Após alguns dias, I.N conseguiu descobrir o endereço da residência do Yoongi coreano, uma tarefa relativamente fácil, considerando que ambos estudavam na mesma turma da faculdade. Antes de adentrar na casa de Yoongi, I.N explicou que não podia entrar, uma vez que seu DNA poderia permanecer no local através de digitais ou fios de cabelo. Caso isso acontecesse com Taehyung e Yoongi, não teriam problemas, pois eles têm o mesmo DNA que os donos da casa.

Usando máscaras, Yoongi e Taehyung desceram do carro e dirigiram-se ao apartamento do Yoongi coreano, que vivia sozinho, facilitando a situação. Ao chegar à porta, Yoongi seguiu as orientações de I.N sobre como arrombá-la, enquanto Taehyung ficava de olho nos corredores, atento a qualquer movimento incomum.

Depois de abrir a porta com sucesso, eles finalmente estavam dentro do apartamento. Observaram os arredores, examinando os cômodos. Embora o lugar fosse simples, estava arrumado, porém um pouco escuro devido às janelas fechadas e as luzes apagadas. Yoongi acendeu todas as luzes e parou no meio da sala, preparando-se para a busca do tesouro.

Iniciaram a procura pelos diversos cômodos. Primeiramente, reviraram a cozinha e a sala, mas não encontraram nada além de uma bagunça deixada por onde passavam. Em seguida, dirigiram-se ao quarto, onde vasculharam o guarda-roupa, desorganizando as roupas, mas não encontraram pistas ali. Ampliaram a busca para a escrivaninha ao lado da cama, vasculhando gavetas e a mesinha de estudo, mas continuavam sem encontrar nada.

Taehyung teve uma lembrança da época em que, junto com Jimin, costumava roubar doces na cozinha de madrugada. Recordou-se de esconderem os doces debaixo da cama e, às vezes, esquecerem lá, resultando em uma invasão de formigas. O fato costumava render um sermão de Namjoon. Com essa memória, Taehyung se abaixou e olhou embaixo da cama, encontrando uma caixinha.

A caixa, pequena e estampada com flores rosas e amarelas, capturou a atenção de Taehyung. Ao abri-la, descobriu a chave desejada junto com outros objetos que, para eles, eram aparentemente inúteis.

— Yoon! Olha! Eu achei! — Taehyung levantou num pulo, animado e sorrindo — Agora podemos ir embora com as duas chaves e acabar de vez com tudo isso.

Yoongi correu para ver a chave e a examinou na mão de Taehyung. 

— Tae! Você achou! — Yoongi sorriu para ele — O que seria de mim sem você? 

— Eu não sei, mas precisamos comemorar!

— Comemorar? Tipo um jantar especial com todos juntos? 

— Não, estou pensando em algo mais…privado e excitante. 

Yoongi sorriu, entendendo que tipo de comemoração ele queria. 

…

Agora que possuíam a chave e já haviam resgatado Hyunjin, filho do presidente, e Innie, restava-lhes lidar com um último problema: o Primeiro Ministro. Contudo, aquele homem já não era mais o Primeiro Ministro, mas sim um maléfico espírito de Amicitia que o possuíra e corrompera. Uma vez tomado por esse espectro, o humano perecia instantaneamente. Não podiam permitir que tal entidade continuasse a viver ali, propagando mais caos. I.N decidiu resolver essa situação. Nos noticiários, as principais manchetes falavam sobre o "suicídio" do ex-Primeiro Ministro.

Com todos os desafios finalmente superados, eles se preparavam para partir e retornar para casa, sentindo saudades de Amicitia. As despedidas eram emocionantes, com lágrimas nos olhos, especialmente do Capitão Hyunjin e Taehyung, que choravam abundantemente. Surpreendentemente, Innie não demonstrava muita emoção; na verdade, ele estava distraído assistindo a Piratas do Caribe na TV, parecendo pouco afetado pela partida.

— Vou sentir muito a falta de vocês — Disse I.N, com a voz trêmula tentando se controlar para não chorar. 

— Também vamos sentir muito a sua falta I.N — Yoongi colocou a mão em seu ombro — Obrigado por tudo o que fez por nós… 

— Não me agradeça, a culpa foi minha por estarem aqui, culpa da minha curiosidade,  por eu querer provar as teorias loucas do meu pai.

— E ele estava certo… Amicitia existe! Seu pai não era louco, ele era um gênio. Conseguiu descobrir isso sozinho, sem nunca ter entrado lá e sem saber das chaves que davam acesso ao mundo — Yoongi fez um carinho em seus cabelos — I.N, você é um gênio como seu pai, ele foi um homem incrível e tenho certeza que você também será!

— Obrigado Yoon — I.N enxugou uma lágrima tímida que escorreu em sua bochecha. 

Yoongi olhou para Hyunjin, o filho do presidente.

— Cuide dele, não deixe que nada de mal lhe aconteça e faça-o feliz!

— Sim Sr. Min — Respondeu o Hyunjin coreano — O farei muito feliz. Junto com I.N, eu mudarei esse país para melhor.

— Esse é o espírito! — Disse Yoongi fazendo uma reverência para ele — Bom, agradecemos por tudo o que fizeram por nós e nunca iremos esquecê-los… mas precisamos voltar para casa.

I.N surpreendeu a todos ao pular em Yoongi e lhe dar um abraço, algo que não fazia parte muito de seu feitio. Em seguida, envolveu Taehyung em seus braços, enquanto o rapaz soluçava de tanto chorar. Por fim, abraçou o Capitão Hyunjin, sendo necessário arrastar Innie para participar do abraço, pois ele estava completamente vidrado na TV.

— Innie… — Disse I.N — Mesmo sendo a mesma pessoa só que de outra dimensão, nós somos muito diferentes, mas eu sei de algo em que somos iguais.

— Eu também sei! — Innie o interrompeu — Nosso amor por Hyunjin.

— Exato! Cuide bem dele e não deixe ele correr perigo por aí.

— Eu vivo evitando riscos desnecessários, Hyunjin é complicado às vezes, não sabe ter diplomacia e rouba as pessoas erradas. Mas eu tô ao lado dele pra evitar isso — Innie sorriu e abraçou em I.N.

Após a longa despedida e choradeira, eles finalmente entraram no guarda-roupa, a porta escolhida como entrada para casa. Ao adentrarem, sentiram a brisa em seus rostos e o suave aroma da natureza. Yoongi deu um último adeus para I.N e, por fim, entrou no guarda-roupa, trancando a porta e fazendo-a desaparecer magicamente, selando para sempre o portal entre os dois mundos. As chaves evaporaram nas mãos de Yoongi, que respirou aliviado ao perceber que aquilo tinha acabado. Finalmente, estavam em casa!

Hyunjin e Innie foram envoltos por uma névoa, e quando ela se dissipou, ambos voltaram às suas formas originais, com orelhinhas e rabo de gato.

— VOLTAMOS PRA CASA! — Os dois gritavam em uníssono, pulando e comemorando. 

Yoongi olhou para as mãos e sentiu uma energia fluir pelo seu corpo; seus poderes haviam voltado. No entanto, ele não sabia se estava feliz ou triste com isso. Logo, sua preocupação desapareceu quando viu Taehyung parado, com os olhos arregalados e as mãos na barriga.

— Tae? Está tudo bem? 

— Yoon… nosso bebê… eu… eu estou sentindo ele denovo! — Taehyung olhou para ele com lágrimas nos olhos. 

Yoongi o abraçou e chorou de alegria e alívio, sua família estava a salvo.

…

No nosso mundo, I.N observava a porta do guarda-roupa com tristeza, sentindo a falta de Amicitia e de seus novos amigos. Ao abrir a porta novamente, não encontrou mais o portal para o outro mundo, apenas cabides com casacos; a magia já não residia mais naquele lugar.

— I.N? — Hyunjin tocou seu ombro, estava preocupado.

— Vou sentir falta deles… mas está tudo bem.

— Está tudo bem mesmo? 

— Sim — I.N se virou para ele e tocou seu rosto com carinho — Tenho tudo o que preciso aqui.

— Eu te amo, Yang Jeongin. Vamos passar juntos pelo que vem a seguir. Vai ser difícil, mas estaremos juntos. 

— Prince… — I.N respirou fundo e soltou o ar, tentava na medida do possível conter as lágrimas — Eu também te amo. Obrigado por sempre estar ao meu lado.

Alguns dias depois, I.N decidiu se entregar à polícia, confessando seus crimes cibernéticos. A verdade, entretanto, era que ele era um herói que evitou uma terceira guerra mundial, uma informação conhecida apenas por ele e Hyunjin. Essa decisão não o abalou, pois sabia que todos estavam seguros. Devido ao seu comportamento exemplar e colaboração com as autoridades, I.N ganhou a liberdade após três anos. Durante esse tempo, Hyunjin frequentemente o visitava. Ele assumiu publicamente seu relacionamento com I.N, enfrentando a homofobia no país ao revelar que era gay, o que gerou uma grande polêmica.

Ao sair da prisão, I.N foi chamado pela Polícia Coreana para trabalhar na Inteligência, focando em casos de ataques cibernéticos, aproveitando suas habilidades de hacker. Enquanto I.N estava preso, Hyunjin se concentrou em seu objetivo, que era legalizar o casamento entre pessoas do mesmo gênero. Após uma árdua batalha, eles conseguiram a aprovação para o casamento homossexual. I.N aceitou o pedido de casamento de Hyunjin, e eles se tornaram o primeiro casal gay a se casar, com Hyunjin alcançando o posto de primeiro presidente homossexual da Coreia.

…

Em Amicitia, Yoongi e Taehyung voltavam para casa, cheios de animação, ansiosos para reencontrar todos. Pelo caminho, despediram-se do Capitão Hyunjin e Innie, que precisavam retornar à Tripulação das Crianças Perdidas, mas todos combinaram de se encontrar no castelo mais tarde.

Caminhando de mãos dadas, Yoongi e Taehyung estavam radiantes, aproveitando a sensação do vento fresco no rosto. Tinham deixado para trás a poluição e o barulho dos carros daquele mundo estranho, que causava mais estresse do que os monstros e demônios que vagavam pelas florestas sombrias de Amicitia. Nada como estar em casa.

Quando chegaram no castelo, foram recebidos por um enfurecido Jin.

— ONDE VOCÊS ESTAVAM? 

Taehyung o olhou, examinando a barriga de Jin, ainda enorme, pelo tempo que ficaram fora já era para ele ter tido o bebê.

— Jin… você ainda está grávido? 

— Como assim “ainda estou grávido”? — Jin colocou as mãos na cintura e arqueou as sobrancelhas — É claro que ainda estou grávido, não tá na hora do meu bebê nascer.

— Mas faz uns seis meses que estamos fora.

— Seis meses? Tae, você está bem? — Jin o examinou — Faz três dias que você foi atrás de Yoongi e não voltou, eu estava muito preocupado, já ia atrás do seu paradeiro — Jin olhou para Yoongi — Mas que bom que conseguiu achá-lo… bem vindo de volta Yoon, e nada de ir embora da sua casa novamente. 

— Jin… m-me perdoa… eu…

Jin se aproximou e lhe deu um abraço.

— Ei, está tudo bem, não foi sua culpa, já passou. Agora me prometa que você irá se perdoar e não vai mais fugir de nós. 

Yoongi o olhou com os olhos cheios de lágrimas. 

— Eu prometo. 

Depois de serem recebidos com as entusiásticas boas-vindas do lobo Yeontan e de ouvirem os vários sermões de Jin, precisaram passar uma hora escutando os puxões de orelha de Namjoon. Em seguida, Taehyung enfrentou uma sessão intensa de abraços com Jimin, que ficou três dias sem vê-lo, embora, conforme afirmou, parecesse uma eternidade.

— Que bom que voltaram e estão bem… — Disse Jungkook ao tocar o ombro de Yoongi. 

— Por que você disse que ficaram fora por seis meses? — Perguntou Jin, curioso.

— Mano, bagulho foi loko, a gente foi pra um mundo todo fodido, mas metemo o loko porque nóis é cria, tá ligado? Quase fomos de arrasta pra cima, mas no fim ficamo safe — Taehyung tinha alguns trejeitos estranhos enquanto falava. 

— Que tipo de linguajar é esse? É um outro idioma?

— Não sei — Disse Yoongi — Mas realmente estávamos em outro mundo, e lá eles falam estranho, na verdade eles são meio estranhos. Sabiam que eles falam com um objeto ao invés de falar com outros humanos? 

Todos olhavam impressionados e curiosos. 

— Por que? — Perguntou Jimin — Por que eles não falam uns com os outros?

— Não entendi direito, mas é algo chamado tecnologia.

— Ah entendi — Disse Jimin, sem entender.

— E nesse mundo tem uma versão de todos nós! — Taehyung falou empolgado. 

— Sério? 

— Sério, Chim. Lá eu era um idiota metido a machão e o Yoon era um docinho fofo — Taehyung sorriu. 

— E eu, e eu?

— Você… bem, você era um menino fofo que gostava de assistir doramas.

— O que são doramas? 

— É uma magia que você vê outras pessoas vivendo dentro de um objeto quadrado.

— Ah entendi — Disse Jimin, sem entender novamente. 

— O Kook era um poderoso CEO, o Namjoon era um professor, o Jin um médico e o Hobi um dançarino e ator… 

Taehyung falava como se todos estivessem entendendo alguma coisa. Durante horas, ele e Yoongi compartilharam todos os detalhes do que havia acontecido. Apesar dos esforços dos dois para explicar sobre o estranho mundo que visitaram, ninguém conseguia compreender completamente. No entanto, todos ouviam com interesse genuíno, aliviados por vê-los de volta em casa e bem, tanto fisicamente quanto psicologicamente.

…

Um mês depois dos acontecimentos, todos estavam ocupados com os preparativos para o casamento de Taehyung e Yoongi. Jin, como de costume, estava em um frenesi querendo que cada detalhe fosse perfeito, enquanto Namjoon precisava constantemente fazê-lo descansar, pois a gravidez o deixava cansado.

Taehyung estava dando os toques finais em sua aparência, queria parecer ainda mais deslumbrante, já que era o noivo. Seu casaco branco o fazia parecer um príncipe, mas a barriga de dois meses de gestação começava a aparecer, fazendo com que ele se sentisse um pouco inchado. Jimin, mais propenso a chorar do que ajudar, estava presente durante as horas de preparação, Taehyung finalmente estava pronto para o grande momento. Ele era, sem dúvida, o noivo mais belo.

Chegando ao jardim em um belo cavalo branco, Taehyung usava uma coroa de flores que lhe conferia um ar angelical. Yoongi, emocionado, olhava para seu amado do altar, tentando conter as lágrimas. Descendo do cavalo, Taehyung foi conduzido por seu pai até Yoongi, que entregou a mão do filho ao meio-elfo. A cerimônia estava deslumbrante, com uma decoração impecável graças aos poderes élficos de Jin, que fez rosas brancas brotarem por toda parte.

Apesar de ser uma celebração íntima entre amigos e familiares, a festa era animada e contava com muitos participantes. Além dos residentes do castelo, amigos de Jin e Hoseok, diversos elfos de diferentes culturas estavam presentes. A Tripulação das Crianças Perdidas marcava presença, assim como as Sereias das águas mais mortais de Amicitia. Jisoo lançou um sorriso para Jin e Jungkook, recordando dos tempos em que ambos a ajudaram bastante. A outra metade dos convidados era a vibrante e calorosa família de Taehyung, deixando todos curiosos sobre quem era mais animado, se eram seus pais ou seus cinco irmãos.

A celebração estava repleta de diversão e alegria, continuando até o dia seguinte. A família de Taehyung e Hoseok eram os únicos que ainda tinham energia para dançar e festejar, enquanto os demais convidados estavam completamente exaustos.

...

Alguns dias após o casamento, enquanto Yoongi e o Capitão Hyunjin planejavam a abertura de um abrigo para crianças órfãs, Taehyung e Jimin dedicavam-se à decoração da nova casa do casal TaeGi. O quarto do bebê era o foco principal de sua empolgação ao arrumarem cada detalhe com cuidado.

— Será que nossos filhos serão amigos como nós somos? — Jimin alisou a própria barriga. 

— Claro que sim, tenho certeza que serão bons amigos… Um arqueirinho e um principezinho — Taehyung sorriu, sem conseguir conter a imensa alegria que sentia.

— Vamos ser uma família tão feliz — Jimin sorriu.

— Já somos, Jimin… sempre tivemos um ao outro.

— Foi uma longa jornada até aqui… mas nós vencemos, pois estamos juntos. Obrigado por fazer parte da minha vida, Tae.

— Jimin! Eu tô sensível, caralho. Vou acabar chorando. 

— Caralho? É melhor não falar esses encantamentos estranhos perto do Jin.

— Verdade, ele é meio nervoso às vezes.

Durante aquela semana, Jin conduziu treinos intensivos com Yoongi para que ele aprendesse a controlar seus poderes. Namjoon e Hoseok estavam presentes para garantir a segurança, mas Yoongi estava progredindo admiravelmente, conseguindo manter o controle. Parecia que a força adicional de seu filho e marido contribuía para esse sucesso. Jin frequentemente precisava chamar a atenção de Yoongi, que se perdia em pensamentos olhando apaixonadamente para Taehyung, que, aos seus olhos, ficava cada vez mais belo.

Após uma tarde longa de treinos, Jin instruiu todos a irem tomar banho para o jantar, pedindo a Namjoon que permanecesse ali com ele no jardim.

— Enfim, sós — Jin sorriu para Namjoon.

— Como você está, meu amor?

— Estou bem, meu lindo Nam, mas… então… — Jin falava com um tom de voz calmo e tranquilo — Quer conhecer seu filho? 

Namjoon o olhou assustado.

— Jin? Espera… Jin… Pelos Deuses de Amicitia! É o que estou pensando? 

Jin suspirou e deu um sorriso calmo.

— Sim Joonie, nosso filho vai nascer… e vai ser exatamente agora.

FIM