Querido Diario da Minha Irmã! escrita por Ny Bez


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Aêêê!! Enfim o fim! #fail
Bom galera, ai vai o ultimo capitulo como prometi!
A galera q tava torcendo por um incesto, peço desculpas!!

Boa leitura =)



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Paola abriu a porta furiosa.

 

- Ta maluca garota?!

 

Eu a olhava com raiva. Como ela pôde ter sido tão, tão... Fria?!

 

- Fala pirralha! O que você quer?! – Ela me olhava impaciente.

 

As palavras ficaram presas em minha garganta. Eu tava com tanta raiva dela, de seu diário estúpido. De tudo que ela falara sobre mim. Eu queria... Eu queria... Eu nem sei o que eu queria! E toda a raiva que eu estava sentindo, se transformou em tristeza... E de repente eu já não sabia mais o que falar, não sabia nem o que eu estava fazendo diante aquela cara de reprovação. E Paola não poderia ter outra reação, já que eu estava bêbada e parada em sua porta a meia noite.

 

Olho por cima do ombro de minha irmã e vejo Ana. Por mais alcoolizada que eu estivesse eu reconheceria aquele rosto.

 

- Ana?!

 

Ela sorriu pra mim. Paola nos olhou confusa.

 

- Vocês se conhecem? – Nos cobrou explicações.

 

- Sim Paola. Eu e a Lú somos amigas! – Ela afirmava graciosamente, enquanto olhava pra mim preocupada.

 

“Então a Ana que conquistou o coração de minha irmã, é a Ana minha amiga? A Ana a qual eu já me queixei por várias vezes de minha irmã?” – Questionei-me em pensamento.

 

Estudávamos na mesma escola, ela é dois anos mais velha que eu. Foi transferida pra escola onde eu estudava quando ela estava no 3º ano. Mesmo sendo da turma dos mais velhos, ficamos amigas. Obviamente Paola não fazia idéia de que Ana era uma de minhas melhores amigas. Já que ela não conhece nenhum de meus amigos, a não ser os que eu tinha quando era bem mais nova, e esses eu já não tenho nenhum contato algum.

 

- De onde se conhecem? – Ela me olhava desconfiada.

 

- Nos conhecemos no colégio. Éramos de turmas diferentes, a Lú era do primeiro ano, eu estava no terceiro. – Logo Ana com toda sutileza explicou tudo, Paola pareceu não ter entendido.

 

- E como eu não sabia disso? E faz um tempinho que a pirralha terminou a escola! – Falou debochada. Ela parecia gostar de pronunciar olhando diretamente em meus olhos a palavra pirralha. Parecia que queria me mandar alguma mensagem subliminar, sei lá.

 

- É, mas mesmo assim continuamos amigas!

 

Nunca imaginei que Ana fosse à garota do banheiro! Eu já me sentia totalmente desfocada naquele lugar, vendo minha irmã e minha amiga ensaiando uma discussãozinha por minha causa.

 

- Por isso eu sabia algumas coisas sobre você! Nunca te vi pessoalmente, mas a Lú uma vez me mostrou uma foto sua. Eu fiquei curiosa em conhecer você, a Lú me contou muito sobre você, e quando vi sua foto fiquei bastante interessada. Mas logo fiquei sabendo de sua fama de pagadora, que gostava de usar as pessoas... O resto você já sabe!

 

- Entendo... – Voltou-se pra mim. – Então pirralha, você ainda não disse o que quer!

 – Falou ríspida.

 

- Não fala assim com ela Paola! – Ana a repreendeu brava.

 

Paola a olhou contrariada, mas logo seu semblante mudou, e pareceu baixar a “crista”.

 

Elas olhavam pra mim, e eu já não sabia mais o que dizer. O efeito da bebida pareceu ter sumido, e eu já não me sentia tonta. Eu estava com seu diário na mão, e como um gesto mecânico estendi a mão que carregava o diário, e o entreguei sem dizer nada! Quer dizer, consegui dizer um tímido e quase inaudível pedido de desculpas.

 

- Desculpe por ter lido seu diário...

 

Ela escutou. Ou conseguiu ler meus lábios, nem sei...

 

- Você leu meu diário?! – Perguntava incrédula. – Como você vai entrando no quarto dos outros e mexendo no que não é seu?! Lendo algo que não era pra ler? Algo pessoal?! – Eu nada respondi. - Responde pirralha!

 

Eu a encarei, e comecei a explicar com semblante triste, praticamente derrotado.

 

 – Desculpe, é que eu fui pedir um livro seu emprestado, e você não tava no quarto. Enquanto eu procurava o livro seu diário caiu aberto em meus pés, e na pagina do dia dos namorados! Eu não pude evitar e comecei a ler... Me desculpe! – Falei sincera, afinal essa era a verdade, eu não tinha porque mentir, ela ia me odiar de qualquer jeito mesmo.

 

- Mesmo assim pirralha! Não era pra você ter lido! Diário é pessoal, se fosse pra você ler te mandava por email! – Falou irônica.

 

- Desculpe Paola! Eu só posso pedir-lhe desculpas... – Baixei minha cabeça. – Por tudo!

 

Eu me referia ao peso que fui por todo esse tempo para minha irmã! E só agora eu percebia isso. Mas ela exagerou quando se afastou daquela maneira de mim, criando um abismo entre nós duas. Eu acho que eu poderia entender seu ponto de vista em uma boa conversa. Se ela tivesse tentado ir por outro caminho... Mas já passou, fomos por esse caminho, e talvez não tenha mais volta!

 

- Boa noite Aninha! Cuide dela! – Dei um sorrisinho sem graça e sai andando, deixando uma Ana preocupada e uma Paola confusa.

 

Desci as escadas, o relógio marcava 00h: 45, eu estava confusa, queria que a resposta da faculdade chegasse logo. Vi um amontoado de envelopes em cima da mesa e fui ver do que se tratava. Fiquei repassando os envelopes, que eram contas, telegramas, cartas da vovó... Um envelope cai em meus pés, me abaixei para pegar, quando vi do que se tratava eu levantei tão rápido que bati minha cabeça na quina da mesa, doeu um pouco, mas não me importei. Abri o envelope com rapidez, e vi do que se tratava, meu pedido de transferência havia sido aceito.

 

Não quis perder tempo, o que eu esperava pra sair dali já tinha chegado, eu só não sabia por quanto tempo, mas acho que não fazia muito, pois do contrário alguém teria visto e vindo me perguntar sobre.

 

Liguei para uma agência de viajem e comprei minha passagem aérea para o Rio de Janeiro, pedi que fizessem reservas em um hotel e me recomendaram o Copacabana Palace hotel, eu concordei, seria só por um dia até eu me ajeitar por lá, já que eu não pretendia ficar muito tempo hospedada em um hotel de luxo.

 

Subi as escadas para arrumar minhas coisas, eu tinha que pegar o vôo das três, e já eram 01h: 10 da manhã. Levei só o necessário, e consegui colocar tudo em três malas. Em uma mochila coloquei alguns livros e meu notebook. Tudo certo. Dei uma boa e ultima olhada em meu quarto, e em minha coleção de bebida, pois com muita pena eu não poderia levar...

 

No corredor olhei para a porta do quarto de minha irmã, e olhei a porta do quarto de meus pais, acho que na intenção de me despedir deles. Desci e fui direto para o quarto de Clarisse. A porta estava destrancada como sempre, ela deixava aberta porque eu tinha o costume de ir pra lá quando eu estava muito triste, sem conseguir dormir, e ela me acalantava como uma boa mãe zelosa a qual eu não tive! Deixei um bilhete explicando meu sumiço e que ela não se preocupasse que eu ia ficar bem, só ia morrer de saudades dela. Não falei pra onde eu ia.  Dei lhe um beijo em sua face, disse baixinho em seu ouvido que a amava muito. Ela se mexeu! Pensei que iria acordar, mas ela só mudou de posição, então eu disse adeus.

 

Sai de seu quarto, cheguei à sala a qual eu me demorei um pouco olhando pela ultima vez.  Ao sair os cães vieram a mim, parecia que eles sabiam que eu estava partindo, estavam mais carinhosos que de costume. Senti lágrimas me brotarem, e sem poder impedir, caiam molhando meu rosto. Me abaixei e eles me lamberam. Brinquei um pouco com eles, e fui.

O taxi que eu havia chamado já estava a me esperar. Pedi gentilmente que Marcos, o segurança abrisse o portão, ele não entendia porque eu estava com malas, e me fez apenas uma pergunta, se eu iria viajar. Eu respondi que sim, e que seria uma longa viajem. Ele me ajudou a por as malas no taxi, e eu dei-lhe um abraço apertado. Entrei no carro e um senhor simpático me oferecia lenços de papel pra enxugar as lágrimas que insistiam em cair.

 

- Podemos ir moça? – Me perguntou gentilmente.

 

- Um minuto senhor! – Olhei a mansão pela ultima vez. – Podemos ir agora! – Disse-lhe com o coração apertado.

 

Ele deu a partida em seu taxi e em pouco tempo depois estávamos no aeroporto. Faltavam poucos minutos pra meu vôo. Sentei- me diante uma enorme janela de vidro a qual dava para ver os aviões pousando, e alçando vôo. Fiquei observando absorta. Quando dei por mim já estavam fazendo a chamada para meu vôo. Me levantei e fui para o portão de embarque. A aeromoça que nos recepcionava me deu um lindo sorriso, mas eu não tinha condições de retribuir a altura, o máximo que consegui foi um sorrisinho amarelo. Ela me olhou preocupada, deu pra perceber em seu olhar. Mas não falou nada, só me desejou uma boa viagem, eu agradeci, e dei mais um sorrisinho sem graça. Não posso deixar de comentar que ela foi super atenciosa durante o vôo, talvez até demais, tanto que quando ela me serviu um suco, percebi um pedacinho de guardanapo com o seu nome e telefone escrito. Seu nome era Fernanda. Ela era bonita, mas eu não estava no clima pra paquerar ninguém.

 

Quando pousamos fui de taxi até o hotel, lá me colocaram em uma bela suíte, muito luxuosa. Então pedi algo mais simples, afinal eu tinha dado adeus ao meu cartão de credito. O que iria me manter no início seria apenas minha poupança, que era bem gorda, diga-se de passagem, e com ela eu pretendia comprar um apartamento simpático.

 

Amanheceu depressa e eu mal pregara o olho. Me levantei e  tratei de ir tomar banho, depois desci para tomar meu café. Logo fui atrás de um apartamento, e depois de algumas longas e exaustivas horas de procura, encontrei um lindo e mobiliado, (não queria perder tempo mobiliando um imóvel). Era a beira mar, tinha apenas dois quartos, um sendo suíte, sala de estar, um escritório, cozinha área de serviço e um tímido quarto nos fundos, para uma possível empregada. Achei perfeito, e logo fechei negócio. Fomos ao banco, paguei a dinheiro, queria resolver tudo de uma vez. Minha poupança era depositada por minha avó desde quando eu era um bebê. Tinha uma boa quantia, dava pra comprar também um carro ou uma moto, decidi comprar uma moto. Eu adoro motos! E ainda me sobrou bastante, mas decidi guardar pra continuar me mantendo por enquanto que eu não arrumava nada, e também para uma ocasião de emergência.

 

Alguns dias depois eu consegui um emprego em uma agencia de turismo. Já tinha algumas propostas como falei antes, e essa agencia foi a que mais me agradou. Ganhava na faixa dos 2 mil e alguma coisa. Mas estava bom (até demais) pra começar uma vida independente...

 

Minha irmã tinha razão quando falou em seu diário que sem estudos e sem uma profissão definida não seremos ninguém, e que a vida não é fácil! E não é mesmo, sem dinheiro na mão tudo é mais, difícil... Vejo meus colegas de turma se matando em empregos os quais ganham um salário mínimo, cerca de 510,00 reais, ou menos, a mixaria que ganham no fim do mês quase nem para na mão deles, essa não da pra quase nada, quer dizer, da pra quitar umas dividas, mas no fim nem adianta, já que vão fazer dividas novas! Ela tinha mesmo razão, quando falou que eu precisava crescer! Aprender a caminhar com minhas próprias pernas, sem ter que provar nada a ninguém, só a mim mesma! Focar em meu futuro profissional. Hoje posso dizer que mudei! Penso diferente nesse ponto. Meu foco agora são meus estudos e minha profissão. Meu emprego na agência também, mas esse é temporário, já que pretendo sair quando me formar, ou antes, quem sabe!

 

Já se passaram um ano desde que sai de casa. Hoje (sábado dia 12 de junho de 2011) estou eu aqui de novo, como todos os sábados o quais eu tenho costume de caminhar pelo calçadão de Ipanema para pensar em tudo que eu deixei pra trás, e tudo o que eu conquistei. Bom... Minha vida pessoal se resume minha casa e meu cachorro. Moro sozinha, sou minha própria empregada. Eu mesma cuido da limpeza, das compras, da arrumação... E eu mesma cozinho! No começo eu mal conseguia engolir o que eu fazia, era horrível! Mas depois de umas aulas de culinária que me escrevi no meio das férias, eu aprendi a fazer uma boa refeição, pelo menos eu ia me livrar da comida da rua, era um gasto a mais e no fim do mês fazia uma grande diferenças já que eu tinha contas a pagar! E já faz um ano que não me relaciono (sério) com ninguém. Não que eu esteja seguindo os passos de minha irmã, tratando as pessoas como objetos, que só serviam para uma “brincadeira hot” por uma única noite, e nada mais. Não é isso! É que agora meu foco é minha vida profissional. E namorar agora só atrapalharia. Às vezes me sinto só, carente... E me bate uma vontade de ligar para qualquer um dos números de telefone que já me deram ao longo do ano, tenho uma verdadeira coleção, antes eu tinha de bebidas, hoje são números, emails... Eu nem sei por que eu ainda os tenho, acho que na intenção de quem sabe um dia ligar para uma delas, ou um deles, sei lá! Ah! Eu não bebo mais! Parei, porque eu não tinha mais tempo pra sair pra balada, e também fui perdendo a vontade de beber. Hoje em dia só fico embriagada de sono!

 

Sou a melhor da turma de arquitetura. Toda temporada de vestibular tem umas palestras sobre os cursos disponíveis na universidade. E me convidaram pra dar palestras para vestibulandos.  Eu aceitei é claro! Eles disseram que eu poderia motivar jovens confusos, que apesar de escolherem arquitetura, ainda possuem uma incerteza, e alguns desistem. Resolvem tentar outra coisa... Meu trabalho é estimular-los a seguir em frente, e mostrar-los como a arquitetura é sim uma ótima escolha como futura profissão!

 

Agora estou parada, olhando para o horizonte, admirando a beleza do mar. Estou em um quiosque que eu frequento todas as manhãs depois de minha caminhada, para tomar água de coco e escrever em meu notebook. E sempre é a mesma moça me atende. Coitada! Sempre me passava uma cantada e eu fazia à desentendida, não por mal, só não queria me envolver com ninguém, meu coração não estava disposto a amar. Não que eu não quisesse me apaixonar, pelo contrario, eu queria! Mas meu coração não batia forte por ninguém, nem por essa garota, que uma vez me disse seu nome, se não me falha a memória seu nome é Victoria. Ela sem sombra de duvidas é muito linda, atraente, faz o tipo de qualquer cara, ou garota que goste de garotas! Nunca nos dei a oportunidade de conversarmos. Quem sabe no próximo sábado faço isso?! Nada como um dia após o outro.

 

- O que vai ser hoje? O de sempre? – Me perguntou gentilmente.

 

Eu a olhei e sorri. – Sim, o de sempre, minha velha e boa água de coco.

 

- Ok! Já volto! – Piscou pra mim, e saiu rebolando, os rapazes que ali estavam ficaram loucos com seu rebolado. Ela de fato era muito linda, chamava muita atenção! Eu sabia que era pra mim, mas não me importei.

 

Logo voltou e me trouxe o coco que pedi...

 

- Chega de escrever por hoje!

 

Luiza estava distraída com seus pensamentos tomando sua água. Fecha seu notebook, onde ela escrevia seu diário virtual (e esse tinha que ter a senha para poder ler) logo depois o guardou em sua mochila. Passou a olhar as ondas do mar, as quais lhe passavam traquilidade, quando de repente sente uma mão pousar em seu ombro...

 

- Você?! – Luiza não acredita no que via.

 

- Até que enfim eu te achei! – Paola senta em seu colo e a abraça saudosa.

 

Elas ficam a se encarar...

 

- Você não devia ter sumido Luiza! Eu quase enlouqueci te procurando! – Seus olhos estavam marejados.

 

- E não era pra ter me achado! – Tenta se levantar, mas Paola não sai de cima de suas pernas.

 

- Agora que eu te achei você não vai sumir de novo! – Falou firme. – Não depois de me escutar! – Lágrimas começavam a cair.

 

Luiza a olhava confusa, não entendia a reação de Paola, já que quando moravam juntas, depois do afastamento repentino da irmã, nunca mais tinha visto aquele olhar, o olhar da velha Paola. A Paola protetora, amiga, mãe, pai... A Paola tudo! Era isso que sua irmã representava para ela, seu tudo!

 

- Eu sei que eu agi errado Lú! Pena que eu descobri tarde de mais! Depois que você não voltou para o jantar após algumas noites, percebi que você não voltaria mais! – Luiza a olhava com atenção.

 – Meu pai no começo achou que fosse mais uma de suas afrontas, e minha mãe...

 

– Concordou é claro! – Completou Luiza. Paola assente com a cabeça.

 

 – Mas depois de uma algumas semanas ficamos preocupados de verdade, todos, eu Ana, mamãe, inclusive o papai! Então Clarisse nos falou de seu bilhete que não explicava muito. Nossos pais acharam que você iria voltar quando batesse a dificuldade, mas não foi isso o que aconteceu. – Ela baixa a cabeça. – Eu me culpei, e me culpo até hoje! Eu deveria ter feito de outra maneira, ter encontrado uma solução, conseguido separar as coisas...

 

- É um pouco tarde não acha?! – Mais uma vez balança a cabeça em sinal positivo, e aos prantos. – Paola! Eu to bem! Não precisa chorar! – Apesar de tudo Luiza ainda não conseguia ver a irmã triste e não fazer nada para mudar isso. – Eu saí de casa porque eu vim cursar faculdade aqui no rio. Acho que essa era a sua vontade, a de meus pais que eu criasse juízo, achasse um rumo pra mim. E to muito bem. Eu to trabalhando, tenho meu imóvel. Lógico que com a ajuda da pensão da vovó! – Ela ri. - Sou a melhor da turma, e muito elogiada entre os professores do campus! – Paola sorri. Luiza também.

 

- Metida como sempre! – Fala enxugando suas lágrimas.

 

- Não! Eu mudei Paola! E muito!

 

- Eu to vendo! Você não parece mais àquela menininha pra quem eu cantava para dormir. Que eu levava pra cima e pra baixo como se fosse minha própria filha... – Luiza a interrompe.

 

- A que você abandonou quando entrou pra faculdade! A que você foi indiferente por longos 5 anos! A que você cruelmente tratou como anormal quando soube de minha opção sexual, a que você trocou seu nome por pirralha de forma ofensiva...

 

- Ta! Já entendi! Me desculpa... Por tudo! – Fala cabisbaixa.

 

Luiza volta a olhar para o horizonte. – Tudo bem! Quer dizer, fiquei perdida por um longo tempo, mas eu já me encontrei! – Fala perdida na imensidão das águas.

 

- Se eu pudesse voltar no tempo...

 

- O tempo não volta Paola... – Ela fecha os olhos e sente a brisa. – Ele passa... E quando paramos para pensar, - Abre os olhos. - já virou uma lembrança... Já faz parte de um passado distante, que nada nesse mundo vai trazer de volta!

 

- Você tem tanta mágoa assim?

 

- Hoje?!

 

- Aham!

 

– Não mais... – Volta a encarar sua irmã.

 

Paola acaricia seu rosto com sua mão direita, e Luiza percebe que ela esta usando uma bonita aliança dourada.

 

- Aliança na mão direita?! – Luiza sorri lindamente. – Você e Ana ainda estão juntas?!

 

- Sim! Eu a pedi em casamento! Somos noivas agora! – Fala entusiasmada. - Ela ta logo ali no carro! Estava louca pra vir te dar um abraço também, mas eu pedi que primeiro conversássemos sem interrupções, ela concordou em esperar no carro, só não sei se vai aguentar por muito tempo! – As duas olham em direção ao carro, e vêem Ana caminhando em sua direção. – Não disse?! – As duas riem.

 

Paola levanta das pernas de sua irmã, Lú levanta em seguida. Ana abraça Luiza ternamente, depois lhe da um soco no braço.

 

- Ai! Ta maluca?! – Fala massageando o local da pancada. – Doeu!

 

- Era pra doer mesmo! Nunca mais suma dessa maneira! – Ana a encara. – Entendeu Lú?!

– Luiza percebe seus olhos marejados.

 

- Desculpe... – Fala cabisbaixa. – Eu quis te procurar, mas eu não podia! Desculpe Aninha...

 

Não avisou nada a Ana de seu paradeiro, porque imaginou que ela fosse reportar para sua irmã, e como ela queria cortar os laços, não procurou se comunicar com sua amiga, ou com ninguém! Com muita dor no coração, resistiu por diversas vezes pegar o telefone e contar tudo. Desabar em choro, se lamentar, como ela fazia antes, mas manteve-se firme, e seguiu em frente.

 

- Me conta da sua vida Lú! – Ana perguntava curiosa. – O que aconteceu nesse tempo? Ta namorando? – Pergunta enquanto enxuga as lagrimas, fez isso pra afastar a tristeza do momento.

 

- Não! – Responde com semblante triste. – Não tenho muito tempo! Eu não seria a namorada perfeita para ninguém agora. – Da um sorrisinho sem graça. – E eu to muito focada em meus estudos, e meu trabalho. Mal tenho tempo pra dar atenção pro Max, meu cachorro que é super carente, imagina pra uma pessoa?!

 

Paola a encara triste sabia que de uma forma Luiza estava no mesmo caminho que ela trilhou um dia. E que hoje se arrepende de não ter separado as coisas.

 

- Lú não faz isso com você cara! Você tem que ter uma vida além de faculdade e trabalho! Esse lance de não se apegar... – Mais uma vez Victoria se aproxima.

 

- O que vocês vão querer? – Fala simpática, e por vezes olha para Luiza se insinuando. Paola percebe.

 

- Água de coco pra mim! – Diz Ana.

 

- Pra mim uma água mineral sem gás. – Paola observa a garota se insinuando para sua irmã.

 

- E você Lú? Não vai querer mais nada?! – Victoria fala se insinuando descaradamente. Como se falasse que se Luiza quisesse ela faria parte do cardápio. Dessa vez até Ana percebeu.

 

- Não! Obrigada Victoria, eu ainda to com meu côco cheio! – Desconversa. – Obrigada mais uma vez. – Sorri. Victoria vai buscar os pedidos das outras mais uma vez frustrada com a indiferença de Luiza. Não era a primeira e nem a ultima vez que ela fizera isso.

 

- A garota te deu umas olhadas e uma indireta, bem direta! É impressão minha ou ela esta te paquerando? – Paola pergunta curiosa.

 

- Acho que sim! Desde a primeira vez que eu vim aqui ela faz isso.

 

- E vocês nunca ficaram?! – Ana perguntava mais curiosa ainda.

 

- Não! – Luiza da um sorrisinho de canto de boca e totalmente sem graça.

 

- Você mudou mesmo! – Paola se surpreende. – Porque você não da uma chance pra ela?!

 

- Porque eu não quero magoar ninguém, como já falei antes, não to com cabeça pra namorar, e nem com o coração pronto pra isso! Ela é uma boa garota, linda, atraente, qualquer uma daria muita coisa pra tê-la, por isso eu não me meto com ela. Eu não sou boa o bastante... – Novamente seu olhar fica perdido no meio das águas as quais ela mergulhava sem hesitar.

 

Victoria chega com as águas. E sai um pouco triste, sabia que já estava se aproximando à hora em que Luiza iria embora.

 

Elas conversam um pouco mais. Luiza parecia uma estranha, não emitia nenhum sentimento, era apática a tudo. Conversava mas sem entusiasmo, diferente de Ana que por estar feliz em reencontrar a amiga, acabara falando de mais, transparecendo seu entusiasmo em cada palavra dita. Paola a observava, e se culpava cada vez mais. Ela achou que por sua causa sua irmã tinha se tornado talvez a pessoa mais infeliz do mundo.

 

Luiza olha o relógio em seu pulso que já marcava 10h: 00 da manhã geralmente ela voltava de suas caminhadas as quais ela sempre parava no quiosque para beber um coco gelado e escrever a beira mar, mais cedo, mas hoje ela se demorou um pouco mais, aproveitou a brisa leve da manhã e o barulho do mar para pensar, e em meio a tantos pensamentos fez um balanço geral do ultimo ano, e as lembranças de sua antiga vida retornaram. E o fantasma de seu passado, sua irmã, apareceu para talvez lhe roubar novamente o sono! Ou não, ela estava confusa, não sabia se era ou não uma boa coisa voltar a ver Paola.

 

- Bom... Já ta na minha hora! – Afirma olhando para o relógio.

 

- Já?! – Ana faz biquinho.

 

- Já! Sinto muito! – Fala sincera.

 

Luiza levanta de sua cadeira e começa a caminhar...

 

- Lú! – Paola a chama. Luiza olha para trás. – Como faço pra te encontrar de novo?! Ou você vai sumir novamente?

 

Luiza sorri. – Eu moro naquele prédio. – Aponta para o prédio. - É só pedir pro seu Elias interfonar pra mim na portaria e avisar que vai subir. Moro no 16º andar no apartamento 315.

 

Paola levanta e caminha até sua irmã. Ela olha nos olhos de Luiza e a abraça em seguida...

 

- Eu te amo palhacinha! – Fala em seu ouvido. Luiza sorri e lembra o dia em que ela se pintou de palhacinha para alegrar sua irmã, e ela disse essas mesmas palavras, desse mesmo jeitinho. - Eu nunca mais vou deixar você Luiza! Você sempre foi a coisa mais importante desse mundo pra mim, eu te amo muito irmãzinha! Muito mesmo!

 

- Eu também te amo maninha! – Já não tinha mais duvidas que aquela era a Paola que se perdeu no tempo, que achou nunca mais voltaria a ver... Por quem chorou por um longo ano achando que tudo era sua culpa, que havia sido um peso pra ela e ela não suportou! A Paola que Luiza só queria o carinho e a ternura de antes. A irmã amada. Enfim... Sua heroína!

 

As duas ficam abraçadas por um bom tempo, Ana as olhava com os olhos marejados de emoção. Ela desejou muito que as duas se entendessem. E finalmente parece que seu desejo estava em processo de realidade...

 

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

Bom... É isso!!
Obrigada a todos q leram até aqui! Quem sabe rola uma continuação?!
Bjos especiais para HHenry e luuh-hinaa-chan. Valeu mesmo!!
E a todos q leram e q mandaram review e os q leram e não mandaram tbm, Beijão!!