Através de Robert escrita por HEILA HANS SHEFTER


Capítulo 71
Capitulo 71




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Pequeno Jack ergueu-se com esforço ao ouvir o chamado angustiado de Allien. Seu corpo estava imerso em uma agonia lancinante, cada músculo parecia gritar de dor, e uma sensação estranha, quase alienígena, o envolvia por completo. Os traumas do sequestro ecoavam em sua mente, como sombras sinistras que se recusavam a desaparecer.
Durante aquelas horas intermináveis de horror, ele foi arremessado de um lado para o outro como uma peça descartável em um jogo sádico. Cada impacto, cada sacudida, rasgava sua inocência infantil e deixava cicatrizes profundas em sua alma frágil.
A voz de Allien era um farol de esperança em meio ao desespero, mas mesmo assim, Jack lutava para se levantar, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros infantis. O medo ainda o consumia, como uma sombra sinistra pairando sobre ele, ameaçando engolfá-lo a qualquer momento.
Allien lutava para manter a calma enquanto explicava a Jack como desamarrar a corda que os prendia. Seu coração batia descompassado, carregando não apenas o peso do próprio medo, mas também a responsabilidade de proteger seu irmão mais novo daquele pesadelo vivo. Ela o encorajava com palavras suaves, tentando transmitir coragem através do tremor de sua voz.
O pequeno Jack, apesar de sua tenra idade, mostrava uma determinação impressionante. Com mãos trêmulas e dedos ainda doloridos, ele se esforçava para desfazer os nós que mantinham Allien e ele próprio aprisionados. Cada movimento era uma batalha contra a dor física e o desespero crescente, mas ele persistia, impulsionado pelo desejo ardente de libertar a irmã e a si mesmo daquele tormento insuportável.
Finalmente, com um suspiro de alívio abafado pelo medo, Jack conseguiu soltar as mãos de Allien. Um sorriso frágil iluminou seu rosto, mesmo diante da marca cruel de um soco e dos tapas que já marcavam a pele de sua irmã. Ele sabia que precisavam agir rápido, antes que o vilão retornasse para infligir mais dor e terror.
Com um gesto de afeto, Allien beijou a bochecha de Jack, seus olhos refletindo uma mistura de gratidão e determinação. Ela sussurrou palavras de encorajamento, reafirmando a importância de fugir e deixar para trás aquele inferno.
O olhar determinado de Jack encontrou o de Allien, uma troca silenciosa de promessas não ditas, mas entendidas profundamente. Ele não permitiria que sua irmã sofresse mais nenhum instante sob o jugo da crueldade alheia, ele podia ser pequeno mas ia morder a mão de quem tocasse nela.
Juntos, eles se lançaram pela janela baixa daquele cativeiro infernal, o coração pulsando em suas gargantas enquanto corriam em direção à liberdade que se vislumbrava na densa vegetação da floresta. O medo os impulsionava, mas também a esperança de um futuro onde a segurança e o amor prevalecessem sobre o terror do passado.
Allien tinha ficado desorientada, perdida na escuridão do saco preto que cobria sua cabeça, mas tinha a certeza de que ainda estavam em Hope Valle, então precisava andar e esperar que seu pai os encontrasse.... Mesmo durante o curto trajeto de cavalo, ela calculou que não haviam passado nem uma hora desde que foram sequestrados. Com o coração pesado de preocupação e o fardo de carregar seu irmão, cujos passos pequenos e lentos atrasavam sua fuga desesperada, Allien sentia cada músculo em seu corpo protestar.
Apesar de ser apenas um menino, ele parecia pesar uma tonelada naquele momento, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros frágeis. Allien não pôde deixar de pensar na alimentação de seu irmão, questionando-se sobre o que seus pais estariam lhe dando para ele estar tão rechonchudo. Naquele instante, ele parecia mais robusto do que o porquinho de estimação de Opall, o que a fez sorrir brevemente, apesar da situação terrível em que se encontravam.
Eles estavam famintos, desde o café da manhã em sua casa antes do sequestro, não haviam tido mais nada para comer. Allien sentiu um impulso de desespero enquanto corria, sabendo que precisava tentar salvar o pequeno Jack, cujos gemidos de fome ecoavam em seus ouvidos.
Finalmente, chegaram a um lugar deslumbrante. Um lago tranquilo refletia a luz do sol, com uma cachoeira majestosa despejando águas cristalinas. Atrás do véu da cachoeira, uma entrada escondida se revelava, como se fosse uma passagem para outro mundo. Ao redor do lago, encontravam-se vários pés de amora carregados de frutas maduras, oferecendo um vislumbre de esperança em meio ao desespero.
Allien adentrou a caverna com dificuldade, carregando o pequeno Jack em seus braços cansados. Cada passo era um desafio, mas ela estava determinada a proteger seu irmão a qualquer custo. Com cuidado e determinação, ela o escondeu na segurança da caverna, protegendo-o dos perigos que os cercavam.
Logo em seguida, Allien instruiu seu irmão a permanecer ali e saiu em busca de alimento. Com habilidade e determinação, ela colheu várias amoras e as guardou em seu casaco, improvisando uma sacola com o tecido disponível.
Com o "saco" improvisado em mãos, Allien adentrou a passagem escondida atrás da cachoeira, levando consigo o pequeno Jack. Juntos, eles se deliciaram com as frutas, saciando a fome que os consumia.
Mais tarde, Allien retornou ao lago e, com folhas grandes que colheu, improvisou um cone para coletar água fresca. Cuidadosamente, ela encheu o cone e ofereceu água para eles saciarem a sede.
Finalmente, exaustos pela jornada e confortados pela comida e pela água, Allien e Jack se aconchegaram no chão da caverna. Abraçados, encontraram um momento de paz e, aos poucos, adormeceram, protegidos pelo abrigo seguro que encontraram.
Enquanto isso, Elizabeth desesperada saia contando os passos. Sua sorte que Nathan uma vez, a ensinou a se localizar, então ela sabia qual era a direção noroeste...
— 178
—182
— 199
— 200 Passos.
E assim, olhando para longe ao noroeste ela viu o carvalho lilás, e lá onde a vista sumia, no início da colina, uma cabana caindo aos pedaços...E assim Elizabeth andou até lá.


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