Antes do para sempre escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada pelo carinho de vocês, eu não sei como agradecer. Temos quase 3 mil visualizações na história, eu não imaginei que pudesse chegar dessa forma. Fico realmente feliz. Espero que vocês gostem tanto quanto eu, eu pesquisei bastante, também assisti o filme Pieces Of A Woman -- tem na Netflix, recomendo muito -- e me inspirou para escrever um capítulo mais detalhado assim. Um agradecimento especial para a querida Arizona, que comentou algumas coisas que eu acabei levando em consideração e busquei retratar aqui também!! IMPORTANTE: a música citada no capítulo é Light, do Sleeping At Last, que grita em todas partes ser uma música para um bebê que está para nascer, vou amar que escutem e me digam o que acharam



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A presença de Annie, Finneas e minha mãe, assim como o amparo de Delly, as mensagens de Effie e até os cuidados de Haymitch tirando neve do nosso quintal. O mês de março chega trazendo neve e expectativas. 

Sempre me incomodei com a casa cheia, mas dessa vez tem sido bom para me tirar de lembrar de tudo o que está acontecendo. É muito bom, pois eu evito pensar em todas as coisas tristes que eu posso pensar e então eu apenas fico ocupada. Finneas torna todas as noites em noite de jogo, eu fico sentada na escada, porque é difícil para mim andar, e quando ando me sinto parecer um pinguim sem rumo.

Minha barriga está deslumbrante, meus peitos enormes e minha coluna dói praticamente o tempo inteiro. Peeta massageia minhas costas enquanto minha mãe e Annie cuidam dos meus pés, duas vezes por dia. 

— Ela vai nascer hoje — confesso para Peeta, que está abrindo a cortina do nosso quarto, poucos instantes de amanhecer porque ele leu que nossa bebê mesmo da barriga reconhece espaços claros, luzes, então faz questão que eu pegue o primeiro sol, mesmo comigo ainda na cama.

— O que precisa que eu faça?

Pergunta e corre até mim, preocupado. Eu rio, então gemo de dor, com um chute muito forte dela. Ele coloca as mãos na nuca, porque dá para ver claramente tudo o que ela faz na minha barriga agora. Rio de novo, é mais forte que o incômodo. Não tenho dúvidas de que ele será mais preocupado que eu. 

— Eu quero um pão doce… e um pouco de frutas com mel.

— Katniss, você sabe que não pode. Apenas as frutas e um bolo sem glúten.

Suspiro. Estou um pouco no limite por causa das restrições que a médica fez. Peeta não estava seguindo tudo muito à risca enquanto estávamos sozinhos. Ele ficava com pena e me dava pequenas porções do que eu desejava, mas agora com a minha mãe aqui é impossível. 

— Ok, serve. Obrigada. 

Ele sorri, beijando a ponta do meu nariz, me fazendo rir, então sai para preparar meu café da manhã. Não vou para a sala há duas semanas, me exercito no seu ateliê no segundo andar – ele tem outro no primeiro –, tenho duas bolas de pilates, um saco para soco foi instalado e a esteira que ficava na parte dos fundos ele subiu com Haymitch. Faço exercícios no meu tempo, para não ficar me sentindo mais inválida do que o normal. 

Sento na bola, mexendo meu quadril de um lado para o outro. Seguro minha barriga com as minhas mãos, e então começo a cantar. A bebê gosta que eu cante, pois para seus movimentos. Nas revistas eu li que o bebê consegue identificar a voz da mãe, então quero que ela me conheça o máximo antes de nascer.

 May these words be the first to find your ears… — começo, com toda a calma do mundo. Acaricio minha barriga, depois de suspender a blusa do pijama e dobra-la na altura dos meus peitos. Não vejo meus pés, mas é divertido. Sorrio ao continuar cantando. — The world is brighter than the sun now that you’re here… você logo vai estar aqui, sabia? No meu colo. 

Falo em um sussurro a última parte. Tenho um pouco de dificuldade de me conectar através de conversas com minha própria barriga. Não me acostumei que tem uma pessoa dentro de mim. Mas eu me esforço.

— Though your eyes will need some time to adjust to the overwhelming light surrounding us! — dou uma risada sincera, quando recebo uma espécie de empurrão. Estou sem ar, minha barriga está baixa. Sinto que ela está encaixada. Não li nada sobre isso, mas eu sinto, meu corpo nasceu para fazer isso. Sinto em meus poros que a hora se aproxima, mas por enquanto não estou muito ansiosa.

Continuo cantando, mexendo meu quadril, segurando no umbral da janela, mantendo um ritmo de respiração. Não tenho dúvidas de que esse bebê vai nascer hoje. 

 

Eu vou te dar tudo o que tenho

Eu vou te ensinar tudo o que sei

Eu prometo que vou fazer melhor

Eu sempre vou te abraçar

Mas vou aprender a deixá-la ir

— É lindo ouvir você cantar, meu bem — Peeta fala, atrás de mim, me segurando por debaixo do braço, e eu relaxo, descansando minhas costas em seu peito, enquanto ainda mexo meus quadris em cima da bola para aliviar a tensão. — Ela vai amar ouvir você cantar enquanto fica deitada no meu como. Tenho 9 meses atrasado com ela.

Rio, fechando meus olhos, levando uma das minhas mãos até seu rosto, ainda que eu não consiga ver ele nessa posição.

— Você me ama. Verdadeiro ou falso? — pergunto, baixo. 

 

Verdadeiro.

 

Ele responde, em um tom de voz não mais alto que um sussurro, beijando o alto da minha cabeça. Antes que eu possa sorrir, uma dor horrível me acomete, e eu gemo de dor, me inclinando para frente, agarrando a base da janela. É uma contração.

— Realmente você estava certa. Você está em trabalho de parto — Peeta diz, mas me passa a segurança que apenas ele consegue me passar, beijando meu ombro. — Vou chamar sua mãe.

(…)

Mesmo com a casa cheia — minha mãe, Annie, Finneas e Haymitch —, o clima fica tranquilo e a casa sem barulho de bagunça ou sussurro de conversas que me estressam mais do que barulho e gritaria. Nem Delly sabe que estou em trabalho de parto, mesmo morando na casa da frente. A única pessoa além de nós que sabe é minha obstetra, Claire, que veio assim que minha bolsa estourou.

Estou exausta. Me inclino para o lado e vomito todo o almoço e café da manhã, felizmente Annie disse que era melhor ter um balde para isso e realmente foi útil. Vomito mais uma vez. E outra vez. A dor é de outro mundo.

— Nunca senti nada assim — eu murmuro, com minhas costas na parede. Estou sentada no chão, porque o colchão estava me dando agonia. — Peeta, eu odeio tanto você. Foi a pior decisão que eu já tomei, eu deveria ter aceitado um cachorro!

Ele dá de ombros, sentado de frente para mim, massageando meu pé esquerdo. Eu choro me desculpando, ele então começa rir.

— Tudo bem, Katniss. Tem mulheres que falam coisas muito piores — a doutora me tranquiliza. — Vai querer anestesia? Da forma que estamos, não vejo necessidade em uma cesariana de emergência. Você está se saindo bem.

Olho para minha mãe, que está séria, com o cenho franzido, sentada na beira da cama.

Mãe? — chamo, e ela me olha na mesma hora. — O que você acha?

— Acho que é uma boa alternativa. Estamos há dez horas em trabalho de parto. Você ainda tem um caminho pela frente.

A médica concorda. Elas duas estão o tempo inteiro conversando entre si, avaliando minha situação.

— Vamos ver no quão dilatada você está — grito de incômodo, como fiz nas outras duas vezes que ela verificou. Começo a chorar outra vez como nunca antes. Quero que isso acabe. — Seis centímetros.

— Eu não aguento mais — digo, chorando. Quando a médica sai do meio das minhas pernas, eu me sento e começo a socar o chão ao meu redor. — Eu estou sentindo tanta dor! Eu quero a anestesia agora!

Me sinto como um animal. Totalmente descontrolada, gritando de dor, e ainda nem fiz força para o bebê nascer. Peeta me traz a bola, então fico de barriga para baixo, imóvel, enquanto a médica injeta a anestesia em mim. Eu vomito de novo, apenas a bile, mas dessa vez de alívio. Nunca me senti tão suja na vida, mas tento mentalizar que isso vai passar.

— Peeta, acho melhor você ir para outro quarto e descansar. Eu e Annie vamos dar um banho na Katniss. Você precisa estar descansado para o que virá.

Ele assente, devagar, beijando o alto da minha cabeça suada. Não consigo por em palavras meu amor por ele. 

Estou com você — ele diz, pegando minhas mãos com as suas, beijando cada uma. — Vou apenas tomar um banho enquanto você toma o seu.

Assinto, me sentindo sem forças. Estou agradecida que é ele. Minha mãe e Annie, juntamente com a médica fazem com que eu me sente em uma cadeira no chuveiro. As dores diminuíram consideravelmente, meu corpo consegue relaxar. 

Então uma nova contração vem. Aperto minhas coxas, me curvando, gemendo sem abrir minha boca. Fecho meu olhos, enquanto minha mãe sabiamente massageia a base das minhas costas. Annie esfrega meus braços, enquanto cantarola uma música. A mesma música que eu estava cantando mais cedo, então quando a contração acaba eu sorrio.

I will soften every edge, I’ll hold the world to it's best and I’ll do better with every heartbeat I have left… I will defend your every breath and I’ll do better! — o jeito que ela canta é alegre, então faz um pequeno carinho no meu ombro e eu olho para ela. — Eu cantava essa música para Finneas quando estava grávida. Ele ama essa música. Finnick me cantava sempre, dizia que cantaria quando tivéssemos um bebê. Você vai ficar bem, Katniss.

Seus olhos verdes não estão carregados por tristeza com a lembrança. Estão cheios de alegria. 

— É linda essa canção — minha mãe comenta, quando Annie volta a cantar. — Você cantava quando era pequena, Katniss.

Elas cantam e me fazem rir, me aliviando. Sinto outra contração, e acabo fazendo um pequeno corte na coxa, mesmo com minhas unhas cortadas e feitas por Annie na noite passada, já que passei praticamente toda em claro. 

— Eu não fui anestesiada? Qual a necessidade dessas contrações? 

— É normal. Mas outras dores além das contrações você não vai sentir. Daqui a pouco ela vai estar em seus braços… quer continuar embaixo da água?

Minha mãe é meticulosamente paciente e gentil. Agradeço por isso.

— Eu prefiro. Está ajudando. Meus ombros estão doloridos, esses peitos enormes. Eles vão diminuir? Eu gostei quando eu estava com quatro meses, agora isso só está me tirando do sério.

Elas duas riem.

— Você vai ver que tudo passa. Tenha calma. Mas não vai ser agora.

Bufo, enquanto Annie segura minha mão, fazendo massagem com seus polegares. Fico embaixo da água por mais cinco minutos, então vou com elas de volta para o quarto. 

— Peeta e Finneas caíram no sono — a médica diz, rindo, mexendo na sua bolsa de médica. — É bom que nesse momento seu marido descanse. Depois que sua bebê nascer, você vai precisar dormir o quanto puder, então ele ficará acordado.

Saber que Peeta está dormindo enquanto eu sinto dores me estressa. Annie ri, pela minha cara revoltada. Logo eu relaxo, movendo meu quadril em cima da bola. Ocasionalmente eu gemo de dor com as contrações, mas realmente estou me sentindo melhor.

 

Os minutos se tornam mais horas, então a médica informa que se não avançar em pouco tempo eu terei que ir para o hospital. A anestesia já não está fazendo mais tanto efeito e eu estou esgotada, da mesma forma que todos estão cansados.

— Você está finalmente com dez centímetros, Katniss, preciso que quando sentir contração você faça força — a médica diz, enquanto Peeta (recém desperto do sono) passa uma toalha molhada com água gelada pelo meu rosto e minha mãe passa outra em meu pescoço. Ajuda, pois estou com calor, como se não estivesse fazendo 10°C hoje, ainda que estejamos perto de dar as boas vindas para a primavera.

A dor é excruciante, como se eu fosse me quebrar ao meio. Ela não vem na primeira tentativa de força. Não vem na segunda. Nem na terceira. O semblante da minha mãe e da médica são preocupados, eu grito ao ponto de achar que não vou nunca mais conseguir falar depois que isso acabar. Constantemente elas monitoram os batimentos da bebê, graças a Deus isso está tudo bem.

Eu puxo Peeta para baixo com a força do meu corpo, mas ele me puxa para cima, e eu só tenho o que agradecer por ter ele ao meu lado. Se fosse depender exclusivamente de mim, eu estaria no hospital nessa altura.

— Ela está coroando, Katniss, precisamos que você coloque toda a força que você puder, ela vem agora — minha mãe pede, segurando uma das minhas pernas.

Acabo mordendo o braço de Peeta, para externalizar a dor de outra forma que não seja literalmente gritando, me arrependo no mesmo instante, isso pode ser um gatilho para ele. Olho em seus olhos, azuis, tão azuis. Não estão tão azuis. Suas pupilas estão dilatadas, pelo medo e pela crise que ele certamente está buscando controlar.

Traz ela para a gente. Você consegue. Você é forte, Katniss.

Sei o quanto ele também está exausto. Posso enxergar sua pupila, ele está em conflitos e sua mente não é o lugar mais seguro, mas seus braços me mantém suspensa. Ainda vejo o azul de seus olhos, e sei que ele está aqui de verdade. Ele vai ser o melhor pai para nosso bebê, da mesma forma que é o melhor marido para mim.

Me preparo para a onda de dor e faço toda a força que posso. Grito como ainda não tinha gritado, então eu sinto ela sair de mim. Um instante depois, seu choro, alto, forte. Eu consegui.

Peeta é pai. Mas acima de tudo… eu sou uma mãe.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, esse capítulo foi escrito recentemente, mas com muito carinho



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