar os punhos fechados para cima. O casal respondeu na mesma empolgação, até mesmo Miles chegando a exibir os caninos, como um verdadeiro na'vi. Era mais uma lembrança de que ele havia realmente mudado.

—Basta! - Pediu Varang, com as palmas abertas - Meu povo! Me alegra muito estarmos reunidos aqui hoje, nesse momento. Spider foi escolhido por Eywa, para fazer parte de nós. A Grande Mãe, pode ter nos abandonado por um tempo, mas sinto que ela me deu um filho trazendo esse jovem até nós. Ele será recebido por nós nesse momento e se tornará um do povo das cinzas!

O povo gritou outra vez e, com um aceno de cabeça de seu pai, Spider compreendeu que a cerimônia iniciaria. Varang retorceu os braços, no que o garoto identificou como passos de dança cerimoniais. Rayfu, o líder dos guerreiros, trouxe uma tocha apagada para ela.

Miles a segurou enquanto Varang pegou duas pedras. Algumas tentativas de provocar uma faísca foram suficientes para acendê-la. Ela então pegou a tocha, passou entre ombros de Spider algumas vezes, o menino sentindo o calor da chama bem de perto, o que o fez se manter concentrado no que estava acontecendo.

—Jure, filho do fogo, jure que é um de nós! - ela ordenou de forma autoritária, muito diferente da mulher de fala doce que ele conhecia.

Apesar de um tanto assustado, ele voltou a se lembrar dos rituais. Spider estendeu sua mão sobre o fogo, lembrando das palavras que deveria recitar.

—Que a chama nunca se apague de mim, que a luz guie minha vida, que o calor aqueça meu espírito! Que arda para sempre em mim! - ele disse com força.

—Para sempre! - Concordou o clã, incluindo a líder e seu consorte.

Palmas, gritos e assovios comemoraram o fim do ritual, Spider agora era um deles, podendo aproveitar da celebração em sua homenagem. Ele sentou ao lado de Miles, atento aos costumes vivos ao seu redor, a música ritmada, por flautas e tambores. Os passos de dança dos outros jovens, como se estivessem livres ao vento, como se fossem as próprias chamas tremeluzindo.

Um dos jovens, jogava três flechas ao vento ao mesmo tempo, equilibrando as três alternadamente, sem que nenhuma caísse. 

O olhar fascinado dele a tudo foi percebido por seu pai, que teve que sorrir diante daquela imagem. Ter Spider ali era um sonho que ele pensava que não aconteceria, mas seu pedido tinha sido concedido por Eywa, certamente.

—Eu dançaria, se não fosse pelo bebê - Varang comentou ao marido, um pouco cansada, mas se recusando a sair da festa.

—Eu sei, mas fique por aqui, eu te faço companhia - ele sorriu e segurou a mão dela, o que a fez repousar a cabeça em seu ombro.

Toda aquela curiosidade voltada a Spider também estava em quem ele estava observando, afinal ele era o primeiro humano que o povo das cinzas via. Uma das jovens que dançava ousou se aproximar dele, fazendo passos de dança ao seu redor. Ela ficou na frente dele, tocando seu queixo, sorrindo de um jeito convidativo.

—Você deveria dançar - Varang recomendou.

—Eu? Mas... - ele ficou sem palavras.

—Guaitani está convidando, não deveria recusar - ela recomendou.

Spider achou melhor seguir o conselho, engoliu em seco e se levantou, indo acompanhar a tal jovem. Não trocaram palavras, ela simplesmente lhe mostrava os passos, e ele tentava imitar, seguindo o ritmo. De repente, ele estava rindo, se divertindo com toda situação. Era como se não houvesse diferença de espécie entre eles, ele era livre para realmente ser um na'vi em espírito. 

A comemoração durou mais um pouco, até que o povo se recolhesse pouco a pouco, chegando a vez de Miles e Varang fazerem o mesmo. Spider os seguiu, cansado, porém com o coração acelerado pelas emoções que tinha passado naquele dia. Só restou a ele se deitar e dormir, revivendo em seus sonhos as danças e as chamas ao seu redor.

—____________

Ao acordar, Spider encontrou o pai apenas, sem um sinal de Varang por perto.

—Bom dia - desejou ele - como está depois de ontem?

—Animado, eu acho - ele se sentou em frente do pai - quer dizer, foi meio surreal o que aconteceu ontem, ainda parece que eu tô sonhando...

—Foi melhor do que imaginava? - Miles o questionou.

—Foi tudo que eu sempre quis na vida e mais um pouco - ele confessou, sincero - eu fui tratado como um igual.

—É como queremos que você se sinta - seu pai sorriu, contente por ver como o filho estava bem - falando em ser tratado como igual, aqui vai a parte ruim disso.

—E lá tem parte ruim nisso tudo? - ele deu de ombros.

—Talvez eu me expressei mal - o mais velho riu - eu vou começar com seu treinamento pesado, começando logo depois do café da manhã.

—Sim, senhor - respondeu Spider, ficando um pouco sério.

Ele lembrou que seu pai tinha sido um militar humano e era um guerreiro na'vi agora. Com certeza, não facilitaria as coisas pra ele.

—Escuta, onde está a Varang? - Spider perguntou, depois de se alimentar.

—Ela disse que precisava consultar a tsahik, mas que voltava rápido - seu pai explicou.

—Eu espero que esteja tudo bem com o bebê - a preocupação de Spider se voltou para a irmã.

—Não, ela disse que não tem a ver com o bebê - Miles logo desfez a possibilidade - não se preocupe, logo ela está de volta, se tem uma coisa que você tem que se acostumar com a Varang é como ela pode ser misteriosa às vezes.

—Beleza, entendi - Spider assentiu.

Miles reuniu algumas armas e se pôs a caminhar com Spider pela vila. Algumas pessoas cumprimentaram os dois, mas um ou outro os olharam de cara fechada.

—Nem todo mundo concorda com dois forasteiros na família da olo'eyktan - Miles explicou discretamente - mas não se preocupe, prove seu valor e terá o respeito deles.

—Foi o que você fez? - Spider deduziu.

—Foi, e eu vou te ensinar como fazer isso - Miles prometeu.

Apesar da alegria um pouco abalada, Spider procurou se apegar ao acolhimento que tinha sentido na noite anterior.


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