Diário de um Sociopata escrita por Sky


Capítulo 5
Capítulo 5 - O Inferno na Terra


Notas iniciais do capítulo

VAI SE FODER!!! DE LONGE A MAIOR DERROTA DE TODAS!!! ( Foi minha reação ao ver meus amigos conquistando as vagas e eu não )



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O resultado saiu bem longe do esperado, eu fui reprovado com o louvor tirando uma nota abaixo de 4.5. Sendo que para o curso que eu pretendia ir e me candidatei a nota mínima era de 6.8. Vi vários amigos comemorando a aprovação, e tinha de fingir felicidade por questões sociais, a pergunta que ecoava da boca das pessoas e ressoava na minha alma: " e agora, vai tentar de novo? Ou vai fazer particular?" . A resposta de todo brasileiro pobre é: " Vou trabalhar "... Foi o que fiz, ou melhor, foi o que tentei fazer.

Enquanto meus amigos se juntavam pra conhecer e frequentar a Universidade, eu preparava currículos e ia de empresa em empresa tentar uma vaga. E para minha surpresa... Conseguir um emprego não era uma tarefa tão fácil quanto eu achava, não consegui nada. Absolutamente nada. Depois de 6 meses consegui uma entrevista de emprego onde fui humilhado por 15 minutos. Você é formado?? Tá cursando o que? Naquele mesmo dia aceitei meu destino e fui atrás dos trabalhos braçais, cansava e tinha remuneração baixa, mas comparado com o "nada" que eu tinha era perfeito. Daí, comecei a trabalhar panfletando. Acordava todo dia 6:00 e voltava às 17:00 para casa, ganhava 25 reais(sem fantasia) e 35 reais (com fantasia) o dia, a humilhação era tanta que cheguei a me fantasiar de: Bob Esponja, Mexicano (bigode e sem camisa), Mulçumano (com burca), Maiô e Bóia, Pantera Cor de Rosa e muitos outros, meu amigo leitor você deve estar pensando... Todo trabalho é digno, mas com 17 anos, 1,76 e pesando 52 Kg essas fantasias não deixam nada... Absolutamente nada digno. Cansado desse trabalho fui para construção civil (predial), onde era ajudante e carregava entulhos. Ganhava meio salário mínimo, que na época era algo em torno de 300,00 reais. O esgotamento físico era enorme, mas estava ganhando uma certa massa muscular e não podia reclamar, pois ainda era menor de idade e não tinha como ganhar dinheiro de forma mais eficaz. Meu sonho da época era fichar, quando fizesse 18 anos queria assinar carteira, só isso. Seria o auge da minha carreira. Era tudo perfeito, as pessoas passavam por mim e não falavam comigo, não precisava de nenhuma questão social para ganhar meu dinheiro (andava sempre fedendo e sujo de poeira da obra). Para ganhar um pouco mais de dinheiro comecei a trabalhar em algumas obras residenciais nos finais de semana, numa delas conheci uma Sargento aposentada, a mulher era o diabo, ela colocava uma cadeira no meio da sala e enquanto eu lixava as paredes ela ficava apontando e dizendo onde faltava lixar. Era algo extremamente irritante. Ao ponto deu reclamar e ela retrucar: "tu é novo, devia estar estudando e não se matando de lixar uma parede, tu vais ouvir, sim!". Naquele dia eu ia largar serviço umas 20:00, mas fiquei conversando com ela até às 23:00, no outro dia no caminho do trabalho parei numa banca de jornais e comprei uma apostila para um concurso municipal de A gente de Saúde, li e reli a apostila no intervalo do almoço e enquanto estava no ônibus, levei ao todo duas semanas pra ler toda a apostila. Depois de 3 meses, a prova aconteceu e novamente me via diante da espera de um resultado.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo marca a minha entrada numa vida de trabalho piloto automático.



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