Através de Robert escrita por HEILA HANS SHEFTER


Capítulo 51
CAPÍTulo 51




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A madrugada caía sobre a cidade, e uma escuridão incomum pairava sobre o horizonte. As luzes dos postes de rua lançavam sombras alongadas, criando uma atmosfera densa e misteriosa. No Hotel, a recepção estava silenciosa quando o estranho homem de terno preto e chapéu adentrou.
Seus passos eram silenciosos, ecoando pelo saguão vazio. O homem caminhava com uma confiança fria, seu rosto oculto pela aba do chapéu. O recepcionista, um jovem noturno, olhou para cima, sentindo um arrepio percorrer sua espinha ao encarar os olhos gelados do visitante.
O homem se aproximou do balcão com uma elegância perturbadora. Sua voz era suave, mas carregava uma aura de mistério quando pronunciou:
— Um quarto. E uma refeição.
— Quarto 17. O recepcionista, disse sem questionar quem era e de onde vinha aquele homem e entregou a chave, sentindo-se desconfortável sob o olhar penetrante do estranho.
No corredor, a luz era escassa, pois as lamparinas já estavam no fim, e o homem avançava como uma sombra, os passos quase inaudíveis. O quarto 17 o esperava, e ao girar a chave na fechadura, a porta rangeu suavemente. A escuridão do quarto foi interrompida apenas pelo brilho fraco da luz da rua que atravessava a cortina.
O estranho homem permaneceu em silêncio, observando o interior do quarto. Seu olhar frio varreu o ambiente, como se estivesse em busca de algo ou alguém. A atmosfera carregada sugeria que sua presença não era apenas uma coincidência casual.
Enquanto a noite avançava, o estranho permaneceu no quarto, imerso em seus próprios pensamentos sombrios. A cidade lá fora continuava em silêncio, alheia à presença enigmática que se escondia no Hotel.
No amanhecer, quando os primeiros raios de sol romperam a escuridão, o homem de terno preto deixou o quarto como uma sombra desvanecendo. O saguão do hotel dormia em silêncio, e o recepcionista, ao verificar o registro, descobriu que o quarto 17 nunca fora reservado.
A manhã se desdobrava silenciosa no pequeno café à beira da cidade. O homem de terno preto, agora fora do Hotel, encontrou seu caminho até o local. Ao entrar, seus passos reverberaram no ambiente acolhedor, despertando a atenção de Clara Stanton, a única atendente presente naquela manhã tranquila.
Clara, uma mulher jovem e corajosa, sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao encontrar o olhar do estranho. Ele escolheu uma mesa isolada, como se apreciasse a solidão, e seu pedido, direto e preciso, revelava uma preferência por uma refeição simples: ovos com bacon e café preto, sem açúcar.
Clara se aproximou, servindo o café com mãos trêmulas. A presença do homem, apesar de sua aparência impecável, envolvia a sala em uma aura de mistério e inquietação. Clara tentou ignorar a sensação de desconforto, enquanto anotava o pedido, mas seus olhos continuavam voltando involuntariamente na direção do cliente enigmático.
Enquanto saboreava a refeição, o homem observava Clara atentamente, como se lesse algo além das palavras escritas em seu cardápio. Seu silêncio era inquietante, apenas quebrado pelo som dos talheres tocando o prato. A atmosfera no café mudou, tornando-se densa e carregada, como se o ar estivesse impregnado de um segredo sombrio.
Quando o homem decidiu partir, levantou-se da mesa e se aproximou do balcão onde Clara estava. Seus olhos penetraram nos dela, e a jovem sentiu uma inexplicável sensação de vulnerabilidade. A pergunta sobre seu nome reverberou no ar, e antes que Clara pudesse responder, ele lhe entregou um papel.
O sorriso malicioso que se desenhou em seu rosto fez com que Clara se encolhesse interiormente. Ela segurou o papel, observando o homem desaparecer na manhã clara. Quando ousou desdobrar o papel, deparando-se com algo que não esperava: um laudo oficial do governo. Seus olhos percorreram as linhas do documento, revelando a notícia devastadora de que o café estava impedido de funcionar.
A confusão e o pânico se instalaram no semblante de Clara. O laudo explicava uma série de irregularidades, desde questões sanitárias até licenças vencidas. Não havia espaço para dúvidas: o café, que era o sustento dela e de seu marido Jessy, estava agora sob a sombra de uma proibição oficial. Clara não entendia o que estava acontecendo, pois, a última vistoria estava tudo correto, ela não sabia o que fazer, precisava de ajuda de Abigail, pois agora que ela voltou poderia tomar conta de seu estabelecimento.
Clara olhou para o endereço e a localização listados no laudo, era um endereço do governo, tentando compreender o que levou às duras medidas do governo. O homem de terno preto, com seu sorriso malicioso, agora parecia ter entregue não apenas um pedaço de papel, mas um golpe cruel no coração da vida que Clara e Jessy construíram com tanto esforço.
A preocupação envolveu Clara enquanto ela processava a situação. Com seu café agora interditado, o futuro tornou-se incerto. As sombras da manhã clara revelavam uma reviravolta inesperada na vida da jovem atendente e, sem explicações adicionais, ela se via diante de um desafio que precisaria enfrentar com determinação e coragem.
Enquanto o sol continuava a iluminar a cidade, Clara guardava o papel em seu avental, carregando consigo não apenas o mistério do homem de terno preto, mas também a inquietação de algo que se desenrolaria nas sombras da noite. O dia segue, mas o sorriso malicioso e maldoso do estranho permanece na mente de Clara, como uma sombra indesejada que se recusava a dissipar.
O sol começava a ceder ao crepúsculo matutino quando Clara, em meio a um misto de ansiedade e determinação, caminhou em direção à casa de Abigail nos fundos do café. A luz alaranjada do início da manhã refletia nas janelas antigas, criando um cenário tranquilo que contrastava com a tempestade interior que Clara carregava.
Ao bater à porta, Clara foi recebida por Abigail, cujos olhos mostravam uma mistura de surpresa e preocupação ao ver a aflição no rosto da jovem.
— Clara, querida, o que a traz até aqui? Aconteceu alguma coisa? Abigail indagou, convidando-a a entrar.
Clara adentrou a casa com um suspiro, segurando o laudo do governo com firmeza.
— Abigail, temos um problema. Recebemos este documento hoje. O café está impedido de funcionar, e eu não sei o que fazer. É como se o chão tivesse sido retirado dos meus pés.
Abigail analisou o documento, seu rosto expressando uma mistura de preocupação e pensamento profundo.
— Sentemo-nos, Clara. Vamos entender o que podemos fazer.
Ambas se sentaram na pequena sala de estar, onde a luz suave do final da tarde filtrava pelas cortinas. Abigail estudou o laudo, seus dedos traçando as linhas enquanto as palavras ganhavam significado. Clara contou tudo o que havia acontecido quando aquele homem misterioso chegou ao café e entregou esse papel.
— Calma, Clara... eu vou resolver isso. Eu sei onde procurar ajuda.
Clara saiu para o café, fechando as portas e lacrando como fechado até segunda ordem, obedecendo ao comando que Abigail havia lhe dado, enquanto isso Abigail seguia par o escritório do juiz.
O sol da manhã banhava a cidade quando Abigail, decidida a enfrentar a adversidade que pairava sobre o café, caminhou em direção ao escritório do juiz Bill Avery; seus passos ressoavam silencioso no caminho do tribunal, enquanto ela mantinha a cabeça erguida, determinada a buscar ajuda naquele a quem, além de um magistrado, ela já chamara de amor. Em seu coração.
Ao chegar à porta do escritório de Bill, Abigail respirou fundo antes de bater suavemente. A porta se abriu, revelando o interior iluminado pela luz suave que atravessava as cortinas. Bill estava sentado à sua mesa, imerso em papéis e livros de leis. Seus olhos encontraram os de Abigail, e um sorriso gentil se formou em seus lábios.
— Abigail, que surpresa agradável. Entre, por favor. Bill indicou a cadeira à sua frente.
Abigail entrou e fechou a porta atrás de si. Ela pôde sentir o calor acolhedor do escritório, mas a inquietação ainda pesava em seu coração.
— Bill, eu preciso da sua ajuda, começou Abigail, a seriedade estampada em seu rosto.
— O café está impedido de funcionar. Recebemos um laudo do governo, e eu não sei o que fazer. Eu... eu não quero perder tudo o que construímos.
Bill ouviu atentamente, seus olhos fixos nos dela.
— Eu farei o que estiver ao meu alcance para ajudar, Abigail. Deixe-me ver esse laudo.
Abigail entregou o documento a Bill, que o analisou com atenção. Seus olhos escuros passaram pelas linhas, e uma expressão séria se formou em seu rosto.
— Vou investigar isso. É um golpe duro, Abigail, mas eu prometo que farei o possível para descobrir o que está por trás disso. Bill levantou-se, indicando que a conversa não terminara ali.
— Por enquanto, Abigail, será melhor manter o café fechado. Isso nos dará tempo para entender a situação. Não se preocupe; farei tudo o que estiver ao meu alcance. Confie em mim, por favor.
Um suspiro de alívio escapou dos lábios de Abigail. Ela agradecia silenciosamente pelo apoio de Bill, mesmo que agora fossem apenas amigos e aliados na busca por justiça. Ao sair do escritório, ela se sentiu revigorada pela esperança de que, com a ajuda de Bill, poderia superar mais esse desafio.
O café permaneceria fechado temporariamente, mas Abigail sabia que, com a promessa de Bill ao seu lado, a busca pela verdade e pela justiça começava. A cidade estava em silêncio, mas nos corações de Abigail e Bill, um novo capítulo se abria, marcado pela determinação de enfrentar as sombras que ameaçavam o café e a vida que construíram com tanto cuidado.


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